A proposta de construção de uma candidatura única de oposição com tintura de “terceira via” para disputar o Governo do Maranhão com o vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT) está colocada à mesa das negociações. Foi feita pelo deputado federal Hildo Rocha (MDB), que na semana passada reuniu os seus colegas João Marcelo (MDB), Josimar de Maranhãozinho (PL), Marrecas Filho (Patriotas), Edilázio Jr. (PL), Josivaldo JP (PTB) e o senador Roberto Rocha (sem partido) em um jantar em sua residência, em Brasília. A iniciativa, porém, esbarrou de cara na posição de Josimar de Maranhãozinho, que reafirmou sua pré-candidatura e deixou claro que não discute proposta que não tenha ele o cabeça da chapa. O foco do organizador e seus colegas foi o senador Roberto Rocha, que teria externado sua pretensão de ser candidato pelo PL, mas diante da reação de Josimar de Maranhãozinho, o projeto azedou durante o jantar e todos foram para casa com a sensação de ter participado da plantação de uma semente em solo esturricado.
A tentativa do deputado Hildo Rocha é complicada, a começar pelo fato de que quatro dos sete participantes do jantar são chefes regionais de partido sem a prerrogativa integral de fazer uma escolha majoritária tornando-a fato consumado. Os emedebistas Hildo Rocha e João Marcelo têm peso no MDB, mas não têm o poder de decidir nortear o partido para a seara bolsonarista. Para citar apenas um motivo: os deputados estaduais do MDB – Roberto Costa, Socorro Waquim e Arnaldo Melo – e a quase totalidade dos sete prefeitos do MDB declararam apoio e já participam dos atos de pré-campanha do vice-governador Carlos Brandão. Logo, é difícil imaginar uma reviravolta tão ampla e radical no braço maranhense do MDB.
Na mesma linha, surpreendeu a participação do deputado federal Edilázio Jr., que preside o PSD no Maranhão, nesse movimento, uma vez que seu partido tem um candidato com bom lastro, o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr.. Até onde se sabe, Edivaldo Holanda Jr. foi uma escolha do presidente nacional, Gilberto Kassab, no ato da sua filiação dele, Edivaldo Jr., em São Paulo. Além disso, o PSD tem tentado buscar uma candidatura presidencial própria, que pode ser a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG) ou a do atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que disse topar ser candidato se o PSD tiver realmente um projeto nacional sério e consistente. Logo, rifar Edivaldo Holanda Jr. e colocar o PSD do Maranhão num projeto de candidatura de oposição com viés bolsonarista pode ser um tiro no pé.
O deputado federal Josivaldo JP, recém nomeado presidente regional do PTB está se movimentando, mas dará qualquer passo sem a anuência integral do chefe maior do partido no plano nacional, Roberto Jefferson. É provável que uma candidatura única de oposição com viés bolsonarista venha a ser do agrado do chefão petebista, o que, se levado em frente, pode facilitar a vida de Josivaldo JP.
A ideia do deputado Hildo Rocha de lançar o senador Roberto Rocha ingresse no PL para ser o cabeça numa eventual chapa única de oposição encontra um obstáculo gigantesco: Josimar de Maranhãozinho. Isso porque, além da vaga de candidato a governador, Roberto Rocha quer o comando do PL. Tentou conseguir isso por meio dos Bolsonaro. Só que o chefe maior do PL, Waldemar Costa Neto, reagiu dizendo ninguém mexe com Josimar de Maranhãozinho, que tem total autonomia para decidir sobre o futuro do partido no Maranhão. Roberto Rocha tentou dobrar o deputado, mas ouviu dele várias vezes: para ingressar no PL, tem de declarar apoio público à sua candidatura a governador; caso contrário, não tem conversa. Roberto Rocha, claro, não topou, nem Josimar de Maranhãozinho cedeu. E mais: Roberto Rocha terá a mesma dificuldade se tentar entrar no Patriotas, pois Marreca Filho não dá um passo sem o sinal verde de Josimar de Maranhãozinho.
Além das limitações dos dois deputados do MDB, da barreira chamada Edivaldo Holanda Jr. que neutraliza o deputado Edilázio Jr., dos obstáculos formados por Josimar de Maranhãozinho no PL e Marreca Filho no Patriotas e da pouca autonomia de Josivaldo JP, o projeto de candidatura única de oposição pensado pelo deputado emedebista Hildo Rocha vai esbarrar numa muralha obstinada: Lahesio Bonfim (Agir36), bolsonarista independente, que afirma não abrir “nem para o trem”.
E assim, mesmo levando-se em conta que na política do Maranhão boi costuma voar, às vezes com asa quebrada, a ideia de uma candidatura única de oposição parece um exercício quimérico. Pelo menos por enquanto.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton tenta quebrar clima tenso dizendo que não briga com Dino e respeita Brandão
Pré-candidato ao Governo do Estado, o senador Weverton Rocha (PDT) tem acrescentado ao seu discurso de pré-campanha a preocupação de bombardear a acusação de que é o responsável pelo racha na aliança política e partidária construída pelo governador Flávio Dino (PSB). Sexta-feira, em Balsas, ao participar de um evento político, ele aproveitou para disparar contra esse clima de tensão que vem marcando a disputa entre ele e o vice-governador, afirmando que mantém lealdade política ao governador e que pretende ter uma relação harmônica com Carlos Brandão, que assumirá o Governo como titular em abril.
– Aos que desejam uma briga de Weverton com Flávio, ficarão frustrados, pois nossa divergência, quando há, é sempre no campo político e no campo leal das ideias, como a gente sempre fez. Todos sabem que, na sua decisão de apoiar o vice-governador, eu não segui por questões próprias e todos sabem disso. O local desse debate, nós temos, de forma respeitosa, porque tenho respeito pelo vice-governador e ele sabe disso – declarou, enfático.
Com declarações como essa, o senador Weverton Rocha reconhece que a acusação é desgastante e o incomoda. Manifestações como a feita em Balsas ajudam a quebrara animosidade que alguns gostariam de ver minando a relação com o governador e o vice-governador.
Prefeito reassume em Pinheiro sem a crise que tentaram montar com seu afastamento
O retorno do prefeito Luciano Genésio (PP) ao comando da Prefeitura de Pinheiro, ordenado por decisão do desembargador federal Cândido Ribeiro, se deu dentro das regras e da realidade. Recebeu o comando da vice-prefeita Ana Paula Lobato (PDT), que assumiu e controlou a situação no município, onde tudo correu normalmente. A Justiça entendeu que a denúncia da Polícia Federal, segundo a qual o prefeito Luciano Genésio comandaria um esquema de corrupção por meio de empresas, não foi confirmada. Mais de um mês depois de afastado, Luciano Genésio reassumiu sexta-feira (18).
Houve apostas elevadas numa possível crise entre os dois grupos, bancadas por opositores da aliança política e partidária selada em Pinheiro, tendo de um lado o prefeito Luciano Genésio de um lado, apoiado pelo deputado federal André Fufuca, presidente nacional e líder do PP na Câmara Federal, e de outro com a vice-prefeita Ana Paula Lobato, apoiada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB migrando para o PDT) e pelo senador Weverton Rocha (PDT).
A declaração do prefeito reempossado dizendo que teve o apoio da vice-prefeita Ana Paula Lobato e do deputado Othelino Neto funcionou como uma ducha de água fria na fonte do boato.
São Luís, 20 de Fevereiro de 2022.