Mesmo gerando uma crise dentro do partido, a filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas está sendo vista como uma espécie de “abre alas” para que o presidente Jair Bolsonaro também ingresse no partido, depois de ter recebido sinal vermelho para voltar ao PSL e passar uma rasteira na turma do PMD, que chegou até a trocar nome na vã perspectiva de tê-lo nos seus modestos quadros. O possível desembarque da família Bolsonaro no Patriotas terá forte repercussão no ambiente político maranhense, uma vez que, tudo indica, poderá abrigar o senador Roberto Rocha, que poderá assumir o controle da legenda. Se essa previsão for confirmada, atingirá, de maneira bombástica, os domínios partidários do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla, com mão de ferro e o poder de fogo do Fundo Partidário, o PL, o Avante e o Patriotas. Este último é presidido no Maranhão pelo deputado federal Júnior Marreca Filho, que segue, fiel e ordeiramente, o comando político de Josimar de Maranhãozinho, que não costuma abrir mão de poder político.
O Patriotas é um desses partidos caça-níqueis criados na medida para alimentar o submundo da vida política nacional, abrigando gente de lastro político duvidoso. Ele caiu nas mãos do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que entregou o seu comando formal ao então deputado Júnior Marreca em 2017. Esse, por sua vez, impossibilitado de concorrer à reeleição, passou seu cacife eleitoral para o herdeiro Júnior Marreca Filho, que se elegeu deputado federal com a ajuda decisiva de Josimar de Maranhãozinho, que levou junto também o deputado federal Júnior Lourenço (PL), engordando o grupo depois com o deputado federal Pastor Gildenemyr, que se elegera pelo PMN, graças à gigantesca votação de Eduardo Braide para a Câmara Federal.
Membro furta-cor da aliança liderada pelo governador Flávio Dino, Josimar de Maranhãozinho faz, vez por outra, movimentos fora da curva para mostrar independência. Um dos mais recentes foi com o senador Roberto Rocha, divulgados por assessores dos dois como uma possibilidade de aliança para as eleições de 2022, formando uma chapa liderada pelo senador, tendo como vice o próprio Josimar de Maranhãozinho ou alguém por ele indicado, provavelmente a deputada estadual Detinha (PL). Ambos negaram, sem muita ênfase, a informação, mas confirmaram linha aberta entre os dois. Logo após esse episódio, começaram as especulações sobre a ida dos Bolsonaro para o PMB ou para o Patriotas. A filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas parece ser a senha para a filiação do pai.
Se essa tendência for confirmada, o senador Roberto Rocha, que aguardou até agora sem partido, deve se filiar também ao Patriotas. No caso, a lógica sugere que ele pleiteará o controle do partido, colocando o deputado federal Marreca Filho em segundo plano. A pergunta que se faz é a seguinte: como reagirá Josimar de Maranhãozinho? Vai fazer com que Marreca Filho passe o comando do Patriotas para Roberto Rocha e abraçar o projeto de candidatura dele ao Governo do Estado? Ou fincará pé e manterá o jovem deputado no controle da legenda em favor do seu próprio projeto de chegar ao Palácio dos Leões? Os desdobramentos da filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas dirão o que acontecerá com o partido no Maranhão.
Nesse contexto de incertezas, indaga-se também se o senador Roberto Rocha está mesmo disposto a entrar na briga pelo Governo do Estado apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro enfrentando um candidato apoiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), seja ele o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que será nada menos que governador na corrida às urnas, ou o senador Weverton Rocha (PDT), um político arrojado e turbinado pelo mandato senatorial. Ou tentar renovar o mandato de senador disputando a única vaga com Flávio Dino. Os próximos dias apontarão sua escolha.
PONTO & CONTRAPONTO
André Fufuca recepcionou Eduardo Cunha na “volta por cima” dele a Brasília após prisão
Solto e “muito rico”, mas não livre ainda do cutelo da Justiça, segundo alguns comentaristas da Grande Imprensa, o ex-todo-poderoso presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (MDB), principal responsável pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mas que caiu em desgraça pilhado como corrupto e foi parar na cadeia, cumpriu a ameaça de “voltar por cima” a Brasília. Em meados de Maio, ele desembarcou na Capital da República, hospedou-se em um hotel de cinco estrelas e espalhou a notícia de que estava de novo na “terra prometida”. Não demorou e começou a receber políticos de todas as correntes, cumprindo uma intensa agenda de conversas, causando em muitos a impressão de que está mesmo de volta, e disposto a frequentar de novo o centro do poder no Congresso Nacional.
Um dos primeiros deputados federais com quem se avistou foi o jovem maranhense André Fufuca (PP), com quem conversou por longo tempo e depois saiu para jantar. A primazia de André Fufuca na agenda de retorno de Eduardo Cunha tem uma explicação. Quando chegou a Brasília, em 2011, ainda muito jovem e inexperiente, André Fufuca combinou inteligência e pragmatismo e – provavelmente orientado pelo pai, Fufuca Dantas, raposa política ladina, hoje prefeito de Alto Alegre do Pindaré pela terceira vez – procurou um norte no gabinete de Eduardo Cunha, então líder do MDB, epicentro de todas as tramas em curso na Câmara Baixa, e que o acolheu como um pupilo promissor. Não demorou, o jovem parlamentar saiu do nada para a presidência da CPI das Próteses, um escândalo nacional, o que lhe deu alguma notoriedade. E sob as asas de Eduardo Cunha, André Fufuca ganhou o controle do PP, elegeu-se vice-presidente e exerceu por alguns momentos importantes a presidência da Câmara Federal, tornando-se um parlamentar de peso. A derrocada de Eduardo Cunha foi um duro golpe para o pupilo, mas ele, já traquejado pelas lições recebidas, se reelegeu em 2018 e soube manter o espaço. Atualmente, o deputado André Fufuca está de volta ao poder na Câmara Federal, agora atuando no núcleo duro que cerca o atual presidente da Casa, deputado Arthur Lira, um dos ases do seu partido, o PP.
Se Eduardo Cunha voltar ao poder, como ameaçou quando foi preso, o parlamentar certamente será um dos seus valetes.
Depois de anos fechado, Edifício do BEM em contagem regressiva para reabrir
O vereador Marcial Lima (Podemos), líder do Governo Eduardo Braide, fez ontem um anúncio de importância vital para o coração de São Luís: a reabertura do prédio onde funcionou o Banco do Estado do Maranhão. Em vídeo, ele, que é jornalista, gravou entrevista com o secretário municipal de Fazenda, Jesus Azzolini, que confirmou para breve a transferência da pasta para as instalações. De acordo com o secretário, a reforma está nos toques finais, o que permitirá a mudança em pouco tempo.
A reabertura do prédio do antigo BEM, na esquina da Rua do Egito com a Rua dos Afogados, proporcionará, de cara, três importantes ganhos para a cidade. O primeiro será o reaproveitamento do edifício, que permaneceu décadas fechado e se deteriorando até ter recuperação iniciada na gestão do prefeito João Castelo (2009/2012). O segundo é que sediará a Secretaria Municipal de Fazenda e toda a estrutura fiscal da Prefeitura de São Luís, hoje sufocada nas labirínticas e desconfortáveis instalações da Avenida Kennedy. E o terceiro e mais importante dos ganhos: a instalação ali do órgão fazendário municipal revitalizará fortemente aquela área, que era intensamente movimentada, ponto de encontro com rodas de conversas durante todo o dia. Vai completar a repaginação do coração da cidade.
Com a reabertura do “Edifício BEM”, como é conhecido, vai reforçar em grande medida o retorno social e econômico do centro de São Luís.
São Luís, 01 de Junho de 2021.