Arquivos mensais: abril 2022

Choque de interesses impede a união dos bolsonaristas por uma só candidatura aos Leões

 

Roberto Rocha enfrenta dificuldades para reunir Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho em uma frente bolsonarista no Maranhão

O senador Roberto Rocha PTB estaria se posicionando para liderar um movimento para agregar o que chamou de “oposição”, que na verdade se resume a ele e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, pré-candidato a governador pelo PSC. Hoje chefe do PTB no Maranhão, o senador tenta, na verdade, organizar e liderar um movimento para dar suporte à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão, tarefa que o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe do PL no estado, já está chamando para si, e pelo que tudo indica, sem abrir mão de ser ele o líder da ação político-partidária. O problema é que os três têm interesses e objetivos bem diferentes, sendo muito difícil encontrar pontos de identificação entre eles. Roberto Rocha, Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho quase nada têm em comum, a não ser o fato de que são bolsonaristas, só que em diferentes graus.

Com apenas nove meses de mandato, o senador Roberto Rocha as incertezas dos fins de festa e as agruras impostas pelo desafio de tentar renova-lo, principalmente quando tem um oponente do quilate do ex-governador Flávio Dino (PSB). O mesmo drama se impõe quando ele avalia a possibilidade de disputar o Governo do Estado e depara com um cenário em que têm quatro oponentes para serem vencidos: o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT), que lideram a corrida com boa vantagem sobre ele, e o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e Lahesio Bonfim, que estão colados nele e dispostos a ultrapassa-lo para brigar pela ponta.

Não há a menor possibilidade de o senador Roberto Rocha construir um canal de diálogo com Carlos Brandão ou Weverton Rocha. Seu caminho – muito pedregoso, diga-se – só leva a Lahesio Bonfim e a Josimar de Maranhãozinho, que atuam no campo bolsonarista. Pré-candidatos a governador, os dois dizem que até aceitam dialogar com o senador agora petebista, desde que ele sente à mesa como pré-candidato a senador e não a governador. E mesmo assim, nenhum dos dois está disposto a abrir mão do espaço que conquistaram até aqui para fortalecer a posição do senador do agora presidente estadual do PTB.

Lahesio Bonfim é candidato irreversível, investiu muito nesse projeto, tem obtido bons resultados nas pesquisas, não mostra interesse nem disposição para refazer sua caminhada. E já deixou claro que “aceita” o apoio de Roberto Rocha, desde que a seu modo, sem abrir mão do espaço que ocupou até aqui pelo seu próprio esforço. Do mesmo modo, Josimar de Maranhãozinho já declarou inúmeras vezes que não colocará o seu partido e o seu grupo à serviço do senador petebista se o projeto dele for candidatura ao Governo do Estado. Além do mais o pré-candidato do PSC e o pré-candidato do PL são bolsonaristas assumidos, mas são politicamente independentes e não estão dispostos a correr riscos para catapultar o projeto do senador petebista nem brigar pela reeleição do presidente da República se essa briga vier a comprometer seus cacifes.

O fato é que, mesmo levando em conta a ampla margem de imprevisibilidade da política, se depender de Lahesio Bonfim e de Josimar de Maranhãozinho, a união da oposição bolsonarista no Maranhão sob a liderança do senador Roberto Rocha dificilmente sairá do campo das ideias. Provavelmente porque o senador perdeu o timing na busca de um partido e de um bom acordo, mas acabou no PTB, agremiação que representa hoje o que há de mais controverso na seara partidária brasileira, verdade que se impõe a partir do comportamento seu presidente nacional.

O senador Roberto Rocha terá de trabalhar muito para montar uma chapa competitiva, seja ele candidato a governador ou a senador. Sem chance, porém, de costurar a unidade da oposição bolsonarista em torno de um candidato.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Brandão nomeia uma equipe técnica, mas com fortes flancos políticos

Carlos Brandão (centro) posa com a equipe que vai comandar a partir de hoje

O governador Carlos Brandão (PSB) empossou ontem sua equipe de Governo, formando um time dentro da sua ótica de gestor, com o predomínio de perfis técnicos, mas também reforçado o grupo de secretários com forte atuação política. Nessa seara, ele colocou na Casa Civil o experiente ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, cuja raiz partidária é o PSDB. Recriou a Secretaria de Articulação Política, separando-a da Comunicação Social e entregando-a ao ex-prefeito de Matões e ex-deputado estadual Rubens Pereira, ele também um articulador político tarimbado. E manteve a área de Comunicação Social com o jornalista Ricardo Capelli, que é membro da cúpula do PSB e tem também forte atuação política. O ex-prefeito de São José de Ribamar, Luís Fernando Silva, que é um dos ativos colaboradores políticos do novo governador e vinha comandando a Secretaria de Programas Especiais, foi deslocado para a estratégica Secretaria de Planejamento, tendo o ex-governador José Reinaldo Tavares, que ocupava numa diretoria da empresa portuária, assumido a pasta dos Programas Especiais.

“Nossa escolha teve alguns critérios. Alguns secretários saíram pois são pré-candidatos e houve vacância dos cargos. Nós, naturalmente, dialogamos com várias pessoas do nosso campo político. Escolhemos pessoas que eu considero capacitadas e comprometidas para que possamos dar continuidade ao governo. Tivemos vários avanços nos últimos sete anos e queremos mais, focando sempre a qualidade de vida do povo”, declarou o governador. Para ele, as mudanças “oxigenam a gestão” na perspectiva de apresentar excelentes resultados”.

O novo chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira observou que a equipe está entusiasmada. “Estamos todos honrados em participar do governo Brandão, trabalhar pelo e para povo maranhense, e para continuar esse trabalho de transformação iniciado há sete anos pelo governador Flávio Dino. Daremos continuidade e faremos muito mais”, afirmou.

Os secretários:

Sebastião Madeira (Casa Civil), José Reinaldo Tavares (Programas Especiais), Amanda Cristina de Aquino Costa (Direitos Humanos e Participação Popular), Aparício Bandeira Filho (Infraestrutura), Cassiano Pereira Júnior (Indústria, Comércio e Energia), Célia Maria Brandão Salazar Soares (Secretaria da Mulher), Cynthia Mota (Secretária Extraordinária de Articulação de Políticas Públicas), Daniel Itapary Brandão (Secretário Chefe da Assessoria Especial do Governador),Diego Galdino (Secretaria de Governo), Diego Rolim (Agricultura Familiar), Coronel Humberto Soares (Chefe do Gabinete Militar), José Antônio Barros Heluy (Agricultura, Pecuária e Pesca), Joslene Rodrigues (Cidades e Desenvolvimento Urbano), Leônidas Araújo   Agência Executiva Metropolitana). Leuzinete Pereira da Silva (Educação), Lília Raquel Silva Souza (Trabalho e Economia Solidária), Luís Fernando Silva (Planejamento e Orçamento), Luzia de Jesus Waquim: (Chefia do Gabinete do Governador), Naldir Lopes (Esporte e Lazer), Paulo Ribeiro (Desenvolvimento Social). Paulo Henrique (Turismo),
Paulo Sérgio Rodrigues (Secretaria Extraordinária da Região Tocantina), Paulo Victor (Cultura), Pedro Chagas (Gestão, Patrimônio e Assistência dos Servidores), Raul Mochel (Transparência e Controle), Raysa Maciel (Meio Ambiente e Recursos Naturais). Rubens Pereira (Articulação Política), Silvia Ferreira (Relações Institucionais), Coronel Silvio Mesquita (Segurança Pública) e Tiago Fernandes (Saúde).

Órgãos vinculados:

Anderson Pires Ferreira (Instituto de Colonização e Terras do Maranhão), Coronel Aritanâ do Rosário (Subcomando Geral da Policia Militar), Cauê Ávila Aragão (Agência Estadual de Defesa Agropecuária), Coronel Emerson Bezerra da Silva (Comando Geral da Polícia Militar), Hewerton Pereira (Departamento Estadual de Trânsito), Marcello Barros (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), Marco Aurélio Freitas (Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão), Wallquiria de Jesus Lopes: (Cerimonial).

 

Weverton mantém agenda intensa no interior

Weverton Rocha com Sâmia Bernardes

A forte perda de poder não inibiu o senador Weverton Rocha (PDT). Como se nada tivesse acontecendo, ele manteve a programação de pré-campanha e tem dividido o seu tempo entre Brasília e o interior do Maranhão, onde visita entidade, conversa com líderes políticos locais e incursiona em mercados e áreas comerciais. Um exemplo: ontem, ele postou um vídeo em que devora uma “panelada” no mercado de Itapecuru-Mirim, ao lado da esposa, Sâmia Bernardes. O contraponto dessa maratona é que o número de acompanhantes – deputados em busca de reeleição, aspirante a deputado e entusiastas da sua pré-candidatura – vem diminuindo progressivamente. Entre os apoiadores fieis está o ex-secretário de Segurança Pública, delegado Jerfferson Portela, que deixou o cargo, migrou do PCdoB para o PDT e se lançou pré-candidato a deputado federal.

São Luís, 07 de Abril de 2022.

Resolvidos no campo partidário, candidatos aos Leões entram na fase de ajustes e montagem de chapas

 

Carlos Brandão, Weverton Rocha, Edivaldo Jr., Lahesio V=Bonfim, Josimar de Maranhãozinho, Simplício Araújo, Enilton Rodrigues, Hertz Dias e Roberto Rocha: fase de ajustes, que vai durar até às convenções marcadas para o mês de agosto

 

Passada a correria e o alvoroço da “janela”, quando puderam resolver suas pendências partidárias, os pré-candidatos ao Palácio dos Leões entram agora no que pode ser entendido como uma fase de ajustes e consolidação dos seus projetos chegaram firmes às convenções, confirmados por elas, partir para a corrida de 45 dias para chegarem às urnas. De um modo geral, o quadro de pré-candidatos está praticamente fechado, salvo pela indefinição do senador Roberto Rocha (PTB), que ainda não bateu martelo sobre se disputará o Governo do Estado ou a vaga no Senado. No mais, as pendências estão relacionadas com situações típicas do período pré-convenção: escolha de candidato a vice e de candidato ao Senado e seus suplentes. Além disso, os aspirantes ao Governo atuam paralelamente na seara política propriamente dita, em busca de suporte político que produza resultado eleitoral. Estão no páreo efetivamente nove pré-candidatos: o governador Carlos Brandão (PSB), o senador Weverton Rocha (PDT), o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC), o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), o suplente de deputado federal Simplício Araújo (SD), o professor Enilton Rodrigues (PSOL), o professor Hertz Dias (PSTU), e o ainda indefinido senador Roberto Rocha (PTB).

Na condição diferenciada de governador candidato à reeleição pelo PSB, Carlos Brandão entra no longo período pré-convenções com a sua situação inteiramente resolvida e sua chapa organizada. Já tem como companheiro de chapa o advogado Felipe Camarão, indicado pelo PT, e como candidato a senador o ex-governador Flávio Dino (PSB), que já escolheu seu suplente: Ana Paula Lobato (PCdoB), vice-prefeita de Pinheiro. Em tempo: o PSB maranhense é presidido pelo deputado federal Bira do Pindaré.

Candidato a governador pelo PDT, partido por ele próprio presidido no Maranhão, o senador Weverton Rocha só tem até agora o próprio nome na chapa que vai liderar. Ele ainda não falou sobre como e quando pretende escolher o seu vice, que pode sair deum dos partidos aliados do PDT, mais provavelmente o Republicanos, o podendo ainda procurar um companheiro de chapa na área sindical, onde tem bom trânsito. Inicialmente, Weverton Rocha anunciara que seu grupo não lançaria candidato ao Senado, mas em diversas entrevistas recentes, disse que o PDT pode rever essa posição e decidir lançar candidato a senador.

Candidato do PSD ao Palácio dos Leões, partido controlado no estado pelo deputado federal Edilázio Jr., o ex-prefeito ludovicense Edivaldo Holanda Jr. ainda não escolheu seu candidato a vice e ainda não sinalizou a respeito de quando isso vai acontecer. Pelo que foi dito por ele próprio tão logo defini sua candidatura com a cúpula do partido, sua chapa não terá candidato ao Senado. A decisão foi uma maneira de agradecer ao ex-governador Flávio Dino pelo apoio na sua gestão como prefeito e na sua eleição (2012) e reeleição (2016).

Depois de ter peregrinado pelo agora extinto PSL, de ter levado uma rasteira no PTB, de alimentar sua candidatura por algumas semanas no nanico Agir36, e de quase ingressar de novo no PTB, Lahesio Bonfim, agora ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, consolidou sua pré-candidatura pelo PSC, comandado no Maranhão pelo deputado federal Aloísio Mendes. Lahesio Bonfim e o chefe do seu partido ainda não decidiram sobre candidaturas a vice e a senador. Uma fonte ligada ao pré-candidato a governador disse que a chapa será completa.

Pré-candidato do PL, partido que preside com mão de ferro, o deputado Josimar de Maranhãozinho ainda não falou sobre escolha do seu companheiro de chapa nem se o seu partido lançará candidato a senador. Chama a atenção o fato de ele reduziu declarações sobre ele próprio ser candidato a governador, gerando a suspeita de que ele não levará esse projeto até o fim, podendo sair do páreo para apoiar um dos candidatos consolidados e entrar na disputa para depurado federal ou deputado estadual, estando mais inclinado a retornar à Assembleia Legislativa e mandar sua esposa, a deputada estadual Detinha, para a Câmara Federal.

Mesmo ocupando todos os espaços possíveis numa pré-campanha ativa, Simplício Araújo ainda não sinalizou se o Solidariedade, que ele preside no Maranhão, já definiu seu companheiro de chapa. Quanto ao Senado, é improvável que o SD lance um nome para disputar com Flávio Dino. O professor Enilton Rodrigues, que preside o PSOL, vai liderar uma chapa completa, com candidato a senador. O mesmo vai acontecer com Hertz Dias, o que já é uma tradição do PSTU.

A situação mais complicada pelo grau de indefinição é ado senador Roberto Rocha, que ingressou e assumiu o comando do PTB do estado, na semana passada. Até a noite de terça-feira (5), ele mantinha o suspense sobre se disputará o Governo do Estado, como ensaiou várias vezes, ou o Senado, para enfrentar o ex-governador Flávio Dino, que foi decisivo na sua eleição para o Senado em 2014.

Políticos tarimbados preveem que pelo menos três desses pré-candidatos sairão do circuito e arquivarão os seus projetos de candidatura.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Base parlamentar de Weverton encolheu drasticamente

Weverton Rocha: perda elevada de apoio político-parlamentar

Uma pergunta que se faz em todas as rodas de conversa: depois de perder o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), e dos deputados Wendell Lajes, que se filiou ao PV e declarou apoio a Carlos Brandão, e Ricardo Rios, que deixou o PDT e se filiou ao PSB, com quem, de fato, o senador Weverton Rocha conta?

Na Assembleia Legislativa restaram quatro dos 42 deputados:  Ciro Neto (PDT), Thaíza Hortegal (PDT), Márcio Honaiser (PDT) e Neto Evangelista (União Brasil).

Na Câmara Federal, ele conta com Juscelino Filho (União Brasil), Cléber Verde (Republicanos) e Gil Cutrim (Republicanos).

No campo parlamentar, o pré-candidato do PDT conta ainda com o apoio da senadora Eliziane Gama (Cidadania), vínculo que se mantém por afinidade política e por conta do projeto de candidatura a deputado estadual de Inácio Melo, seu marido e operador político, que assumiu o controle do PSDB no Maranhão.

O grupo que ele exibia como seu conselho de campanha não existe mais.

 

Brandão dá posse hoje à nova equipe de Governo

Carlos Brandão

Com a nomeação, nesta quarta-feira, às 16h, no Palácio Henrique de la Rocque, onde trabalhou até no dia 31 de março como vice-governador, o governador Carlos (PSB) dará posse aos secretários que assumirão nas pastas cujos titulares saíram com o governador Flávio Dino (PSB). O destaque da equipe é o vereador Paulo Victor (PCdoB), que se licenciou do mandato depois de ter sido eleito presidente da Câmara Municipal de São Luís, para assumir o comando da Secretaria de Estado da Cultura. Ele pretende permanecer no cargo até dezembro, uma vez que o seu mandato de presidente do Legislativo da Capital só será iniciado em janeiro de 2023. Nesse período, assumirá sua vaga o vereador Marcelo Poeta (PCdoB).

São Luís, 06 de Abril de 2022.

Eleição de Paulo Victor presidente da Câmara foi a tacada final do desmonte do PDT em São Luís

 

Paulo Victor: eleição de presidente sem oponente foi tacada final no desmonte do PDT em São Luís

A eleição retumbante e sem concorrente do vereador Paulo Victor (PCdoB) para a presidência da Câmara Municipal de São Luís foi o arremate do desmonte do PDT na Capital, com reflexos no estado como um todo. O partido que deu as cartas na maior e mais importante cidade e colégio eleitoral do estado, tendo o controle do Executivo e do Legislativo por mais de duas décadas, perdeu praticamente todo o seu espaço, vai quase desaparecer do cenário ludovicense com a posse do novo presidente em janeiro de 2023. Hoje na presidência da Casa por meio do vereador Osmar Filho, um político sem liderança e sem traquejo para a articulação, o PDT se esforça para ser o suporte do prefeito Eduardo Braide (sem partido), mesmo sabendo que ele tem outras opções para se garantir. E mais do que isso, o PCdoB e seus aliados dificilmente aceitarão ter o PDT como interlocutor, o que passa a ser um problema para o atual líder do Governo, vereador Raimundo Penha (PDT).

Depois de ter chegado ao poder com a maiúscula eleição de Jackson Lago prefeito em 1988, derrotando Carlos Guterres (MDB), o poderoso candidato do então governador Epitácio Cafeteira (MDB), o PDT de São Luís fez a prefeita Conceição Andrade (PSB) em 1992, elegeu de novo (1996) e reelegeu (2000) Jackson Lago, e de ter eleito Tadeu Palácio em 2002, e ainda garantido a reeleição de Edivaldo Holanda Jr. em 2016, o partido mergulhou num processo de encolhimento. Esse processo fez dele hoje uma agremiação sem rumo no seu berço, onde está o que sobrou do seu maior símbolo, sua militância. Tudo causado por um projeto de poder pessoal seu presidente, o jovem e arrojado senador Weverton Rocha, agora pré-candidato ao Governo do Estado.

Em crise do PDT começou depois da morte de Jackson Lago, quando houve uma guerra pelo comando partidário da qual Weverton Rocha, um jovem político ambicioso e arrojado apoiado pelo presidente nacional, Carlos Lupi, saiu vitorioso, e desde então vem moldando o partido à sua maneira tendo como foco central o seu projeto de poder. Nada de errado, não fosse o fato de que ele não combinou as demais lideranças do partido nem com familiares de Jackson Lago, todos militantes. No confronto interno, Weverton Rocha levou a melhor banindo figuras importantes do partido, tendo conseguido tempos depois impor sua liderança, apoiado pelo comando nacional e pelos militantes mais jovens. Jogou duro e levou a melhor, mesmo deixando profundas sequelas.

Seu projeto de poder começou bem, com a sua eleição para o Senado em 2018, que seria apenas o trampolim para o Palácio dos Leões. Até então bem-sucedido, começou a jogar errado quando, em vez de preparar um candidato pedetista para disputar a sucessão do prefeito Edivaldo Jr., optou por fazer um acordo mirabolante com a cúpula nacional do DEM, pelo qual lançou prefeito o deputado Neto Evangelista (DEM), para enfrentar o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) e o deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos). Em troca, o DEM apoiaria sua candidatura ao Governo do Estado. Neto Evangelista não vingou, e no segundo turno da disputa em São Luís, em vez de apoiar o candidato governista, preferiu apoiar Eduardo Braide, com dois objetivos: evitar a todo custo a eleição de Duarte Jr. e obter de Eduardo Braide a promessa de apoio à sua candidatura ao Governo. Resultado: Eduardo Braide venceu a eleição, Duarte Jr. foi o segundo, mas saiu das urnas muito mais forte, enquanto o PDT saiu do pleito bem menor, sem a prefeitura e com apenas quatro vereadores. Dos 45 prefeitos que elegeu pelo partido, pelo menos 10 já se afastaram da sua pré-campanha.

Em janeiro de 2021, Weverton Rocha conseguiu eleger o vereador Osmar Filho presidente da Câmara, sinalizando que jogaria o peso do seu prestígio senatorial e sua relação com o prefeito Eduardo Braide garantiriam ao PDT continuar no comando da Casa. Sem liderança, Osmar Filho, com o apoio do senador e do Palácio de la Ravardière, tentou montar uma base de apoio em torno da candidatura do respeitável vereador Gutemberg Araújo (PSC), mas o projeto foi arquivado pelo surpreendente poder de articulação do vereador Paulo Victor, que apoiado pelo Palácio dos Leões se elegeu ontem, sem oponente.

A pergunta que se faz no meio político é o que será do braço maranhense do PDT se o senador Weverton Rocha, que já não lidera a corrida às urnas, não ganhar as chaves do Palácio dos Leões em outubro. As previsões são no mínimo sombrias.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Com Madeira para a Casa Civil, Brandão apostou na experiência política e prestigiou Imperatriz

Sebastião Madeira: experiência e prestígio para Imperatriz

O governador Carlos Brandão (PSB) montou uma equipe técnica e alinhada à visão do ex-governador Flávio Dino. Fez, porém, ajustes reveladores de que o seu Governo terá um forte viés político. E nessa seara, a escolha do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, para a Casa Civil, foi um tiro certeiro. O primeiro: médico por formação Sebastião Madeira é um político tarimbado, de larga experiência. Um dos fundadores do PSDB, teve atuação destacada como deputado federal durante o Governo FHC, chegando à presidência do Instituto Teotônio Vilela, centro de estudos políticos do partido. Foi duas vezes prefeito de Imperatriz, deixando ali um legado respeitável. O segundo: nomear um ex-prefeito de Imperatriz para o mais importante e influente cargo da Governadoria é uma maneira inteligente e produtiva de prestigiar a maior e mais importante cidade do Maranhão depois de São Luís. O terceiro: mesmo que esteja afastado das atividades partidárias e que o PSDB tenha sido entregue a Inácio Melo, marido e operador político da senadora Eliziane Gama (Cidadania), Sebastião Madeira poderá atrair muitos tucanos para a base de apoio do governador Carlos Brandão.

 

JP e Mical aliviados por deixarem o PTB e ingressarem no PSD

Josivaldo JP e Mical Damasceno: aliviados por deixarem o PTB

O deputado federal Josivaldo JP e a sua colega estadual Mical Damasceno não conseguem controlar a expressão de alívio por haverem deixado o PTB e ingressado no PSD. Ele, que era presidente, e ela, sua antecessora no posto, romperam com Roberto Jefferson depois que ele decidiu entregar o partido ao senador Roberto Rocha. A felicidade dos dois foi completada com o seu desembarque no PSD, um partido de centro-direita e cuja representação no Maranhão é bem ajustada sob o comando do deputado federal Edilázio Jr., que tem como braço-direito o experiente deputado César Pires, os dois focados na candidatura do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. a governador. E levaram de quebra o deputado Pastor Cavalcante, que deixou o PROS, que ganhou destino incerto no Maranhão depois que foi entregue ao suplente de deputado Marcos Caldas.

São Luís, 05 de Abril de 2022.

Agora governador, com base partidária e chapa montada, Brandão pode ditar ritmo da corrida às urnas

 

Carlos Brandão recebe a faixa de Flávio Dino no Palácio dos Leões, depois de ter sido declarado governador por Othelino Neto, na Assembleia Legislativa, no sábado

Ao apor sua assinatura no livro de posse da Assembleia Legislativa e ser declarado novo chefe do Poder Executivo pelo presidente Othelino Neto (PCdoB), a partir da carta-renúncia do governador Flávio Dino (PSB), Carlos Brandão (PSB) deu também, na tarde de ontem, o primeiro passo, agora como governador e candidato à reeleição, à nova e decisiva fase da pré-campanha eleitoral, que vai durar até as convenções partidárias de agosto, quando será deflagrada a campanha eleitoral propriamente dita para as eleições de outubro. O ato de posse foi simples, seguiu o ritual e as formalidades regimentais, e teve como resultado político a declaração do novo governador de que governará respeitando a autonomia dos Poderes e a harmonia entre eles, promessa feita também pelo presidente do parlamento, com a discreta concordância do presidente do Poder Judiciário, desembargador Lourival Serejo, presente no ato. Logo em seguida, a transmissão do cargo e a entrega da faixa pelo antecessor Flávio Dino (PSB), no Palácio dos Leões, consumaram o processo de transição.  No campo político, Carlos Brandão ascendeu ao comando do Governo embalado pelo apoio de cerca de 30 dos 42 deputados estaduais, e por duas pesquisas (Escutec e DataM), nas quais aparece tecnicamente empatado com seu principal adversário, o senador Weverton Rocha (PDT), e uma boa folga em relação aos demais pré-candidatos.

Carlos Brandão inicia seu novo momento como o único pré-candidato ao Palácio dos Leões que está com a situação partidária e política resolvida, sem qualquer pendência. Ele está filiado a um partido sólido e muito bem situado na política maranhense, tendo na sua chapa como pré-candidato a vice Felipe Camarão, um dos mais atuantes homens públicos da nova geração, e como pré-candidato ao Senado o ex-governador Flávio Dino (PSB), de longe o político maranhense mais destacado da atualidade, seu avalista. Além disso, juntamente com seu partido, Carlos Brandão está engajado no movimento cujo objetivo maior é levar Lula da Silva (PT) de volta ao comando da República, agora tendo como candidato a vice o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). Conta com mais de uma dezena de partidos, metade dos deputados federais, mais de dois terços da Assembleia Legislativa, a maioria dos prefeitos e grande número de vereadores.

Seus concorrentes estão muito distantes dessa condição. O senador Weverton Rocha (PDT) não tem ainda uma aliança partidária consolidada, não faz ideia de quem escolherá como companheiro de chapa, e vive o drama quase shakespeareano de “lançar ou não lançar” um candidato a senador, além de ter perdido muitos aliados nos últimos dias, sendo o mais destacado deles o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, que desistiu de migrar do PCdoB para o PDT e decidiu não mais apoiá-lo. O ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD) faz uma pré-campanha tímida, também sem sequer cogitar ainda quem será seu candidato a vice, e mantendo a decisão de não lançar candidato a senador. O agora ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Agir36), também não tem ideia de como será sua chapa. O senador Roberto Rocha (PTB) ainda está tentando sair de um pantanoso caso partidário, enquanto Josimar de Maranhãozinho praticamente silenciou a respeito da pré-candidatura a governador. Simplício Araújo (SD) segue solitário, alimentando sua inteligente campanha para a Câmara Federal, ao tempo em que Enilton Rodrigues (PSOL) e Hertz Dias (PSTU) já sabem quem serão seus companheiros de chapa.

Político tarimbado, que conhece as entranhas e as manhas do mundo político maranhense, Carlos Brandão sabe exatamente como se movimentar nesse cenário, separando ao máximo o governador do candidato à reeleição. Sua convivência de 2.645 dias com o governador Flávio Dino, somada aos quase três anos como chefe da Casa Civil do Governo de José Reinaldo Tavares, lhe deu o conhecimento e a tarimba necessários, principalmente em matéria de articulação. A maneira discreta, mas eficiente, com que construiu a base política da sua pré-candidatura, é um demonstrativo da sua capacitação política. Não terá, portanto, maiores dificuldades para administrar e até mesmo aumentar seu cacife político para um bom desempenho nas urnas.

Experimentado também em matéria eleitoral, o agora governador e candidato à reeleição sabe que há muito jogo pela frente, que a campanha será dura e que, na condição em que se encontra, será o grande alvo dos concorrentes. Deve, portanto, estar preparado para o enfrentamento, com a vantagem de que poderá ditar o ritmo da corrida às urnas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Após romaria em busca de partido, Roberto Rocha desembarca no PTB e causa debandada

Roberto Rocha só encontrou no PTB o espaço partidário para ser o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro no MA 

De todos os pré-candidatos ao Palácio dos Leões, a situação mais confusa é a protagonizada pelo senador Roberto Rocha. Durantes meses ele tentou encontrar um pouso partidário que pudesse comandar como a voz do bolsonarismo na campanha eleitoral. Tentou o PL, mas foi brecado por Josimar de Maranhãozinho, que não quer ser coadjuvante. Sondou a possibilidade de reassumir o controle do PSDB no estado, mas foi atropelado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania), que aproveitou a federação PSDB/Cidadania para entregar o ninho dos tucanos maranhenses ao seu marido e operador político Inácio Melo. Tentou uma articulação com Lahesio Bonfim, para sair candidato ao Governo ou ao Senado pelo Agir36, mas o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes não deixou a conversa prosperar. Sem alternativa, o senador Roberto Rocha procurou o único pouso possível, o PTB, partido mergulhado numa ácida crise interna por conta dos desatinos do seu presidente, o irreconhecível Roberto Jerfferson, um político competente de centro que se homiziou nas zonas mais sombrias da extrema direita. Seu embarque no braço maranhense do PTB resultou na implosão do partido, com a debandada do deputado federal Josivaldo JP, que estava na presidência da legenda, e da deputada estadual Mical Damasceno, que fora presidente, mas decidiu abandonar o quase naufragado barco petebista e migrar para o PSD, uma legenda organizada, com candidato a governador e comando firme. A expectativa no meio político é sobre como o senador Roberto Rocha vai juntar os cacos e remontar o PTB para sair candidato a governador ou a senador, tendo a companhia do filho, o ex-vereador por São Luís, Roberto Rocha Filho, pré-candidato a deputado federal.

 

Posse de Brandão: as ausências de Flávio Dino e de Eliziane Gama

Flávio Dino teve ausência justificada; Eliziane Gama: ausência injustificada

Duas ausências foram notadas na sessão especial da Assembleia Legislativa que empossou Carlos Brandão no Governo do Estado, na tarde de sábado. Uma foi a do ex-governador Flávio Dino, outra foi a da senadora Eliziane Gama.

Alguns desavisados registraram a ausência de Flávio Dino como um fato incomum, quando deve ser vista por uma ótica rigorosamente inversa. Flávio Dino ficou no Palácio dos Leões aguardando a chegada do seu sucessor para lhe transmitir o cargo, como manda a regra. Não é praxe o governador que sai participar da posse do seu sucessor. Afinal, a festa é de quem chega e não de quem sai. A presença pode causar constrangimento para ambos, daí não ser uma situação normal. Flávio Dino agiu dentro do figurino civilizado: designou o secretário das Cidades, deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) como seu representante, que entregou a carta-renúncia ao presidente Othelino Neto. Cumpriu fielmente a regra e respeitou a tradição.

A ausência da senadora Eliziane Gama foi surpreendente e não há como não ser visto como um gesto de descortesia política. Alguns argumentaram que ela está apoiando o senador Weverton Rocha, portanto do lado oposto ao de Carlos Brandão na corrida eleitoral. O argumento não se sustenta. Primeiro porque ela, além de ser uma representante do Maranhão na Câmara Alta, não disputa mandato nas eleições deste ano, o que a obriga a agir somente como senadora. É fácil explicar o não comparecimento dos senadores Weverton Rocha e Roberto Rocha pelo simples fato de que eles são pré-candidatos. A senadora Eliziane Gama não tem esse argumento, daí ser impossível não interpretar sua ausência como um censurável gesto de descortesia política.

São Luís, 03 de Abril de 2022.

Brandão assume hoje com ampla noção de governo e sólida base para brigar pela reeleição

 

Flávio Dino e o sucessor Carlos Brandão, que assume hoje e abre nova fase numa relação política de respeito e lealdade, rara nos dias de hoje, que vem dando certo

O vice-governador Carlos Brandão (PSB) será empossado hoje, pela Assembleia Legislativa, como Governador do Estado do Maranhão, para fechar o mandato iniciado em 1º de janeiro de 2019 e cumprido até 31 de março de 2022 pelo governador Flávio Dino (PSB). Ao assumir o cargo, Carlos Brandão ganha o direito de concorrer à reeleição, para um mandato, no pleito de outubro deste ano. Nos próximos nove meses, o substituto eventual legal do governador do Maranhão será o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que está no exercício do cargo desde a noite de quinta-feira, e nele permanecerá até às 16 horas de hoje, quando o parlamento estadual consumar a transição entregando as chaves do Palácio dos Leões ao médico veterinário Carlos Brandão. Ele chega ao comando do Estado do Maranhão aos 63 anos, tendo no currículo a experiência de vários anos como secretário de Meio Ambiente e secretário-chefe da Casa Civil, dois mandatos consecutivos de deputado federal e dois mandatos, também consecutivos de vice-governador do Maranhão, com atuação eficiente e leal, tendo ainda na grade curricular o vistoso item “ficha limpa”. No plano político, Carlos Brandão vai liderar a grande aliança partidária articulada pelo então governador Flávio Dino, de quem recebeu total apoio para montar e consolidar o projeto de sucedê-lo.

Na condição de governador titular, Carlos Brandão inicia a segunda etapa da sua caminhada para as urnas comandando uma ampla e plural estrutura político-partidária, o que lhe assegura a condição de favorito na disputa em que terá como adversários o senador Weverton Rocha (PDT), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Agir36), o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o senador Roberto Rocha (PTB), o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), o suplente de deputado federal Simplício Araújo (Solidariedade), o professor Hertz Dias (PSTU) e o servidor público Enilton Rodrigues (PSOL). A chapa que encabeçará terá o advogado Felipe Camarão (PT) como vice e o ex-governador Flávio Dino como candidato ao Senado.

Carlos Brandão construiu as condições para suceder Flávio Dino no comando do Poder Executivo, no qual terá o desafio de manter as linhas gerais de um Governo inovador pelo ousado viés social. Construiu assim as condições para ser ungido candidato do grupo liderado por Flávio Dino, de modo que sua indicação, só não aceita pelos senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama (Cidadania) – que se juntaram num projeto a favor do chefe pedetista. É o desfecho natural de uma construção cujos componentes foram a extrema lealdade política, a participação ativa no Governo ao longo de sete anos, e a discreta, mas eficiente, montagem da sua base política nesse período. Essa costura o fez mudar de partido várias vezes – menos por vontade própria, mais pelos movimentos partidários nacionais -, até conseguir desembarcar no porto seguro do PSB, acompanhando o governador Flávio Dino, consolidando o projeto de candidatura no melhor dos cenários.

O neossocialista Carlos Brandão vai para as urnas com o apoio do PT, que emplacou o vice Felipe Camarão, e, por via de desdobramento, com o aval do ex-presidente Lula da Silva, que o terá como seu candidato no Maranhão, um ganho político de grande potencial eleitoral. Sua base política reúne, por enquanto, nove dos 18 deputados federais, mais de 30 dos 42 deputados estaduais, pelo menos 120 dos 217 prefeitos declarados e um exército de vereadores em todas as regiões do estado. Além disso, Carlos Brandão construiu muitos canais de comunicação e relacionamento com a sociedade civil organizada, como entidades empresariais e sindicais, organizações de profissionais liberais, segmentos da área cultural, credenciando-se para uma relação baseada no diálogo. Essa linha de ação política alcança também os diversos segmentos do serviço público e suas organizações representativas.

Ainda jovem e entusiasmado, Carlos Brandão reúne todas as condições e credenciais para ser um sucessor à altura do seu avalista Flávio Dino. Chega ao comando do Poder Executivo com plena consciência do que vai encontrar e, ao que tudo indica, decidido a dar continuidade ao programa de governo do seu antecessor, cuja implantação acompanhou de perto e sabe exatamente o que fazer para mantê-lo.

Em resumo: Carlos Brandão chega ao Palácio dos Leões para assumir um Governo inovador e sem manchas éticas, e que pretende manter e ajustar de acordo com sua visão.  E também liderando uma base político-partidária ampla e sólida, com a qual pretende chegar às urnas e, se possível, renovar o mandato.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Indicação de Camarão foi tiro certeiro de Flávio Dino

Felipe Camarão será o companheiro de chapa de Carlos Brandão na disputa

Nenhuma surpresa na escolha do advogado Felipe Camarão (PT) para candidato a vice na chapa de Carlos Brandão. Para começar, trata-se de um quadro de proa do Governo Flávio Dino, que se credenciou para a vaga como gestor público e por ter se tornado um petista maiúsculo dentro e fora do partido. Todas as avaliações indicam que ele soma política e eleitoralmente e conta com o aval do comando nacional e da direção estadual e de amplo apoio na base partidária.

A escalação de Felipe Camarão para vice de Carlos Brandão é o desfecho de uma das articulações mais bem elaboradas de Flávio Dino em tempos recentes. Enxergando muito à frente, o então governador tirou o seu competente e prestigiado secretário de Educação do antigo DEM, o fez ficar algum tempo sem partido e, no momento certo levou para o PT. Já neopetista, Felipe Camarão se lançou pré-candidato a governador, ganhou  respeito dentro do partido e se credenciou para ser candidato a deputado federal, sendo apontado no meio político como um dos prováveis a serem eleitos.

Na montagem da equação para a disputa eleitoral na aliança liderada por Flávio Dino, o PT repetiu a experiência de 2010, quando indicou o sindicalista Washington Oliveira para vice de Roseana Sarney (MDB). Tinha a prerrogativa de indicar o primeiro suplente na chapa de Flávio Dino ao Senado. O cálculo era: se eleito senador e se Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto, Flávio Dino certamente será ministro, abrindo vaga ao suplente. O PT na vaga de vice, porque, se Carlos Brandão for reeleito agora, certamente renunciará ao mandato para disputar o Senado ou a Câmara Federal em 2026, dando a Felipe Camarão a oportunidade de fechar mandato de governador e se candidatar à reeleição.

A indicação de Felipe Camarão para vice pode garantir a presença de aliados firmes de Flávio Dino à frente do Governo até 2030, caso Carlos Brandão seja reeleito agora e Felipe Camarão em 2026.

Comete erro grosseiro quem duvida da habilidade política de Flávio Dino.

 

Othelino joga aberto, decide apoiar Brandão e garante suplência de senador à Ana Paula Lobato

Ana Paula Lobato – exibindo seu diploma de vice-prefeita eleita de Pinheiro, será candidata a suplente na chapa de Flávio Dino ao Senado

O presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB) deu o mais certeiro dos tiros políticos dessa fase de montagem para as eleições de outubro. Ele pisou no freio na sua condição de aliado e avalista da pré-candidatura do senador Weverton Rocha, desistiu de migrar do PCdoB para o PDT, reafirmou sua aliança com o ex-governador Flávio Dino e declarou apoio à pré-candidatura de Carlos Brandão ao Palácio dos Leões. E como é praxe na seara política, a contrapartida veio, e generosa: sua esposa, Ana Paula Lobato (PDT), atual vice-prefeita de Pinheiro, foi escolhida para ser 1º suplente na chapa do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Ana Paula Lobato vai migrar para o PSB.

Othelino Neto surfou nas ondas traiçoeiras do arrojado, mas inconsistente, projeto de poder liderado pelo senador Weverton Rocha. Pela força política que reuniu como chefe de poder, tornou-se uma espécie de avalista da pré-candidatura do senador pedetista. Mas, ao contrário do chefe do PDT, e por forças da condição de presidente do poder Legislativo, ele manteve inalterada sua relação com o governador Flávio Dino, com quem continuou dialogando. O desfecho de ontem foi o resultado de um longo roteiro de conversas e avaliação. No qual chegou à conclusão de que caminhava para uma aventura de alto risco. Assim, entre a expectativa de direito da vice-prefeita de Pinheiro e a possibilidade de ela se tornar suplente de senador e assumir o mandato com a convocação do eventual titular Flávio Dino num eventual Governo Lula fez o presidente da Assembleia decidir pela mudança de rota.

O dado que chama a atenção nessa articulação foi que tudo se deu abertamente, num jogo político só jogado por raposas experimentadas.

São Luís, 02 de Abril de 2022.