Foi esclarecedor o Encontro Empresarial com Candidatos a Governador, realizado ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) com três dos candidatos melhor posicionados nas pesquisas. Os três que compareceram – o governador Flávio Dino (PCdoB), Roberto Rocha (PSDB) e Maura Jorge (PSL) – traduziram bem o cenário tributário e fiscal do Maranhão, que pode ser resumido assim: um Estado com um rendimento tributário, limitado e com muitas dificuldades para ajustar sua realidade fiscal às necessidades, exigindo sacrifícios por parte do Poder Executivo. Essa realidade é fruto da dramática situação econômica que vem assolando o Brasil desde 2014 e que resultou em nada menos do que o fechamento de 13 milhões de postos de trabalho no País, mergulhando a economia brasileira num implacável processo de fragilização. Nesse cenário, o Maranhão, que está na ponta da linha, paga um preço cruelmente elevado, obrigando governador Flávio Dino, que herdou a bomba em 2015, a fazer esforços gigantescos para manter uma política fiscal sustentada num férreo controle de gastos e numa definição rigorosa de prioridades. Candidata a um quinto mandato, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) não compareceu, responsabilizando uma virose pela sua ausência.
Primeiro a responder perguntas e questionamentos de empresários, o governador Flávio Dino não fez rodeios, sendo direto nos pontos de maior interesse do empresariado: política tributária, investimentos e geração de emprego e renda. O governador foi claro ao afirmar que a política tributária do seu Governo é sustentada na realidade de um Estado que tem enorme responsabilidade social e por isso precisa de uma arrecadação que se aproxime ao máximo das necessidades. Flávio Dino rebateu a acusação feita pela Oposição de que exorbita nas alíquotas de ICMS, principalmente nos casos da energia e dos combustíveis, deixando claro que a verdade é outra, uma vez que a maioria dos estados cobra muito mais que o Maranhão. Demonstrou que tem uma política tributária diferenciada para os pequenos negócios e que, ao contrário do que dizem seus opositores, não beneficia grandes empresas, que no seu governo recebem tratamento mais justo possível, que se baseia principalmente na capacidade dessas empresas gerarem emprego e renda. Além do mais, a situação tributária estadual é um reflexo da dura realidade econômica do País, que atinge fortemente estados, mas que, mesmo assim, o Maranhão está avançando, como muitas dificuldades, mas sem malabarismo nem traumas. Flávio Dino saiu da conversa como entrou: seguro de que faz uma política tributária equilibrada para as condições econômicas do Maranhão.
Maura Jorge fez uma participação modesta, sem avançar muito nas engrenagens do tema, provavelmente por não ter uma visão mais abrangente. Entrou e se manteve pelo caminho mais fácil, o de pintar com cores dramáticas o desemprego que, a exemplo do País, assola o Maranhão, o que causa, segundo o seu entendimento, “uma enorme frustração, principalmente nos jovens”. Sem entrar na complexidade técnica da engrenagem tributária e, por via de desdobramento, na realidade fiscal definida pelo Governo, a candidata do PSL insistiu na tecla segundo a qual é preciso gerar emprego e renda, dizendo acreditar que tem condições de fazer isso se conseguir o aval da maioria do eleitorado para trabalhar pelos próximos quatro anos no Palácio dos Leões.
O candidato Roberto Rocha (PSDB) centrou seu discurso inicial em críticas à política fiscal do atual Governo, acusando o governador Flávio Dino de “ter gastado mau”. Para ele, o governador “é um Robin Hood às avessas, que tira dos pobres para dar aos ricos”, referindo-se à política tributária que estimula grandes empresas a ampliar seus investimentos. O candidato tucano disse que, se eleito, reverá a atual política tributária, mudando, por exemplo, as bases atuais do ICMS, sem explicar, no entanto, onde buscará recursos para cobrir as despesas do Governo com servidores, custeio e investimentos. Focado num discurso destinado a atingir o governador Flávio Dino, o senador Roberto Rocha criticou a política fiscal (arrecadação e gastos), afirmando que o Governo “gastou muito e mau”, mas sem dizer exatamente o que, na sua opinião, deveria ser feito diante de um cenário tão complexo como o que o Flávio Dino enfrenta, e que ele enfrentará se eleitor for.
O fato é que na avaliação de muitos, mesmo alimentando alguns pontos de desacordo com a classe empresarial, o governador Flávio Dino saiu do auditório do Sebrae bem avaliado, a começar pelo fato de que sua fala é a de quem está no comando da máquina estatal e, assim, enfrentando as dificuldades de caixa e as limitações dos gastos. Maura Jorge e Roberto Rocha deram seus recados, mas falaram como quem quer chegar lá e, por isso, mostram uma realidade bem mais fácil de ser domada. Quanto à ex-governadora Roseana Sarney, ela perdeu uma boa oportunidade de dizer o que pretende nesse campo.
PONTO & CONTRAPONTO
Graça Paz comunica candidatura de vice-governadora à Assembleia, confirma candidatura do filho à sua vaga e pede apoio
Candidata à vice-governadora na chapa do senador Roberto Rocha, candidato do PSDB ao Governo do Estado, a deputada estadual Graça Paz (PSDB) ocupou ontem a tribuna da Assembleia Legislativa para fazer ao mesmo tempo um comunicado, uma apresentação e um pedido.
Ela comunicou aos deputados sua candidatura à vice-governadora, argumentando que não havia ainda feito essa comunicação: “Eu vim a esta tribuna confirmar, que eu sou candidata a vice-governadora do PSDB, do nosso candidato a governador Roberto Rocha. Eu acho que fui escolhida por vários motivos: por ser mulher, mãe, avó, esposa, dona de casa, conhecedora dos problemas do meu povo, por ter dentro de casa sete mandatos, três do meu marido, o ex-deputado Clodomir Paz, e quatro meu. Sete mandatos prestando serviço ao povo do Maranhão, andando em todos esses municípios, conhecendo os problemas do nosso povo e tentando resolver, tentando ajudar, é o que nós temos feito ao longo de nossa vida. Roberto Rocha viu em mim, com certeza, uma figura que pode ajudar, ficha limpa, nome limpo, em todos esses mandatos – claro que eu me orgulho por isso. O partido escolheu uma mulher representante também das mulheres maranhenses, escolheu uma Deputada prestigiando também a nossa Casa, e eu acho que o povo do Maranhão poderá reconhecer e aplaudir esta escolha”.
Em seguida, fez a apresentação: “Indicamos meu filho (candidato a deputado estadual), Guilherme Paz, um jovem advogado, competente. E eu tenho certeza que com o que ele viu, o que ele aprendeu dentro da nossa casa, com o pai, Clodomir Paz, e com a mãe, Graça Paz, com a juventude que ele tem, é um menino estudioso, ele vai fazer mais e vai fazer melhor. Isso só me faz ter muito orgulho deste filho”.
O pedido: “É isto que eu vim dizer: sou candidata à vice-governadora e peço o apoio de todos os meus colegas, peço apoio da imprensa, dos funcionários desta Casa, da galeria, para que a gente possa continuar o trabalho que vem fazendo e que vem agradando o povo de meu estado, porque, se não, nós não estaríamos agora no nosso sétimo mandato”.
Daniella Tema intensifica campanha como um dos nomes com força eleitoral para chegar à Assembleia Legislativa
A campanha eleitoral começa de fato a “pegar fogo”, principalmente na caça ao voto para a Assembleia Legislativa, envolvendo mais de 500 candidatos. Nos bastidores começa-se a rascunhar listas de favoritos, que mudam a cada momento, sendo a mais movimentada delas a do “chapão” da aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Nesse contexto de “quem é quem” na caça ao voto, um dos nomes que surgiu forte na pré-campanha e vem se mantendo firme é o nome da nutricionista Daniella Tema (DEM), que tem como base a região do Sertão, a partir de Tuntum, Presidente Dutra e Dom Pedro, se espalhando por mais duas dezenas de municípios do Leste, da Baixada Ocidental e na Ilha de São Luís. Incentivada pelo experiente e bem articulado prefeito de Tuntum, Cleomar Tema (PSB), que também preside a Famem e conhece como poucos o caminho das pedras políticas do Maranhão, Daniella Tema tem a seu favor sua juventude, uma consciência política forte, grande desenvoltura e um discurso com início, meio e fim, focado no compromisso de dedicar o mantado à busca de soluções para os problemas dos municípios e do estado como um todo. Ela vem percorrendo as regiões onde sua ação política vem encontrando respaldo, sendo por isso apontada como um dos nomes fortes para compor o plenário da Assembleia Legislativa a partir de fevereiro de 2019. Seus aliados manifestam claro otimismo por um desfecho positivo da sua campanha e seus concorrentes se referem a ela como nome que vem ganhando mais projeção na campanha.
São Luís, 04 de Setembro de 2018.