Edivaldo Jr. teve reeleição justa, com boa margem; Braide não levou, mas saiu das urnas maior do que quando entrou

 

edivaldovotacao
Ao lado da mulher camila e da filha, Edivaldo Jr. canta a vitória logo após votas

O prefeito Edivaldo Jr. (PDT) foi reeleito. Deu, portanto, a lógica na disputa pela Prefeitura de São Luís. Eduardo Braide, por seu turno, não ganhou o mandato, mas recebeu de expressiva faixa do eleitorado ludovicense uma espécie de passaporte para alcançar a maioridade política. No geral, foi uma das eleições mais disputadas dos últimos tempos no Maranhão, se levado em conta o peso político e a estrutura de cada candidato. O prefeito foi embalado por uma campanha bem feita e viabilizada por um suporte partidário poderoso, tendo como carro-chefe o seu partido, o PDT. Seu oponente fez uma campanha sem estrutura nem lastro partidário, confiando apenas no vazio de lideranças na disputa e no seu talento para se comunicar. Os dois lutaram com as armas que tiveram ao seu alcance, concitando levando o eleitorado a fazer as suas escolhas. A reeleição do prefeito Edivaldo Jr. foi, portanto, pessoalmente justa e politicamente correta.  O mesmo se pode dizer do desempenho surpreendente de Eduardo Braide. E levando o resultado das urnas para um cenário politicamente mais ampliado, a reeleição de Edivaldo Jr. consolida o projeto de poder do governador Flávio Dino (PCdoB).

dino-gov
Flávio Dino consolida seu projeto 

O prefeito Edivaldo Jr. fez jus à reeleição. Poucos prefeitos de São Luís viveram situações tão diferentes como as que ele enfrentou no seu mandato. Assumiu em janeiro de 2013 sem experiência e sem ter a quem apelar, e por isso amargou dois anos de isolamento administrativo e hostilidade política. Diante da situação de extrema dificuldade, preferiu comer o pão que o diabo amassou e manter sua coerência política, do que sucumbir a uma parceria de mão única como a que foi algumas vezes acenada pela então governadora Roseana Sarney (PMDB). Foi integrante leal e engajado do projeto político que levou Flávio Dino ao Palácio dos Leões, virada que o tirou do regime de pão e água, para uma situação bem mais confortável. Obstinado, aproveitou todas as oportunidades que lhe foram dadas pelos Governos da União e do Estado, e chegou à campanha pilotando uma máquina administrativa a pleno vapor. Com a reeleição, ganha a chance de mostrar o que a experiência lhe ensinou e amplia seu espaço no grupo político liderado por Flávio Dino.

Edivaldo Jr. realizou uma campanha mostrando as obras da sua gestão no rádio e na TV, foi às ruas embalado pela zoadenta e tarimbada militância do PDT, e movimentou contou com uma falange bem articulada e agressiva nas redes sociais. Além do mais, contou com o apoio declarado e ostensivo do governador Flávio Dino e com o suporte de deputados estaduais e federais do grupo, além da forcinha de alguns colegas de PDT e do PCdoB eleitos no primeiro turno. Assim, enfrentando acusação de abuso – que acabaram não se confirmando, pelo menos até aqui -, fez o seu esquema político funcionar, triturou oponentes como a deputada federal Eliziane Gama (PPS) e Wellington do Curso (PP), mas não teve tempo de desmontar Eduardo Braide, que foi para o segundo turno intacto. No turno final, manteve a estratégia da autopreservação, evitando embates desgastantes. Se deu bem e foi reeleito de maneira nítida e incontestável.

braidevotacao
Após votar ao lado da mulher Graziela e das filhas, Braide mostra o seu número

O que mais valorizou a reeleição do prefeito Edivaldo Jr. foi exatamente o seu oponente, o deputado Eduardo Braide. Inicialmente colocado no bloco dos candidatos sem chance, o representante do PMN virou a mesa e chegou ao 2º turno como uma ameaça concreta ao projeto de reeleição do prefeito. Sem suporte político nem partidário, com uma estrutura de campanha modesta, e centrado apenas no seu discurso, Braide se agigantou, foi apontado por pesquisas como líder na preferência do eleitorado, impondo ao prefeito a necessidade de se repaginar para a segunda fase do processo eleitoral. Com uma boa campanha na TV, Braide apostou alto no debate, mas no lugar de um Edivaldo Jr. fragilizado, encontrou um Edivaldo Jr. mais incisivo, mais agressivo, o que tornou o debate o melhor momento da campanha devido ao equilíbrio entre os oponentes. No confronto verbal, Braide foi frio, centrado e bem informado, tendo se exibido com os pés no chão. Se souber administrar o capital político e eleitoral que conquistou na campanha, vai integrar à onde sentam os cardeais da política maranhense.

Finalmente, após uma campanha politicamente tensa, mas sem maiores problemas, a maioria decidiu autorizar o prefeito a continuar o seu trabalho. Eduardo Braide, por seu turno, retornará à Assembleia Legislativa politicamente bem maior do que quando saiu.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Números da eleição sugere revisão da legislação eleitoral

Os números da eleição em São Luís devem ser analisados com muita atenção pelos líderes políticos. São informações que sugerem uma ampla discussão as regras eleitorais, a começar pela obrigatoriedade do voto, e a revisão de vários aspectos da legislação eleitoral no que diz a respeito.

1 – Ao contrário das previsões iniciais, 528.833 (83.90%) dos 659.779 eleitores de São Luís compareceram às urnas para o 2º turno da disputa pela Prefeitura. A abstenção, portanto, foi de 130.946 votos, o equivalente a 16.10%.

2 – O prefeito Edivaldo Jr. foi eleito com 53,94% dos votos válidos, ou seja 285.242 sufrágios, número que equivale a mais ou menos 44% dos 659.779 dos eleitores de São Luís. Já o candidato Eduardo Braide saiu das urnas com 243.591, ou seja, 46,06 dos votos válidos, o equivalente a apenas 37% do eleitorado da Capital.

3 – Grosso modo, o prefeito Edivaldo Jr. engordou em mais de 40 mil votos à votação que recebeu no 1º turno (240 mil), o equivalente à votação de Eliziane Gama (32 mil votos) e metade dos votos 19 mil votos dados a Fábio Câmara (PMDB). Já os 243.591 recebidos por Eduardo Braide equivalem à sua votação (112 mil) e a de Wellington do Curso (104 mil) num total de 216 mil.

4 – A campanha feita pelo PSTU e pelo PSOL pelo voto branco ou nulo não funcionou como seus idealizadores esperavam. Foram apenas 8.758 votos em branco, equivalentes a 1,58% do eleitorado, e 15.944 votos nulos, ou seja, 2,88% do eleitorado.

5 – O Tribunal Regional Eleitoral cumpriu fielmente o que fora prometido  pelo presidente da Corte, desembargador Lourival Serejo no que diz respeito ao horário da apuração: previsto para as 19 horas, o resultado saiu seis minutos antes.

São Luís, 30 de Outubro de 2016.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *