
recebido ontem em sessão solene na Câmara Municipal daquele município
“A gente espera que termine o mais rápido possível, aguarda que a Justiça dê uma decisão. O povo do Maranhão tem pressa”. A reação foi da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), na TV Mirante, ontem, ao ser indagada sobre sua expectativa em relação ao processo (ADI nº 8870) sobre regras para a escolha de conselheiros do TCE, que tramita há mais de um ano, no Supremo Tribunal Federal sob a relatoria do ministro Flávio Dino. A presidente do parlamento estadual não escondeu o seu incômodo com o caso, principalmente pelo fato de que o questionamento das regras pelo deputado Othelino Neto, através do partido, o Solidariedade e caracterizou a iniciativa como uma ação política. Na entrevista, que versou sobre outros temas, a presidente do parlamento estadual não escondeu nem minimizou a situação política, defendendo a postura do governador Carlos Brandão (PSB), que na sua avaliação vem tentando resolver pendências políticas pela via do diálogo.
A chefe do Poder Legislativo foi firme e direta ao comentar, em tom crítico, o fato de o Tribunal de Contas do Estado encontrar-se desfalcado de dois conselheiros, o que sobrecarrega os demais conselheiros e torna o sistema de controle de contas mais lento. Serena, sem aumentar o tom de voz nem exibir o tamanho do seu poder, a deputada Iracema Vale mostrou que a Assembleia Legislativa já fez a sua parte ao promover as mudanças recomendadas e atualizar o Regimento Interno da Casa no que respeita à escolha de conselheiros do TCE, inclusive com pareceres favoráveis da Procuradoria Geral da República e da Advocacia Geral da União. O processo só depende de providências formais do ministro-relator Flávio Dino, não havendo justificativa para o alongamento do tempo para o ponto final.
A presidente do Poder Legislativo demonstrou visível incômodo com a tentativa do PCdoB de ingressar na ação como amicus curiae, iniciativa que foi rechaçada pelo comando nacional da Federação Brasil da Esperança, a exemplo do que acontecera com o Solidariedade, autor da ação, cuja direção nacional agira na mesma linha ao determinar a saída do partido do processo, por considerar não haver mais motivo para continuar a chicana judicial. E chamou a atenção para o prejuízo nas atividades fiscalizadoras e controladoras do TCE com o desfalque injustificado de dois conselheiros.
E mesmo considerando a situação injustificável, a presidente do Poder Legislativo manteve o tom quase diplomático, ainda que dosado de forte tom crítico ao fato de que o que começou como uma questão técnica tenha ganhado uma forte conotação política.
Na defesa que fez do governador Carlos Brandão, de quem é hoje o aliado mais importante na política estadual, fazendo parte do chamado “núcleo duro” do Palácio dos Leões, disse: “O governador Brandão é um pacificador, prega unidade e parceria”. E, sem citar nomes, fez uma denúncia na direção de dissidentes e adversários da base governista: “Há uma tentativa de afastar o governador do Governo Federal, de criar um imbróglio”. Não foi além, mas deixou no ar o que pareceu um alerta de que a tensão na relação com a dissidência dinista da aliança governista vai continuar.
Mas num claro jogo de habilidade política, a deputada Iracema Vale deixou espaço para a possibilidade de recomposição da base governista, reunindo novamente os hoje chamados grupos dinista e brandonista, por mais distanciados que esses grupos estejam no tabuleiro da política maranhense por conta da corrida ao Palácio dos Leões. “Na política, tudo é possível. A política é a arte do diálogo e o governador Carlos Brandão dialoga bem com todos” avaliou, e declarou “Nunca partiu do governador uma fala agressiva”.
Mas enquanto a conciliação não vem – os fatos estão mostrando que ela dificilmente virá -, a presidente da Assembleia Legislativa mantém intensa atividade política e partidária, preparando-se e a seu grupo para a guerra eleitoral do ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Se deixar o PSB, como está sendo especulado, Brandão migrará para o MDB
Ainda não passa de rumor tênue, mas se de fato o braço maranhense do PSB vier a ser entregue à senadora Ana Paula, que, tudo indica, está se despedindo do PDT e caminhando de volta à legenda socialista, hoje comandada pelo governador Carlos Brandão, haverá uma reacomodação radical na atual composição partidária do Maranhão. São várias as hipóteses.
O desdobramento mais importante será a saída do governador Carlos Brandão e seu grupo, sendo o MDB o seu caminho natural. Vale lembrar que quando o empresário Marcus Brandão assumi o controle do braço emedebista estadual, houve forte especulação dando conta de que o governador Carlos Brandão migraria para o partido controlado pelo irmão. Naquele momento, a deputada Iracema Vale declarou forte simpatia pelo MDB, sinalizando que também migraria para o partido caso o governador decidisse deixar o PSB.
O governador Carlos Brandão e seu grupo permaneceram no PSB, mas o MDB continuou recebendo estímulos para se fortalecer, tanto que saiu das urnas de 2024 com três dezenas de prefeitos, mais forte, portanto, que a legenda socialista.
Em resumo: se o rumor da transferência de controle do PSB maranhense para a senadora Ana Paula vier a se confirmar, o desdobramento natural e mais importante será a migração do governador Carlos Brandão para o MDB, onde tem como principal aliado o prefeito de Bacabal e presidente da Famem, Roberto Costa, hoje a principal liderança emedebista de “raiz”.
E se permanecer no Governo, como tudo está indicando, Carlos Brandão fortalecerá a candidatura do emedebista Orleans Brandão à sua sucessão, podendo apoiar também o eventual lançamento da candidatura da deputada federal Roseana Sarney ao Senado.
Especulações são fortes, mas Pedro Lucas dificilmente disputará o Senado
Por mais que os ativos nichos de especulação se esforcem, é fora da lógica considerar a possibilidade de que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), atual líder do partido na Câmara Federal, abandone uma reeleição quase certa, sem maiores dificuldades, para se embrenhar na aventura de disputar uma cadeira no Senado.
Um dos mais bem-sucedidos políticos da geração que está chegando ao poder no Maranhão, Pedro Lucas Fernandes tem se revelado um bom articulador, não apenas na seara política estadual, mas sobretudo no jogo pesado das forças que atuam no Congresso Nacional. Sua escolha para ser o líder do União teve, é verdade, o apoio decisivo do presidente do partido, Antônio Rueda, foi também, em grande medida, resultado da própria atuação na seara partidária.
Não se duvida de que, como qualquer político jovem, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes tenha ambições, como a de ser senador, prefeito de São Luís e até governador do Estado, por exemplo. Mas entrar agora na corrida ao Senado seria se expor a um risco desnecessário. A começar pelo fato de que disputaria com os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), ambos em busca da reeleição, e com o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP), que há tempos vem trabalhando sua candidatura à Câmara Alta.
A reunião de hoje, na qual a Federação União Progressista (FUP) declarará apoio à pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), ao Governo do Estado, pode produzir evidências sobre o futuro do líder do União na Câmara Baixa.
São Luís, 18 de Julho de 2025.

