O vice-governador Carlos Brandão passa o período do que reinado de Momo consolidando a base partidária da sua pré-candidatura ao Palácio dos Leões, que na verdade disputará na condição de governador em busca da reeleição. Nas últimas duas semanas, ele fez as últimas costuras e obteve a confirmação definitiva do seu ingresso no PSB, teve confirmado também o apoio do PT e selado parceria com o Progressista, ampliando assim, de maneira definitiva, um arco de aliança partidária que já conta com a participação firme do PCdoB, do PROS e do Avante, podendo contar ainda com o embalo informal, mas declarado, do MDB. Tem sido um processo cuidadoso, sem açodamento, com articulações bem amarradas, que envolvem, num outro patamar, deputados federais e estaduais, o prefeitos e vereadores, muitos de partidos que não estão na sua base de apoio. Além disso, o vice-governador tem mantido diálogo aberto e franco com os canais mais importantes da sociedade civil organizada, como as entidades empresariais e sindicais, entre outras, ampliando cada vez mais o seu raio de ação política, numa movimentação sintonizada com o governador Flávio Dino (PSB).
O seu caminho partidário está decidido. Ele vai ingressar mesmo no PSB, liberando o PSDB, cujo destino nacional fará uma federação com o Cidadania. No PSB, liderará uma chapa tendo Flávio Dino como candidato ao Senado. Sua conversão ao socialismo democrático já obteve a concordância da direção nacional do partido, conforme ventilou recentemente o presidente da agremiação no Maranhão, deputado federal Bira do Pindaré, com a chancela do presidente nacional, Carlos Siqueira. O ato de nomeação deverá ser agendado para a próxima semana, com a chegada das águas de março.
A aliança com o PT, que já havia sido decidida pela direção estadual, foi reafirmada sexta-feira pela presidente nacional, deputada federal Gleise Hoffman (PR), que nas suas declarações deixou claro tratar-se de fato consumado. Além da declaração da presidente, nacional, o apoio petista já havia sido confirmado pelo presidente estadual da agremiação, Francimar Melo, e reforçado por uma manifestação contundente do deputado federal Zé Carlos Araújo. Nos bastidores, especula-se que o PT pode indicar o companheiro de chapa de Carlos Brandão ou o primeiro suplente da chapa do governador Flávio Dino ao Senado.
Diante na neutralidade anunciada pela ex-governadora Roseana Sarney, Carlos Brandão conversou com o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), a quem pediu e o teve aval ao apoio do partido à sua pré-candidatura. Com a iniciativa, ele fortaleceu a aliança que já firmou com os deputados estaduais (Roberto Costa, Socorro Waquim e Arnaldo Melo) e prefeitos do partido. E com isso desmanchou parte da dúvida levantada há duas semanas por causa do jantar no qual os deputados federais emedebistas Hildo Rocha e João Marcelo reuniram chefes partidários de oposição em busca de uma candidatura de consenso. Obteve do presidente emedebista Baleia Rossi o aval que precisava para prosseguir com as conversações com os líderes do partido no Maranhão.
Na mesma incursão por Brasília, o vice-governador se reuniu com o presidente nacional interino do PP, deputado federal André Fufuca, que comanda o partido no Maranhão e conformou seu apoio ao seu projeto de candidatura.
O vice-governador Carlos Brandão cumpre um roteiro bem planejado, que consiste inicialmente na montagem de uma base política e partidária sólida, para em seguida avançar na pré-campanha no campo eleitoral propriamente dito. Todas as avaliações feitas até aqui indicam com clareza que seu projeto de candidatura é politicamente consistente, a começar pelo fato de que tem o governador Flávio Dino como principal avalista e incentivador. Reforçam a consistência a sua trajetória de político sem mancha, a estratégia de não limitar o seu arco de alianças, além, é claro, da condição de governador efetivo, com plenos poderes, que assumirá no início de abril.
Essa movimentação foi também reforçada pelo avanço nas intenções de voto, revelado pelas duas pesquisas mais recentes, segundo as quais ele se descolou do grupo intermediário e se aproximou muito do primeiro colocado, o senador Weverton Rocha (PDT).
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha desfaz dúvidas e diz que será candidato a senador ou a governador
O senador Roberto Rocha usou suas redes sociais para desfazer o imbróglio causado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que na sexta-feira, em Imperatriz, durante entrevista, declarou que ele, Roberto Rocha, não é pré-candidato a governador, afirmando que naquele ato, o que havia de certo em relação à corrida sucessória ao Governo do Maranhão era a pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Roberto Rocha ouviu calado a declaração do presidente Senado, e no sábado, diante da forte repercussão que o fato ganhou, resolveu colocar os pingos nos is. Ele declarou, categoricamente, que ainda não resolveu se será candidato à reeleição – que afirma ser sua preferência – ou a governador. E avisou que tomará a decisão em março, quando também resolverá sua vida partidária, podendo permanecer no PSDB ou migrará para outro partido, de preferência que integre a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Numa entrevista publicada na edição de sábado do jornal O Imparcial, o senador Roberto Rocha avisou que, qualquer que seja seu caminho partidário, sua candidatura ao Senado ou ao Governo será associada ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Rodrigo Pacheco causa mal-estar em apoiadores de Edivaldo Jr.
Corre nos bastidores que o presidente regional do PSD, deputado federal Edilázio Jr. e o pré-candidato do partido ao Governo do Estado, Edivaldo Holanda Jr. não teriam ficado nada satisfeitos com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Motivo: na sua estada em Imperatriz, ele jogou confetes na pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, elogiou aposição do senador Roberto Rocha, sem fazer qualquer referência ao pré-candidato do seu partido, Edivaldo Holanda Jr., que tem o apoio declaração do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Um apoiador do ex-prefeito de São Luís interpretou como descortesia a postura de Rodrigo Pacheco e garantiu que ele dificilmente terá seu voto se vier a ser confirmado candidato a presidente da República pelo partido.
São Luís, 28 de Fevereiro de 2022.