“Nosso compromisso é ficar até o último ano da nossa gestão. Eu fui eleito para ser o prefeito de São Luís e ficaremos por mais quatro anos administrando a nossa cidade”. Pronunciada na dinâmica da ciranda política que começa a se movimentar agora em direção às urnas de 2018, a frase pronunciada enfaticamente pelo prefeito reeleito Edivaldo Jr. (PDT) repercutiu fortemente no meio político. Por vários motivos, sendo o principal o fato de ele não se tornar um obstáculo a nenhum dos aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) que se preparam para disputar as eleições naquele ano. Com a declaração, que muitos não acreditavam que ele daria, Edivaldo Jr. colocou ponto final nas especulações dando conta de que ele se desincompatibilizaria para se candidatar a senador, deputado federal ou a vice-governador. Essa possibilidade foi amplamente difundida, ora por seus adversários, ora por “aliados” interessados no assunto, chegando a ser usado por oponentes durante a campanha eleitoral. Com sua declaração, o factóide foi para o espaço.

O prefeito reeleito de São Luís tem uma expressiva lista de motivos para, pelo menos agora, informar aos ludovicenses que cumprirá seu novo mandato integralmente. O motivo principal são os inúmeros compromissos assumidos na campanha de 2012 e que não lhe foi possível cumprir, seja por falta de recursos, por falta de tempo ou por opção de deixar para depois. Um exemplo: as creches – programou 24, construiu quatro para inaugurar até o fim do ano, e tem mais duas em construção, faltando, portanto, ainda 18 para cumprir a promessa. Como as creches, o prefeito assumiu outros compromissos de peso, como reformar o centro da cidade, onde até agora fez uma reforma superficial na Praça Deodoro, colocou asfalto nas ruas mais movimentadas em torno da Rua Grande, e realizou uma boa e satisfatória restauração da Praça da Alegria. E por aí vai.

Durante a campanha, Edivaldo Jr. declarou, em diversos programas, que chega ao fim do primeiro mandato “mais experiente”, admitindo claramente que parte dos tropeços da fase inicial da sua gestão foi causada por falta de experiência. É fato que ele assumiu em janeiro de 2013 “verdinho da silva”, neófito mesmo, com mandatos parlamentares, mas nenhuma experiência de gestão pública. Sua boa formação, sua inteligência, seu senso de responsabilidade e o instinto de sobrevivência natural nos políticos o tornaram um prefeito obstinado, capaz de suportar críticas, reprovações e até xingamentos e se manter de pé, ajustando os rumos de sua gestão a cada dia. Nos dois primeiros anos, se manteve politicamente isolado, recebendo alguma ajuda de Brasília, mas enfrentando hostilidade do vizinho Palácio dos Leões, então habitado pela governadora Roseana Sarney (PMDB). Com a eleição de Flávio Dino governador, comandou a grande virada e administrou os ganhos da parceria, e acelerou os movimentos da máquina municipal, credenciando-se a um segundo mandato, para muitos, impossível, até meados de 2014.

As boas relações com o novo Governo mudaram radicalmente seu ânimo, transformando-o num prefeito mais ativo, que enfrentou os problemas de maneira mais organizada, trabalhando com as ferramentas do planejamento. Conseguiu nos 22 meses seguintes fazer com que a população passasse a vê-lo como um gestor de fato e não como o jovem inexperiente, o que lhe permitiu se credenciar para pedir um novo mandato. Houve muitas dúvidas quanto ao seu futuro, inclusive dentro do próprio grupo político a que pertence, mas com paciência, equilíbrio e uma surpreendente capacidade de absorver pancadas, deu novo rumo à sua gestão. E para completar a mudança, deu uma guinada de muitos graus na sua vida política ao deixar o raquítico e sem futuro PTC e ingressar no robusto PDT, o que reforçou sobremaneira o seu cacife de candidato à reeleição.

Todos esses fatos e circunstâncias tornaram possível alcançar um razoável sucesso administrativo, suficiente para dar consistência ao discurso de que, agora experiente e com a casa arrumada, vai poder acelerar ainda mais a máquina municipal em obras essenciais para a cidade. Ao desmontar o factóide segundo o qual será prefeito por mais quatro anos, sinaliza que, em que pese a pouca idade, o Edivaldo Jr. reeleito é agora um político maduro.

PONTO & CONTRAPONTO

Humberto Coutinho será governador sem pompa

Amanhã às 9 horas o deputado Humberto Coutinho (PDT), presidente da Assembleia Legislativa, assumirá o Governo do Estado por três dias, cumprindo a regra constitucional segundo a qual na ausência do Governador do Estado e do vice-governador, o Governo seja interinamente exercido pelo chefe do Poder Legislativo. O governador Flávio Dino e o vice-governador Carlos Brandão viajaram ontem para o para fora do Estado, abrindo caminho para que o Humberto Coutinho despache durante três dias no gabinete principal do Palácio dos Leões. Argumentando que, mesmo o fato de extrema relevância para ele como político, o presidente da Assembleia Legislativa se moverá pelo seu estilo discreto de fazer política, evitando qualquer pompa. Ele será recebido em Palácio pelo secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares – que já viveu a experiência em 2009, quando presidiu o parlamento estadual -, que o acompanhará até o gabinete de onde Coutinho despachará amanhã e sexta-feira. Retomará já na segunda-feira as suas funções de presidente do Poder Legislativo.

Astro de Ogum caminha para continuar presidente da Câmara

Uma movimentação frenética estremece os bastidores da Câmara Municipal de São Luís. Os 31 vereadores eleitos estão mergulhados em articulações para a formação da Mesa Diretora da próxima legislatura. Até agora, os ventos sopram mais forte a favor do atual presidente, vereador Astro de Ogum (PR), que saiu das urnas como um dos mais bem votados e já teria o apoio declarado de pelo menos 18 vereadores. Astro de Ogum está no comando da Câmara há mais de três anos, desde que seu antecessor, Isaías Pereirinha (PSL), adoeceu esse licenciou no início de 2014. Era 1º vice-presidente e assumiu e cumpriu o restante do mandato do titular, antecipou a eleição e se reelegeu para o período que se encerra em dezembro. Se for eleito, será o primeiro caso em que um vereador comandará o Palácio Pedro Neiva de Santana por cinco anos consecutivos. Os vereadores Osmar Filho (PDT), que foi o mais votado, e Pedro Lucas Fernandes (PTB), que se revelou um bom vereador no seu primeiro mandato, colocaram seus nomes à disposição, mas tudo indica que as chances dos dois serão remetidas para 2018, quando haverá nova eleição para a Mesa Diretora da Câmara. Reeleito para o quinto mandato, Astro de Ogum revelou-se um político hábil, que domina muito bem os movimentos no tabuleiro político de São Luís bom articulador, sem o que não chegaria aonde chegou. Correm rumores de que o prefeito Edivaldo Jr. é simpático à sua candidatura, mas a Câmara Municipal de São Luís tem por tradição eleger seus dirigentes sem qualquer influência externa. (Para ilustrar: em 1989, no auge do seu mandato, o então governador Epitácio Cafeteira jogou o peso do seu prestígio pela eleição do então vereador Hilton Rodrigues, seu sogro, para presidente. Perdeu.) E é provável que continuará assim.

São Luís, 01 de Novembro de 2016.