A eleição em São Luís foi definida com a reeleição do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), mas o processo político não foi interrompido. Ontem, o deputado Eduardo Braide (PMN) anunciou, em discurso na Assembleia Legislativa, que respeita o resultado das urnas, mas fará oposição dura ao Governo do PDT. Ele fez um balanço da corrida eleitoral na Capital acusando o prefeito Edivaldo Jr. e o presidente do PDT, deputado federal Weverton Rocha de montarem um esquema capitaneado pela TV Difusora para “agredir e desconstruir adversários” em favor do projeto de reeleição, e de “usar duas máquinas, a da Prefeitura e a do Governo do Estado em plena campanha eleitoral”. As declarações do ex-candidato do PMN sugerem que o mapa a político de São Luís está sendo redesenhado neste momento, agora com um campo oposicionista bem mais forte. Braide sinalizou também que terá atuação mais abrangente em São Luís, dando a entender que poderá vir a ser de novo candidato a prefeito da Capital. Deputados governistas reagiram e criticaram a posição de Eduardo Braide, reforçando a suspeita inicial de que a guerra política que teve como pano de fundo a disputa pela cadeira principal do Palácio de la Ravardière vai continuar

Em tom duro, Eduardo Braide agradeceu os votos que recebeu, declarou que respeita o resultado das urnas, mas não pretende facilitar a vida do prefeito Edivaldo Jr.: “Os 243.591 votos em que nimguém lemndo busca a realão esperança, serão todos devolvidos em trabalho, como sempre fiz aqui nesta Casa. Volto à Assembleia Legislativa para continuar defendendo a população de nossa cidade e, sobretudo, fiscalizando os próximos quatro anos. Que as máquinas que trabalharam nas madrugadas às vésperas da eleição não sejam retiradas das ruas”.

O ex-candidato do PMN demonstrou com clareza, e sempre sendo enfático, que não vai contemporizar, porque não aceita os métodos de agressão política que foram usados na tentativa de desconstruí-lo, classificando a ação dos seus adversários de “velhas práticas políticas”.

– Tão logo fui anunciado para o 2º turno, virei alvo de ataques, ofensas, calúnias e nem minha família foi respeitada. Virei pauta da Rádio e TV Difusora pela manhã, tarde e noite. Nunca fui procurado para falar sobre qualquer assunto veiculado. Só quero lembrar que esta é uma concessão pública e que assim como há direitos também têm deveres a serem cumpridos. Só quero relembrar que o caso foi denunciado ao SBT Nacional e que irei onde precisar ir para que este caso não se repita mais aqui em São Luís – destacou o deputado, que foi aplaudido pelo menos três vezes pela galeria, onde estavam seus dois irmãos.

E fechou seu discurso agradecendo os votos que recebeu: “Sou extremamente e serei sempre grato aos mais de 240 mil ludovicenses que fizeram um novo dia nascer em São Luís. A ilha rebelde acordou e mostrou que pode mudar o rumo das eleições, como mudou. Sei que eles estarão juntos comigo fiscalizando para que as máquinas do Estado e da Prefeitura continuem trabalhando”.

Com tais manifestações, Eduardo Braide assumiu de vez a condição de contrapeso adversário número 1 do prefeito Edivaldo Jr., por entender que ao lhe dar a votação que lhe deu, a população ludovicense lhe deu também uma autorização para falar em seu nome nos embates com o prefeito ao longo dos próximos dois anos. Ao mesmo tempo, Braide sabe que vai continuar como alvo, e isso ficou claro na reação dos deputados Rogério Cafeteira (PSB), líder do Governo, Othelino Neto (PCdoB) e Bira do Pindaré (PSB), que de uma posição amena no início da sessão, engrossaram a voz depois do discurso do ex-candidato do PMN, para deixar claro que adotarão a regra do “bateu, levou”. Braide avisou que o couro “está grosso”, enquanto que Rogério Cafeteira bradou, da tribuna, que está pronto para o embate.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. desmente factóide e diz que fica no cargo até o fim

Na entrevista que concedeu ontem de manhã à TV Mirante, o prefeito Edivaldo Jr. fez uma declaração contundente para quebrar o impacto de rumor segundo o qual ele estaria se preparando para deixar o Palácio de la Ravardière para se candidatar a vice-governador ou  a senador em 2018: “Eu fui eleito para quatro anos de mandato à frente da prefeitura de São Luís. E podem ter certeza de que cumprirei todo o meu mandato. Os rumores não são de agora. Eles circulam na esteira das especulações desde o início do ano, quando sua candidatura à reeleição se tornou irreversível. Tais rumores rascunharam um enredo no qual o professor Júlio Pinheiro (PCdoB) foi escolhido para vice-prefeito como uma espécie de garantia de ter um aliado no comando da Prefeitura caso Edivaldo Jr. decida sair para disputar uma cadeira  no Senado ou se candidatar a vice  na chapa do governador Flávio Dino. Ao afirmar, enfaticamente, que foi eleito para exercer o seu mandato até o último dia, o prefeito Edivaldo matou dois coelhos com uma só cajadada: jogou por terra as especulações que apontam como virtual candidato ao Senado, e assumiu compromisso público de que permanecerá no cargo até dezembro de 2020. Vale anotar para conferir depois.

Comemoração nos comitês

Tão logo o resultado da eleição foi anunciado pela Justiça Eleitoral, Edivaldo Jr, e Eduardo Braide se deslocaram para seus comitês de campanha. Edivaldo Jr. chegou rápido à frente do Palácio de la Ravardière, onde se concentraram seus aliados e ali foi ovacionado e fez um discurso marcante. Ele destacou o trabalho da militância, agradeceu aos amigos e aliados políticos. Reafirmou que agora está mais experiência e terá melhores condições para dar continuidade à execução do seu programa de governo. Da Praça Pedro II, Edivaldo Júnior seguiu para o Palácio, onde foi recebido pelo governador Flávio Dino num encontro informal em que os dois discursaram garantindo o prosseguimento das parcerias. Eduardo Braide foi para o seu comitê3 no calhau, onde encontrou um grande contingente de partidários e simpatizantes da sua candidatura. Sem perda de tempo, Eduardo Braide fez um discurso em que reconheceu a eleição de Edivaldo Jr. dizendo que se “curvava ao resultado das urnas”, mas continuará alimentando a fiscalização da sua gestão, o que fará com que o embate seja permanente, em tom elevado e sem risco de partir para ataques pessoais grosseiros.

São Luís, 01 de Novembro de 2016