Como estava programado, o deputado federal Cleber Verde, que deixara o Republicanos, filiou-se ontem ao MDB e, mais do que um quadro novo e de reforço, deverá assumir o comando da agremiação em São Luís. Tudo dentro do script montado pelo próprio parlamentar e pelos chefes nacional e regional do partido, deputados federais Baleia Rossi (SP) e Roseana Sarney, respectivamente. Originalmente sem falhas, o roteiro, porém, foi fortemente alterado por uma declaração surpreendente do parlamentar: tão logo assinou sua ficha de filiação e ouviu a promessa de que comandará o MDB em São Luís, Cleber Verde avisou que vai apoiar o projeto de reeleição do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), enfatizando o aviso dizendo que pretende trabalhar para levar o partido a fazer o mesmo. Já se sabe que a manifestação provocou, se não um mal-estar, uma ponta de preocupação na cúpula emedebista, que no momento se movimenta para construir uma grande aliança com o governador Carlos Brandão (PSB), cujo projeto para a corrida sucessória na Capital ainda não passa pela reeleição do prefeito Eduardo Braide.
Eleitor e ex-vereador de São Luís e apoiador do candidato Eduardo Braide em 2020, como lembrou, o deputado federal Cleber Verde justifica o apoio afirmando que o prefeito está “muito bem avaliado” e que isso lhe dá a condição de favorito para 2024. “A gente assume a condução dessa aliança a favor da cidade, e nós vamos trabalhar com muito diálogo para buscar uma caminhada que possa levar à recondução do prefeito Eduardo Braide”, disse o movo chefe do MDB na Capital.
O deputado Cleber Verde não deixou claro se falou em seu próprio nome ou em nome de um grupo ou mesmo da própria cúpula do MDB. É provável que tenha exposto um projeto pessoal, que pretende levar para o partido, mas pode ser que sua declaração tenha sido parte de um roteiro negociado com os chefes emedebistas. Como é sabido, o MDB não tem se manifestado em relação à corrida sucessória em São Luís. E isso começa pelo fato de que não conta com um nome política e eleitoralmente forte para enfrentar o prefeito Eduardo Braide – a deputada federal Roseana Sarney não quer nem ouvir falar no assunto. E como isso não ficou bem claro, a interpretação possível é a de que, como novo chefe local do MDB, o deputado Cleber Verde agiu com habilidade para jogar o partido no epicentro da política de São Luís.
O que chama a atenção na declaração do neoemedebista Cleber Verde é o fato de que nesse exato momento o partido se prepara para receber nas suas fileiras o empresário Marcus Brandão, que deve assumir o comando estadual da agremiação, que reúne o que restou das forças sarneysistas no Maranhão. E até onde os radares da política alcançam, Marcos Brandão levaria na bagagem os planos para uma aliança que poderá resultar numa eventual migração do governador Carlos Brandão do PSB para o MDB, inclusive. E a julgar perlas voltas que a política é capaz de dar, não será surpresa se nas conversas fechadas com a cúpula emedebista o apoio ao prefeito Eduardo Braide tenha surgido como a possibilidade de uma aliança envolvendo o próprio Palácio dos Leões.
O fato é que, ao filiar-se ao MDB, o deputado federal Cleber Verde sai de vez da crise causada do cruel assassinato dos seus país numa fazenda no Médio Mearim, e pela desastrada aliança com o senador Weverton Rocha (PDT) em 2022, que o levaram ao fundo do poço pessoal e politicamente. E volta à ribalta num partido com potencial para crescer, em posição de comando e avisando que está determinado a completar a volta por cima. E ao colocar o partido no epicentro da política da Capital, dá um passo decisivo para fortalecer a agremiação e ganhar peso junto com ela.
PONTO & CONTRAPONTO
Filiando líderes, Madeira coloca PSDB de volta ao cenário político do Maranhão
Um encontro ontem no gabinete do secretário de Estado de Meio Ambiente, Pedro Chagas, reuniu o chefe da Casa Civil Sebastião Madeira, presidente do PSDB no Maranhão, e a advogada Ociléia Fernandes, pré-candidata à Prefeitura de Raposa. O que poderia ser uma reunião qualquer, teve um significado importante: a volta efetiva do PSDB ao cenário político do Maranhão, agora sob o comando de Sebastião Madeira.
Ociléia Fernandes filiou-se ao PSDB para disputar a Prefeitura de Raposa, onde seu pai, Onacy Paraíba, foi prefeito por dois mandatos e ela já tentou uma vez, sem se eleger, mas tendo saído das urnas com respeitável cacife eleitoral. De volta ao ninho dos tucanos e provavelmente apoiada pelo governador Carlos Brandão, Ociléia Fernandes é candidata forte, com todos os requisitos para chegar lá. Presente, o ex-deputado Jota Pinto, que prepara terreno para ingressar no partido e ser candidato à Prefeitura de São José de Ribamar, um dos cinco maiores colégios eleitorais do Maranhão.
O que chamou a atenção na reunião no gabinete do secretário Pedro Chagas, ele próprio um tucano de carteirinha, foi a presença do secretário Sebastião Madeira como o novo chefe do PSDB no Maranhão. Um dos articuladores da criação do partido, Sebastião Madeira foi deputado, federal quatro vezes e prefeito reeleito de Imperatriz pelo PSDB. No plano nacional, foi presidente do Instituto Teotônio Vilela, o braço doutrinário do PSDB. Perdeu espaço quando, sem mandato, viu o PSDB passar pelas mãos do ex-governador João Castelo e duas vezes pelas do ex-senador Roberto Rocha, e também pelas do então deputado federal Carlos Brandão, até cair no ocaso soba presidência do empresário Inácio Melo.
De volta ao cenário política, com uma bagagem excepcional de político experiente e hábil articulador, Sebastião Madeira integra o time de proa do governador Carlos Brandão, agora fortalecido com a presidência do PSDB, partido que, como o MDB, pode vir a ser o caminho partidário do chefe do Executivo estadual.
Maranhense se destaca na CPI dos Atos Golpistas no DF
Ninguém duvida de que a partir de hoje a senadora Eliziane Gama (PSD) entra para o estrelato do Congresso Nacional como relatora da CPMI dos Atos Golpistas, o mesmo acontecendo, em escala menor, mas com expressividade, com os outros congressistas maranhenses que integram a Comissão: a senadora Ana Paula Lobato (PSB) e os deputados federais Amanda Gentil (PP) Rubens Jr. (PT), Duarte Jr. (PSB) e Aluízio Mendes (Republicanos).
Outro político nascido no Maranhão encontra-se exercendo papel decisivo numa CPI sobre o mesmo assunto na Câmara Distrital – Assembleia Legislativa de Brasília, exatamente onde tudo aconteceu: o deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da CPI dos Atos Golpistas na Câmara Distrital de Brasília. Ele nasceu em Vitorino Freire e é militante fiel do PT desde os anos 80, Chico Vigilante já foi deputado federal nos anos 90 e atualmente encontra-se no terceiro mandato consecutivo de deputado Distrital.
No dia seguinte aos atos golpistas de 8 de Janeiro, quando já havia sinais de negligência do Governo de Brasília, que resultou no afastamento do governador Ibaneis Rocha, e conivência da cúpula da Segurança Pública, que levou o então secretário de Segurança do DF e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, para a cadeia, o deputado distrital Chico Vigilante propôs a instalação de uma CPI, que logo ganhou a adesão de todos os integrantes do parlamento candango.
Autor da proposta, o deputado Chico Vigilante ganhou a presidência da CPI, e desde a instalação, atuou intensamente, como responsável e com o investigador, interrogando duramente todos os convocados, entre eles generais, coronéis da PM e outros suspeitos de envolvimento direto com os ataques às sedes dos três Poderes.
Em entrevista recente, Chico Vigilante declarou o seguinte: “O objetivo dessa Casa é investigar”, afirmou. Disse ainda que a CPI “não dará em pizza”, porque os deputados “não são pizzaiolos”. E garantiu que a Comissão vai “mostrar para a sociedade quem foram os responsáveis e quem financiou os atos de vandalismo e terrorismo em Brasília”.
São Luís, 30 de Maio de 2023.