O Maranhão, por meio do seu Governo, voltou a ter uma relação saudável e produtiva com o Governo da União. Essa situação, que começou a ser desenhada ainda na campanha eleitoral, ganhou força com as manifestações do candidato e depois presidente Lula da Silva (PT) em relação ao estado. E proximidade se deve ao seu peso político e eleitoral no estado, ao estreitamente da sua aliança com o então governador e hoje senador licenciado Flávio Dino (PSB), atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e com o governador Carlos Brandão (PSB), e também em razão da sua relação com o ex-presidente Sarney (MDB). O reflexo mais nítido desse contexto é a intensa agenda ministerial no estado, havendo poucas das 18 semanas do ano já transcorridas que não tenha registrado a presença de um ou mais ministros no Maranhão. E o exemplo mais cristalino foi a semana que passou, quando nada menos que sete membros do escalão federal estiveram em São Luís participando de uma série de eventos.
Quais ministros estiveram em São Luís e o que vieram fazer no Maranhão? Simone Tebet (Planejamento) e Márcio Macedo (Secretaria Geral da Presidência da República) vieram ao estado realizar a plenária estadual do Plano Plurianual (PPA) Participativo 2024–2027, em ato no qual o governador Carlos Brandão lançou o Orçamento Participativo (OP) para 2023. Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Cida Gonçalves (Mulheres) e Sônia Guajajara (Povos Originários) conheceram programas sociais do Governo do Estado, como os restaurantes Populares, participaram do lançamento do Programa de Políticas Públicas para as Mulheres, tendo recebido homenagens da Assembleia Legislativa. Vale destacar que o ministro Wellington Dias cumpriu a recomendação do presidente Lula da Silva de conhecer o programa dos Restaurantes Populares, de modo a usá-lo como modelo para o programa federal de combate à fome. Os ministros Flávio Dino (Justiça) e Juscelino Filho (Comunicações) participaram dos dois eventos.
A inclusão destacada do Maranhão nas agendas ministeriais é o resultado da soma de alguns fatores fundamentais. O primeiro é a forte ligação política do presidente Lula da Silva com os maranhenses, bastando para explica-la as três vitórias eleitorais retumbantes que alcançou no estado em 2002 (contra José Serra), 2006 (contra Geraldo Alckmin) e 2022 (contra o presidente Jair Bolsonaro). Essa relação foi fortemente estreitada pelo governador Flávio Dino, que foi uma das principais vozes contra o processo, a sentença e a prisão do ex-presidente, um dos principais apoiadores da sua campanha presidencial, e agora o mais eficiente e combativo dos seus ministros. Some-se a esses fatores as ações do governador Carlos Brandão para manter e até ampliar essa relação. Vale lembrar que o presidente Lula da Silva visitou Maranhão na crise social causada pelas enchentes.
Não há registro de momento mais favorável na relação do Maranhão com Brasília desde quando José Sarney foi presidente tendo Epitácio Cafeteira (MDB-PTB) como governador. O governador João Alberto (PMDB) foi apontado como inimigo pelo presidente Collor de Mello (PMN), que também não foi correto com o Maranhão no Governo Edison Lobão (PMDB). O Maranhão foi tratado com decência nos dois governos do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sob o comando de Roseana Sarney (PMDB), mas a relação afundou com o escândalo da Lunus. A relação do Maranhão com a União foi estável durante os governos de José Reinaldo Tavares (PFL-PTB) e Jackson Lago (PDT), ganhando força quando Roseana Sarney reassumiu o Governo em 2009, para ter uma relação boa com a presidente Dilma Rousseff (PT). Sob o Governo Flávio Dino, o Maranhão conviveu bem com Dilma Rousseff, foi tratado com distância pelo Governo Michel Temer (MDB) e transformado em território inimigo durante o Governo de Jair Bolsonaro (PL).
Não há dúvida de que os frequentes desembarques de ministros da República em São Luís, para cumprir agenda de trabalho de interesse do estado e da União, representam uma sintonia fina entre o presidente Lula, o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão. Que deve ser mantida pelo menos até 2026, apesar das ações políticas daninhas que ocorrem no entorno do ministro da Justiça e Segurança Pública e do governador do Estado.
PONTO & CONTRAPONTO
Operação fracassada tentou emplacar Weverton na relatoria da CPMI dos Atos Golpistas
A revelação, feita por O Globo, de que o senador Weverton Rocha (PDT) por pouco não foi escolhido para ser o relator da CPMI dos Atos Golpistas, numa articulação em que teria sido apoiado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), e pelo ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), causou fortes rumores nos bastidores da política em Brasília e no Maranhão. O senador, que preside o PDT regional, com peso nas decisões do partido no plano nacional, teria manifestado interesse no posto de relator, mas teve como obstáculo líderes partidários, como o senador Omar Aziz (PSD –AM), que juntaram força e emplacaram nela a senadora Eliziane Gama (PSD).
Os defensores da senadora Eliziane Gama usaram como argumento o fato de ela ter sólida experiência em participar de CPIs, lembrando da atuação dela na CPI da Pandemia. Na mesma linha, lembraram que o senador Weverton Rocha foi um dos poucos membros do Senado que ignoraram quase por completo aquela Comissão.
O senador Weverton Rocha não se manifestou sobre a informação, preferindo manter-se longe dos focos de tensão e intensificar as suas investidas por mais espaço de poder no Governo do presidente Lula da Silva (PT), onde, dizem, controla os Ministérios da Previdência Social, comandado por Carlos Lupi, presidente nacional do PDT fortemente influenciado pelo senador, e Integração e Desenvolvimento Regional, que tem à frente o ex-governador pedetista do Amapá Valdez Góes, e vários órgãos federais importantes em Brasília e no Maranhão.
O senador Weverton Rocha vem operando forte nos bastidores para se recuperar da dura derrota que sofreu na corrida ao Governo do Maranhão. Muitos aliados do presidente Lula da Silva reclamam da força que o senador vem exercendo no Governo Central, lembrando o fato de ele haver se juntado às forças bolsonaristas no Maranhão.
Braide é visto até aqui como favorito para 2024
Nenhum dos movimentos feitos até agora por aspirantes à Prefeitura de São Luís abalou a condição de favorito do prefeito Eduardo Braide (PSD) para continuar no Palácio de la Ravardière por mais quatro anos a partir de janeiro de 2025.
Observadores atentos da cena política da Capital avaliam como positiva a movimentação do presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PCdoB), de recolocar São Luís no epicentro do tabuleiro político estadual, enxergando nele potencial para se tornar um candidato forte.
Nenhum desses observadores ignora o peso político e eleitoral do deputado federal Duarte Jr. (PSB), apontado, quase que unanimemente, como o candidato mais viável para um embate direto com o prefeito de São Luís. É o caso, também, do deputado estadual Carlos Lula (PSB), cuja estatura como gestor, construída como secretário de Estado da Saúde durante a pandemia, é lastro forte.
O fato, porém, é que, por uma série de fatores, entre eles o fato de não haver caído nas malhas de um grupo político, e segundo alguns, de realizar uma gestão até aqui sem nenhuma nódoa ética, o torna detentor de sólido favoritismo.
São Luís, 28 de Maio de 2023.