Inacreditável, sob todos os aspectos, a grave e danosa situação político-administrativa por que passa o município de Paço do Lumiar, um dos dez mais importantes do Maranhão e parte essencial da Ilha de Upaon Açu e da Região Metropolitana de São Luís. Ali, como numa opereta surreal, o prefeito Domingos Dutra (PCdoB), um dos gigantes da política maranhense, afastado no ano passado após ser gravemente afetado por um AVC, tenta reassumir incentivado por sua mulher, a ativa e controvertida advogada Núbia Dutra, sob o protesto zoadento e inadequado de dois filhos e a discutível resistência da prefeita interina Paula da Pindoba, insuflada por partidários que sentiram o gosto do poder e se mostram dispostos a tudo para não perdê-lo. A medição de forças paralisou a máquina administrativa municipal, que atende a mais de 120 mil habitantes e já começa a afetar os serviços essenciais, como saúde, educação e limpeza pública, por exemplo, exatamente porque os seus operadores não sabem quem está de fato à frente da administração municipal. Para voltar ao comando pleno da Prefeitura de Paço do Lumiar, o prefeito Domingos Dutra precisa do aval da Câmara Municipal.
No lastro de uma vida dedicada às lutas populares, Domingos Dutra voltou à Prefeitura na segunda-feira, após vários meses lutando pela vida em hospitais de São Luís de São Paulo. Retornou a Paço do Lumiar a no início do ano, mas com evidências de que ainda não está plenamente recuperado. Na ida à Prefeitura para reassumir neste dia 02, Domingos Dutra se movimentou normalmente, aparentando bom estado de saúde física, mas estranhamente foi totalmente contido na sua principal característica: a fala. Acompanhado pela primeira-dama Núbia Dutra, o prefeito de Paço do Lumiar distribuiu sorrisos e fez alguns acenos. Ao chegar ao gabinete, teria assinado uma série de atos previamente preparados demitindo todos os secretários e assessores nomeados pela prefeita temporária Paula da Pindoba. Ela, por sua vez, reagiu mandando ao Banco do Brasil ofício proibindo o acesso do prefeito titular Domingos Dutra às contas da Prefeitura até que ele seja devidamente reinvestido no cargo pela Câmara Municipal, que por seu turno teria solicitado à Justiça que Domingos Dutra seja submetido a uma perícia médica que identifique o real estado da sua saúde física e mental. Os movimentos remetem para uma situação de impasse.
Em meio a esse estado de crise envolvendo a Prefeitura de Paço do Lumiar, a população, grande parte dela insuflada por interessados políticos, se inflama, agudizando uma situação de tensão cujo desfecho é imprevisível se uma ampla negociação política para evitar o pior não for feita rapidamente. Domingos Dutra é o prefeito titular e estaria em condições de reassumir, apesar de exibir alguns traços de não estar plenamente recuperado. Paula da Pindoba é a vice que assumiu na interinidade com a obrigação de devolver o cargo tão logo o prefeito manifestasse a intenção de reassumir, independentemente de estar plenamente saudável ou não, pois, ao que parece, não cabe à prefeita interina fazer esse juízo e decidir se devolve ou não o cargo ao titular. Ela não foi eleita com essa prerrogativa, e nesse jogo as regras são claras, e os limites, também. Cabe à Câmara Municipal procurar os mecanismos constitucionais e colocar as coisas em ordem.
Mais que um imbróglio causado pela saúde precária do prefeito Domingos Dutra, a crise político-administrativa que ameaça infernizar Paço do Lumiar tem forte vertente de uma luta pelo poder, que nesse município ocorre, via de regra, fora das regras. E antes que sua gravidade aumente, é necessário que a boa negociação política ocorra no município. Alguém com credibilidade pessoal e autoridade política – o governador Flávio Dino (PCdoB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) ou o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, por exemplo – precisa entrar no circuito, e pela via de uma articulação coerente, madura e equilibrada, consiga evitar o agravamento do imbróglio.
PONTO & CONTRAPONTO
Entregues mais 18 ambulâncias compradas com economia da Assembleia Legislativa
Entregues ontem as 18 ambulâncias restantes das 42 compradas com recursos economizados pela Assembleia Legislativa, no valor de R$ 6,6 milhões. O ato de entrega ocorreu no Palácio dos Leões, comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB). As 42 ambulâncias – equipadas com maca, prancha, umidificador, cadeira de rodas, cilindro, balão de transporte para oxigênio, entre outros suportes para atendimento de emergência – foram adquiridas ao custo de R$ 157 mil cada uma e distribuídas para 42 municípios indicados pelos deputados.
Entre as de ontem, foram entregues a de Vargem Grande, destinada pelo presidente Othelino Neto, que no ato declarou: “A entrega dessas ambulâncias é um momento marcante e histórico para o Maranhão. É uma forma pragmática e objetiva de nós, deputados estaduais, além do que fazemos no nosso dia a dia, cumprindo com o nosso dever constitucional, colaborarmos com a saúde pública do estado”.
Participaram o vice-governador Carlos Brandão e os deputados Glaubert Cutrim (PDT), Mical Damasceno (PTB), Zito Rolim (PDT), Cleide Coutinho (PDT), Roberto Costa (MDB), Rafael Leitoa (PDT), Leonardo Sá (PL), Vinícius Louro (PL), Zé Gentil (Republicanos) e Hélio Soares (PL).
Inovador, o projeto idealizado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto, alcança dois objetivos. O primeiro é a racionalização dos gastos, que resulta em economia expressiva de recursos, e o segundo a aquisição de ambulâncias, um equipamento da maior importância no serviço de saúde dos municípios.
Eduardo Braide já conta com quatro partidos
Na edição de terça-feira (03), a Coluna cometeu um erro de informação em relação à base partidária que dá sustentação à pré-candidatura do deputado federal Eduardo Braide à Prefeitura de São Luís. Informou que, além do seu partido, o Podemos, o parlamentar contaria apenas com o PSC, comandado no Maranhão pelo deputado federal Aluísio Mendes. Na verdade, Eduardo Braide já conta também com mais dois partidos, o PSD, que tem o deputado Edilázio Júnior como chefe maior no estado, e com o PMN, que já foi comandado pelo próprio pré-candidato e hoje é presidido pelo irmão dele, Fernando Braide.
Assim, ao contrário do que foi divulgado pela Coluna, Eduardo Braide já conta com uma aliança formada por quatro partidos. Sua pré-candidatura está, portanto, lastreada por partidos de centro-direita, que formam a base do Centrão na Câmara Federal. Podemos, PSC e PSD são agremiações de peso no Centrão. O Podemos tem como figura central o senador paranaense Álvaro Dias, enquanto o PSC é atualmente controlado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzer – que tem projeto de candidatura a presidente da República –, e o PSD é nacionalmente controlado pelo ex-prefeito de São Paulo. Gilberto Kassab. O PMN é um zero à esquerda no contexto partidário: seu púnico deputado federal era o próprio Eduardo Braide, que ao trocá-lo pelo Podemos o empurrou de vez para o limbo partidário brasileiro.
São Luís, 04 de Março de 2020.
Caro colega, brilhante e histórico jornalista do Maranhão!
Deve haver uma ‘caveira de burro’ enterrada lá no Paço do Lumiar. Há, pelo menos, 22 anos, tempo de minha chegada (e da partida do/no) Maranhão, nada por lá no Paço funcionou. Entrou prefeito que saiu, prefeito que entrou pra sair, prefeito quase preso, ex-prefeito preso e de tudo e mais um pouco e de que nada adiantou. A cidade, seus imensos bairros e a população, permaneceram sempre à míngua.
É uma tristeza!
PS Sobre Domingos Dutra ser ‘grande político’ do Maranhão, a História é que vai decidir. Por mim, e com todo respeito à pessoa e à família do prefeito, ele jamais passou de ser ou de ensaiar ser um bravateiro e completamente inútil político. Me diga, com sinceridade, cite, se puder (eu não consegui) uma única proposta, um mínimo de utilidade que Domingos Dutra empregou em sua vida pelo Maranhão? Me conte porque Dutra sempre usou ser oposição para jamais fazer coisa alguma. E, não vale ter recomendado ao cassado ex-governador Jackson Lago ‘só sair morto do Palácio dos Leões’. Nem berrar contra os ‘sarney’…
Volto, para correção:
numa ‘passagem’, que não tenho acesso porque o comentário ainda é indisponivel, corrijo de “Me conte porque Dutra sempre usou ser oposição para jamais fazer coisa alguma” para:
“Me conte por que Dutra sempre usou ser oposição para jamais fazer coisa alguma”.
De resto, esta outra bravata de ‘causas populares’ do Domingos Dutra e da esposa ‘combativa’ Núbia são é papo furado. Núbia é uma completa interesseira e mulher sem escrúpulos.
Se por nada, a situação que expõe o ‘histórico’ politico (palavras suas) e a completa cara de pau, e é isto mesmo, desta Núbia. Ela que ta é nem aí pro próprio Dutra e muito menos pras necessidades da população do Paço do Lumiar.
Concordo que você pode concordar ou discordar. É do jogo que se joga. Mas é a VERDADE.
Mais uma, e nem acredito que será a última, vez, que SE DANE A GENTE DO PAÇO DO LUMIAR… Um dia podem ter melhor sorte nos que elegeram…
Volto para esclarecer (e edite esta passagem. Ou nao)
‘QUE SE DANE A GENTE DO PAÇO DO LUMIAR’ é o pensamento da Núbia.
Adoro o Paço, a Maioba, o Maiobao e uns muitos de todos os bairros e da toda excelente gente que conheço por lá. Como é toda a Ilha e os maranhenses que transformaram minha vida pra gente tentar sempre fazer melhor.