A nítida tendência de polarização da corrida ao Palácio dos Leões pelo senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT, e pelo vice-governador Carlos Brandão, pré-candidato do PSDB – que pode migrar para o PSB -, coloca em xeque dois projetos de candidatura, o do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e o do senador Roberto Rocha, filiado ao PSDB, mas em busca de um novo partido para concorrer a um mandato majoritário, que em princípio será o de governador, segundo ele próprio. Os dois aspirantes ao comando do Executivo estadual estão praticamente empatados, segundo as duas pesquisas mais recentes. Na do DataIlha, Roberto Rocha aparece com 13% e Edivaldo Jr. com 9%, e na do Escutec, Edivaldo Jr. chegou a 12% e Roberto Rocha a 11%. Os números relacionados aos dois pré-candidatos indicam uma disputa dura entre eles, que só será verbalizada quando o senador Roberto Rocha resolver sua questão partidária e definir se será mesmo candidato a governador ou a senador.
O ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. se encontra numa situação pouco confortável. Os números expressivos de intenções de votos por ele obtidos nas últimas dez pesquisas o colocaram entre os quatro mais viáveis e o mantiveram no jogo, uma vez que produziram a perspectiva de que uma campanha forte poderia colocá-lo em condições de brigar por uma das vagas de um provável segundo turno. As duas últimas pesquisas, porém, o mostraram praticamente estacionado na zona que envolve os 10% das intenções de voto. E o seu freio de mão é exatamente o senador Roberto Rocha, que aparece nos dois levantamentos como o seu principal adversário, mesmo levando em conta a posição do prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, pré-candidato do Agir36 ao Governo do Estado, que também o ameaça.
Por sua vez, o senador Roberto Rocha, sem ser oficialmente candidato, mas com clara inclinação para disputar o Palácio dos Leões, deixando de lado o seu projeto preferido, que seria tentar a reeleição para o Senado numa disputa com o governador Flávio Dino (PSB), também se encontra estacionado na zona turbulenta que envolve os dez pontos percentuais. Se realmente está disposto a brigar pelos Leões, o senador terá de travar um combate inicial com o ex-prefeito de São Luís, para em seguida tentar tirar do páreo o senador Weverton Rocha ou o vice-governador Carlos Brandão. Se não seguir esse roteiro, Roberto Rocha será mais um figurante nessa corrida, que até aqui mostra o pedetista e o ainda tucano como favorito a uma disputa num eventual segundo turno.
Se vier a acontecer, o embate entre Edivaldo Jr. e Roberto Rocha será marcado por uma série de cuidados, tendo os dois de evitar ataques agressivos e pancadaria verbal. Pelo simples fato de que na hipótese de um deles chegar ao segundo turno, precisará do apoio do que ficou retido no primeiro turno, o que será bem mais fácil de não houver, mágoas e rancores entre eles. As duas campanhas para a Prefeitura de São Luís mostraram que Edivaldo Jr. não é afeito ao jogo pesado das acusações, preferindo o discurso propositivo. Já o senador Roberto Rocha tem bom discurso propositivo, mas tem também o pavio curto, como mostra aqui e ali nas redes sociais respondendo a provocações.
O fato é que Edivaldo Jr. e Roberto Rocha são dois pré-candidatos cuja viabilização dependerá do fracasso do outro, uma vez que é praticamente impossível que os dois avancem na mesma velocidade e na mesma proporção com o objetivo de ultrapassar os dois líderes. Ambos precisarão de muita habilidade política para essa medição de força, que a rigor começou no momento em que os números do Escutec chegaram ao conhecimento público.
PONTO & CONTRAPONTO
Lula tem vantagem quilométrica sobre Bolsonaro no Maranhão
Enquanto as peças do tabuleiro onde ocorre a disputa para o Governo do Estado não param de se movimentar, as peças da corrida à Presidência da República no Maranhão se mantêm estáveis. De acordo com a pesquisa Escutec, o ex-presidente Lula da Silva (PT) permanece consolidado com impressionantes 64% de intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) continua com 22%, o que dá ao líder petista uma vantagem quilométrica de 42 pontos percentuais, um quadro quase impossível de ser pelo menos fortemente alterado. A situação permanece a mesma em relação ao segundo time, com o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) com 6% e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com 5%, seguido do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) com 1%.
Um dado da pesquisa Escutec sobre a corrida ao Palácio do Planalto chamou a atenção ao informar que cinco pré-candidatos não pontuaram no Maranhão: Simone Tebet (MDB), Alexandro Vieira (Cidadania), Rodrigo Pacheco (PSD), André Janones (Avante) e Felipe d’Ávila (Novo).
Outro dado para ser avaliado: a rejeição. De acordo com o levantamento do Escutec, a rejeição dos pré-candidatos presidenciais é a seguinte: Jair Bolsonaro lidera com folga o time com 55% de rejeição, seguido por Lula da Silva com 18%, Sérgio Moro com 10%, Ciro Gomes com 5%, mesmo percentual de João Dória.
Pesquisas sobre corrida ao Governo podem influenciar disputa na Câmara de São Luís
Os números do DataIlha e do Escutec impactaram o cenário em que avança a corrida para o comando da Câmara Municipal de São Luís. Na avaliação de um conhecedor respeitado dos movimentos no parlamento ludovicense, o avanço do vice-governador Carlos Brandão na corrida aos Leões deve fortalecer a candidatura do vereador Paulo Victor (PCdoB) à presidência da Casa na disputa com o vereador Gutemberg Araújo (PSD), apoiado pelo atual presidente, Osmar Filho (PDT), um dos integrantes destacados do grupo liderado pelo senador Weverton Rocha. No meio dessa medição de força, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) deve articular no sentido de fortalecer a candidatura do vereador Gutemberg Araújo, que tem o seu apoio. Terá de fazer um trabalho intenso, uma vez que antes das pesquisas virem à tona, o candidato Paulo Victor tinha um voto a mais, cacife que pode aumentar se Carlos Brandão continuar crescendo. A eleição da nova Mesa da Câmara acontecerá em meados de abril.
São Luís, 24 de Fevereiro de 2022.