O braço maranhense do PT ainda não tem uma posição definida em relação à sucessão no Governo do Estado. Isso ficou mais claro com as recentes do ex-vice-governador, ex-conselheiro do TCE, ex-deputado federal e atual secretário do Governo do Maranhão em Brasília Washington Oliveira, líder de uma das correntes mais fortes do petismo no estado. Ele admite o vice-governador Felipe Camarão (PT) como pré-candidato do partido ao Palácio dos Leões, mas admite também que o partido ainda não está inteiramente alinhado a esse projeto, aguardando a intervenção direta do presidente Lula da Silva (PT) para definir seu rumo. Washington Oliveira, cujo grupo se mantém alinhado ao governador Carlos Brandão (PSB), defende um “diálogo amplo”, de modo a buscar um entendimento que una o PT para as eleições do ano que vem em todos os níveis.
A crise na base governista, com o afastamento do vice-governador Felipe Camarão e do grupo dinista da aliança liderada pelo governador Carlos Brandão deflagrou uma série de reviravoltas que resultou na decisão do mandatário maranhense de permanecer no cargo até o final do mandato, lançando seu sobrinho, Orleans Brandão (MDB), como candidato à sua sucessão. Ao mesmo tempo em que implicou na implosão da sua candidatura ao Senado e, portanto, candidato a “sem mandato” a partir de janeiro de 2026, o movimento do governador foi também um golpe fatal num projeto por meio do qual ele seria candidato a senador e Felipe Camarão governador e candidato à reeleição.
Nesse contexto, se não acontecer até no final do ano, a intervenção do presidente Lula da Silva poderá ser inócua, uma vez que as relações entre o governador Carlos Brandão e o grupo dinista, que é a base política do vice-governador Felipe Camarão, estão se deteriorando rapidamente, tendo chegado a um ponto que, para muitos observadores, já não tem volta. Dentro do PT, a preocupação dominante é reforçar o projeto nacional de eleger o maior número possível de deputados federais e senadores, do partido ou aliados, que possam fortalecer um eventual quarto Governo do presidente Lula da Silva, que vem consolidando a sua condição de favorito para a disputa presidencial do ano que vem.
O governador Carlos Brandão sabe que cedo ou tarde, na busca de um palanque unido em torno do seu projeto de reeleição, o presidente Lula da Silva o chamará para uma conversa sobre 2026 no Maranhão, colocando as pré-candidaturas do petista Felipe Camarão e do emedebista Orleans Brandão na mesa. O problema é saber quem estará disposto a ceder, porque é difícil enxergar meio termo nesse cenário. O presidente Lula da Silva vai tirar Felipe Camarão do páreo e apoiar para apoiar Orleans Brandão com o governador Carlos Brandão no cargo? O governador Carlos Brandão vai deixar o Governo para se candidatar ao Senado, abrindo caminho para Felipe Camarão se tornar governador e se candidatar à reeleição e mandando Orleans Brandão para a Câmara Federal? Não há qualquer brecha de previsibilidade nessa conversa, cujo desfecho vai impactar o Maranhão, seja ele qual for.
Experiente nesse jogo – chegou a vice-governador da emedebista Roseana Sarney numa negociação desse porte -, Washington Oliveira avalia que o pré-candidato Felipe Camarão precisa ser lastreado por alianças em torno do seu nome, argumentando que esse processo deve ser comandado pelo governador Carlos Brandão. “O Diretório estadual ainda espera que o presidente Lula chame tanto o Brandão quanto o Camarão para juntos construírem uma saída onde todos possam ganhar”, revela o escolado ex-vice-governador. Na sua leitura, “o Brandão, como todo governador, quer fazer o sucessor. O Camarão quer ser governador. E o PT precisa eleger senadores e deputados federais (petistas ou aliados)”.
Em suma, embora não fale em nome de todo o braço maranhense do PT, Washington Oliveira tem cacife para fazer as declarações que fez sobre os rumos do seu partido e o futuro da candidatura de Felipe Camarão.
PONTO & CONTRAPONTO
Na contramão do Inop, DataIlha encontra Braide disparado na liderança e Bonfim, Camarão e Brandão empatados

Lahesio Bonfim, Felipe Camarão e Orleans Brandão
empatados, dentro da margem de erro
A pesquisa Inop, divulgada no dia 25, mexeu com os brios do Palácio de La Ravardière, ao apontar o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), na liderança com 35,68% das intenções de voto, e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), com 33,04%, ficando pela primeira vez em segundo lugar, na corrida ao Palácio dos Leões, com o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), em terceiro com 13,09%, e o vice-governador Felipe Camarão (PT) em quarto com 8,79%.
A pesquisa DataIlha, divulgadas no dia seguinte (26), fez o contraponto, caindo como uma bomba no meio político, ao mostrar um cenário radicalmente oposto, com Eduardo Braide disparado na liderança com 36,8%, seguido de um triplo empate: Lahesio Bonfim com 14,3%, Felipe Camarão com 13,8% e Orleans Brandão com 12,07%.
Uma regra informal do Jornalismo reza que não se deve comparar pesquisas de intenção de voto de institutos diferentes, por conta de diferenças numéricas. Mas, como toda regra, essa tem suas exceções, e uma delas se dá quando as diferenças exibidas beiram ao absurdo, como é o caso do conflito de percentuais das pesquisas Inop e DataIlha.
Nada a questionar em relação ao prefeito Eduardo Braide, que pontifica equilibrado nas duas pesquisas. Lahesio Bonfim também aparece no mesmo patamar nos dois levantamentos. O quiproquó estatístico se dá nas posições de Orleans Brandão, que saiu do patamar de 20% nas últimas pesquisas, e saltou para 35% no levantamento do Inop, e horas depois aparece como o último colocado, com apenas 12%, nos dados do DataIlha. Já Felipe Camarão, que o Inop encontrou em quarto lugar como apenas 8%, aparece em terceiro no DataIlha com 13%.
As próximas pesquisas vão colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Em Tempo: a pesquisa Datailha ouviu 2.081 eleitores em 43 municípios maranhenses no período de 18 a 21 de setembro de 2025 e tem margem de erro 2,15 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Finda hoje o prazo dado pelo PP para André Fufuca deixar o Ministério do Esporte
Termina hoje o prazo dado pelo PP para que André Fufuca (PP) deixe o comando do Ministério do Esporte para reassumir seu mandato na Câmara Federal. Até ontem não houve sinal de que ele tenha conversado com o presidente Lula da Silva sobre a sua saída do Governo, como estão exigindo os chefes do seu partido, entre eles o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional da legenda e cacique intransigente sobre o assunto.
André Fufuca aprendeu a se movimentar discretamente, principalmente em situações que lhe podem ser desfavoráveis. Ele não quer deixar o Ministério do Esporte, onde está tocando uma série de projetos, vários deles voltados para o incentivo de jovens à prática esportiva associada à formação escolar. Sabe que dificilmente conseguirá dobrar o comando partidário, mas trabalha para resistir até onde a pressão permitir.
Se, de fato, deixar o Ministério do Esporte, André Fufuca reassumirá seu mandato de deputado federal e reajustará sua agenda de pré-candidato a senador colocado como favorito na disputa com a senadora Eliziane Gama (PSD) pela segunda vaga. Com o seu retorno à Câmara Federal, mandará para casa o suplente Allan Garcez (PP), que faz parte da tropa de choque bolsonarista na Câmara Federal.
São Luís, 30 de Setembro de 2025.