As preocupações com o avanço do coronavírus não impediram que a política encontrasse espaço para se movimentar, ganhando gás depois que o governador Flávio Dino (PCdoB), provocado em entrevista à TV Mirante, na semana passada, revelasse o roteiro que traçou para definir candidaturas majoritárias – governador, vice-governador e senador – no âmbito da aliança que comanda. Nesta semana, a sucessão voltou ao cenário pela voz do deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa, propondo, também em entrevista à TV Mirante, que os partidos da aliança governista se articulem no sentido de construir a unidade em torno de um candidato à sucessão do governador Flávio Dino. E reforçou a proposta sugerindo que a escolha tome por base pesquisas e uma série de critérios. As declarações do presidente da Assembleia Legislativa ecoaram fortemente no meio político, à medida em que reforçam as posições manifestadas até aqui pelo governador diante do confronto desenhado dentro do seu campo entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), já em franca e acirrada evolução.
Na avaliação do chefe do Poder Legislativo, o melhor caminho para a permanência da aliança liderada pelo governador Flávio Dino no comando do Estado é a mobilização em torno de uma candidatura de consenso. Para ele, uma disputa dentro da aliança pode criar dificuldades, fissuras graves nesse projeto de poder, podendo passar a impressão de que há um racha na base partidária. Esse cenário naturalmente estimulará a Oposição no sentido de se articular, podendo criar dificuldades para o projeto da Situação. Na sua perspectiva, se mantiver a unidade, a aliança construída pelo governador Flávio Dino não terá dificuldades para eleger o seu sucessor. E entre os critérios que defende estão a realização de pesquisas para medir o poder de fogo dos postulantes no eleitorado, abertura do diálogo entre as diversas correntes, o desarmamento dos ânimos e a mediação do processo pelo o governador Flávio Dino.
O presidente da Assembleia Legislativa fala com a propriedade de quem tem uma visão privilegiada do cenário político estadual, uma vez que o mapa das tendências nas regiões é constantemente atualizado pelos deputados estaduais. Além disso, a presidência da Casa o torna naturalmente interlocutor frequente dos líderes de diferentes correntes partidárias e de lideranças regionais. E nesse contexto, Othelino Neto se movimenta alinhado ao projeto sucessório do senador Weverton Rocha, cuja candidatura ganha corpo a cada dia, tornando-se aparentemente irreversível. Tem atuado com firmeza e independência, e sem colocar em risco a sua posição no PCdoB nem criar conflitos dentro da aliança. E com os cuidados de quem se prepara para ser também vice-governador a partir de abril de 2022, quando o vice Carlos Brandão assumir o Governo com a saída do governador Flávio Dino para encarar as urnas, provavelmente visando o Senado.
Quando entra em campo com o discurso da unidade, ainda que respondendo a provocação jornalística, o presidente da Assembleia Legislativa indica que chegou a hora de as lideranças colocarem as cartas na mesa, avaliar o cenário e as possibilidades e buscar o melhor caminho para colocar o Palácio dos Leões em disputa com o senador Roberto Rocha (sem partido), que deverá representar o bolsonarismo na disputa, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), que avalia, sem muito entusiasmo, a possibilidade de se candidatar ao Governo, ou ainda, numa possibilidade muito remota, o prefeito Eduardo Braide (Podemos). A aliança lançará Weverton Rocha? Ou Carlos Brandão? Um abrirá em favor do outro? Ou os dois abrirão em favor de uma solução consensual com a senadora Eliziane Gama (Cidadania), do ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr.? O tempo responderá.
Além de revelar o seu pensamento sobre os caminhos mais seguros à condução da corrida sucessória dentro da aliança governista, as manifestações do deputado Othelino Neto arejam o ambiente político com a mensagem de que não existe pacote fechado e que a escolha se dará pela velha e boa via da conversa.
PONTO & CONTRAPONTO
José Reinaldo discorda do uso de pesquisa para definir candidato ao Governo
O ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB) não fecha com a tese segundo a qual pesquisas prévias sejam base indispensável para se construir o consenso de um grupo em torno de uma candidatura ao Governo do Estado. E defende sua posição lembrando a sua eleição em 2002, que contrariou frontalmente as pesquisas de então.
Vice-governador que se tornou governador quando a titular Roseana Sarney saíra para disputar o Senado, José Reinaldo se lançou candidato à reeleição contrariando todas as expectativas. Naquele momento, as pesquisas Ibope e Econométrica, que rivalizavam em prestígio, previam um futuro sombrio para a candidatura do governador. Às vésperas das convenções partidárias, Jackson Lago (PDT), que havia renunciado à prefeitura de São Luís, tinha nada menos que 60% das intenções de voto, o segundo adversário, Ricardo Murad (PSB), tinha 20%, e o governador José Reinaldo, apenas 3%.
Foi uma campanha dura, pesada, com muita pancadaria e com a Oposição animada pela certeza de que havia chegado sua hora de assumir o poder no Maranhão. O clima, porém, foi aos poucos mudando, com José Reinaldo crescendo dia a dia, chegando empatado com Jackson Lago, depois que os dois atropelaram Ricardo Murad. A vitória do governador no primeiro turno foi confirmada depois que a Justiça Eleitoral confirmou a impugnação da candidatura de Ricardo Murad, que não podia ser candidato.
Mesmo considerando as diferentes circunstâncias, a experiência que viveu autoriza o ex-governador a contestar o critério da pesquisa como básico para definir candidatura.
Prestígio de Edivaldo Holanda Jr. é turbinado pela transparência da sua gestão
Agora sem o peso de responder pelos problemas urbanos que afetam mais de 1 milhão de pessoas, e curtindo ao máximo o terceiro mês de folga, tempo que está aproveitando para definir os seus próximos passos na sensível seara da política, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) colhe mais um fruto dos seus oitos anos à frente da Prefeitura de São Luís. No início da semana, ele foi informado que na sua gestão, a Prefeitura de São Luís obteve nota 9,65 no item transparência, ocupando o 1º lugar entre os municípios maranhenses, o 5º lugar entre as Capitais do Nordeste e a 10º lugar no ranking das 26 Capitais e o Distrito Federal. A nota média das Capitais foi 8,73, enquanto a média dos municípios acima de 50 mil habitantes foi de 6,85.
A posição da Prefeitura de São Luís foi levantada pela Escala Brasil Transparente (EBT) – Avaliação 360°, braço da Controladoria Geral da União (CGU), com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) e na Lei Complementar 131, também conhecida como Lei da Transparência. A Escala Brasil Transparente é uma ferramenta por meio da qual o órgão nacional de controle externo brasileiro monitora o cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelos entes federativos brasileiros.
Tais informações formam um item reluzente no currículo do ex-prefeito de São Luís. Ele poderá usá-las como argumentos convincentes nos discursos que fará na próxima campanha eleitoral, independentemente do mandato – governador, vice-governador ou deputado federal – que vier a disputar.
São Luís, 18 de Março de 2021.