O PSDB confirmou ontem o seu apoio à candidatura da senadora mato-grossense Simone Tebet à presidência da República, consolidando a aliança com o MDB e o Cidadania. A decisão, anunciada no início da noite, em Brasília, deu forma definitiva à chamada “terceira via”, um projeto destinado a quebrar a polarização entre as candidaturas do ex-presidente Lula da Silva (PT) com a do presidente Jair Bolsonaro (PL). E como está cristalizado na pauta política, a decisão terá forte repercussão no Maranhão, começando pela posição que a ex-governadora Roseana Sarney, que preside o MDB estadual, e o ex-presidente José Sarney, presidente de honra nacional do partido, que vinham numa clara inclinação no sentido de apoiar o ex-presidente Lula da Silva. Com a definição dos três partidos aliados pela senadora Simone Tebet, Roseana Sarney e José Sarney não terão outro caminho que não de apoiar a candidata emedebista. A definição envolve também outras forças políticas maranhenses, como a senadora Eliziane Gama (Cidadania), e o marido dela, Inácio Melo, que controla o braço maranhense do PSDB, que terão de se alinhar ao importante projeto de Simone Tebet na corrida presidencial. Além disso, outros casos, como o do senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT ao Governo do Estado, terão de se posicionar em definitivo em relação à disputa pelo Palácio do Planalto.
Muito ligados ao ex-presidente Lula da Silva, com quem estiveram alinhados entre 2002 e 2016, período em que participaram unidos de quatro eleições no Maranhão, e só se afastando com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Roseana Sarney e José Sarney tinham a candidatura do petista como caminho quase natural se o MDB não tivesse um projeto de candidatura presidencial. A decisão de ontem muda tudo, deixando para os líderes emedebistas maranhenses apenas dois caminhos: apoiar a candidatura da senadora mato-grossense ou se afastar do MDB, que não aceitará qualquer tipo de dissidência. A expectativa é que Roseana e José Sarney declarem apoio a Simone Tebet no primeiro turno, e se ela não chegar ao segundo e a disputa final for entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro, eles apoiarão o petista. Roseana Sarney deve se manifestar a qualquer momento sobre a decisão do partido. Nesse contexto, aguarda-se também a posição dos deputados federais emedebistas João Marcelo e Hildo Rocha, que ainda não se posicionaram claramente na corrida presidencial.
Avalista de primeira hora da aliança PMDB/PSDB/Cidadania, a senadora Eliziane Gama está fechada com o projeto presidencial de Simone Tebet. Além da aliança partidária, com a qual concordou desde o início, tendo sido inclusive lembrada para a vaga de vice pelo ex-governador de São Paulo João Doria, quando ele ainda se mantinha firme como pré-candidato do PSDB, Eliziane Gama tem motivos a mais para apoiar a colega mato-grossense. Elas têm forte afinidade política, cultivam fortes laços de amizade e atuam em sintonia no Senado em relação a matérias que envolvem a questão da mulher. Foi um esforço envolvendo as duas que resultou na criação da chamada “bancada feminina” no Senado, com forte atuação das senadoras, em espacial Eliziane Gama e Simone Tebet, por exemplo, na CPI da Covid. Não há qualquer dúvida quanto ao apoio da senadora maranhense à colega mato-grossense.
A decisão do PSDB, que definiu a aliança e a candidatura de Simone Tebet, coloca automaticamente o ninho dos tucanos maranhenses na base da candidata emedebista. Um dado reforça ainda mais essa tendência: o PSDB do Maranhão encontra-se atualmente sob o comando do empresário Inácio Melo, pré-candidato a deputado estadual. Ele ganhou o controle do partido dentro desse acordão dos tucanos com o MDB e o Cidadania, depois que o PSDB do Maranhão esteve na área de influência do governador Carlos Brandão, que o deixou para ingressar no PSB. Não há qualquer dúvida de que o comando do ninho no Maranhão abraçará a candidatura de Simone Tebet, numa dobradinha com Cidadania e, provavelmente, com o MDB.
No que diz respeito aos braços maranhenses do MDB, do PSDB e do Cidadania, Simone Tebet está consolidada.
Em Tempo: a relação que liga os Sarney a Lula da Silva está registra na edição de ontem desta Coluna.
PONTO & CONTRAPONTO
Posição de Braide gera expectativa na corrida aos Leões
O prefeito de São Luís Eduardo Braide (sem partido) já decidiu e anunciou que apoiará o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB). A decisão não surpreendeu, uma vez que já era esperada por conta das diferenças políticas e posições pessoais que o levaram a romper como o então governador Flávio Dino (PSB) em 2016. A expectativa agora é quanto a sua posição na disputa para o Governo do Estado, que o prefeito deve anunciar em pouco tempo.
Se a lógica funcionar nesse caso, ela indica que ele se posicionará com o senador Weverton Rocha (PDT), que o apoiou no segundo turno da disputa pela prefeitura em 2020. Além desse motivo, Eduardo Braide mantém diferenças com o governador Carlos Brandão (PSB), que apoiou o deputado estadual Duarte Jr. (PSB) contra ele em 2020. Dificilmente dará seu apoio ao ex-prefeito Edivaldo Jr. (PSD), em quem enxerga um forte concorrente na disputa de 2024, quando certamente concorrerá à reeleição. E é improvável que use sua força política apoiando a candidatura do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC).
A política, em especial as disputas eleitorais, no entanto, costumam guardar nuanças que só se revelam em momentos de decisão, o que faz com que o óbvio não prevaleça. Vale aguardar a manifestação do prefeito de São Luís.
Depois do bote em Weverton, Maranhãozinho dá sinais de que quer continuar na esfera federal
O deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) faz zoada se anunciando pré-candidato a governador, disse que não queria mais fazer parte da bancada do Maranhão no Congresso Nacional, lançou sua mulher, a deputada estadual Detinha (PL) para substitui-lo na Câmara Federal, e chegou a dizer-se inclinado a voltar para a Assembleia Legislativa, onde chegou como campeão de votos em 2014.
Sua estratégia era “vender” o apoio de 40 prefeitos e emplacar um dos seus numa chapa majoritária. Tentou com o governador Carlos Brandão e não deu certo. E como Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim estão fora do seu “radar”, ele encontrou no senador Weverton Rocha (PDT) o candidato ideal para dar o bote. Não conversaram muito, e o resultado é conhecido: Weverton Rocha ganhou o deputado estadual Hélio Soares (PL), que individualmente pouco acrescenta política e eleitoralmente à chapa do pedetista, já que nessa seara “todo poder emana” do chefão do PL e do bolsonarismo no Maranhão.
Agora, Josimar de Maranhãozinho, com o rosto fortemente empoado por muitos gramas de maquiagem, aparece em anúncios televisivos do PL dando a entender que repensou tudo e será candidato à reeleição de deputado federal, atuando no enriquecedor mundo do orçamento secreto.
São Luís, 10 de Junho de 2022.