A corrida ao Palácio dos Leões, cujo desfecho ocorrerá daqui a pouco mais de 300 dias, chega ao final de 2025 num cenário de muita indefinição, mas com três candidatos assumidos e em condições de disputar, um aspirante sem partido e com posições ainda imprecisas, e pelo menos duas expectativas. Os três candidatos postos e em movimento são o secretário estadual de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), o vice-governador Felipe Camarão (PT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo). Eles estão na cena desde o primeiro momento corrida e atravessaram 2025 em intensa movimentação na guerra para conquistar o eleitorado.
Orleans Brandão, 31 anos recém completados, administrador de empresas por formação e quadro de proa do 1º escalão do Governo Carlos Brandão, cuidando das relações do Palácio dos Leões com as Prefeituras, numa política definida como municipalista, começou 2025 com o nome ventilado para ser candidato a deputado federal. Por volta de março, com os sinais de afastamento do governador Carlos Brandão do grupo ligado aos ex-senador Flávio Dino, que em fevereiro deixara o Senado se tornar ministro do STF, Orleans Brandão, embalado pelo braço político governista, subiu de patamar, para se tornar candidato a governador, primeiro como uma opção do grupo brandonistas sussurrada nos bastidores, em seguida como nome provável, segundo o seu pai, Marcus Brandão, presidente estadual do MDB, e finalmente como o escolhido pelo governador Carlos Brandão, que admitiu a decisão num discurso em Cajapió, em meados de maio. Inicialmente comendo poeira nas pesquisas, logo galgou o patamar dos dois dígitos e foi crescendo, semana a semana, até alcançar o segundo lugar, perdendo apenas para o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que não é candidato, mas apenas uma expectativa. Em resumo, com o aval do governador Carlos Brandão, a força do Governo – do qual é o “homem forte” -, o apoio do MDB e em pré-campanha intensa por meio da agenda municipalista, Orleans Brandão está fechando 2025 como favorito numa disputa sem Eduardo Braide, e forte candidato para um segundo turno se o prefeito de São Luís entrar na corrida. Além do governador, tem como suporte, por exemplo, o poder de articulação da presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB) e do presidente da Famem e prefeito de Bacabal Roberto Costa (MDB). Nas contas do MDB, onde tem a bênção do ex-presidente José Sarney e o apoio da deputada Roseana Sarney, Orleans Brandão conta hoje com o apoio declarado de 160 dos 217 prefeito, incluindo os dos maiores municípios depois de São Luís, a começar por Imperatriz. Sua caminhada se dá em curva de crescimento, alimentada por um discurso neutro, sem tocar em adversário. Na corrida presidencial, o emedebista tem pregado a reeleição do presidente Lula da Silva.
Lahesio Bonfim, 41 anos, termina 2025 basicamente como começou: entre o terceiro e o segundo lugar nas mais de três dezenas de pesquisas feitas ao longo do ano. Médico por formação, ele tem no currículo dois mandatos de prefeito de São padro dos Crentes. Candidato ao Governo do Estado abraçado pelo Novo, que lançou o esse projeto com a presença do presidenciável do partido, o governador mineiro Romeu Zema, Lahesio Bonfim vem mantendo a mesma linha de discurso, ora agressivo, com ataque duro a adversários e com tintura de provocação, e ora conciliador em busca de parcerias, que até agora não conseguiu. Desde que se assumiu como candidato do Novo, Lahesio Bonfim vem se posicionando como o nome da direita na disputa, tentando atrair para sua base de apoio o eleitorado de extrema-direita identificado como bolsonarista – embora o deputado Yglésio Moyses (PRTB), bolsonarista de proa, tenha dito que o ex-presidente Jair Bolsonaro não gosta do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes. O seu primeiro passo foi o lançamento da sua candidatura em Marajá do Sena, um pequeno município no centro do estado, onde as pesquisas o mostram com densidade eleitoral. Político solitário, que não atua com grupo e tem muito poucos aliados, Lahesio Bonfim dispara sua metralhadora verbal em todas as direções, alfinetando adversários como Eduardo Braide (PSD) e Orleans Brandão (MDB), mas não encontrou interlocutor, porque os outros candidatos decidiram não lhes dar ouvidos. Chega ao final de 2025 como como uma espécie de coringa, aparentemente sem chance de vencer, mas com poder de influenciar na escolha. No plano da eleição presidencial, Lahesio Bonfim seguirá Romeu Zema, se ele for candidato.
O vice-governador Felipe Camarão (PT), 43 anos, procurador federal, professor universitário e ex-secretário estadual de Educação, fecha 2025 numa situação ao mesmo tempo complexa e delicada, como candidato a governador por um partido que está mais inclinado a apoiar o adversário. Lançado pelo grupo identificado como dinista, Felipe Camarão atravessou o ano como pré-candidato a governador, protagonizando uma pré-campanha que foi perdendo gás à medida que a saída da corrente dinista com a base governista liderada pelo governador Carlos Brandão (sem partido) foi se consumando. Cada vez mais distante de assumir o Governo e concorrer à reeleição, como havia programado, o vice-governador, porém, não alterou o seu projeto de candidatura, reforçando o seu propósito com uma agenda nos municípios, reafirmando, por onde passou, que é candidato a governador e que não há força capaz de fazê-lo voltar atrás. Ele conta com o aval da direção nacional do PT, que o tem como prioridade no âmbito estadual, e do presidente Lula da Silva (PT), o que o estimula a manter sua posição, rejeitando qualquer proposta, principalmente se esta tiver como base a sua renúncia ao cargo de vice-governador, como quer o governador Carlos Brandão, para quem essa é a única condição para ele próprio também deixar o cargo para ser candidato ao Senado. Ao longo dos últimos doze meses, por conta da posição furta-cor do PT, intensas especulações lhe derem diversos destinos nesse tabuleiro. Porém, mesmo no último lugar nas pesquisas, Felipe Camarão fecha o ano como um político decidido e coerente. Apoiado incondicionalmente pela bancada dinista na Assembleia Legislativa, e que ganhou um alento na semana passada ao receber o apoio do PSOL, que além de abrir mão de lançar candidato, os dirigentes defenderam a união das esquerdas em torno do candidato do PT. No plano da corrida presidencial, Felipe Camarão já vem pregando a reeleição do presidente Lula da Silva.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha fecha o ano sem convencer se será mesmo candidato a governador ou a senador
O ex-senador Roberto Rocha é candidato a governador? Essa indagação está no ar, sem que o próprio político diga com clareza se está mesmo determinado a disputar o Palácio dos Leões. Ao longo de 2025, o ex-senador Roberto Rocha fez inúmeras postagens em redes sociais, quase todas para atacar adversários presumidos, mas sem deixar patenteada a sua candidatura a governador num projeto sem retorno. Isso não aconteceu. Em alguns momentos, Roberto Rocha pareceu determinado a concorrer à sucessão do governador Carlos Brandão, mas logo depois deu declarações ensaiando uma candidatura a senador, inclusive cobrando a inclusão do seu nome nas pesquisas. O fato é que em todas as pesquisas nas quais foi incluído, tanto para o Governo quanto para o Senado, o ex-senador Roberto Rocha apareceu bem, dando sinais de competitividade. Para ser candidato de verdade, ele sabe que começa por encontrar um partido, que parece ser o seu maior problema. O ex-senador fecha o ano como uma dúvida.
Braide e siglas da extrema-esquerda são apenas expectativas para 25
No campo das expectativas para corrida aos Leões em 2026, duas podem se transformar em realidade. A primeira é o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que desde o início da corrida lidera as pesquisas, mas mantém o pé atrás em relação a declarar se será ou não candidato. Ele está fechando 2025 no mesmo silêncio, gerando mais dúvida do que certeza.
A outra expectativa está relacionada com os candidatos de extrema-esquerda, que costumam participar das corridas majoritárias. Um dos partidos da esquerda dura, o PSOL, termina o ano sinalizando que não lançará candidato durante visita ao vice-governador Felipe Camarão, na qual seus dirigentes defenderam a união das esquerdas.
E finalmente, o PSTU e o PCB, velhos de guerra, chegam ao final do ano sem emitir qualquer sinal sobre lançar ou não candidatos ao Governo ou não Senado. Se mantiveram a tradição, anunciarão suas posições depois do Carnaval.
São Luís, 27 de Dezembro de 2025.


