O deputado Marco Aurélio (PCdoB) fez ontem mais um forte movimento para deflagrar a guerra pela Prefeitura de Imperatriz na eleição do ano que vem. E o fez da tribuna da Assembleia Legislativa, onde por mais de uma hora falou da sua trajetória política, da sua pré-candidatura, da sua relação política e afetiva com a Princesa do Tocantins e da sua determinação de chegar ao seu comando pelo voto direto. Já definido pré-candidato do PCdoB à sucessão do prefeito Assis Ramos (DEM), lançado em ato que deu origem ao movimento “Imperatriz Pode Mais”, há exatos dois meses, Marco Aurélio reafirmou, de maneira enfática, sua pré-candidatura, e mais do que isso, deixou claro que esse projeto é irreversível, que acredita na sua viabilidade, e que seus movimentos são mesmo de pré-campanha. Destacou o apoio do deputado Rildo Amaral (Solidariedade) e do secretário de Infraestrutura, Clayton Noleto (PCdoB), que abriram mão dos seus projetos de candidatura para apoiá-lo, e foi surpreendido com o aval de 15 deputados, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), que elogiaram sua trajetória política, sua atuação parlamentar, o seu trabalho como líder do bloco governista e, em especial, sua saudável “obsessão” de colocar Imperatriz em tudo o que faz.
Com a reafirmação enfática do seu projeto de candidatura, e se definindo politicamente como “fruto de um sonho”, o deputado Marco Aurélio começa, de fato, a dar o tom da corrida sucessória municipal. Tem plena consciência de que, mesmo diante de pesquisas que o apontam como favorito, vai enfrentar uma disputa dura. Terá de enfrentar, de um lado, o prefeito Assis Ramos, que tem sinalizado estar determinado a brigar pela reeleição, e de outro o ex-prefeito Ildon Marques (PSB), que também parece decidido a guerrear pelo comando municipal. Além do seu cacife pessoal de duas vezes o deputado estadual mais bem votado em Imperatriz, depois de ter sido o vereador mais votado em 2013, Marco Aurélio entra na disputa com um cacife que poderá ser decisivo: ele tem o aval e o apoio do governador Flávio Dino.
E mesmo com o prestígio do mandato, o poder de fogo das alianças e da força do apoio do seu partido, Marco Aurélio deixou claro que sua maior aposta é a sua sintonia com os imperatrizenses, que pretende estreitar pelo movimento Imperatriz Pode Mais: “Todos sabem que sou pré-candidato a prefeito de Imperatriz, mas nunca abordei esse assunto aqui nesta Tribuna. E hoje, de uma maneira muito especial, venho falar desse desafio e do momento que nos traz por meio do movimento: ´Imperatriz Pode Mais`. Prosseguiu lembrando que em cinco anos como deputado estadual, muitas vezes ocupou aquela tribuna, “que me deu voz, que me trouxe a oportunidade de representar o meu povo em tantas causas, e conseguimos resolver tantos problemas da nossa região, tanto por esta tribuna como pela nossa luta itinerante, de articulação, de busca. Agora, eu venho também falar deste movimento”. E acrescentou: “fui abraçado pelo povo de Imperatriz, e é por esse povo que luto a cada dia, para mostrar que ele e nossa cidade podem mais”.
O deputado Marco Aurélio alimenta, de fato, um “caso de amor”, com Imperatriz. E isso é evidenciado a todo momento na Assembleia Legislativa, onde ele intercala sua eficiente ação como líder do poderoso Bloco Parlamentar Unidos pelo Maranhão, formado por 26 dos 42 deputados, com seus compromissos relacionados com Imperatriz. Dentre os inúmeros registros dessa agenda, um pode ser apontado como exemplo: a luta titânica e bem-sucedida que travou pela criação e consolidação da Uema-Sul, hoje uma realidade. Quando o debate envolve Imperatriz, o Marco Aurélio via de regra acrescenta uma forte dose de emoção ao seu perfil ponderado, racional e conciliador. O discurso de ontem deixou isso muito claro.
O discurso, que se transformou num expressivo ato político, mostrou que sua pré-candidatura ao cargo de prefeito de Imperatriz é um desdobramento natural desse processo.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto mostra consistência na abordagem de temas complexos
Na abordagem de dois temas no podcast desta semana, divulgado ontem, deputado Othelino Neto (PCdoB) dá demonstração contundente de que está preparado para debater, em qualquer nível, temas complexos da atualidade, dando consistência à sua presença no comando do Poder Legislativo. Nos dois casos, ele fala com segurança de assuntos técnicos e políticos e critica, com argumentos e serenidade, a postura do Governo Federal e do presidente da República.
No primeiro caso, o presidente da Assembleia Legislativa critica os erros grosseiros do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em relação à tragédia ambiental em curso por conta da ainda inexplicada chegada de grande quantidade de óleo cru ao litoral nordestino, incluindo o maranhense. Com a experiência de ambientalista militante – foi um dos fundadores do PV no Maranhão – e com a autoridade de ex-secretário de Meio Ambiente, ele afirma que a situação poderia ter sido minimizada se o ministro do Meio Ambiente e o presidente da República não tivessem sido omissos no início do problema. “Eles preferiram fazer de conta que o problema não existia”, acusa. Na sua avaliação, a ação tardia do Governo contribuiu decisivamente para a consumação de uma tragédia cujo tamanho ainda será dimensionada por universidade. “O Governo Federal não assumiu seu compromisso, e o próprio presidente da República não assumiu suas responsabilidades como deveria”, diz.
No segundo, o deputado Othelino Neto mostra que o presidente Jair Bolsonaro não tem mesmo noção do que é ser um chefe de Estado, e que isso ficou claro com a sua atitude inacreditável de se recusar a cumprimentar o presidente eleito da Argentina, o peronista (centro-esquerda) Alberto Fernández, tendo como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. O presidente da Alema diz ser inconcebível que o presidente de um país como o Brasil, líder na região, se recuse a cumprimentar o presidente eleito de um vizinho como a Argentina, que é um dos seus mais importantes parceiros comerciais. Assinala que até o norte-americano Donald Trump, que não suporta a esquerda, cumpriu a praxe protocolar e cumprimentou o novo líder argentino. E avalia que a volta da esquerda na Argentina e sua permanência certa na Bolívia e quase certa no Uruguai, assim como os levantes populares no Equador e no Chile contra governos de direita mostram que o liberalismo econômico, a exemplo do que está sendo implantado no Brasil, tem produzido fracassos, desempregos e aumento da pobreza. Faz assim uma leitura correta do cenário latino-americano.
Sarney deve estar perplexo com as atitudes de Bolsonaro
Mergulhado na sua conhecida discrição, o ex-presidente José Sarney (MDB) deve estar horrorizado com a atitude inclassificável do presidente Jair Bolsonaro de não cumprimentar o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, por ser ele um peronista, de centro esquerda. Além da sua visão de estadista e da sua índole conciliadora, José Sarney deu seguidos exemplos de que é possível conciliar interesses, mesmo quando eles se confrontam. E o mais importante desses exemplos aconteceu quando ele era presidente do Brasil, cuidando de restaurar a democracia – um dos seus primeiros atos foi o de legalizar os partidos de esquerda, a começar pelo PCdoB. O mesmo cenário ocorria na Argentina, com a eleição de Raúl Alfonsin, um democrata do Partido Radical, de centro direita, com o desafio de restaurar a democracia depois de anos de ditadura violenta. Os dois se juntaram, trocaram experiências na tarefa de varrer a sujeira deixada pela ditadura, estimularam movimentos democráticos na região e, numa parceria histórica, negociada com pragmatismo político e eficiência diplomática, construíram sua maior obra conjunta, o Mercosul, apesar da má vontade dos Estados Unidos, então presididos pelo ultraconservador republicano Ronald Reagan.
Diante do que está acontecendo, José Sarney deve estar perplexo e, muito provavelmente, envergonhado.
São Luís, 31 de Outubro de 2019.