Arquivos mensais: abril 2016

PMDB, PSDB, PSB e PT dependem do desfecho do impeachment para definir candidaturas à Prefeitura de São Luís

 

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Edivaldo Jr. e Eliziane Gama estão livres para seguir em frente

Com exceção do PDT, que já tem o prefeito Edivaldo Jr. como candidato à reeleição, e do PPS, que já definiu a candidatura da deputada federal Eliziane Gama, os grandes partidos só vão bater martelo definindo candidatos ou alianças depois que o Senado anunciar o resultado do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), em meados ou no final de maio. Até lá, o que houver de conversa sobre a corrida para a Prefeitura de São Luís no PMDB, no PSDB, no PT e no PSB  será apenas chama de fogo brando para alimentar o cenário, porque nenhum desses partidos vai se posicionar em meio a um processo de deposição presidencial que pode mudar radicalmente a posição de cada um deles no contexto nacional e, por via de desdobramento, no dia a dia dos municípios. Há entre eles expectativas alvissareiras de chegar ao poder, o que lhes dará ânimo para planejar campanhas otimistas, como também existe possibilidade de chegarem ao fim da crise atirados no mais profundo limbo político, o que os obrigará a lutar com unhas e dentes pela sobrevivência.

O PMDB é o partido mais envolvido com a crise, o que explica sua indefinição na escolha do candidato que mandará para as ruas para enfrentar o prefeito Edivaldo Jr. e a deputada Eliziane Gama. A explicação para essa postura é simples e ganhou forma depois que o pedido de impeachment chegou ao Senado da República e com previsão quase unânime de que seguirá em frente, com o afastamento e julgamento final da presidente Dilma Rousseff. Se esse desfecho se confirmar e o vice Michel Temer se tornar presidente, o PMDB ganhará nova musculatura e entrará na briga com força descomunal. Nesse cenário de volta ao poder, o partido finalmente decidirá se mandará para a guerra pelo voto a deputada Andrea Murad ou o vereador Fábio Câmara, dois quadros da nova geração pemedebista. Se a presidente Dilma Rousseff sobreviver ao impeachment, o PMDB enfrentará sérias dificuldades, podendo inclusive não lançar candidato, o que contrariará a maior fatia do partido.

A situação do PSDB é a mesma. Muito criticado por supostamente estar tentando levar os tucanos para uma aliança com Edivaldo Jr., o presidente regional do PSDB, vice-governador Carlos Brandão, está, na verdade, evitando tomar uma decisão precipitada antes do desfecho do impeachment. Brandão avalia que se a presidente Dilma cair, o PSDB ganhará força, participando ou não do Governo do pemedebista Michel Temer. Nesse caso, terá força política para tomar qualquer decisão, inclusive a de lançar candidato, o que, se ocorrer, resultará de uma briga entre o deputado federal e ex-prefeito João Castelo, o deputado estadual licenciado e secretário de Estado de Desenvolvimento Social Neto Evangelista, e o deputado estadual Sérgio Frota. Mesmo se o desfecho do impeachment for favorável à Dilma, o partido terá de escolher entre ir para a briga ou poupar fôlego numa aliança com o prefeito Edivaldo Jr., como quer o governador Flávio Dino (PCdoB).

O PSB vive mais ou menos o mesmo drama, agravado por uma disputa interna de consequências imprevisíveis. Rompido com a presidente Dilma Rousseff e agora na oposição, o PSB aposta alto numa sobrevida no novo cenário, mesmo sabendo que se a presidente escapar à degola do seu mandato, os socialistas estarão com um pé no purgatório, podendo até mesmo reatar a relação com o PT. Mas se a presidente cair, PSB vai cobrar poder. No Maranhão, duas correntes do partido travam uma guerra sem trégua pelo poder, sendo uma delas comandada pelo presidente Luciano Leitoa, prefeito de Timon, e outra pelo senador Roberto Rocha, que tem o controle do partido em São Luís. E no meio dessa briga o deputado estadual Bira do Pindaré, que se lançou candidato, mas depende do aval do senador Roberto Rocha, que não o quer candidato. Vozes ligadas ao senador andaram soprando que a candidatura de Bira do Pindaré não irá a lugar algum.

De todos os partidos que “seguram” definição, o de situação mais complicada é o PT. Algumas vozes do petismo maranhense vêm pregando a candidatura própria como um caminho para a reabilitação política e eleitoral, independentemente do que venha a acontecer no processo de impeachment. Avaliam que o partido tem muitas feridas abertas por esse longo período de aliança com o PMDB, quando sofreu perdas graves, como o deputado Bira do Pindaré, hoje no PSB, e o ex-deputado federal Domingos Dutra, hoje no PCdoB e candidato a prefeito de Paço do Lumiar. Marcado por divisões internas, o partido tem dois rumo possíveis em São Luís: lançar candidato próprio e correr o risco de ser trucidado nas urnas ou embarcar numa aliança com o PDT em torno da candidatura do prefeito Edivaldo Jr.. Qualquer outro cenário será puro devaneio. Mas, mais do que os demais partidos, o PT depende do desfecho do processo de impeachment para definir seu rumo. Se a presidente Dilma Rousseff se safar do impedimento, o PT pode lançar candidato e entrar na briga para valer; mas se a presidente for mandada para casa, dificilmente o partido lançará candidato.

Esse compasso de espera favorece diretamente ao prefeito Edivaldo Jr., que não está limitado e acelera o passo em ritmo de campanha, inaugurando e anunciando obras. Beneficia também, em certa medida, a deputada Eliziane Gama, que, como o prefeito, não tem sua candidatura condicionada ao futuro da presidente Dilma Rousseff.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Uma coisa, outra coisa I
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Entre o ministro Nelson Barbosa e o relator senador Antonio Anastasia, o ministro José Eduardo Cardozo defende a presidente Dilma Rousseff

Quem acompanhou as reuniões da Comissão Especial da Câmara Federal que gerou o polêmico relatório favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e assiste agora às reuniões da Comissão Especial do Senado tem a clara noção da diferença do que é uma Casa legislativa manobrada por políticos espertos e manipuladores e uma Casa legislativa onde a postura é radicalmente diferença. A Câmara se moveu pela manipulação, com a esmagadora maioria orientada por seus chefes, principalmente o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que levou aos mais 350 deputados “pró-impeachment” a protagonizar um espetáculo da pior qualidade, alvo de crítica da maioria dos brasileiros, votando por filho, pais, parente, esposa, marido corrupto, coronel torturador, cachorro, vaca, e por aí vai. A maioria dos deputados federais revelou que não leu o relatório, que não tinha noção clara do que estavam decidindo e se mostraram preocupados em mostrar serviço aos seus chefes. No Senado a situação é completamente diferente. O trabalho da Comissão Especial do Senado é outra coisa, mais sereno, mais equilibrado, com um nível de debate elevado, com momentos de tensão, com afirmações duras, com ataques fortes, mas em nenhum deles a extrapolação dos limites. E essa serenidade verificada na Comissão do Senado.

Uma coisa, outra coisa II

O ambiente de civilidade política verificado nas reuniões da Comissão do Impeachment no Senado da República permitiu o surgimento de duas situações absolutamente distinta das verificadas na Comissão e no plenário da Câmara Federal. Primeira, um debate de nível elevado, duro, com ataques e defesas, mas rigorosamente dentro dos limites de relações respeitosas. Segunda, acusadores e defensores da presidente Dilma Rousseff tiveram tempo de sobra para expor e defender os seus pontos de vista. Nesse contexto, acusadores Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr. e os defensores o advogado geral da União José Eduardo Cardozo, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu puderam apresentar seus argumentos com tranquilidade sem a pressão violenta verificada na Câmara Federal, onde as reuniões foram sempre tumultuadas e manipuladas. Sem o tumulto, os acusadores tiveram de se enquadrar nas regras e, por isso, seus argumentos encolheram, fazendo com que Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr. se perdessem na acusação, deixando a oposição visivelmente preocupada e até decepcionada. Já ontem, a defesa pôde, finalmente, bater forte com as suas teses, o que preocupou ainda mais os senadores do PSDB. No final da reunião ontem, a impressão deixada foi a de que o movimento contra o impeachment ganhou força.

 

São Luís, 29 de Abril de 2016.

Waldir Maranhão começa a pagar preço alto por ter contrariado o PP na votação do impeachment

 

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Waldir Maranhão: começa a pagar preço alto por voto a favor da presidente Dilma Rousseff  no impeachment na Câmara Federal

Todas as avaliações feitas sobre os votos maranhenses na sessão da Câmara Federal que autorizou o Senado da República a instaurar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), a mais enfática foi, sem dúvida, a reviravolta protagonizada pelo 1º vice-presidente da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP), que na antevéspera da votação foi dormir afinado com seu partido e com seu padrinho, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com voto certo a favor do impeachment, e acordou na véspera aliado da chefe da Nação, agora sob a orientação do governador Flávio Dino (PCdoB). Quando votou, fez questão de jurar fidelidade ao deputado-presidente perante o parlamento e a milhões de brasileiros que assistiram, incrédulos, ao seu voto inusitado e surpreendente. Waldir saiu da sessão festejado pelos aliados da presidente, mas consciente de que aquela manifestação lhe imporia um custo político muito elevado.

As bordoadas no 1º vice-presidente da Câmara não demoraram. Já na segunda-feira (18), Waldir Maranhão recebeu a maior de todas: por haver mudado de posição e votado em defesa da presidente da República, o parlamentar perdeu o comando do PP no Maranhão e foi ainda bombardeado pela informação – logo desmentida – segundo a qual seria expulso do partido. Waldir enfrentou a ira dos caciques do PP, que não engoliram o seu voto e imediatamente dispararam retaliações: fez uma intervenção branca na Comissão Provisória do Maranhão, tirou-lhe o comando do partido o entregou ao deputado André Fufuca, recém-filiado ao partido. Em relação ao Governo, Waldir Maranhão conseguiu manter o controle sobre alguns cargos federais no Maranhão e deve também ganhar um quinhão, ainda que modesto, na administração do governador Flávio Dino.

Entre seus colegas, a impressão dominante é a de que Waldir Maranhão saiu do episódio mais prestigiado pela presidente Dilma Rousseff e por alguns dos seus aliados mais próximos, mas também ganhou a ira dos adversários da presidente, que não engoliram a sua virada de mesa, deixando de cumprir o voto anti-Dilma. O 1º vice-presidente da Câmara Federal vive, assim, a incômoda dualidade do deputado que descumpriu a orientação e passou a se movimentar como uma espécie de vilão dentro do PP, onde perdeu todos os postos, mas ao mesmo tempo desfrutando do apoio dos aliados da presidente Dilma dentro e fora do Maranhão. Tenta se adaptar à essa situação nova, que terá um desfecho definitivo quando o Senado bater martelo em relação ao pedido de impeachment. Se o processo seguir em frente e a presidente Dilma cair, Waldir Maranhão terá confirmado os revezes que estão desenhados na sua frente – perda de prestígio, restrições do novo governo e até mesmo um provável “chega-pra-lá” do presidente Eduardo Cunha, apesar da jura de fidelidade. Mas se a presidente Dilma escapar, Waldir Maranhão terá dado a cartada certa e sobreviverá como aliado de proa do Palácio do Planalto, onde seu prestigio deve disparar.

Há quem diga que enquanto a situação não se define, Waldir Maranhão aproveita para trabalhar com o objetivo de melhorar seu cacife no partido e junto ao presidente Eduardo Cunha (PMDB), como também intensifica suas relações com o núcleo que cerca a presidente Dilma e os partidos que lhe dão sustentação. Sabe que se meteu numa enrascada de grandes proporções e que somente os afagos do Palácio dos Leões não serão suficientes para tocar sua vida política e encarar uma reeleição daqui a dois anos.

Ontem, circulou a segundo a qual Waldir Maranhão teve negado na Justiça pedido seu para que o comando do PP no estado lhe fosse devolvido, numa evidência de que sua vida não será nada fácil no campo partidário, pois terá de se contentar – pelo menos por enquanto – com o suporte político que está recebendo do governador Flávio Dino e dos apoiadores da presidente da República.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Wellington atropela Waldir Maranhão e ganha o comando do PP em São Luís para ser candidato a prefeito
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Wellington do Curso teve o apoio de Andre Fufuca para assumir PP em São Lupis

O deputado Wellington do Curso (PP) conseguiu o que mais almejava nos últimos dias: obter carta branca do seu partido para sair candidato à Prefeitura de São Luís. A garantia foi obtida numa articulação feita pelo agora presidente da agremiação, deputado federal André Fufuca (PP), com o presidente nacional, senador Ciro Nogueira, que, segundo uma fonte acreditada, estaria querendo ver o 1º vice-presidente da Câmara Federal pelas Costas. O problema maior é que Waldir Maranhão terá de se conformar com a condição de rejeitado dentro do PP, já que ele não tem a opção de mudar de partido, já que com o fechamento da “janela partidária” essa possibilidade se esgotou. Wellington do Curso, que deixou o PPS, aonde vinha dando suporte à pré-candidatura da deputada Eliziane Gama, agora tem a grande oportunidade de dar ao projeto de candidatura o lastro que ele estava tentando viabilizar para tentar chegar ao Palácio de la Ravardière.

Eleição movimenta as escolas de ensino médio no Maranhão
eleição escolar
Estudantes do IEMA elegem representantes no Colegiado que comanda o ensino no Estado

Termina hoje o prazo para que as escolas de que realizaram eleições para  coordenação das eleições para os cargos do Colegiado Escolar, biênio de 2016/2018, da Rede de Ensino Público do Maranhão. O pleito foi realizado terça-feira realizado terça-feira (26). O prazo para que as Unidades Regionais de Ensino (UREs) encaminhem os relatórios para a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) com os nomes dos eleitos encerra hoje (29). Após a computação de todos os votos e da leitura dos relatórios será definida a data para a posse dos eleitos.  As eleições movimentaram cerca de 200 mil eleitores, entre estudantes, professores, servidores escolares e pais de alunos. “O colegiado fortalece as ações democráticas no ambiente escolar e integra a política educacional do governador Flávio Dino, iniciada em 2015 com a eleição direta para gestor escolar. Conta com a representação de pais, servidores da escola, alunos e professores na tomada de decisões e isso impacta na melhoria do ensino e prepara nossos alunos para o exercício da cidadania”, assinalou a secretária adjunta de gestão das regionais, Rosyjane Paula.  Para quem não sabe, o Colegiado Escolar é um órgão constituído por representantes dos diversos segmentos da comunidade escolar – pais, estudantes, professores e demais servidores, objetivando a participação nas decisões da escola, no âmbito administrativo, político-pedagógico e financeiro. Emite opiniões, toma decisões, elabora diagnóstico, fiscaliza, apoia, promove e estimula a comunidade escolar em busca da melhoria da qualidade do ensino. Além disso, decide e/ou opina sobre aspectos da vida pedagógica, administrativa e financeira das escolas; delibera sobre as questões da escola, propondo alternativas e procedimentos para a melhoria da qualidade do trabalho escolar, respeitando a legislação em vigor; acompanha e avalia os resultados pedagógicos, administrativos e financeiros da escola. Uma grande inovação. O professor de matemática Wuimair da Gama Rocha, há mais de 30 anos de profissão, sendo 15 destes dedicado a rede estadual de ensino, especificamente ao Liceu Maranhense, é um dos candidatos dentro do segmento dos professores.  “Essa é uma boa oportunidade para que possamos alinhar os nossos discursos e debater melhorias para a classe dos professores e consequentemente a situação do alunado. Precisamos unir forças e focar nos nossos objetivos”, ressaltou. Cada escola pode eleger de quarto a 16 membros representando os segmentos da comunidade escolar e seus respectivos suplentes. As eleições para a formação do Colegiado

São Luís, 28 de Abril de 2016.

Denúncia do Ministério Público sobre construção de hospitais coloca em risco o futuro político de Roseana Sarney

17/01/2013. Crédito: Honório Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luis - MA. Governadora Roseana Sarney, lança programação do Carnaval 2013, durante coletiva á imprensa.
Roseana terá de explicar suspeitas de irregularidades na construção de hospitais

 

A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, e mais 15 pessoas vão ter de explicar suspeita de irregularidades na construção de 64 hospitais do programa Saúde é Vida, em que foram gastos R$ 151 milhões.  A pancada mais forte atinge exatamente a ex-governadora, no exato momento em que ela está atuando como articuladora para consumar o processo de impeachment destinado a derrubar a presidente Dilma Rousseff (PT). Roseana Sarney, o ex-secretário Ricardo Murad e outros quinze envolvidos diretamente com o programa foram denunciados pelo promotor Lindonjonson Gonçalves de Souza, acusados de cometer crimes de dispensa ilegal de licitação, fraude a licitação, peculato, falsidade ideológica e associação criminosa, o que, somadas as penas possíveis, podem condenar a ex-governadora e o ex-secretário de Estado da Saúde a 29 anos de prisão. A denúncia, se estiver lastreado com provas incontestáveis, pode gerar uma enorme dor de cabeça para a ex-governadora, a começar pelo fato de que pode criar-lhe problemas graves se ela estiver de fato cotada para assumir uma cadeira ministerial num eventual Governo Michel Temer, como tem sido especulado.

As informações foram divulgadas ontem pelo competente jornalista Raimundo Garrone, na estreia da nova versão do Blog do Garrone. Ele teve acesso à denúncia formalizada pelo promotor Lindonjonson Gonçalves e afirma que ele é sólida e consistente. Na fundamentação, o promotor afirma que as “fraudes foram cometidas por uma estrutura criminosa com a finalidade de enriquecimento à custa das verbas da saúde pública, bem como financiamento de campanhas eleitorais, quais sejam, as campanhas da ex-governadora e do ex-secretário de Saúde Ricardo Murad em 2010”. E vai além apontando uma série de distorções que, na sua avaliação, são crimes que podem resultar em penas de prisão: dispensa de licitação no valor total de pelo menos R$ 57 milhões, superfaturamento de obras, ações de peculato, associação criminosa  e que R$ 1,9 milhão da saúde abasteceram a campanha da ex-governadora e de seu partido, o PMDB.

Mesmo levando em conta o fato de que a denúncia é forte e contundente, com elevado teor explosivo, especialmente num cenário em que a ética e a correção são os itens mais cobrados aos políticos, não é possível prever os seus desdobramentos. Se for condenada em pelo menos um dos itens relacionados pelo promotor Lindonjonson Gonçalves, a ex-governadora poderá ter suspenso os seus direitos políticos e ficará proibida de se candidatar a qualquer mandato eletivo por oito anos, como também assumir cargo na máquina pública, o que pode significar o seu afastamento definitivo da política. O mesmo pode acontecer com o ex-deputado Ricardo Murad, que até agora não emitiu qualquer sinal de que esteja planejando sua aposentadoria política.

Não é segredo que Roseana Sarney reviu e arquivou há tempos sua decisão de não mais concorrer a cargos públicos pelo voto direto, seara que ela domina de maneira competente, tanto que até agora só perdeu uma, para Jackson Lago (PDT) das seis eleições que disputou – uma para deputada federal (1990), quatro de governador (1994, 1998, 2006 e 2010) e para o Senado (2002). Ninguém duvida que, mesmo sem a pujança de antes, quando era fortemente embalada pelo poder político do seu grupo no Maranhão e em Brasília, ela ainda tem cacife para viabilizar uma candidatura majoritária – Prefeitura de São Luís, Senado ou Governo do Estado, e seria eleita deputada federal ou estadual “sem sair de casa”.

Pode-se prever que a denúncia do encontrará pela frente dois acusados influentes e traquejados nesse jogo. Roseana Sarney já saiu inteira da Operação Lunus, que lhe custou a aventura de ser candidata a presidente da República em 2002, quando chegou a liderar com folga as pesquisas de intenção de voto. Não só sobreviveu politicamente, como depois de amargar uma derrota e derrubar o vencedor no tapetão da Justiça Eleitoral, venceu uma eleição em turno único em 2010, façanha que a colocou na galeria dos maiores campeões de votos da história política do Maranhão. Mas os tempos são outros, e a denúncia, se prosperar, poderá recomendar, de maneira enfática, que ela continue aposentada e sem cair na tentação de querer ser ministra.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Vitórias do Sampaio Corrêa fortalecem projeto de candidatura de Sérgio Frota a prefeito de São Luís
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Sérgio Frota: vitórias nos esportes é capital político para candidatura a prefeito da Capital

A vitória maiúscula do Sampaio Basquete, que se sagrou, por mérito, campeão da Liga Feminina de Basquete, colocou o Maranhão no epicentro da modalidade no país, constituindo um ganho singular para os desportos no estado. Mas o ganho real foi o da marca Sampaio Corrêa, que se transformou numa máquina de produzir grupos vencedores, como os esforços que levaram o time de futebol do clube à 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro, com méritos para ter alcançado a 1ª Divisão. Mas nenhum grupo, tenha ele a natureza que tiver, chega tão longe sem um líder, um comandante, um estrategista, enfim, alguém que o organize, que o guie, que consiga viabilizar as condições, quase sempre desanimadoras, que lhe permita alcançar um objetivo. O Sampaio Corrêa Futebol Clube tem Sérgio Frota, um empresário do ramo da informática e hoje deputado estadual e pré-candidato a prefeito de São Luís. Vale lembrar que o sucesso dos times de futebol e de basquete do “Mais Querido” é o resultado do empenho genial dos atletas que o integram. Mas não há como escapar do fato de que eles não chegariam muito longe sob um comando fraco, sem visão, sem capacidade de articulação e para buscar as alianças certas para viabilizar as condições necessárias ao sucesso no estádio e na quadra. Sérgio Frota tem sido a base desse projeto vencedor, primeiro como seu idealizador, e depois como o seu principal executivo. Em conversas reservadas, o nome de Sérgio Frota, que não era nem considerado como pré-candidato a prefeito de São Luís, começa a frequentar a relação dos possíveis candidatos. E ele próprio vem reafirmando com muita ênfase: é pré-candidato e vai brigar dentro do PSDB para ser o candidato do partido. Tem agora um baú de razões para levar a briga em frente.

Edivaldo Jr. monta estratégia de divulgação e defesa na Assembleia Legislativa
Edivaldo Jr.: estratégia de divulgação e defesa no plenário da Assembleia Legislativa

Enquanto boa parte da classe política do Maranhão está com as suas atenções voltadas para o desenrolar do cada vez mais polêmico processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sem dar muita atenção para a guerra eleitoral que se aproxima – faltam apenas três meses para a corrida às urnas -, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ao contrário de outros pré-candidatos, intensifica os preparativos para o embate. Um dos itens da sua estratégia é o plenário da Assembleia Legislativa, onde diariamente um ou dois deputados ocupam a tribuna para “vender” ações da sua administração, ampliando a cruzada até há pouco empreendida solitariamente pelo deputado Edivaldo Holanda (PTC). Esses parlamentares, que representam partidos já formalmente aliados ao prefeito, como PCdoB, DEM e PDT, por exemplo, não apenas apontam melhorias na cidade, como também contribuem efetivamente para minimizar o impacto das críticas dirigidas diariamente à administração municipal por adversários e, principalmente, por pré-candidatos a prefeito, como Wellington do Curso (PP), Bira do Pindaré (PSB), Eduardo Braide (PP) e Sérgio Frota (PSDB). Na semana que passou, o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) destacou enfaticamente o que definiu como conquistas da atual gestão de São Luís nas áreas de transporte de massa e infraestrutura urbana. Na terça-feira, ocupou a tribuna o deputado Stênio Rezende (DEM), para fazer uma alentada avaliação positiva dos resultados alcançados até aqui pelo prefeito Edivaldo Jr. na área de saúde. Ontem, o deputado Fábio Macedo (PDT) fez um esforçado pronunciamento em defesa da administração do seu colega de partido na Capital. Não se sabe é se esse esforço concentrado na Assembleia Legislativa tem a repercussão necessária para turbinar o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr..

 

São Luís, 27 de Abril de 2016.

 

Márlon Reis deixa a magistratura para atuar na advocacia, mas ninguém duvida de que ele vai acabar disputando votos

 

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Márlon Reis: da magistratura para a advocacia e, provavelmente, para a política

Causou forte impacto no meio político e nos mais diversos segmentos da magistratura a decisão de Márlon Reis de abrir mão do cargo vitalício de Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Maranhão para voltar às lides da advocacia e, segundo alguns, entrar com os dois pés na seara política, podendo, sugerem especulações, concorrer a uma cadeira no Senado em 2018. A iniciativa do magistrado nascido no Tocantins, mas crescido, formado e concursado no Maranhão, faz todo sentido, a começar pelo fato de que a condição de Juiz no interior maranhense, por mais nobre e importante que seja, tornou-se um fator de limitação para uma personalidade cuja atuação ultrapassou, faz tempo, as fronteiras do estado e ganhou projeção nacional e internacional como um dos articuladores do movimento que mobilizou milhões de brasileiros e resultou na aprovação da Lei Complementar Nº 101, de 2000, conhecida e notabilizada como Lei da Ficha Limpa, o mais importante instrumento de combate à corrupção eleitoral em vigor no Brasil. Respeitado nos meios jurídico e judiciário e referência de organizações e entidades civis voltadas para o combate à corrupção, Márlon Reis ganhou o respeito de boa parte da classe política com atuação saudável, mas também é visto como o inimigo visceral de uma grande turma que odeia e faz de tudo para driblar a Lei da Ficha Limpa.

Membro destacado de uma geração de militantes estudantis que saíram do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão, fizeram carreira na magistratura ou na advocacia e acabaram na linha de frente das lutas políticas, como o governador Flávio Dino (PCdoB), ou fizeram o caminho inverso, como o promotor de Justiça Juarez Madeiros – como anotou correta e oportunamente o bem informado jornalista Marcos D`Eça no seu blog -, Márlon Reis deixou claro que seria um juiz militante desde que iniciou sua carreira na magistratura. E já nos primeiros movimentos mostrou que empreenderia uma cruzada contra a corrupção eleitoral.

Poucos deram importância a uma notícia publicada por O Estado em meados dos anos de 1990 do século passado, que registrava uma ação inédita e curiosa do então jovem juiz Márlon Reis, então titular da Comarca de Alto Parnaíba. Era período pré-eleitoral para as eleições municipais de 1996, Márlon Reis comandava a zona eleitoral da região. Indignado com relação de troca – sandálias de plástico, camisetas de malha ordinária, dentadura, óculos, outros objetos e também promessa de dinheiro – que constatou naquele período, juiz resolveu quebrar a regra do não envolvimento, e iniciou um movimento em sentido contrário: passou a reunir eleitores em pequenos comícios, nos quais pregava contra a troca eleitoral, mostrando que o voto é o mais importante instrumento do cidadão para transformar a sociedade numa democracia. O relato do jovem juiz aos jornalistas de O Estado, numa visita noturna, foi transformado em matéria e publicado. Márlon Reis em seguida escreveu vários artigos sobre o movimento. Não tardou para que seu trabalho atraísse a ira dos políticos que usavam velhos métodos naquela região, como também a atenção de órgãos de imprensa do Sul do país, como os jornais O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.

A atuação do jovem magistrado repercutiu bombasticamente no Tribunal de Justiça. A magistratura – aí incluídos desembargadores e juízes – se dividiu, com um grupo censurando-o fortemente – uns chegaram a cobrar punição severa –, outro a seu favor, defendendo-o das críticas, e no meio uma maioria silenciosa aguardando o desfecho. Márlon Reis foi várias vezes chamado às falas, mas nunca deu maior importância para elas, preferindo capitalizar a seu favor o prestígio que começou a desfrutar no âmbito nacional. O juiz de comarca do interior de repente passou a ser convidado para entrevistas, palestras, conferências, debates nos grandes centros, aproveitando a para fazer contatos e tecer uma rede de relações que alcançou os mais elevados patamares da Justiça, que se consolidou quando ganhou o conceituado Prêmio Innovare, que reconhece ações originais voltadas para melhorar a sociedade e a cidadania.

O que veio depois disso, todos conhecem: assessor da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assessoria no Superior Tribunal de Justiça (STJ), trabalhos prestados ao Supremo Tribunal Federal (STF), assistência ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mestrado e doutorado em Direito Eleitoral e, finalmente, a sua mais importante ação como magistrado militante: o movimento popular para levar ao Congresso Nacional o Projeto da Lei da Ficha Limpa, destinado a sanear o processo de candidatura a cargo eletivo com a proibição de políticos encalacrados com a Justiça de disputar votos. A lei foi aprovada e contribuiu fortemente para melhorar o sistema eleitoral brasileiro, já tendo barrado mais de 1.200 candidatos “ficha suja” desde que entrou em vigor. A partir dessa conquista, Márlon Reis virou uma respeitada da moralidade política no país, festejado por muitos e odiado por um bom número; ganhou status de celebridade e chegou a ser incluído em várias listas dos 100 brasileiros mais influentes publicadas por diversas revistas.

Passado o boom do prestígio – que se manteve alto, diga-se -, Márlon Reis teve de retornar à labuta no interior como titular da Comarca de João Lisboa, atuando junto com sua mulher, também juíza e titular da vara Cível de Imperatriz. Na gestão da desembargadora Cleonice Freire, ocupou um cargo de assessoria no Tribunal de Justiça.  Foi quando ficou claro que, por tudo o que realizou com a sua militância, a magistratura do Maranhão ficou pequena para seu espaço de atuação. Continuar juiz, se conformar com a rotina e com a perspectiva de um dia chegar a desembargador seria limitar seus movimentos. Abrir mão da estabilidade e recomeçar do zero com um escritório de advocacia em Brasília especializado em direito político, com foco no direito eleitoral, já tendo a Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva como cliente, é um sinal claro de que a especulação da candidatura ao Senado faz todo sentido.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Saúde

Sai Marcos Pacheco
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Marcos Pacheco deixa o cargos após 16 meses

A mudança no comando da Secretaria Estadual de Saúde eram favas contadas há algum tempo. O médico, advogado e professor Marcos Pacheco, uma figura respeitada por sua correção pessoal e pelo seu engajamento político, não tem, de fato, perfil para encarar um desafio do tamanho do Sistema Estadual de Saúde, principalmente como sucessor do ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), que impôs ali a sua conhecida, controvertida, mas eficiente, dinâmica “tratoral”. Embalado pelas melhores intenções, mas sem a garra do gestor que impõe ritmo convincente a uma máquina cujo objetivo é dar-lhe o máximo de eficiência, Marcos Pacheco não conseguiu domar o sistema. É verdade que colocou ordem na complexa situação deixada pela gestão anterior, mascada por projetos bem sucedidos, mas também por grande número de obras inacabadas, contas para pagar, mas com a vantagem um bom saldo na conta do empréstimo bilionário contratado pelo Governo anterior com o BNDES. Não se duvida de que a pasta da Saúde estava em boas mãos, mas estava cada vez mais claro que o Governo estava perdendo terreno nessa área, exatamente pela lentidão ali imposta, principalmente se comparada com o ritmo acelerado da gestão passada. A troca, portanto, não se deu por uma questão de competência, mas de modus operandi. Tanto que não houve drama. Marcos Pacheco certamente já estava incomodado com cobranças internas e externas e deve ter colocado seus termos para o governador Flávio Dino, chegando com ele a um entendimento sobre o futuro da pasta. Tanto é que fez questão de seguir ontem para Brasília, para negociar recursos para a pasta, só devendo passar o cargo na sexta-feira. Deve continuar auxiliando o governador.

 

Entra Carlos Lula
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Carlos Lula: mostrou perfil de bom gestor

O Sistema estadual de Saúde será comandado pelo Carlos Lula, um jovem advogado bem sucedido, especializado em Direito Eleitoral, mas também focado em gestão pública. Já no cargo de secretário-adjunto de Saúde e na presidência de uma estatal que cuida das relações do Governo com cooperativas médicas, Carlos Lula é exatamente o oposto de Marcos Pacheco: é dinâmico e arrojado, com o perfil de gestos que gosta de encarar desafios e de produzir resultados. Membro do alto clero do atual Governo, com papel importante exercido durante a campanha eleitoral como chefe da assessoria jurídica, Carlos Lula ganhou, certamente por seu perfil, um “presente” do governador Flavio Dino: ser o braço administrativo da pasta da Saúde. O governador sabia o que estava fazendo, pois enquanto a macropolítica de saúde caminhava correta, mas lenta, Carlos Lula atuava fortemente nas áreas de gestão, disciplinando o funcionamento de hospitais, adequando os gastos, cortando excessos, enfim, colocando a casa em ordem. Ontem, quando foi anunciado como novo secretário de Saúde, algumas vozes ensaiaram discurso da surpresa, usando principalmente o argumento de não ser ele um médico. A ascensão de Carlos Lula ao cargo de secretário de Estado da Saúde foi a sua eficiência e os bons resultados da sua gestão, o que reforça o argumento de que grandes secretários de Saúde eram médicos, como João Abreu e Ricardo Murad em Governos de Roseana Sarney, e o maior de todos os exemplos: o tucano José Serra, que não tem qualquer ligação com a medicina, surpreendeu o Brasil como ministro da Saúde. E outros exemplos no próprio Governo Flávio Dino: Felipe Camarão, que é administrador e sua relação sempre foi com a escola privada. está dando um baile de gestão na área de Educação; e Clayton Noleto, que não é engenheiro mas tem recebido elogios por seu desempenho elogiado no comando da pasta da Infraestrutura. Há 16 meses administrando crises e carências, Carlos Lula está mais do que credenciado para comandar a pasta.

 

São Luís, 26 de Abril de 2016

Situação de João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha no impeachment é bem mais complexa do que muitos pensam

 

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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha: votos com motivas diferentes

É mais complexa do que muitos imaginam a situação dos senadores em relação ao processo de impeachment destinado a catapultar a presidente Dilma Rousseff do gabinete principal do Palácio do Planalto. Ao contrário do que acontece na Câmara Federal, cujo plenário só se manifesta uma vez, para autorizar ou não a abertura do processo com o impedimento da presidente Dilma Rousseff, no Senado, o plenário poderá se manifestar duas vezes, uma para aprovar ou rejeitar o parecer da Comissão Especial que será instalada hoje, e outra no julgamento final, se o processo passar na primeira votação. O processo de aceitação da denúncia e o julgamento do que for apurado no inquérito são situações radicalmente diferentes, porque no primeiro caso os senadores votarão apenas como legisladores que aceitarão uma denúncia, e no segundo caso, atuarão como magistrados, para julgar se, com base no relatório e nos dados da apuração que será feita ao longo do processo, julgar se a presidente é culpada ou inocente. Na primeira votação, no qual será avaliado o relatório, os senadores João Alberto (PMDB), Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (PSDB) poderão votar tecnicamente. Na segunda, seus votos serão políticos.

Tudo indica que na primeira fase o senador João Alberto votará contra a admissão da denúncia, pois tem dado demonstrações de que não apoia o pedido de impeachment, concordando com seu filho, o deputado federal João Marcelo Souza, que disse “não” ao relatório na Comissão Especial e no plenário. O senador tem sido enfático ao avaliar que os dois fatos que sustentam a denúncia – as chamadas pedaladas fiscais e os decretos de remanejamento orçamentário – não são suficientes para catapultar do cargo uma presidente que fora eleita com 54 milhões de votos e que não responde por nenhuma suspeita de que tenha cometido um crime doloso. João Alberto admite que não tem sido fácil ficar contra a orientação do PMDB, mas afirma que nesse caso prefere encarar a insatisfação da cúpula partidária do que “dormir com a consciência doendo”.

Por outro lado, o senador João Alberto assinala que, se o impeachment for autorizado na primeira votação, a situação mudará completamente. “Haverá um inquérito e um processo, e nós, senadores, seremos transformados em juízes; e para sermos justos, não poderemos tomar posição antes de analisar tudo detalhadamente, de ouvir acusação e defesa. E nenhum juiz correto e honesto antecipa seu voto”, destaca o senador, que disse não ter ainda a menor ideia de como votará no julgamento final da presidente Dilma. Informa que não tem motivo de ordem pessoal para condenar a presidente, admitindo, ao mesmo tempo, que pode até dar um voto político, de acordo com a orientação do partido. “Isso tem de ser decidido com muita calma”, pondera.

A rigor, o senador Edison Lobão tem posição parecida com a do colega pemedebista, mas com profundas diferenças nas motivações. Ministro de Minas e Energia no final do Governo Lula e em todo o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, Lobão responde hoje à acusação de ter sido beneficiado no esquema de corrupção na Petrobras, sem ter recebido sequer manifestação de solidariedade do PT. Ele próprio não se manifesta, mas fontes a ele ligadas relatam que estaria inclinado a votar contra a presidente na fase de admissão ou na da denúncia. Há, porém, fontes que acreditam que o ex-ministro se manterá leal a Dilma Rousseff na primeira votação, e se o processo de impeachment for autorizado, poderá dar o voto final seguindo a orientação do PMDB.

Nos bastidores do Senado corre o rumor de que o senador Edison Lobão poderá se licenciar do mandato, abrindo caminho para que o seu suplente, Lobão Filho (PMDB), ocupe o seu lugar como juiz no julgamento final do impeachment. Mas, se se licenciar por problemas de saúde ou para resolver assuntos pessoais, terá de passar 121 dias fora do mandato, período em que, segundo alguns intérpretes das regras, ficará sem o foro privilegiado, tornando-se sujeito a ações de primeiro grau da Operação Lava Jato. Daí o rumor sobre licença parecer sem sentido. Lobão tem batido na tecla de que nada fez de errado, o que é de alguma maneira reforçado pela falta de provas contra ele até aqui.

O senador Roberto Rocha tem situação absolutamente privilegiada em relação ao processo de impeachment. Não teve ligações com o PT em tempos recentes, não participou da grande coligação que reelegeu a presidente e, por fim, seu partido rompeu aliança com o PT quando o processo eleitoral que reelegeu a presidente ainda estava na sua fase primária, com o chefe maior do PSB, Eduardo Campos, rompeu para se candidatar à presidência. Está, portanto, à vontade para seguir a orientação do partido – que é a favor do impeachment -, tanto na primeira quanto na segunda votação. E ninguém duvida de que seus dois votos será contra Dilma Rousseff.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Embate entre Edivaldo Holanda e Wellington do Curso preocupa apoiadores de Edivaldo Jr.
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Edivaldo Holanda e Wellington  do Curso: desgaste político

Aliados do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) estão preocupados com a atuação do deputado Edivaldo Holanda (PTC) na Assembleia Legislativa em relação à sucessão na Prefeitura de São Luís. O motivo da preocupação é a corda que ele vem dando ao deputado Wellington do Curso ao tentar desqualificá-lo como aspirante a candidato a prefeito. Ao mesmo tempo, há no grupo ligado ao prefeito quem avalie as intervenções do deputado Edivaldo Holanda como positivas, sob o argumento segundo o qual alguém tem de travar o embate com Wellington do Curso. Essa mesma avaliação assinada que Edivaldo Holanda é um deputado experiente, que sabe jogar nesse xadrez, sendo, portanto, capaz de avaliar até onde pode ir no embate com Wellington do Curso, um deputado jovem, esperto e audacioso, que nesse jogo nada tem a perder. Nos bastidores da Assembleia Legislativa a voz geral é que Wellington do Curso, que até pouco tempo estava perdido e em busca de um rumo.

Expulsões reduzirão a liderança de Weverton Rocha
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Weverton: bancada menor

O deputado federal Weverton Rocha, que lidera a bancada do PDT na Câmara Federal, está entre a cruz e a espada em relação à decisão do partido de expulsar seis deputados que contrariaram a orientação do partido e votaram a favor. Weverton é a favor da punição aos colegas que fecharam com a oposição, mas avalia que a perda de seis parlamentares será um baque muito forte na representação do PDT na Câmara Baixa, onde a agremiação pedetista ficará com apenas 13 deputados. Até aqui, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, parece decidido a manter a decisão de expulsar os deputados, mas há pedetista graúdo que não está de acordo com a expulsão, preferindo uma pena dura – censura, por exemplo. O fato é que a discussão se instalou no PDT, onde Weverton Rocha corre o risco de ser líder de uma bancada nanica, o que reduzirá o seu poder de fogo político. O líder pedetista tem planos ambiciosos para o futuro e sabe que redução de poder com a redução da bancada pode impactar suas ações para ocupar um espaço político maior nos planos estadual e nacional, onde já tem uma atuação expressiva e em condições de ser mais forte e ampliada.

 

São Luís, 25 de Abril de 2016.

 

 

Sete aliados de Flávio Dino vão atacar o prefeito Edivaldo Jr. na pré-campanha à Prefeitura de São Luís

 

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Edivaldo Jr. vai ser alvejado por Eliziane Gama, Bira do Pindaré, Neto Evangelista, João Castelo, Eduardo Baide, Sérgio Frota e Wellington do Curso na campanha

A corrida para a Prefeitura de São Luís está produzindo um quadro político inusitado, que consiste numa verdadeira guerra – com traços de autofagia -, entre candidatos da ampla colcha de retalhos partidários alinhavada  pelo governador Flávio Dino (PCdoB). São sete os pré-candidatos saídos dessa seara para tentar desbancar o prefeito Edivaldo Jr. (PDT): o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), o deputado federal e ex-prefeito João Castelo (PSDB), o deputado estadual Sérgio Frota (PSDB) e o deputado estadual licenciado e secretário de Estado de Desenvolvimento Social Neto Evangelista (PSDB), a deputada federal Eliziane Gama (PPS), e os deputados estaduais Bira do Pindaré (PSB), Eduardo Braide (PMN) e Wellington do Curso (PP). Todos estão liberados para se bater politicamente pelo voto, o que causa, ao mesmo tempo, certa confusão no eleitorado, que já começa a demonstrar alguma dificuldade para entender claramente o que está acontecendo na banda política governista.

Na semana que passou, o secretário Neto Evangelista e o ex-prefeito João Castelo ocuparam horário na TV para bater forte, o primeiro no prefeito Edivaldo Jr. e o segundo para fazer uma defesa enfática do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), posição sabidamente satanizada pelo governador e seu grupo mais próximo, e na esteira disso alfinetar agudamente o prefeito de São Luís. Edivaldo Jr. não deu resposta direta ao secretário Neto Evangelista, preferindo dizer na TV que não foi eleito para fazer política, mas para resolver os problemas da cidade. A mesma peça foi usada para rebater o ex-prefeito João Castelo, que comparou os problemas do Governo Dilma com os do Governo Edivaldo Jr.. Sérgio Braga ainda não entrou de cabeça na campanha, mas em alguns discursos na Assembleia Legislativa deu a entender que se sair candidato partirá para o confronto com o prefeito Edivaldo Jr..

O deputado Bira do Pindaré tem feito duras críticas à administração municipal, embora o faça com o cuidado de não alvejar diretamente o prefeito Edivaldo Jr.. Bira do Pindaré, no entanto, parece determinado a mostrar que tem força eleitoral em São Luís e a sair das urnas politicamente fortalecido, se não eleito prefeito, pelo menos com uma votação que o credencie a dar voos mais altos. Político forjado nos campos de oposição, tendo aprendido mais a atacar do que a defender, Pindaré com certeza elevará o tom das críticas ao prefeito de São Luís à medida que a campanha for evoluindo. Sabe que  se não partir para o ataque, para o debate forte, será um candidato caricato, sem personalidade, e assim não será nenhum risco ao projeto de eleição de Edivaldo Jr..

O prefeito de São Luís enfrentará também os ataques do deputado Eduardo Braide, um político de postura amena, pouco afeito a embates agressivos, mas que costuma desarmar adversários com um discurso inteligente, o que em muitos casos é mais devastador do que a agressividade verbal pura e simples. Braide tem dito que não entrou nessa briga para fazer mera figuração; isso quer dizer que vai jogar o jogo como o jogo for, ou seja, que ele também vai jogar pesado, já que sua candidatura nata tem a ver com o Palácio dos Leões.

O deputado Wellington do Curso se tornou – pelo menos na tribuna da Assembleia Legislativa – o mais agressivo e incômodo adversário do prefeito Edivaldo Jr., dando versões dramáticas aos problemas da cidade e culpando o chefe do Executivo e sua equipe por tudo de ruim que existe na Capital. A catilinária agressiva vem sendo repetida diariamente e de maneira tão intensa que o deputado Edivaldo Holanda (PTC), defensor e propagador das ações do filho, resolveu se dedicar a rebater os ataques, usando uma retórica muito pesada, do tipo “o deputado Wellington do Curso tem diarreia mental” e “esse rapaz é um desequilibrado”, e por aí vai. O fato é que, com seu excesso de zelo, Edivaldo pai transformou um marinheiro de primeira viagem atrevido em candidato a prefeito.

Entre os aliados do governador Flávio Dino que querem chegar à Prefeitura atropelando o prefeito Edivaldo Jr., o mais perigoso é a deputada federal Eliziane Gama. Até aqui líder nas pesquisas que medem a corrida pré-eleitoral, a deputada do PPS não tem perdido oportunidade de estocar o prefeito, a quem já responsabilizou “pelos problemas que São Luís vive neste momento”. Em tempos recentes, Eliziane tem aproveitado todos os seus pronunciamentos para meter São Luís no meio, sempre usando frases duras, que funcionam como pancadas no prefeito Edivaldo Jr.. Entre os observadores da cena pré-eleitoral é quase unânime que dentre os aliados do governador Flávio Dino os ataques mais duros a Edivaldo Jr. partirão da candidata popular-socialista.

Nessa briga eleitoral, o prefeito de São Luís aparece como o alvo a ser atingido por todos. Mas se decidir reagir, terá em alguns casos de atacar no campo pessoal, pois se tentar alvejar a atuação dos ex-secretários Neto Evangelista e Bira do Pindaré, por exemplo, acertará o Governo Flávio Dino. O desdobramento dessa estranha equação é imprevisível, mas leva a uma conclusão bem clara: nessa briga de aliados, o prefeito de São Luis está em desvantagem. E o Palácio dos Leões assiste a tudo como se nada estivesse acontecendo, provavelmente por avaliar que os petardos desse tiroteio não alcançarão o Governo do Estado, já que parte dessa penca de candidatos depende dele para desenhar caminhos futuros.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Senadores ainda não decidiram votos
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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha: indecisos

Vários observadores da cena política nacional – inclusive a Coluna – andaram cantando uma pedra que não está devidamente definida: a de que os três senadores maranhenses votarão pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.  Mas a verdadeira informação é que até agora os três senadores ainda não definiram seus votos para valer, e o fato que atesta essa afirmação é que nenhum deles declarou pública e formalmente como vai votar. Há, é verdade, uma tendência para que João Alberto (PMDB), Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) votem pelo impeachment. Muita gente ainda acredita que João Alberto seguirá o voto corajoso e firme do deputado federal João Marcelo Souza (PMDB) contra o impeachment. Muitos também não acreditam que o senador Edison Lobão dê as costas para a presidente de quem foi o poderoso e influente ministro de Minas e Energia no seu primeiro Governo. Não custa lembrar, por outro lado, que João Alberto e Edison Lobão são senadores do PMDB e estão sofrendo uma pressão gigantesca do partido, o que justificará sua eventual definição pelo impeachment. Já o senador Roberto Rocha nada tem a fazer a não ser seguir a orientação do seu partido também pelo impedimento da presidente da República. Mas como em tempos de crise as posições políticas são imprevisíveis, o mais certo é esperar que eles digam claramente como votarão.

 

Destaque

Fábio Braga quer o Maranhão na Rota do Cordeiro
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Braga quer Rota do Cordeiro no Maranhão

O deputado Fábio Braga (SD) decidiu apostar parte das suas fichas como parlamentar num projeto audacioso, mas que na avaliação dele pode funcionar como uma alavanca poderosa no processo de desenvolviment Regiões do Itapecuru e do Baixo Parnaíba, formadas por nada menos que 17 municípios: incentivar fortemente a Cadeia Produtiva da Ovinocaprinocultura com o objetivo de incluir o Maranhão na chamada Rota do Cordeiro.

Na semana passadas, juntamente com o deputado Levi Pontes (PCdoB), Fábio Braga participou de uma reunião na Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), coordenada pelo secretário Adelmo Soares, com a participação de representantes de outras pastas, de dois ministérios e outros órgãos federais de fomento, universidades e prefeituras para debater o projeto e definir metas no que diz respeito à infraestrutura para a criação de rebanhos de ovinocaprinos, assegurar-lhes a reprodução em escala adequada, garantir o acompanhamento no que respeita à saúde animal e outras providências necessárias para incentivar a criação em larga escala.

O objetivo da reunião foi, enfim, promover a profissionalização da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura maranhense e o desenvolvimento do subsistema de insumo, produção, processamento e comercialização, que viabilizará um resultado maior na quantidade de carne de caprinos para abate sob inspeção em matadouros e frigoríficos.

O objetivo maior de Fábio Braga é incluir o Maranhão na chamada Rota do Cordeiro, através dos municípios Água Doce, Anapurús, Araioses, Belágua, Brejo, Buriti, Chapadinha, Magalhães de Almeida, Mata Roma, Milagres do Maranhão, Santana do Maranhão, Santa Quitéria do Maranhão, São Bernardo, Tutóia, Urbano Santos e Vargem Grande.

ROTA DO CORDEIRO – Para quem não sabe, a chamada Rota do Cordeiro é uma ação de desenvolvimento econômico baseada na produção e comercialização de ovinocaprinos. A rota já existe em pelo menos quatro estados do Nordeste e foi implantada recentemente no Ceará em regiões mais áridas. Há informações de que também o Piauí já se movimenta no sentido de ampliar sua cadeia produtiva ovinocaprina para integrá-la à Rota do Cordeiro, num movimento que poderá chegar rapidamente ao Maranhão se as providências forem tomadas agora.

Durante a reunião, Fábio Braga expôs ao secretário Adelmo Soares, aos representes dos Ministérios da Integração Nacional e do Desenvolvimento Social, às comitivas de bancos internacionais e às demais autoridades presentes, a necessidade de fazer um diagnóstico do Itapecuru e do Baixo Parnaíba, a fim de promover o aumento da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura nessas regiões, que já recebem incentivos da política do governador Flávio Dino. E avaliou que se forem ofertados aos pequenos produtores recursos financeiros e assistência técnica de órgãos federais e estaduais, universidades e órgãos de pesquisas, a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura maranhense vai melhorar e aumentar a produção.

Num relato sobre a reunião que fez à Assembleia Legislativa na última quarta-feira (19), o deputado Fábio Braga defendeu o investimento declarando: “Quem ganha com isso é a população, que terá uma carne de origem e qualidade fiscalizada pelos governos Federal e Estadual refletindo, sobretudo, na saúde humana”.

 

São Luís, 23 de Abril de 2016.

Revista e líder uruguaio mostram como a crise no Brasil está sendo vista por direita e esquerda em todo o mundo

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Dilma: crise que a tem como pivô está em discussão no mundo inteiro entre vozes de direitas e de esquerda

 

Dois registros da versão online do jornal Folha de S. Paulo mostram com clareza que a crise no Brasil tem basicamente duas versões, uma conservadora, de concepção capitalista, que sataniza a presidente Dilma Rousseff (PT), apontando-a como o principal responsável por tudo o que esta acontecendo no país, e outra progressista, inspirada nas bases do socialismo democrático, que enxerga erros de política econômica e de gestão cometidos pela presidente da República, mas afirma que o que está acontecendo no Brasil é, na verdade, efeitos da grande crise sistêmica do capitalismo. As duas visões criticam, cada uma a seu modo, a atuação da classe política e não veem o impeachment da chefe da Nação como solução para o gigantesco trauma político-econômico a que o País está sendo submetido. A visão conservadora, que é defendida pela revista britânica The Economist, em matéria na qual afirma que o Brasil foi traído pela sua classe política e, por isso, defende “eleições já”, enquanto a visão mais progressista estão nas palavras do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, um septuagenário ex-guerrilheiro, que deu ao mundo um exemplo de como deve ser um chefe de Estado e de Governo e se tornou um ícone da esquerda democrática. Os textos a seguir são registros jornalísticos simples, sem arroubos analíticos ou interpretativos, mas dão bem a medida do debate sobre o Brasil em todo o mundo.

Brasil foi traído por Dilma e por classe política, diz revista The Economist
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Capa de The Economist: denuncia que o Brasil foi vítima de traição de Dilma e da classe politica

A revista britânica “The Economist” dedicou um texto de sua edição impressa desta semana para a “grande traição” que o Brasil sofreu, tanto pela presidente Dilma Rousseff quanto pela classe política. A publicação defende novas eleições. A votação do impeachment no domingo (17) na Câmara dos Deputados é um dos mais estranhos momentos entre as cenas bizarras que o Congresso testemunhou nos últimos anos, de acordo com a publicação. Como exemplo, há os confetes jogados pelo deputado Wladimir Costa (SD-SP) e as dedicatórias, durante os dez segundos de votação de cada parlamentar, a religiões, cidades de origem e causas envolvendo pets e corretores de seguro.

A reportagem, que é a capa da edição da Améria Latina, avalia que a votação veio num “momento de desespero”. Há forte recessão, previsão de queda do PIB, altas taxas de inflação e desemprego. A responsabilidade, de acordo com a revista, deve ser atribuída a Dilma e aos políticos, envolvidos em corrupção e negligência. Para a revista, que já pediu a renúncia da presidente, o “Brasil não pode chorar” por Dilma, já que a incompetência de seu primeiro mandato fez a economia ficar incomparavelmente pior. O que é alarmante, segundo o texto, é que “aqueles que estão trabalhando pela remoção dela são muito piores”.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é investigado no esquema de corrupção da Petrobras e, dos 21 deputados envolvidos na Lava Jato, 16 votaram pelo impeachment, lembra o texto. “Cerca de 60% dos parlamentares são acusados de algum crime”, completa. A revista britânica é esperançosa ao afirmar que o Brasil tem “reservas de tolerância” e que as investigações da Lava Jato são fruto da maturidade do país e de uma nova e bem-educada classe média, que se nega a se envolver com a impunidade.

Defendendo novas eleições, o texto aponta que apenas “novos líderes e novos legisladores podem realizar as reformas fundamentais que o Brasil necessita”, principalmente num sistema político propenso à corrupção e num descontrole da despesa pública. Para a publicação, é improvável que mudanças passem pelo Congresso, mas, como o texto indica, os eleitores não devem se esquecer desse momento, já que, no fim, eles terão a chance de ir às urnas e eleger algo melhor.

Direita pode tirar Dilma do cargo, mas não solucionará a crise, diz Mujica
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Mujica vê no Brasil crise sistêmica do capitalismo

O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica afirmou nesta quinta-feira (21) que a direita não vai solucionar a crise no Brasil tirando a presidente Dilma Rousseff. “A direita pode pensar que magicamente, ao tirar Dilma, consertará a crise. Não podem. Pode consertar a crise em um país sem conciliar o capital com o trabalho? Não, não pode”, disse o uruguaio em Ouro Preto, onde foi homenageado com o Grande Colar, grau máximo da Medalha da Inconfidência.

Ele afirmou ainda que há hoje no Brasil uma ilusão de que a presidente Dilma seria a responsável pela retração econômica quando, na verdade, crises fazem parte do capitalismo e, portanto, são sistêmicas. “O Brasil se encontra hoje no ponto mais baixo da crise do próprio capitalismo. Este é um problema do sistema, mas quando há dor na sociedade, precisam encontrar em quem colocar a culpa. Vai passar um tempo e o brasileiro vai perceber que nada é tão mau nem tão bom.”

Mujica também foi questionado se o impeachment da petista pode ser considerado golpe. “Há um ditado popular no Uruguai que diz: não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem.” Ele defendeu ainda o voto popular e disse que ele jamais deve ser esvaziado. “As pessoas se equivocam, mas ainda assim são elas as que têm o direito de se equivocar [ao votar] porque são elas as que pagam impostos”, afirmou ele, frisando que ele não abordaria o aspecto institucional ou legal do Brasil.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino reage a crítica por uso de redes sociais
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Dino: uso de redes sociais é forma de prestar contas

No forte discurso que fez na homenagem aos deputados federais que votaram contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff – só foram quatro dos nove: Waldir Maranhão (PP), Weverton Rocha (PDT), Rubens Jr. (PCdoB) e Zé Carlos (PT) -, o governador Flávio Dino (PCdoB) se defendeu da provocação, feita por um juiz de direito, segundo a qual passa mais tempo twittando do que governando. Pelo tom que deu ao assunto, o governador deixou no ar a impressão de que a alfinetada o incomodou. Sem se referir ao caso em si, mas sem conseguir esconder do que se tratava, disse que usa redes sociais para prestar contas do que seu governo está fazendo, o que é uma forma inovadora de se relacionar com a sociedade. E informou, em tom elevado e enfático, que trabalha todos os dias “pelo menos 14, 15 horas”. E aproveitou para estocar governantes passados, que dormiam até tarde por causa “do champanhe” que ingeriam durante a noite. A reação do governador pareceu um desabafo às críticas que aqui e ali o alcançam por causa do uso que ele faz das redes sociais, principalmente o twitter.

 

Rocha propõe voto de bancada no impeachment
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Rocha propõe voto de bancada

O senador Roberto Rocha (PSB) está propondo que os senadores do Maranhão devem votar em bloco no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Rocha, porém, não sugere a posição a ser adotada pela bancada. Ele próprio ainda não definiu como votará, tendo sido até agora especulado que ele acompanhará a posição do seu partido, que é a favor do impeachment. A posição do PSB contém o ranço magoado deixado por seu líder maior, Eduardo Campos, que tentou ser o candidato do PT, mas foi rejeitado porque Dilma e seu grupo fincaram pé pela reeleição, tendo deixado Lula sem argumento para “rifar” presidente do seu partido para apoiar a candidatura de um aliado. Desde então as relações nunca mais foram as mesmas. E o senador Roberto Rocha representa hoje esse estado de ânimo. Ele tem conversado com os senadores Edison Lobão e João Alberto, ambos do PMDB, que se encontram entre a cruz e a espada em relação à presidente Dilma. Os dois querem apoiar a presidente, mas o PMDB os mantém sob forte pressão para que acompanham a decisão do partido, que é pelo impeachment. Os três senadores podem votar pelo impeachment, mas os dois pemedebistas não o farão por motivos que não terão qualquer relação com a proposta do representante socialista.

 

São Luís, 21 de Abril de 2016.

 

Dino põe o peso do seu prestígio num jogo político em que pode chegar longe ou tropeçar na caminhada

 

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Dino no Planalto:discurso forte contra impeachment, que na sua visão “é golpe”

O governador Flávio Dino (PCdoB) está atuando na crise política que assola o País como um político adulto, centrado e, portanto, coerente, e com todas as possibilidades de sair-se bem e fortalecido para seguir em frente como uma liderança nacional acreditada?  Ou está se deixando levar pelo que resta nele do militante estudantil, impulsionado pelas contradições do infantilismo de esquerda, atuando nesse cenário como um político imaturo, tomado pelo radicalismo e correndo todos os riscos de trombar com a realidade e ser jogado para fora da cena? São indagações que observadores tarimbados estão formulando, sem ousar ainda formar um juízo de valor definitivo sobre o assunto. O fato é que, com a bagagem de quem foi militante estudantil de ponta, tornou-se professor de constitucionalismo, ganhou projeção nacional como juiz federal, ocupou grande espaço no meio político como um deputado federal acima da média como político e como legislador e entrou para a elite política do País ao se eleger governador do Maranhão, Flávio Dino encontra-se no olho do furacão da crise como um dos principais aliados da presidente Dilma Rousseff (PT), cujo mandato defende com o bordão segundo o qual o impeachment “é golpe”. Revelou, enfim, um político que toma decisões, sujeito a aplausos entusiasmados e críticas duras.

Todas as situações que protagonizou até agora como o mais ativo e contundente aliado da presidente da República entre os governadores – incluindo os do PT – apontam para a conclusão de que o governador do Maranhão sabe perfeitamente o que está fazendo e certamente calculando como e quais serão os desdobramentos das suas ações. Os que se propõem a analisar os seus atos e o seu discurso devem estar bem atentos, porque, ao contrário do que já sinalizaram algumas interpretações equivocadas, Dino está rigorosamente focado em apenas dois vetores da crise: a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, que está ameaçado por um processo de impeachment para muitos inconsistente por não haver base nos motivos da denúncia – decretos de suplementação orçamentária sem numeração; e as chamadas pedalas fiscais. Na sua interpretação, a presidente da República não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade dos quais está sendo acusada, o que dá ao impeachment a natureza de golpe. Além disso, o ex-juiz federal tem feito críticas pontuais a decisões do juiz Sérgio Moro no contexto da Operação Lava Jato.

Em nenhum dos inúmeros pronunciamentos que fez desde que entrou de cabeça na defesa da presidente Dilma Rousseff o governador do Maranhão defendeu o Governo do PT ou pronunciou alguma frase contra as investigações que têm levado muitos líderes petistas e grandes empresários amasiados com o partido para detrás das grades sob a acusação de desviar dinheiro público nos inacreditáveis e inaceitáveis esquemas de corrupção como “mensalão” e “petrolão”. Ao contrário, tem repetido uma espécie de catilinária na qual vocifera contra os esquemas de corrupção e defende o aprofundamento das investigações, a identificação e a condenação dos corruptos com penas pesadas e exemplares. Não pode, portanto, ser acusado de defender corruptos, já que contra a presidente Dilma Rousseff não pesa qualquer acusação de malfeito criminoso com o dinheiro público. “Eu defendo o mandato de uma presidente honesta e honrada”, tem dito o governador.

O outro dado forte do seu discurso é uma coerente e insistente proposta de um grande diálogo envolvendo todas as correntes com o objetivo de superar a crise política e, na esteira desse resultado, criar as condições para superar a crise econômica. Nesse item, falam, ao mesmo tempo, o líder político e o governador. O líder político se expõe com as condições para ser um interlocutor das esquerdas com as oposições, que formam um arco político e ideológico que vai do centro à extrema direita. E como os grandes porta-vozes do PT para essa interlocução saíram de cena – como José Dirceu, por exemplo, que está na cadeia acusado de corrupção e jurando inocência -, Dino desponta como a mais acreditada liderança dessa corrente político-partidária, podendo tornar-se o seu porta-voz numa ampla interlocução, consolidando e ampliando assim o espaço que já ocupa no primeiro plano da política brasileira.

O sucesso político não pode, por outro lado, ofuscar o gestor público, porque um não terá razão de ser se o outro fracassar. Isso significa dizer que, se pretende mesmo dar passos largos no estado e além das suas fronteiras, terá de transformar o Maranhão, ou, pelo menos, fincar bases visíveis para que o processo de transformação seja continuado e irreversível. No comando de um estado pobre, Flávio Dino sabe que nesta quadra de crise assoladora terá de brigar muito para conseguir os recursos necessários à concretização de um plano de governo ousado em todos os seus aspectos. Se não der a virada com a qual se comprometeu enfrentará problemas para dar a devidas substância ao político que enxerga e quer chegar longe. Nesse caso, o cacife de jovem líder que destronou o sarneysismo nas urnas e o de governador desassombrado e consciente que peitou os inimigos do mandato da presidente Dilma Rousseff será emagrecido se não estiver composto com o de gestor competente e inovador, que leve na bagagem uma convincente relação de bem-feitos.

Em relação às questões iniciais o mais sensato e honesto é o governador Flávio Dino é a soma de tudo o que foi, e que no caso ele tem se mostrado o político focado, pés no chão e coerente com a sua visão de mundo, como também carrega a impulsão saudável que conserva nas suas ações os traços de um enfant terrible.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Em ato político inusitado, Dino homenageia deputados federais que votaram contra o impeachment da presidente Dilma
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Fotos publicadas no Blog do jornalista Clodoaldo Corrêa: Dino abraça mulher, Waldir diz que foi tocado, Weverton reafirmou sua falas e Rubens Jr. relata voto

Foi um ato diferente, inusitado, até mesmo difícil de definir ou classificar dentro lógica política, porque de cara o entendimento é o de que, tecnicamente, os homenageados foram derrotados no final das contas. Mas o fato é que o governador Flávio Dino em ato realizado ontem à noite no auditório Fernando Falcão, da Assembleia Legislativa, homenageou deputados federais que votaram contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na polêmica sessão legislativa, que certamente entrará para a História como um dos momentos mais controversos do parlamento brasileiro. Uma leitura mais ampliada do ato de ontem indica que o governador Flávio Dino quis mandar um recado, a quem interessar possa, que ele e seu partido não se conformaram com autorização dada pela Câmara Federal para que o Senado processe e julgue a presidente Dilma Rousseff e vão continuar a gritar em tom de denúncia contra “o golpe” . Receberam os afagos do governador e seu grupo os deputados Waldir Maranhão (PP), o polêmico 1º vice-presidente da Câmara Federal; Rubens Jr. (PCdoB), que teve papel importante nos esforços dos aliados da presidente Dilma para evitar o pior; Weverton Rocha (PDT), líder da bancada do seu partido na Câmara e que teve também papel destacado na batalha do impeachment, e Zé Carlos (PT), que incorporou com firmeza o discurso do seu partido contra “o golpe”.

 

Boa vontade de Caxias mata sede de Bacabal
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Humberto Coutinho e Roberto Costa: esforços por Bacabal

As boas relações entre políticos de orientações diferentes ás vezes produzem situações inusitadas e saudáveis. Ontem, a pedido do deputado Roberto Costa (PMDB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT) intermediou a solução de um problema que há mais de uma semana vinha infernizando a população de Bacabal. Sensibilizado com a denúncia feita por Roberto Costa segundo a qual a população de Bacabal estava há mais de uma semana sem uma gota de água nas suas torneiras devido à pane numa bomba d`água. Envolvido com os problemas da cidade que pretende administrar a partir do ano que vem, o deputado Roberto Costa vinha tentando, sem sucesso, solucionar o problema, até que tomou conhecimento de que havia uma bomba de reserva em Caxias, que tem um bem estruturado serviço autônomo de abastecimento de água, o SAAE, que não tem qualquer relação com a Caema. De imediato expôs a situação ao presidente Humberto Coutinho, tio do prefeito de Caxias, Leo Coutinho. Sensibilizado com o relato de Roberto Costa, Humberto Coutinho intermediou a negociação por meio da qual a Prefeitura de Caxias cedeu, como doação, a bomba à Prefeitura de Bacabal. Com o gesto do prefeito de Caxias intermediado pelo presidente da Assembleia Legislativa, população de Bacabal terá restabelecido o abastecimento de água a partir de amanhã. “O Roberto Costa é muito ligado a mim, é meu amigo particular e ele estava chocado com o estado de calamidade que a cidade de Bacabal está passando. Dez dias sem uma gota d’água no cano”, lembrou. “Como Caxias tem uma boa estrutura, entrei em contato com a Prefeitura. Lá tinha uma bomba reserva que resolve o problema de Bacabal. Caxias está doando uma bomba de 100 cavalos para Bacabal, além dos técnicos capacitados para a instalação. Tudo a pedido do deputado Roberto Costa, que está muito apreensivo com o estado de calamidade pública. Porque água é vida”, enfatizou. O deputado Roberto Costa observou que a precariedade no abastecimento de água é um problema grave em Bacabal. “A pane na bomba que capta água do rio Mearim deixou a cidade desprotegida, com escolas suspendendo aulas, os hospitais com carência de água, além das famílias”,  destacou Roberto Costa,  criticando duramente os gestores da cidade por não terem um plano emergencial para problemas dessa natureza.

 

São Luís, 20 de Abril de 2016.

João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha têm razões para se posicionar a favor ou contra o processo de impeachment de Dilma

 

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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha: razões diferentes para votar okntra ou a favor do impeachment

No vai-vem das posições muito comum nos últimos dias no Brasil, vem à tona agora a informação, ainda imprecisa, segundo a qual os três senadores maranhenses votarão a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT). Pelo que está sendo ventilado nos bastidores e nos mais diversos canais de informação, João Alberto (PMDB), Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) já estariam decididos a tomar essa posição, mesmo antes de o processo ser instaurado no Senado da República. Tal definição não surpreende, pois afinal, tudo o que já foi escrito e dito acerca do conteúdo da denúncia que alveja a presidente da República é mais que suficiente para que os parlamentares diretamente envolvidos, que encaram suas atividades com responsabilidade, já tenham formado um juízo a favor ou contra o impeachment. Os senadores João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha são políticos experientes, acostumados a embates políticos de peso e com visão larga o suficiente para se posicionarem sem maiores problemas.

O senador João Alberto, que vinha resistindo a fortes pressões do seu  o seu partido para apoiar o processo de impeachment, por entender que a acusação não tem base legal e que o que está em curso é um movimento político destinado a derrubar o Governo, pode perfeitamente redefinir seu posicionamento. E tem várias razões para, se for o caso, rever a argumentação que vinha orientando sua posição. A primeira delas: o apelo para que vote pelo impeachment vem do seu partido, o PMDB, o que significa dizer que, no caso, o senador seria parte de uma dissidência que agora estará retornando ao leito da sua agremiação partidária, situação que obedece a uma lógica política, à medida que ele é um pemedebista dos mais afinados com a linha de ação do partido. Outra razão para justificar a provável redefinição da sua posição é o fato de que o senador não tem maiores ligações com o PT, embora tenha respeitado integralmente a aliança PMDB/PT no Maranhão. E finalmente, na observação de um aliado, o senador João Alberto já fez a sua parte pró-Dilma quando avalizou o voto “não ao impeachment” dado pelo deputado federal João Marcelo Souza. Se, numa hipótese remota, decidir votar a favor da presidente, o senador o fará muito à vontade, mesmo contrariando o seu partido.

A situação do senador Edison Lobão é rigorosamente diferente, podendo ser considera excepcional. Lobão foi ministro de Minas e Energia nos dois últimos anos do Governo Lula e em todo o primeiro Governo Dilma, teve participação importante nos momentos bons e ruins das duas gestões, e hoje amarga uma situação incômoda, com seu nome envolvido no escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. Com a experiência de quem já enfrentou enormes dificuldades políticas e que agora se vê numa espécie de encruzilhada, principalmente por estar na alçada da mira da Operação Lava Jato. Se decidir motivado pelo fato de ter sido ministro de proas por mais de cinco anos e de ter, nesse período, criado laços de amizade com a presidente Dilma Rousseff, Lobão certamente votará contra o impeachment. Mas se, ao invés disso, optar por seguir a orientação do PMDB, na perspectiva de ter um presidente do seu partido, Michel Temer, e pressionado por amigos e aliados, Lobão votará pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nesse contexto, Edison Lobão vive uma situação ao mesmo tempo delicada e incômoda. Mas a julgar pelo que está circulando nos bastidores, o senador e ex-ministro tende a votar de acordo com a orientação do PMDB, que é pelo impedimento da presidente.

O senador Roberto Rocha tem a situação mais confortável em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma. Em princípio, o senador deve votar pelo impedimento da presidente, de acordo com a orientação do seu partido, o PSB. Por outro lado, Roberto Rocha poderá ouvir um apelo do governador Flávio Dino (PCdoB), que certamente não atenderá, porque ele não tem emitido sinais evidentes de simpatia pela presidente República. Roberto Rocha é um parlamentar jovem, pragmático, que faz uma política de resultados e que dificilmente se deixará encantar por acenos que o levem a tomar uma posição desastrada. Visivelmente empenhado em pavimentar estradas que o levem ao Palácio dos Leões em 2018 ou em 2022, ou à Prefeitura de São Luís em 2020, Rocha está muito à vontade nesse processo, a começar pelo fato de que nada o liga à situação dramática do Governo Dilma, que ele julgará em breve. Daí ser lógico se ele optar pelo impeachment que entronize o vice-presidente na cadeira principal do Palácio do Planalto..

No Senado, que é uma Casa revisora e tem um colégio eleitoral bem menor, é também um campo de batalha onde estratégias podem dar certo ou fracassar redondamente; onde decisões são negociadas, de modo que nenhum senador vai se dobrar tão facilmente a pressões.

 

PONTO& CONTRAPONTO

 

Página triste na História
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Othelino Neto lamenta espetáculo “feio” e decisão pelo impeachment de Dilma na Câmara Federal

“É uma página triste na história da democracia, do parlamento brasileiro. E quando me pronunciei sobre esse assunto aqui, fiz sempre questão de dizer que eu era crítico de alguns aspectos do governo petista, em especial das alianças excessivamente à direita que fez, fortalecendo e deixando valentes os monstros que hoje são os algozes do PT”. Com essas afirmações, o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) se manifestou ontem em relação ao desfecho da primeira etapa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal. Destacou o “posicionamento firme” do seu partido, o PCdoB “na luta pela democracia” com a totalidade de sua bancada votando pelo estado democrático de direito. Na sua fala, Othelino não perdeu a oportunidade de ferroar o PT: “Infelizmente, o governo do PT sofre um grave revés por de terem valorizado os aliados errados. Os deputados do PCdoB estavam lá, firmes com a democracia”, completou. Na sequência, o deputado destacou ainda a postura de outros partidos de esquerda, como o PDT, com a grande maioria de sua bancada, o PSOL, deputados da Rede que estavam, na Câmara, protestando contra o impeachment. “Realmente foi um momento muito feio para a história do país, onde vários deputados manifestaram votos pela continuidade do impedimento da presidente da República sem, sequer, citar o fato gerador do processo. Poucos se referiram às pedaladas. Quase todos disseram que estavam cassando por razões, eminentemente, político-ideológicas”, disse.

 

Governador não foi derrotado

O 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa foi contundente ao rebater  também críticas feitas ao governador Flávio Dino pela posição tomada contra o processo de impeachment. Quanto às críticas ao governador Flávio Dino (PCdoB) por conta do prosseguimento do processo de impeachment, Othelino enfatizou que ele “não foi derrotado” como tenta passar a oposição. Segundo o deputado, “quem perdeu foi o Brasil, o Estado Democrático de Direito. “O governador foi o político que sempre foi. Teve posição e a manifestou publicamente. Teve a coragem de levantar a sua bandeira e de defendê-la até o final. Muito embora tivesse razões, fosse ele apenas olhar para o que o PT fez com ele nas últimas duas eleições de governador, para até ser solidário. Mas ele não estava falando para a ocasião; estava falando para a história. E mesmo tendo tido os constrangimentos que teve, quando o PT do Maranhão foi obrigado a não estar na coligação dele, teve a postura de defender, acima de tudo, aquilo que ele compreende e de defender a democracia”, concluiu.

 

São Luís, 19 de Abril de 2016.

Votação do impeachment na Câmara Federal produziu ganhadores e perdedores na bancada do Maranhão

 

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Júnior Marreca, Weverton Rocha, José Reinaldo, João Castelo, André Fufuca, Rubens Jr., Eliziane Gama, João Marcelo, Pedro Fernandes e Aluísio Mendes saíram ganhando com seus votos

Como em todo embate político, a votação por meio da qual a Câmara federal autorizou o Senado da República a instaurar um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, realizada domingo, produziu vencedores e perdedores. Mas uma análise mais cuidadosa de casa caso levou à conclusão de que uns deputados ganharam muito mais do que outros que votaram na mesma direção, enquanto que alguns saíram da sessão com grandes problemas para resolver nos próximos tempos. De um modo geral, ganharam politicamente os deputados que votaram a favor do impeachment, ficando os que votaram contra em situação delicada, amargando o sentimento de derrota. Em meio a aqueles, um grupo significativo fez sua parte e não espera afagos nem castigos e pretendem tocar suas carreiras situando-se na realidade política que começa a se desenhar em Brasília.

Protagonista do voto “sim” que chamou mais atenções na bancada maranhense, o deputado José Reinaldo Tavares (PSB) foi, de longe, o que saiu da sessão mais tranquilo, tanto no sentido pessoal quanto no que diz respeito à política. Na sua declaração de voto, fez um desabafo, soltando “o que estava entalado há muito tempo na minha garganta” em relação ao que sofrera por parte do Governo Lula quando comandava o Maranhão, e também quanto à cassação do governador Jackson Lago, que na sua avaliação foi patrocinada pelo PMDB com a anuência do PT com o aval do presidente Lula. “Não poderia votar ´não` aos que fizeram tanto mal a mim e ao Maranhão”, justificou, pedindo desculpas ao aliado e amigo governador Flávio Dino. Além disso, José Reinaldo ganhou politicamente porque tem canal aberto de comunicação com o vice-presidente Michel Temer, podendo ser um interlocutor importante em situação futura.

Inicialmente visto como um parlamentar que estava “perdido”, André Fufuca saiu da sessão de domingo fortalecido, com cacife para se situar num eventual governo do PMDB. Seu maior ganho foi herdar o comando do PP no Maranhão, que, tudo indica, foi tirado do deputado Waldir Maranhão, que decidiu romper com a orientação do partido e votar contra o impeachment. André Fufuca, que chegou à Câmara Federal timidamente como membro do PEN, se aliou ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganhou a presidência da CPI da Prótese, driblou deputados experientes e assumiu a função de coordenador da bancada maranhense, migrou para o PP e agora é o chefe do partido no Maranhão, o que lhe dá expressiva força política, dado o tamanho da agremiação.

A deputada Eliziane Gama (PPS) votou pelo impeachment apostando que terá turbinado o seu projeto de chegar à Prefeitura de São Luís, tanto que ao declarar seu voto o dedicou “à minha querida São Luís”, confirmando um afinado senso de oportunidade. A parlamentar conta com o aval do seu partido e acredita que num eventual Governo do PMDB possa turbinar seu projeto político de chegar ao comando de São Luís nas eleições de outubro. Na mesma linha, o deputado João Castelo (PSDB) ganhou pontos políticos com seu partido, o PSDB, que deve ocupar um espaço de larga importância num eventual Governo Michel Temer, daí porque saiu da sessão com um sorriso largo.

O deputado Weverton Rocha (PDT) saiu do processo fortalecido como líder partidário, mesmo tendo perdido na votação. A atuação dele no comando da bancada do PDT foi irreprovável, mesmo com o registro de alguns excessos. Com o ele, o deputado Rubens Jr. (PCdoB), que comprou a briga contra o pedido de impeachment como um parlamentar centrado, bem informado e competente no que diz respeito à natureza e ao funcionamento das instituições.

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Afinados com seus partidos, Hildo Rocha, Victor Mendes, Cléber Verde, Juscelino Filho, Zé Carlos, Sarney Filho e Alberto Filho sapiram como entraram na votação

No quesito coerência, três deputados saíram maiores da sessão de domingo: Pedro Fernandes (PTB), que não se deixou seduzir pela possibilidade de se dar bem num eventual Governo temer e votou “não” com convicção; João Marcelo Souza (PMDB), que também por convicção, esnobou o oportunismo e votou com consciência; e Aluísio Mendes (PTN), que resistiu a muitas pressões, mas manteve sua convicção de que a denúncia não tem base para justificar um processo de impeachment. Como eles, o deputado Júnior Marreca (PEN), que parecia um parlamentar apagado, mas que cresceu e no ato de votar fez uma defesa surpreendente de princípios que devem nortear a vida pública.

Os deputados Alberto Filho (PMDB), Hildo Rocha (PMDB), Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PSD), Cléber Verde (PRB), Zé Carlos (PT) e Juscelino Filho (DEM) votaram com suas bancadas e não cresceram nem diminuíram de tamanho político nesse processo.

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Waldir Maranhão saiu da sessão como o grande perdedor

A votação do impeachment na Câmara Federal teve um grande perdedor na bancada maranhense, o deputado Waldir Maranhão (PP). Ao contrariar o seu partido e votar contra o impeachment, Waldir Maranhão, 1º vice-presidente da Casa, viu seu castelo de poder quase desabar. Convencido pelo governador Flávio Dino a apoiar a presidente Dilma Rousseff, Maranhão comprou duas brigas com adversários que ninguém quer. Primeiro contrariou frontalmente o presidente Eduardo Cunha e depois peitou o seu partido, que fechara questão pelo impeachment. Foi um Waldir tenso e constrangido que, ao votar, desculpou-se com Cunha, a quem prometeu fidelidade plena e de quem recebeu apenas um sorriso debochado. Antes, fora informado de que perdeu o comando do PP o Maranhão, que era a sua maior fonte de poder político. O fato é que Waldir Maranhão saiu da histórica sessão da Câmara como um vice com problemas e um deputado praticamente sem partido.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Wellington e Edivaldo Holanda travam dura guerra verbal
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Edivaldo Holanda e Wellington do Curso: guerra aberta e palavras muito duras

Piorou ontem a grau preocupante, a relação dos deputados  Edivaldo Holanda (PTC) e Wellington do Curso (PP). Os dois trocaram palavras duras ontem no plenário da Assembleia Legislativa por causa do prefeito Edivaldo Jr. (PDT); tendo Wellington do Curso criticado acidamente o chefe do Executivo municipal, que foi defendido pelo pai, deputado Edivaldo Holanda. Tudo começou quando Wellington do Curso acusou o prefeito de haver mentido quando prometeu construir uma rede de creches durante seu governo, o que não aconteceu. A resposta do deputado Edivaldo Holanda foi excessivamente dura. Ele acusou o deputado Wellington de se meter onde não é chamado nem, acusando ainda de “não ter ética” e que ataca sua adversários de maneira “covarde” e de ter “diarreia mental” e de se comportar de maneira “histérica” e de ter uma boca “que fede”. A metralha verbal de Edivaldo Holanda surpreendeu os deputados, principalmente quando ele resolveu lecionar as primeiras letras. Poucas vezes um deputado foi tão duro com um colega como Edivaldo Holanda, um político de larga experiência com o parlamentar, fez com Wellington do Curso. O deputado reagiu com indignação, cobrando mais moderação do colega, mas reafirmando tudo o  dissera e acusou o Edivaldo Holanda pai, repetiu que o prefeito “é mentiroso”, que não trabalha perla população e que é preguiçoso”. O fato é que a temperatura dos dois só aumenta quando eles entram em combate. E se o presidente Humberto Coutinho (PDT) não agir rápida para  construir uma ponte entre os dois lados, as sessões do parlamento estadual poderão virar um campo de batalha com todos os riscos para os gladiadores. Em tempo: Wellington do Curso é pré-candidato à Prefeitura de São Luís, e tem tentado viabilizar o seu projeto batendo forte no prefeito Edivaldo Jr., levando o deputado Edivaldo Holanda, seu pai a defendê-lo em tom cada vez mais elevado e duro.

 

 

São Luis, 18 de Abril de 2016.