A pandemia causada pelo novo coronavírus escancarou de vez os problemas das cidades brasileiras, entre elas São Luís, no que diz respeito a infraestrutura, saneamento e geração de emprego e renda. Isso quer dizer, por exemplo, que governar a Capital do Maranhão, com seus 1,2 milhão de habitantes, significará também manter, ao mesmo tempo, políticas de assistência social e intensificar o combate à pobreza com geração de renda. E tudo indica que o eleitorado vai analisar cuidadosamente os candidatos e seus projetos, para escolher aquele que de fato poderá resolver a crise sanitária e crise econômica, encerre o século XX e insira a cidade no século XXI. Essa nova realidade imposta pela pandemia certamente vai diminuir o risco de aventura nessa eleição.
Os desafios e as perspectivas foram elencados por Rubens Pereira Júnior, atual secretário estadual das Cidades e Desenvolvimento Urbano, que se prepara para se desincompatibilizar na quarta-feira (03/06), para reassumir seu mandato de deputado federal pelo PCdoB, e assumir em definitivo a condição de pré-candidato à Prefeitura de São Luís com o aval do governador Flávio Dino. O processo de desincompatibilização se dará no pesado cenário de incertezas políticas, a começar pelas datas das eleições municipais, marcadas para 04 de Outubro (1º turno) e 25 de Outubro (2º turno), mas que poderão ser mudadas. Rubens Júnior defende o adiamento, por causa da pandemia, e propõe que o pleito seja realizado nos dias 15 de Novembro (1º turno) e 06 de Dezembro (2º turno). “Haverá tempo para a diplomação dos eleitos”, avalia.
Visivelmente disposto a chegar à Prefeitura de São Luís, que em princípio é também cobiçada por 11 pré-candidatos, o ainda secretário das Cidades avalia que, além de escancarar os problemas de infraestrutura urbana, sociais e econômicos de São Luís, a pandemia do novo coronavírus imporá também mudanças drásticas no modelo das cidades. Nada será como antes, na sua avaliação. “Vamos ter de mudar o conceito de transporte de massa, de concentrações, do trabalho em grupo, das áreas de lazer. Teremos de usar muita tecnologia”, prevê, chamando atenção para o fato de que todas essas mudanças terão de ser feitas paralelamente a um “combate enérgico” à pobreza, com a manutenção das políticas sociais e programas arrojados de geração de emprego e renda. As mudanças exigirão muito planejamento e, principalmente, “muita determinação”.
Rubens Júnior diz que, em vez de assombrá-lo, desmotivá-lo, os problemas causados e exacerbados pela pandemia aumentaram sua determinação de chegar à Prefeitura de São Luís, cidade onde nasceu, estudou – é advogado formado na UFMA -, constituiu família e se iniciou na política. “Me preparei a vida inteira para isso”, diz, ao alto dos seus 36 anos, dois mandatos de deputado estadual e cumprindo o segundo de deputado federal. E exibindo convicção insuspeita, acrescenta que sabe exatamente o que fará se o eleitorado o instalar no gabinete principal de do Palácio de la Ravardière a partir do dia 1º de Janeiro do ano que vem. E não esconde sua linha de ação: “Sou da Escola Flávio Dino de fazer política, que é focar nos mais pobres, como fez também o presidente Lula”.
Quando reassumir seu mandato parlamentar na quinta-feira, Rubens Júnior assumirá também a condição de pré-candidato à prefeito, mas assinalando que seu foco será a pandemia. Paralelamente, intensificará articulações para consolidar sua pré-candidatura dentro e fora do partido, certo de que já conta com o apoio do PP, comandado no estado pelo deputado federal André Fufuca, e pelo DC. Avalia que poderá ter o PT e o Cidadania nessa aliança. Indagado sobre o PDT, diz que tem boas relações com o senador Weverton Rocha, presidente do partido e que ainda não retirou a pré-candidatura do vereador-presidente Osmar Filho, e com o prefeito Edivaldo Holanda Júnior. “Se não fizermos uma aliança no primeiro turno, nos juntaremos no segundo, mas o certo é que não haverá briga entre nós”, assinala.
O fato é que, mesmo em meio a um cenário nebuloso causado pela pandemia do novo coronavírus e pela incerteza com relação às eleições municipais, Rubens Júnior assumirá sua posição de pré-candidato determinado chegar ao comando da Prefeitura de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Especial
Manifesto mobiliza democratas contra crises e tensões que assolam o Brasil
Ciente do risco que correm as instituições democráticas por conta articulação de forças minoritárias e antidemocráticas que tentam arrastar o Brasil para o limbo do reacionarismo político, e também dos gigantescos desafios sanitários, sociais e econômicos que foram impostos ao País e ao mundo pela pandemia do coronavírus, a Coluna abre espaço para o movimento suprapartidário e sem amarras ideológicas, por meio do qual democratas brasileiros chamam a Nação à razão para garantir que nosso País continue como uma democracia estável, que comporta os choques das diferenças. Trata-se do Manifesto Estamos Juntos, assinado por ex-presidentes, governadores, prefeitos deputados, senadores, vereadores, sindicalistas, artistas, intelectuais, professores, profissionais de todas as áreas, todos cidadãos conscientes da importância que é viver em democracia. Segue a íntegra do Manifesto, até ontem à noite assinado por mais de seis mil pessoas, entre elas personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador Flávio Dino (PCdoB).
Manifesto Estamos Juntos
Brasil, 29 de maio de 2020
Somos cidadãs, cidadãos, empresas, organizações e instituições brasileiras e fazemos parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a democracia.
Somos a maioria e exigimos que nossos representantes e lideranças políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país.
Somos a maioria de brasileiras e brasileiros que apoia a independência dos poderes da República e clamamos que lideranças partidárias, prefeitos, governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação.
Somos mais de dois terços da população do Brasil e invocamos que partidos, seus líderes e candidatos agora deixem de lado projetos individuais de poder em favor de um projeto comum de país.
Somos muitos, estamos juntos, e formamos uma frente ampla e diversa, suprapartidária, que valoriza a política e trabalha para que a sociedade responda de maneira mais madura, consciente e eficaz aos crimes e desmandos de qualquer governo.
Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum. Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia.
Defendemos uma administração pública reverente à Constituição, audaz no combate à corrupção e à desigualdade, verdadeiramente comprometida com a educação, a segurança e a saúde da população. Defendemos um país mais desenvolvido, mais feliz e mais justo.
Temos ideias e opiniões diferentes, mas comungamos dos mesmos princípios éticos e democráticos. Queremos combater o ódio e a apatia com afeto, informação, união e esperança.
Vamos juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro.
São Luís, 31 de Maio de 2020.