Como estava previsto por observadores mais atentos, o prefeito Eduardo Braide (PSD) usou as cartas que o cargo de confere, fez um acordo com empresários e rodoviários e colocou ponto final na greve no sistema de transporte de massa de São Luís, que deve voltar à normalidade nesta segunda-feira, 1º de Maio. Se de um lado a greve em si foi mais um episódio revelador da necessidade de que esse sistema – cuja “morte” foi anunciada pelo vereador Astro de Ogum (PCdoB) -, deve passar por uma mudança radical, de outro, de outro, ela trouxe à tona a revelação de quem está, de fato, se movimentando para encarar o prefeito, que é candidato à reeleição, na corrida às urnas daqui a 17 meses. Vieram à tona o deputado federal Duarte Jr. (PSB), o vereador e presidente da Câmara Paulo Victor (PCdoB), e os deputados estaduais Carlos Lula (PSB), Neto Evangelista (UB), Yglésio Moisés (ainda no PSB) e Wellington do Curso (PSC), que não pouparam o prefeito Eduardo Braide de duras críticas, todos sinalizando claramente que seu alvo é o Palácio de la Ravardière.
Durante a semana de greve que deixou 700 mil ludovicenses sem transporte de massa, esses potenciais candidatos dispararam artilharia pesada contra o prefeito de São Luís. Em discursos duros, declarações ácidas e postagens “pesadas”, eles acusaram o prefeito de “omissão” e “despreparo”, para dizer o mínimo, jogando sobre seus ombros toda a responsabilidade pela paralização, e por via de consequência, todo o sufoco vivido pelos usuários de transporte de massa durante a permanência dos ônibus nas garagens. E sinalizaram que, cada um a seu modo, vai manter a administração municipal na alça de mira.
Considerado até aqui o mais forte e assumido adversário do prefeito Eduardo Braide, o deputado federal Duarte Jr. não tem dado trégua ao atual dirigente ludovicense, acusando, atacando a gestão dele diuturnamente nas suas redes sociais, onde tem milhares de seguidores. Por sua vez, Paulo Victor, que atualmente é secretário estadual de Cultura, tem dado declarações fortes e postados petardos contra o prefeito, numa sinalização de que está, de fato, no jogo, e que, além realizar grandes festas juninas agora e em 2024, e um carnaval naquele ano, joga com o peso de ser discretamente avalizado pelo Palácio dos Leões.
O deputado Carlos Lula tem jogado pesado como adversário e crítico do prefeito Eduardo Braide. Em dos expoentes maiores do que se identifica como grupo ligado ao senador licenciado Flávio Dino (PSB), atual ministro da Justiça e Segurança Pública, o deputado Carlos Lula tem usado com frequência a tribuna da Assembleia Legislativa pata tecer deveras críticas à atual gestão de São Luís, sem dizer que pretende se candidatar, mas sem negar essa pretensão. Na mesma linha, o deputado Neto Evangelista, que foi especialmente duro com o prefeito da Capital num discurso feita na quinta-feira, ele apontou o prefeito como “o único responsável pela greve nos ônibus e pelo sofrimento da população”. O parlamentar tem deixado no ar a impressão de que está se preparando para disputar a Prefeitura.
Com o argumento de quem já assumiu a pré-candidatura a prefeito, o deputado Wellington do Curso tem retido com frequências suas costumeiras a críticas ao prefeito da Capital, e sempre alimentando o seu projeto de candidatura. Um dos pré-candidatos à Prefeitura de São Luís mais assumidos, deputado Yglesio Moises fez uma crítica moderada ao prefeito Eduardo Braide, a quem também defendeu afirmando que os argumentos técnicos usados pelo prefeito estão corretos. A moderação de Yglésio Moises tem a ver com a sua migração da esquerda para a direita, campo ideológico ao qual pertence o prefeito Eduardo Braide.
Movido pelo que alguns identificam como “inteligência emocional”, que lhe dá o controle da situação, mesmo sob artilharia pesada, o prefeito Eduardo Braide segurou a língua e não respondeu a nenhuma das pedradas verbais disparadas na sua direção nos dias de greve. Sabe que é só o começo e deve estar armazenando munição para contra-atacar na hora certa.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão comemora com inaugurações os 212 anos de Grajaú
Um dos municípios mais importantes do Maranhão, principalmente pela sua história, Grajaú completou ontem 212 anos (77.380 dias) de emancipação política. Sob o comando do prefeito Mercial Arruda (MDB), que a administra com correção e honradez pela sexta vez – seu primeiro mandato foi conquistado nas urnas em 1982 -, Grajaú comemorou a data com uma festa popular com a presença do governador Carlos Brandão (PSB) e da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB). Participaram também o deputado federal Rubens Júnior (PT) e os deputados estaduais Ricardo Arruda (MDB), representante do município no parlamento estadual, Roberto Costa (MDB), Éric Costa (PSD), Antônio Pereira (PSB) e Florêncio Neto (PSB).
Carlos Brandão e sua comitiva foram recebidos com festa pelo prefeito Mercial Arruda e pela população, incluindo centenas dos cerca de sete mil índios das etnias Guajajara e Kanela, que vivem em cinco aldeias na parte da reserva ligada ao território grajauenses, e que lhe distinguiram com um cocar de líder, fazendo o mesmo com a presidente da Assembleia Legislativa.
Em contrapartida, o governador e o prefeito inauguraram várias obras do Governo do Estado em Grajaú: a Praça da Família, toda equipada com equipamentos de academia e de lazer infantil, incluindo uma quadra poliesportiva e campos de areia e quiosques para a venda de alimentos. Inauguraram também, em parceria com a Prefeitura, um escritório do SINE na cidade. E fizeram a entrega do Sistema de Abastecimento de Água do Quilombo Santo Antônio dos Pretos, implantado pela Secretaria de Estado das Cidades do Maranhão (Secid). E uma Estação Tech, um espaço destinado à inclusão digital, equipado dez computadores conectados à internet, uma impressora 3D e uma Smart TV.
Merecedores da atenção e das ações, Grajaú, o prefeito Mercial Arruda e os 70 mil grajauenses comemoraram.
PSDB quer sair da inanição e voltar a ser forte
O comando nacional do PSDB contratou uma consultoria para injetar ânimo novo no partido, que depois dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, na transição do século XX para o século XI, mergulhou numa onda de enfraquecimento, que quase o transformou numa legenda nanica. No Maranhão, os tucanos elegeram apenas quatro prefeitos em 2020, e nenhum deputado estadual nem deputado federal em 2022.
No Maranhão, depois de passar por várias mãos – Carlos Brandão, Roberto Rocha e Inácio Melo -, o partido voltou ao ninho original: ao comando do seu mais fiel filiado no estado, o ex-prefeito de Imperatriz e atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Sebastião Madeira, que o representou por quatro mandatos na Câmara Federal. Quando deputado federal pertenceu à cúpula tucana, sendo presidente da Fundação Teotônio Vilela, o braço ideológico e doutrinário do partido.
Agora no comando do partido no estado, com o aval da direção partidária e de líderes como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se impôs o desafio de reerguer o ninho dos tucanos no Maranhão, apostando que a virada deve começar nas eleições municipais do ano que vem.
São Luís, 30 de Abril de 2023.