Pragmático e tarimbado, Lobão mostra em Caxias que mantém força política e poder de fogo eleitoral

 

Edison Lobão entre Paulo Marinho Jr., José Gentil e Fábio Gentil na grande festa política em Caxias, realizada no último sábado

Se alguém duvidava do poder de fogo político do senador Edison Lobão (MDB), o ato de lançamento da candidatura do ex-deputado José Gentil (PRB) a novo mandato, realizado na noite de sábado (18) em Caxias, serviu para sepultar as dúvidas ainda vivas. O senador vivenciou mais uma vez situações que se repetiram durante sua longa e bem sucedida carreira política, iniciada em 1978, quando se elegeu deputado federal pela primeira vez: milhares de pessoas gritando palavras de ordens incentivadoras com seu nome, do tipo “Lobão, nós queremos Lobão”, entre outras. E ele, naturalmente impactado com a manifestação, reagiu: “A vocês que sempre confiaram em mim, que sempre me elegeram, sempre estendo a minha mão amiga e agora pedindo humildemente mais um voto de confiança ao Senado Federal. Eu serei digno da confiança de vocês”. E seguiu com um discurso denso, bem fundamentado, com início meio e fim, sem afetação, sem bravata, sem rancores, sem prometer o que não pode cumprir. Uma atuação pragmática e típica do “modo Lobão de fazer política”, o que explica sua liderança na corrida senatorial mostrada pelas pesquisas realizadas até aqui.

A campanha eleitoral em curso está produzindo uma situação curiosa na coligação comandada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Pelo que fica cada vez mais evidente, o senador Edison Lobão faz uma corrida com forte tom partidário, dando força à candidata ao Governo, destacando seu companheiro na chapa senatorial, deputado federal Sarney Filho (PV), mas seguindo uma trilha própria, aberta e consolidada ao longo dos anos e que o leva às lideranças – prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e líderes comunitários e sindicais – com as quais mantém relações sólidas, corretas, como é do seu estilo. Daí não surpreender a maneira festiva como é recebido nos municípios. Nessa campanha, Edison Lobão tem deixado aliados, adversários e críticos de boquiaberta com a sua performance excepcional nas pesquisas.

O que mais chama a atenção é o comportamento do senador em relação ao bombardeio que tem sofrido por conta das denúncias por meio das quais tentaram misturá-lo com a arraia-bandida fisgada pelos anzóis da Operação Lava Jato. Nada do que foi dito por delatores desesperados para dividir seus fardos foi confirmado, tendo o Ministério Público Federal recomendado o arquivamento de denúncias por falta de consistência. E com a experiência de quem realmente aprendeu o caminho das pedras no jogo bruto e implacável da luta pelo poder, Edison Lobão faz uma campanha sem se fazer de vítima. Ao contrário, tem criticado os excessos do denuncismo, sem, no entanto, recorrer ao recurso vulgar da  fulanização. Tem sido, por exemplo, um crítico duro, mas equilibrado, da condenação e da prisão do ex-presidente Lula da Silva (PT), de quem foi ministro de Minas e Energia e com quem construiu uma amizade sólida, a ponto de liderar um grupo de senadores da Comissão de Constituição e Justiça do Senado para visitá-lo na prisão em Curitiba. Disse ele logo depois num enfático discurso no Senado: “Lula foi preso para não ser presidente da República de novo”.

No ato público de sábado em Caxias, o senador Edison Lobão reforçou seus laços políticos com o prefeito Fábio Gentil (PRB) e com o vice Paulo Marinho Jr. (PP). E nos bastidores, é sabido que tem o amplo leque de apoiadores no campo político construído pelo ex-deputado Humberto Coutinho (PDT), hoje comandado pela ex-deputada Cleide Coutinho (PDT), também candidata a deputada estadual. Em Caxias mesmo posicionado com o grupo do prefeito Fábio Gentil, Edison Lobão é embalado por uma base suprapartidária, resultado de décadas de ação política acima de grupos e partidos, como mostraram todas as eleições que disputou para o Senado.

O senador Edison Lobão tem a clareza de que para ele essa eleição é decisiva para o coroamento da sua carreira. Sabe também que carrega na campanha o desafio de enfrentar nas urnas concorrentes como Sarney Filho, Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (PSDB), Eliziane Gama (PPS), Alexandre Almeida (PSDB) e Saulo Arcangelli (PSTU).

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Arquivamento da Representação contra Carlos Brandão mostra que Flávio Dino sabe o que faz

Carlos Brandão saiu ileso do primeiro ataque no tapetão da Justiça

A decisão do procurador regional eleitoral Pedro Henrique Oliveira Castelo Branco de mandar para o arquivo morto a Representação do MDB denunciando suposta inelegibilidade do vice-governador Carlos Brandão (PRB) foi o primeiro rebate aos petardos judiciais disparados pelo partido e aliados da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) contra o projeto de reeleição do governador Flávio Dino avaliou que (PCdoB). E mostrou que, ao contrário de outros tempos, quando jogou pesado e desestabilizou adversários no tapetão, o Grupo Sarney não está agora enfrentando amadores, mas profissionais que sabem o que fazem em embates judiciais. O governador Flávio Dino sabia exatamente o que estava dizendo o fato de ter assumido o Governo temporariamente no dia 7 de Abril, substituindo-o, não o tornaria inelegível. E seguro da sua avaliação, bancou a candidato do companheiro de chapa, certo de que a Justiça negaria provimento à denúncia da cúpula do MDB. Não há dúvida de que o Grupo Sarney repete a estratégia de questionar na Justiça a legalidade da chapa do seu maior adversário em cada eleição, tendo a derrubada do governador Jackson Lago em 2019 o seu maior triunfo nesse viés político. Os tempos agora são outros, e à frente do Governo está um ex-juiz federal que sabe onde ele e seu Governo devem pisar, e por isso dificilmente deixará brechas para inspirar ações judiciais. E a julgar pelo que se ouve dos que sabem o que dizem nessa seara, nenhum petardo judicial até agora contra o governador e sua aliança vai prosperar. Se essa previsão se confirmar, Roseana Sarney, que tem forte base política e eleitoral, corre sério risco de sair arranhada da refrega no tapetão.

 

PCdoB vai preparar recepção de candidato a presidente a Fernando Haddad, vice e iminente substituto de Lula

Fernando Haddad será recebido por Flávio Dino com tratamento de candidato a presidente

O comando da campanha do governador Flávio Dino (PCdoB) vai preparar uma grande recepção para o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), candidato a vice-presidente da República na chapa do ex-presidente Lula da Silva (PT), que desembarcará em São Luís no dia 24 (sexta-feira) e permanecerá na Ilha até o dia 25 (sábado). Fernando Haddad será recebido oficialmente como candidato à vice-presidente, mas será tratado como candidato a presidente. E a explicação é óbvia: é quase certo que a Justiça Eleitoral barrará a candidatura de Lula da Silva, por considerá-lo “ficha-suja”, o que fará de Fernando Haddad automaticamente o candidato do PT a presidente. O governador Flávio Dino é partidário da substituição Lula da Silva por Fernando Haddad, por considerar o ex-prefeito de São Paulo um quadro à altura de representar a aliança PT/PCdoB na corrida presidencial, e que terá como vice a deputada gaúcha  Manuela D`Ávila (PCdoB). O PCdoB e o PT pretendem levar o nome de Fernando Haddad aos mais distantes rincões do Maranhão, num esforço gigantesco para transferir para o substituto as mais de 1,5 milhão de intenções de votos para Lula da Silva.

São Luís, 20 de Agosto de 2018.

 

 

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