A primeira semana da campanha para o Governo do Maranhão serviu para o surgimento de indicativos de que haverá fortes diferenças da posição dos candidatos a governador e senador em relação aos candidatos a presidente da República. A coligação encabeçada pelo governador Carlos Brandão (PSB), que busca a reeleição, e pelo ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado, está definida no apoio à candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), usando-a também como trunfo na guerra pelo voto, enquanto que a coligação encabeçada pelo senador Weverton Rocha (PDT) e pelo senador Roberto Rocha (PTB) reúne as correntes bolsonaristas no Maranhão, mas não tem a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos seus recursos para seduzir o eleitorado. Salvo alguns setores do PDT, que não estão no comando do partido, o candidato pedetista a presidente da República, Ciro Gomes não tem suporte no estado e a candidata Simone Temet (MDB), só conta com algumas vozes do seu partido, como a do deputado federal Hildo Rocha, que não entrou no movimento por meio do qual a maioria do MDB está apoiando o ex-presidente Lula da Silva.
Desde os primeiros movimentos feitos no início deste ano, o então governador Flávio Dino assumiu aberta e ostensivamente a candidatura do ex-presidente Lula da Silva, transformando-a numa bandeira, posição que manteve e foi incorporada pelo seu sucessor, Carlos Brandão, e foi consolidada com a migração dos dois para o PSB. O PT se aliou ao PSB, dando-lhe como vice o neopetista Felipe Camarão, no plano estadual. E foi o que aconteceu no plano nacional, com o ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, hoje membro do PSB, como candidato a vice do líder petista. Os candidatos majoritários e proporcionais da coligação brandonista associam suas campanhas à de Lula da Silva, formando uma corrente política e eleitoralmente poderosa e amplamente favorita, segundo as pesquisas. Lula também tem o apoio declarado de Simplício Araújo (Solidariedade), Enilton Rodrigues (PSOL), os dois casos seguindo orientação em favor de alianças de abrangência nacional.
No campo bolsonarista a situação é radicalmente diferente. Afora algumas vozes isoladas, como a de Lahesio Bonfim (PSC), que mesmo a contragosto está seguindo a cartilha do deputado federal Aloísio Mendes (PSC), bolsonaristas fervorosos cobram declarações de apoio ao presidente da República. O candidato do PDT, Weverton Rocha, que tem o apoio das forças partidárias bolsonaristas, declara abertamente que não abraça “nenhuma candidatura”, nem mesmo a de Ciro Gomes, do seu partido, alegando que, se for eleito, vai se entender com quem estiver no Palácio do Planalto, inclusive seu colega de partido. É uma jogada de alto risco e contraria frontalmente os postulados da política, que recomenda que se tenha um lado. O fato é que Weverton Rocha é apoiado pelas bases bolsonaristas, mas, de olho na suscetibilidade do eleitorado, se recusa a abraçar publicamente a candidatura de Jair Bolsonaro. E o mais curioso é que os chefes bolsonaristas, a começar pelo senador Roberto Rocha, parecem estar de pleno acordo com o candidato do PDT, o que contraria frontalmente os postulados da política partidária.
Na mesma linha, Edivaldo Holanda Jr., candidato do PSD, bateu pé e decidiu não seguir a orientação do chefe do seu partido, deputado federal Edilázio Jr., bolsonarista de carteirinha, mas que também não se expõe além da conta como tal. Num outro “quadrado”, os candidatos a governador Hertz Dias (PSTU), faz campanha associada à Vera Lúcia, candidata do seu partido a presidente, e Frankle Costa, cujo partido, o PCB, tem candidato ao Palácio do Planalto.
A realidade nua e crua é que qualquer avaliação baseada na compreensão do que é a política nos sentidos partidário e eleitoral, e que seja isenta, certamente concluirá que, no que respeita às candidaturas presidenciais, os candidatos Carlos Brandão, Simplício Araújo, Enilton Rodrigues, Hertz Dias e Frankle Costa estão navegando na coerência, o que não acontece com o senador Weverton Rocha. Vale lembrar, entretanto, que vem por aí a campanha eletrônica, na TV e no rádio, que o senador pedetista pode usar para inverter a postura.
PONTO & CONTRAPONTO
Aliança de Weverton com Maranhãozinho estaria perdendo força
Correm fortes nos bastidores rumores dando conta de que o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla o PL no Maranhão, teria decidido “liberar” os cerca de quarenta prefeitos do partido, que em princípio foram “convocados” para apoiar a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). E que boa parte desses prefeitos estariam migrando para a base de apoio do governador Carlos Brandão (PSB). Há, na verdade, uma mudança de postura de Josimar de Maranhãozinho em relação à corrida sucessória. Conhecedor profundo do caminho das pedras eleitorais, o chefe do PL e aliado partidário do presidente Jair Bolsonaro, que é do partido, teria avaliado o cenário e chegado à conclusão de que caminham para serem remotas as chances de eleição do senador pedetista, tanto quanto a reeleição do senador Roberto Rocha. A se confirmar essa tendência, Josimar de Maranhãozinho pode se reeleger com votação gorda, bem como sua mulher, a deputada estadual Detinha, pode se reeleger, mas isso não será o melhor dos mundos se ele vier a sair das urnas enfraquecido.
Perdas de Weverton podem embalar Lahesio e fortalecer Bandão
Há uma forte expectativa no meio político quanto à candidatura de Lahesio Bonfim (PSC). Dois observadores ouvidos pela Coluna dizem que, se ele conseguir colocar pelo menos dois pontos percentuais sobre o senador Weverton Rocha, pode causar forte desidratação no pedetista e, com isso, causar uma corrida de prefeitos para o candidato leonino, podendo também beneficiá-lo, mas numa escala menor. É fato de que vários dirigentes municipais ligados a Josimar de Maranhãozinho já migraram para a base de apoio de Carlos Brandão. O mais elevado estado de tensão quanto a essa possibilidade ocorre no QG do senador pedetista, que se movimenta para reagir, certo de que sua candidatura está perdendo força.
São Luís, 21 de Agosto de 2022.