Unidade mostrada por Dino e Brandão repercute fortemente e tranquiliza a base governista

Acima: Antônio Pereira, Rodrigo Lago e Júlio Mendonça comemoraram a unidade demonstrada por Carlos Brandão e Flávio Dino , na imagem ladeados por
Roberto Costa, Cláudia Coutinho, Felipe Camarão e
Sebastião Madeira no lançamento do Pronaci 2

Poucas vezes um ato causou tanta repercussão política quanto o lançamento do Pronaci 2, na noite de quarta-feira, em São Luís, pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o governador Caros Brandão (PSB). O motivo foi a unidade política demonstrada por eles, que afastou os rumores segundo os quais a aliança que os une estaria em crise e em vias de rompimento. Além da repercussão na imprensa e no meio político em geral, o evento impactou fortemente a Assembleia Legislativa, onde vários deputados se manifestaram sobre o assunto em clima de entusiasmo. A manifestação mais contundente foi feita na tribuna pelo experiente deputado Antônio Pereira (PSB), para quem o ministro Flávio Dino, o governador Carlos Brandão e as lideranças presentes ao ato, na Casa da Mulher Brasileira, demonstraram “que podemos fazer um trabalho de união em prol do estado e da população maranhense”.

Ao mesmo tempo em que produziu um clima de “alivio” no ambiente político maranhense, o ato de lançamento do Pronaci 2 indicou que, se houve estremecimento nas relações do ministro Flávio Dino e com o governador Carlos Brandão – é provável que tenha havido diferenças pontuais -, elas já foram resolvidas. O próprio deputado Antônio Pereira, que é 1º secretário da Assembleia Legislativa, o rompimento não faria sentido, uma vez que “foi essa unidade que nos deu a grande vitória nas urnas, pois era pedida pela sociedade maranhense a continuidade do governo”. Além disso, acrescentou: “Hoje, a sociedade continua clamando, porque entende que essa união precisa continuar para o bem do no nosso Maranhão”.

O deputado Rodrigo Lago (PCdoB), 1º vice-presidente do Legislativo e que presidia a sessão, aproveitou o embalo e referendou as palavras de Antônio Pereira. Para ele, a unidade demonstrada no lançamento do Pronaci 2 foi construída numa relação política sólida e continuará firme pela ação pactuada do ministro Flávio Dino e do governador Carlos Brandão. Na mesma linha, o deputado Júlio Mendonça (PCdoB), que fez um apelo no sentido de que a classe política atue para manter e melhorar “essa ambiência política de parceria entre os governos estadual e federal”. Na sua avaliação, os deputados estaduais têm um papel decisivo na estabilidade dessa aliança política.

As manifestações repercutindo o alinhamento entre o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão lançamento do Pronaci 2 indicaram que já estava na hora de um gesto dessa dimensão por parte de ambos. Isso porque os rumores sobre o possível estremecimento da relação dos líderes, ainda que não tenham se confirmado, pareciam animar os adversários interessados nessa divisão. Ao mesmo tempo, essa tensão latente já começa a preocupar membros da base governista, como o tarimbado deputado Antônio Pereira, que conhece como poucos os meandros da política maranhense e sabe o que deve ser feito para desmontar armações.

O ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão avaliaram esse cenário num jantar em Brasília, às vésperas da viagem do presidente Lula da Silva (PT). Nesse encontro – que teria sido iniciativa do hoje ministro interino do GSI, Ricardo Capelli -, Flávio Dino e Carlos Brandão teriam colocado a conversas em dia. Na conversa, aproveitaram para ajustar e normalizar a relação, que teria sofrido descompasso natural, causado pelos dramáticos momentos da gestão do ministro e das atribulações dos primeiros movimentos do governador na organização do novo Governo. O lançamento do Pronaci 2, na quarta-feira, foi o primeiro item da agenda que envolve o ministro da Justiça com o governador do Maranhão.

E a repercussão do evento na Assembleia Legislativa e fora dela indica que, passado o sufoco dos primeiros meses o alinhamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Governo do maranhão será cada vez mais afinado.

PONTO & CONTRAPONTO

Só três, todos do PL, votaram contra a urgência para a votação do projeto das Fake News

Josimar de Maranhãozinho e Detinha: alinhados
à orientação bolsonarista contra a urgência

A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (26), por 238 votos a 192, o requerimento de urgência para o Projeto de Lei nº 2630/20, cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, a chamada Lei das Fake News. Foi uma guerra nos bastidores, porque a bancada bolsonarista, incluindo os evangélicos, tentaram de todas as maneiras retardar a votação, em busca de meios para derrotar o projeto, que afeta fortemente sua posição de manter as redes sociais sem controle rígido.

Doze dos 18 deputados da bancada maranhense participaram da votação, sendo que nove votaram a favor da urgência – Roseana Sarney (MDB), André Fufuca (PP), Márcio Jerry (PCdoB), Márcio Honaiser (PDT), Rubens Jr. (PT), Duarte Jr. (PSB), Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), Deputado Benjamin (União Brasil) e Júnior Lourenço (PL). Apenas três votaram contra: Josimar de Maranhãozinho (PL), Detinha (PL) e Pastor Gildenemir (PL).

Além da ausência de seis deputados – Josivaldo JP (PSC), Amanda Gentil (Republicanos), Cléber Verde (Republicanos), Fábio Macedo (Podemos), Aluísio Mendes (Republicanos) e Marreca Filho (Patriotas), o que chamou a atenção mesmo foi o voto do deputado Júnior Lourenço a favor da urgência. Ele foi o único do PL que divergiu da orientação do presidente Waldemar Costa Neto e do ex-presidente Jair Bolsonaro, de longe o maior interessado na derrota do projeto que, se aprovado na próxima terça-feira, vai mudar radicalmente a “terra de ninguém” que que são atualmente as redes sociais, paraíso da notícia falsa

Em migração para a direita, Yglésio tenta sair do PSB sem perder mandato

Yglésio Moises: dando
guinada à direita

O deputado estadual Yglésio Moises está migrando definitivamente da esquerda para a direita, processo que encaminha tanto no campo ideológico quanto no campo partidário. Ideologicamente, ele saiu do que havia de mais esquerdista do PDT comandado por Jackson Lago e Neiva Moreira, tentou se viabilizar no PROS, um partido de centro e se encontra na banda mais ao centro do PSB de onde tenta sair sem perder o mandato. Enquanto tenta deixar o socialismo democrático, ele conversa com partidos de direita. Se conseguir sair inteiro do PSB, ele poderá se filiar a uma legenda que represente uma direita mais próximo do centro, podendo também embarcar num partido extremista ligada ao bolsonarismo, com o qual vem se relacionando há tempos.

Esse movimento de migração ideológica explica a mudança efetiva do discurso político do deputado Yglésio Moises. Político focado no realismo dos números e na lógica fria dos fatos, o deputado Yglésio Moises vem abandonando progressivamente os temas e as teses programáticos da esquerda e incorporando ao seu discurso a pauta da direita. Ele agora adotou a bandeira contra a chamada “ideologia de gênero”, principalmente nos esportes. Ontem, por exemplo, fez um discurso contra o Projeto de Lei das Fake News, que criminaliza a notícia falsa na internet, alinhando-se integralmente às bancadas bolsdonaristas mais conservadoras do Congresso Nacional.

O deputado Yglésio Moises acredita que sua migração para a direita estará consumada em dois ou três meses, quando, acredita, o processo em que pede o desligamento do PSB sem perder o mandato, usando vários argumentos, entre eles argumento segundo o qual o PSB não lhe permite divergir. A Coluna apurou que é uma situação difícil. Se a Justiça lhe der ganho de causa, consumará a migração conservando o mandato. Se não, poderá enfrentar enormes dificuldades pela frente, inclusive a expulsão do PSB, com risco de perder o mandato. Sua sorte está lançada.

São Luís, 28 de abril de 2023.

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