Sem a presença do grupo dissidente que apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo e a do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, e que pretende substituir o advogado Felipe Camarão (PT) na vaga de pré-candidato a vice na chapa do governador Carlos Brandão (PSB) e de lançar candidato a senador para disputar a vaga com o ex-governador Flávio Dino (PSB), o braço maranhense do PT realiza hoje o seu Encontro Tático Eleitoral (ETE). O evento, que é parte da preparação do partido para as eleições, deveria ter sido realizado no fim de semana que passou, mas foi adiado para hoje e amanhã, exatamente por conta do acirramento de diferenças internas sobre a chapa majoritária. A pauta do Encontro Tático Eleitoral deve se ater a discussões para definir a estratégia de campanha do partido, montar chapas para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa, e ratificar a chapa majoritária. Mesmo decidindo não participar do ETE, os dissidentes conseguiram adiar o encontro e alterar parte da pauta.
O enredo dessa situação já está quase desbotando. Tudo começou quando, numa articulação ampla entre PSB e PT, o então secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, se filiou ao PT e se lançou pré-candidato do partido a governador. O projeto não evoluiu e ele mudou decidiu disputar uma vaga na Câmara Federal. Em vez disso, com o apoio do ex-governador |Flávio Dino, Felipe Camarão foi alçado ao posto pré-candidato a vice-governador na chapa liderada pelo governador Carlos Brandão. A escolha de Felipe Camarão foi aprovada pelas cúpulas estadual e nacional do partido, garantindo assim a participação do PT na chapa de Carlos Brandão. O encontro de hoje e amanhã, que deveria ter sido realizado na semana que passou, foi adiado para que os líderes petistas avaliassem a situação.
O grupo dissidente criou a situação de crise dentro do partido reivindicando uma pauta já vencida. Para começo de conversa, o grupo queria o PT maranhense alinhado à candidatura do senador Weverton Rocha. Como não é possível, já que a banda esmagadoramente maior do PT estadual segue unida alinhada à pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, a exemplo da chapa presidencial Lula da Silva (PT)/Geraldo Alckmin (PSB), o grupo resolveu reivindicar a vaga de vice, já ocupada pelo petista Felipe Camarão. O argumento: o grupo dissidente acha que o vice de Carlos Brandão deve ser um “petista de raiz”, sugerindo alguns nomes, entre eles o do deputado estadual Zé Inácio, que resolveu abraçar a “causa”. Vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, Zé Inácio vai se anunciar aspirante à vaga de vice durante Encontro Tático Eleitoral.
O outro ponto de reivindicação do grupo – que tem o ex-vereador de São Luís Honorato Fernandes e o ex-suplente de deputado federal Márcio Jardim como líderes -, é relacionado com a disputa para o Senado. Nas articulações para a aliança com o PSB, ficou acertado que o candidato do grupo partidário ao Senado seria o ex-governador Flávio Dino. O grupo petista ligado ao senador Weverton Rocha decidiu apoiar o pleito do sociólogo petista Paulo Romão de ser lançado candidato a senador. Há duas semanas, quando o senador Weverton Rocha e seu grupo decidiram apoiar a pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição, esse grupo do PT fez festa apoiando a decisão, atitude que repetiu na semana passada, quando Josimar der Maranhãozinho anunciou o apoio do PL ao pré-candidato do PDT.
Em resumo: o grupo não vai ao Encontro Tático Eleitoral, mas continua defendendo a troca de vice do governador Caros Brandão e um boicote à pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado, seja com o lançamento de um candidato do PT, no caso o sociólogo Paulo Romão, seja levando a adesão do partido à pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição. Mas tudo leva a crer que a grande maioria do PT ratificará o apoio à chapa Carlos Brandão/ Felipe Camarão/Flávio Dino, confirmando a aliança com o PSB, enquanto o grupo dissidente permanece alinhado a pré-candidaturas do senador Weverton Rocha ao Governo e do senador Roberto Rocha à reeleição, juntando-se ao que há de mais radical em matéria de bolsonarismo no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Volta de Ivaldo Rodrigues reforça a pré-candidatura de Weverton em São Luís
O senador Weverton Rocha reforçou sua pré-candidatura a governador ao receber de volta aos quadros do PDT o ex-vereador Ivaldo Rodrigues, um dos mais importantes quadros do partido em São Luís. Um dos remanescentes da Juventude do PDT criada por Jackson Lago, e que deu origem à influente militância do partido na Capital, Ivaldo Rodrigues foi uma das “vítimas” do desastre amargado pelo partido nas eleições municipais de 2020, não conseguindo a reeleição. Discordando da maneira como as decisões vinham sendo tomadas dentro do PDT, ele se afastou de Weverton Rocha e se manteve no grupo alinhado ao grupo liderado pelo então governador Flávio Dino. A ausência de Ivaldo Rodrigues e outros líderes do PDT atraiu pesadas críticas ao comando do partido. A volta do ex-vereador às fileiras do PDT é uma reviravolta que reforça a pré-candidatura do pedetista em São Luís.
Brandão leva a melhor na disputa pelo apoio de prefeitos
Enquanto o senador Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) se apresentam como controladores de uma centena de prefeitos, o governador Carlos Brandão vai desfazendo essa base e aumentando o seu cacife na seara dos líderes municipais. Na mesa do chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, ele próprio ex-prefeito de Imperatriz, a lista de prefeitos apoiadores do governador Carlos Brandão ganha nomes a cada dia. Os números são guardados a sete chaves, mas nos bastidores corre que já seriam mais de 130 apoiadores assumidos, estando outros 30 apalavrados.
São Luís, 04 de Junho de 2022.