Um dia depois de ter sido informado pelo o instituto Econométrica que o governador Carlos Brandão (PSB) teria avançado a ponto de colocar quase duas dezenas de pontos percentuais de intenções de voto sobre o senador Weverton Rocha (PDT), que teria perdido pontos em relação ao levantamento anterior e que estaria tecnicamente empatado com Lahesio Bonfim (PSC), o eleitorado maranhense foi surpreendido ontem por outra pesquisa, do instituto Exata, mostrando um cenário radicalmente diferente.
Os números do Exata são os seguintes: Carlos Brandão aparece com 30% das intenções de voto, seguido de Weverton Rocha com 29%, tendo ainda Lahesio Bonfim com 16%, e na sequência Edivaldo Holanda Jr. (PSD) com 10%, Simplício Araújo (SD), Joás Moraes (DC) e Enilton Rodrigues (PSOL), cada um com 1% – Hertz Dias (PSTU) e Frankle Costa (PCB) não pontuaram. Além disso, 4% disseram que não votariam em nenhum, votariam em branco ou anulariam o voto e 8% não quiseram ou não souberam responder. E na hipótese de um segundo turno, Weverton Rocha venceria Carlos Brandão com 42% dos votos contra 41% e Lahesio Bonfim por 55% a 26%. A pesquisa ouviu 1.469 eleitores entre 07 a 12 de agosto, tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, e foi registrada no TSE com o número MA-02051/2022.
Esse é, até aqui, o fato mais fora da curva relacionado com pesquisas nessa corrida eleitoral. Por mais que as duas empresas de estatística difiram em método de coleta de dados e em tratamento das informações coletadas, e ainda quanto o universo geopolítico pesquisado, é absolutamente surpreendente que dois levantamentos feitos no mesmo período sobre a mesma temática e os mesmos nomes tenham encontrado resultados tão diferentes. Afinal, não se está falando de uma diferença de três, cinco, seis pontos, levando-se em conta as margens de erro, o que é possível. O que está sendo avaliado é que um levantamento mostrou o governador com 40 pontos percentuais de intenção de voto, contra 21 do senador e do 20 do ex-prefeito, enquanto o outro mostrou o governador e o senador tecnicamente empatados, o primeiro com 30 pontos percentuais e o segundo com 29 pontos, estando o ex-prefeito muito atrás com 16 pontos.
A boa técnica e a boa ética recomendam que não se deve comparar pesquisas de institutos diferentes. Não se trata aqui de uma comparação, a começar pelo fato de que a Coluna não pretende se posicionar contra um e a favor de outro em relação aos dois levantamentos. Menos ainda fazer uma intromissão indevida nessa confusão emitindo juízo desonesto a respeito dos institutos Econométrica, que tem três décadas de vida e um sólido lastro de bons serviços prestados, e Exata, de existência mais curta, mas já com um bom saldo de acertos. O registro e as observações são apenas a forma mais franca de expressar a sua sincera estupefação, uma vez que a diferença que separa os dois conjuntos estatísticos contraria a lógica matemática mais elementar e mergulha o eleitor num pântano de dúvida e de incertezas.
Nesse cipoal de porcentagens que não se ajustam, pelo menos um dado faz sentido: a divisão dos nove candidatos a governador em dois blocos nítidos, incontestáveis. O primeiro reunindo o governador Carlos Brandão, que aparece na liderança, o senador Weverton Rocha, que se movimentas em segundo, e o ex-prefeito Lahesio Bonfim, sempre na terceira posição. E o segundo bloco formado pelos candidatos Edivaldo Holanda Jr., Simplício Araújo, Enilton Rodrigues, Hertz Dias, e mais recentemente Joás Moraes e Frankle Costa.
Fica a torcida para que novos levantamentos tragam pelo menos a impressão de que estão investigando o mesmo assunto.
PONTO & CONTRAPONTO
Sem Brandão, debate na Difusora foi fraco de propostas e de embates
Nada aconteceu de diferente ou foi dito de especial no primeiro debate entre os candidatos a governador realizado ontem pela PT Difusora, braço maranhense do SBT. Bem formatado e com duração de duas horas, o tate-a-tate entre os postulantes ao comando do Governo do Maranhão, que serviria para mostrar o conteúdo de cada um, não produziu um resultado animador. Provavelmente por conta da ausência do governador Carlos Brandão (PSB), que a justificou acusando a TV Difusora de imparcialidade, por fazer sistemática oposição ao seu governo, os participantes não mostraram uma compreensão abrangente a respeito do que é o Maranhão, os seus problemas e o seu potencial.
O senador Weverton Rocha (PDT) nada disse que justificasse a importância que ele se esforça para dar à sua candidatura, tratando assuntos fundamentais com frases genéricas, como a promessa de ressuscitar o Primeiro Emprego, programa do Governo Roseana Sarney (MDB). Edivaldo Holanda Jr. (PSD) repetiu o discurso focado nos oito anos governando São Luís como um tocador de obras embalado por Jesus Cristo. Lahesio Bonfim repetiu o mesmo discurso de entrevistas, gerando a impressão de que não vai passar do “eu vou fazer” tudo, mas sem dizer como. Simplício Araújo foi o candidato mais propositivo, com desempenho diferenciado pela eficiência como comunicador. Os demais – Enilton Rodrigues (PSOL), Hertz Dias (PSTU) e Frankle Costa (PCB) – se limitaram a insistir nos jargões da esquerda radical, sendo Hertz Dias o mais agressivo na troca de farpas. Joás Moraes (DC), que mostrou preparo em entrevistas, não conseguiu chegar a tempo à TV Difusora.
Vale anotar a eficiente condução do experiente jornalista Adalberto Melo.
Braide entra de cabeça na campanha por Weverton e Roberto Rocha
O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (sem partido), que só há pouco tempo se posicionou na corrida eleitoral, decidiu entrar de cabeça na guerra pelo voto apoiando o senador Weverton Rocha (PDT) para o Governo do Estado e o senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Primeiro, ele participou efetivamente da oficialização das duas candidaturas nas convenções, e ontem, o ontem esteve na linha de frente de uma caminhada em Imperatriz, com a qual o senador Roberto Rocha deflagrou sua campanha em busca da renovação do mandato. Antes baseada em frases soltas, a posição de Eduardo Braide evoluiu para um envolvimento ostensivo, como que motivado pela certeza de que esse grupo, que mistura parte da centro-esquerda com a direita bolsonarista em todos os seus graus, chegará ao poder. Político conservador, com rígida formação católica, mas com essência democrática, Eduardo Braide faz política com inteligência e pragmatismo, o que significa dizer que sua movimentação tem as devidas explicações gerais e pontuais. Uma delas, claro, é a eleição do irmão, Fernando Braide, para a Assembleia Legislativa, onde começou sua trajetória. Outra é criar e manter elos que lhe abra as portas e os cofres em Brasília.
São Luís, 19 de Agosto de 2022.