O governador Flávio Dino (PCdoB) empossou ontem os quatro novos secretários que, na avaliação geral, terão atuação decisiva no núcleo mais próximo do gabinete principal do Palácio dos Leões, e que, juntamente com outros já definidos, serão os responsáveis de fato pelo futuro do governo. O quarteto poderoso e influente é formado por Felipe Camarão, que assumiu a Secretaria de Estado de Governo; Márcio Jerry, que tomou posse no comando da Secretaria de Estado de Comunicação Social e Articulação Política; Márcio Honaiser, que foi empossado na Secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca; e Diêgo Galdino, que passa a comandar a Secretaria de Cultura e Turismo. Os quatro super-secretários fazem parte de grupo mais próximo do governador Flávio Dino e que forma a linha de frente do governo junto com Marcelo Tavares (Casa Civil), Chyntia Mota (Planejamento e Orçamento), Marcos Pacheco (Saúde), Cleyton Noleto (Infraestrutura), Jefferson Portella (Segurança Pública) e Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular).
No seu pronunciamento feito no ato da posse, o governador explicou as mudanças como medida para cortar gastos e para dar mais eficiência ao Governo. Tudo bem, mas outro fator foi preponderante para a fusão que resultou na criação das superpastas: as áreas incorporadas (turismo, comunicação social, pesca e governo) não estavam rendendo como unidades independentes. Já vinha sendo objeto de comentários nos bastidores que havia insatisfação com as quatro pastas, mas o governador usou habilidade e operou as mudanças sem expor os secretários, de modo que não houve grande repercussão quando a reforma foi anunciada no final de janeiro. Aparentemente, o governador fez uma mudança meramente administrativa, mas quando assinalou que o objetivo foi dar “mais eficiência”, embutiu aí um recado muito claro “a quem interessar possa”: o governo tem um núcleo central forte, que fará chegar às demais pastas as orientações e o ritmo que o Palácio dos Leões deseja ser imprimido nas ações administrativa que embalam os programas e projetos que fazem parte do plano de ação.
Aos novos secretários foi entregue o desafio de cuidar de duas áreas nem sempre afins – como Comunicação Social e Articulação Política, por exemplo. Mas a reforma feita pelo governador foi cirúrgica, à medida que ele escolheu os homens certos para os lugares certos, segundo avaliação de fontes com largo trânsito no Palácio dos Leões. As mudanças foram pensadas exatamente para que a sobrecarga fosse repassada a auxiliares de proa e da mais absoluta confiança do chefe do Executivo, sendo o secretário Márcio Jerry o melhor exemplo, pois vem cuidando da política de comunicação de Flávio Dino desde a eleição dele para a Câmara Federal, e atuando como articulador político de ponta quando assumiu efetivamente a presidência do PCdoB no Maranhão. Se na visão de muitos já era o operador político do Governo, agora com o controle da Comunicação pode ser apontado como o mais influente membro do núcleo mais próximo do governador, detendo uma massa de poder acima da média.
Antes testado e aprovado com louvor nas pastas de Administração e Previdência e Cultura, o agora secretário de Governo, Felipe Camarão recebeu o maior desafio: o de ser o coordenador geral das ações do governo. Será uma espécie de secretário-chefe, com a função – que tem caráter de missão – de monitorar a atuação de todas as demais secretarias, de modo a assegurar-lhes as condições para que elas cumpram exatamente o que é da responsabilidade de cada uma no Plano de Governo. O governador tentou fazer ele mesmo fazer esse monitoramento, mas logo se deu conta de que sua agenda não com portaria essa atividade. Tradicionalmente, essa função é da Casa Civil, mas os tempos atuais, em que a crise tem um viés político e um administrativo, exigem do Executivo uma interlocução permanente com o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, o secretário-chefe, Marcelo Tavares, ficou com a responsabilidade de cuidar dessas relações no aspecto institucional. Ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Tavares conhece o caminho das pedras e pode dar conta do recado.
Identificado como uma surpresa como gestor público, que iniciou de maneira discreta e ganhou projeção pelo trabalho que vem realizando, o secretário Márcio Honaiser, uma indicação do PDT, entrou no núcleo com a pasta da Agricultura turbinada com a incorporação da área de Pesca – hoje importante e com potencial de crescimento no estado. Seu projeto inicial era disputar a Prefeitura de Balsas, mas o seu bom desempenho na equipe fez o governador pedir-lhe para adiar o objetivo eleitoral, tendo sido atendido.
De todos os novos secretários o que mais surpreendeu e causa expectativa é o de Cultura e Turismo, Diêgo Galdino, aparentemente muito jovem e para alguns observadores uma aposta do governador Flávio Dino que muita gente está pagando para ver. Ninguém, porém, está achando que o governador escolheu Galdino no escuro. Ele terá tempo de mostrar porque foi escolhido para comandar a pasta mais delicada e sensível entre as mais delicadas e sensíveis do governo.
Muito seguro do que está fazendo no comando do Governo do Estado, o governador Flávio Dino exibiu ontem convicção de que tem o pleno domínio da situação e de que realiza a gestão que planejou, apesar do cenário perturbador de crise.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Costa denuncia descaso com a saúde em Bacabal…
O deputado Roberto Costa (PMDB) aumenta a cada dia o seu envolvimento com os problemas de Bacabal, numa demonstração incontestável de que está mesmo determinado a brigar pelo município se vier a vencer a eleição do prefeito de lá na corrida às urnas de outubro. Mais uma demonstração de que colocou foi registrada ontem, quando o deputado pemedebista ocupou a tribuna para, com um discurso forte e bem articulado, denunciar que a oitava maior cidade maranhense passa por uma situação de calamidade na área de saúde. O parlamentar relatou, em tom de denúncia, que além dos atrasos dos salários dos servidores municipais, a população bacabalense está sofrendo as consequências da suspensão do Tratamento Fora de Domicílio (TDF) na cidade. Roberto Costa informou que, de acordo com a legislação, é obrigação do município de fornecer o TFD ao cidadão. “A população de Bacabal passa por situações que deprimem qualquer cidadão de bem. A forma que a Prefeitura municipal trata o Sistema de Saúde é vergonhosa. Quem procura o hospital municipal são principalmente as pessoas que não tem condições, mas acabam passando por uma situação inadmissível. Além do hospital municipal não conseguir resolver absolutamente nada, existe a grave denúncia da falta do TFD na cidade”, denunciou. Na avaliação do deputado Roberto Costa, o Ministério Público de Bacabal não pode ficar indiferente e precisa agir. “Nós não podemos admitir que esses absurdos continuem ocorrendo na cidade e ninguém faça nada. O município, o prefeito e a Prefeitura têm que assumir as suas responsabilidades, porque não podemos admitir que cidadãos e cidadãs de bem da cidade de Bacabal continuem morrendo por falta de um atendimento de saúde”, reivindicou.
…e relata drama vivido por mãe com criança doente
Em um discurso firme, que não deixou margem para a alegação de que se tratava de um ato eleitoreiro, Roberto Costa denunciou grave situação passada por uma criança e sua mãe na cidade de Bacabal. Com problemas cerebrais, a criança e sua mãe precisavam do transporte para uma consulta marcada em São Luís. “A mãe ficou acordada até às três horas da manhã aguardando uma van do município para buscar e trazer a criança com a responsável para São Luís. A mãe ficou das 4 às 10 horas da manhã, e a van não apareceu. E por que não apareceu? Por que o prefeito não pagou a van para fazer esse transporte. Para quem não sabe, o Tratamento Fora de Domicílio – TFD, instituído pela Portaria nº 55 da Secretaria de Assistência à Saúde (Ministério da Saúde), é um instrumento legal que visa garantir, através do SUS, tratamento médico a pacientes portadores de doenças não tratáveis no município de origem por falta de condições técnicas. O TFD consiste em uma ajuda de custo ao paciente, e em alguns casos, também ao acompanhante, encaminhados por ordem médica a unidades de saúde de outro município ou Estado da Federação, quando esgotados todos os meios de tratamento na localidade de residência do mesmo.
São Luís, 16 de Fevereiro de 2016.