Dos quatro quadros que se movimentam com o objetivo de representar o futuro Governo no Maranhão, o que mais vem ganhando espaço é o deputado federal reeleito Aluísio Mendes. Policial federal e hoje um político independente dentro do Grupo Sarney, apoiou no 1º turno o candidato presidencial do seu partido, Álvaro Dias, e no 2º turno abraçou a candidatura de Jair Bolsonaro. Integrante da bancada ligada à segurança pública e de grupos formados por deputados oriundos da área policial, como é o caso do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, o deputado Aluísio Mendes estaria sendo escalado para ser um dos articuladores do novo Governo na Câmara Federal. É verdade que nada existe de concreto ainda, mas a julgar pelo que se ouve nos bastidores, Aluísio Mendes terá espaço amplo no novo Governo, devendo usar esse trunfo para ampliar seu raio de ação política no Maranhão.
A ex-prefeita Maura Jorge já ocupa um espaço no movimento de Jair Bolsonaro, por ter abraçado sua candidatura ainda no início da corrida eleitoral, quando deu um “chega-pra-lá” no coronel Ribamar Nogueira, que se lançara candidato bolsonarista no estado. Sozinha e sem as condições mínimas para atuar em campanha, a ex-prefeita de Lago da Pedra foi a Brasília, declarou apoio ao então pré-candidato e obteve dele o aval para falar em seu nome no Maranhão durante a campanha. O presidenciável Jair Bolsonaro fez escala em São Luís durante a corrida às urnas, declarando, em alto e bom som, que a candidata ao Governo do Estado seria sua representante no Maranhão, declarações que a levaram ao terceiro lugar. Sem um cacife definido, mas com visível disposição para embalar sua carreira no estado, Maura Jorge pode até vir a liderar o “bolsonarismo” no estado e será sempre um quadro importante nessa novidade.
Uma das raposas da política de São Luís, que já presidiu a Câmara Municipal da Capital por três mandatos, Chico Carvalho foi um dos fundadores do PSL no Maranhão, tendo sido apanhado de surpresa pelo furacão do seu partido na corrida presidencial e foi “atropelado” por Maura Jorge no comando das ações para fortalecer a presença de Jair Bolsonaro no estado. Essa medição de forças resultou no rompimento dos dois, com xingamentos de parte a parte. Provavelmente movido pela certeza de que dificilmente continuará a comandar o PFL no Maranhão, Chico Carvalho vem tentando se articular nacionalmente, tendo como “padrinho” o senador capixaba Magno Malta, um dos políticos mais próximos do presidente eleito Jair Bolsonaro. Sua posição ainda está indefinida e ele continua à frente do partido.
Recentemente, a seara bolsonarista ganhou um interessado de peso, o senador Roberto Rocha, que preside o PSDB no Maranhão. Humilhado nas urnas e sem saber exatamente o que acontecerá com o outrora poderoso partido dos tucanos depois que o seu presidente, Geraldo Alckmin, também quase foi reduzido a pó na corrida ao Planalto, Roberto Rocha enxerga no Governo de Jair Bolsonaro uma espécie de luz no fim do túnel em que se encontra. Tanto que furou o cerco e foi recebido pelo presidente eleito a quem apresentou o projeto Zema, estimulando seus críticos a semear o factóide segundo o qual ele estaria de olho num ministério. Há quem diga que num grande lance o senador Roberto Rocha poderá vir a ser o “homem” de Bolsonaro no Maranhão, o que não se pode descartar, já que um senador vale muito para um governo que chega precisando desesperadamente de apoio no Congresso Nacional.
É cedo ainda para se saber quem vai dar as cartas em nome do Governo Jair Bolsonaro no Maranhão. Isso porque será uma guerra dura, já que o troféu é rico, começando pelo poder de influenciar na indicação de centenas de cargos de alto, médio e baixo escalão no braço maranhense da máquina federal.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino prevê um 2019 sombrio
“Tudo indica que 2019 será mais um ano de recessão e conflitos sociais no Brasil. Finanças públicas de muitos estados e municípios entrarão ou continuarão em colapso. Prosseguirei atento para evitar que isso aconteça no Maranhão. Mais um deserto a atravessar. Tenhamos fé”.
Com a declaração, divulgada ontem no twitter, o governador Flávio Dino (PCdoB) prevê um quadro sombrio para o Brasil sob o Governo de Jair Bolsonaro (PSL). Tal expectativa é compartilhada por muitos especialistas, que duvidam que o novo presidente e sua equipe assumam com fórmulas prontas e capazes de assegurar uma gestão sem maiores problemas. Os sintomas de que os brasileiros devem se preparar para o que vem por aí estão nos próprios desencontros de informação que têm marcado as falas dos porta-vozes informais do presidente eleito. Analistas independentes duvidam que o próximo Governo venha a ser um controle forte sobre o Congresso Nacional para dar as cartas. Um dos sinais mais evidentes de que a situação será complicada e exigirá que o Governo baixe a crista e sente à mesa de negociações foi emitido ontem pelo presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Perguntado sobre a possibilidade d a Câmara se reunir para votar a Reforma da Previdência ainda neste ano, ele respondeu: “Pode sim. Mas o Governo terá de negociar”. Para bom entendedor, uma frase basta.
César Pires descarta assumir liderança da Oposição na Assembleia Legislativa
Cotado para ser o líder da Oposição na nova Assembleia Legislativa, o deputado César Pires (PV), reeleito para o quinto mandato, descarta enfaticamente a possibilidade de assumir tal tarefa. Ele avalia que será mais útil à sua corrente politica e ao Maranhão usar a sua experiência para fazer uma Oposição técnica, pontual, caso a caso, projeto a projeto. Agora um dos “sábios” do Legislativo estadual, devido à experiência acumulada e ao conhecido pendor para estudar à fundo temas polêmicos, o deputado César Pires está convencido de que poderá dar uma contribuição muito maior ao parlamento ficando desobrigado das tarefas que teria de assumir como líder oposicionista. Além do mais, a Oposição na Assembleia Legislativa terá um papel complicado, a começar pelo seu tamanho. A bancada governista contará com pelo menos 35 dos 42 deputados, restando sete parlamentares não alinhados, dos quais três permanecerão no muro e quatro assumirão a condição de oposicionistas para valer: Adriano Sarney (PV), Arnaldo Melo (MDB), César Pires (PV) e Wellington do Curso (PSDB). Na avaliação de Cpesar Pires, a liderança deve ficar com Adriano Sarney.
São Luís, 31 de Outubro de 2018.