PMDB estanca crise, descarta Murad e quer Roseana candidata em São Luís

 

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Roseana Sarney sinaliza retorno à guerra eleitoral

O PMDB maranhense decidiu que vai se preparar para entrar com toda força que puder reunir na corrida eleitoral do ano que vem, para eleger o maior numero possível de prefeitos e vereadores. Seu projeto eleitoral começa por São Luís, onde poderá disputar a Prefeitura tendo a ex-governadora Roseana Sarney como candidata. Depois de meses agitado por tensões e confrontos internos causados, em certa medida, pela estrondosa derrota que sofrera nas urnas em 2014, o partido resolveu dar um basta na crise intestina e voltar aos trilhos focando as eleições municipais do ano que vem. A mudança de rumo e de ânimo foi deflagrada quinta-feira (18), em reunião convocada pelo presidente do partido, senador João Alberto, e que contou com a participação da ex-governadora Roseana Sarney, a maior e mais forte liderança pemedebista, cuja ação, além de ser decisiva para garantir a unidade partidária, sinaliza que ela está ainda longe da aposentadoria.

O encontro pemedebista reuniu lideranças de municípios com mais de 40 mil eleitores, onde o partido pretende lançar candidatos fortes a prefeito ou fazer composições que o levem ao centro do poder. Os chefes pemedebistas discutiram também a definição de uma estratégia especial para que a agremiação lance o maior número possível de candidatos a vereador em todas as regiões do Maranhão, inclusive em São Luís. No final da reunião o clima entre os caciques do PMDB era de otimismo, com cada um fazendo planos para os municípios onde atuam.

Nas contas feitas pelos chefes do partido, o PMDB pode lançar candidatos fortes ou participar de composições em São Luís, Paço do Lumiar, Imperatriz, Caxias, Bacabal, Codó, Pinheiro, Timon, Pedreiras, Chapadinha, Balsas, São Bento, Lago da Pedra, São João dos Patos, Grajaú, entre outros. Acreditam que, com bons candidatos e o incentivo das lideranças maiores do partido no estado, poderão alcançar bons resultados nas urnas, mesmo levando em conta o fato de que partidos alinhados ao Governo Flávio Dino estão se preparando com unhas e dentes para jogar pesado na corrida às urnas, a começar pelo próprio PCdoB.

O maior desafio do PMDB é disputar a Prefeitura de São Luís, onde pretende chegar agora com uma candidatura de peso. Avaliam que uma vitória na Capital será meio caminho andado para voltar ao poder no estado. E com essa motivação, o projeto só comporta duas alternativas. A primeira é a ex-governadora Roseana Sarney, e a outra é o deputado estadual Roberto Costa, que preside o partido na Capital, mas trabalha também para disputar a Prefeitura de Bacabal. Fala-se também, remotamente, no ativo vereador Fábio Câmara, mas é improvável que ele arquive uma chance de concreta de reeleição para entrar numa aventura. Fala-se também no suplente de senador Lobão Filho, mas ele tem fugido do assunto.

Roseana Sarney tem lastro em São Luís, podendo exibir pelo menos uma dezena de grandes obras viárias estruturantes sem as quais a cidade viveria hoje no mais completo caos. Mas o poder longevo do Grupo Sarney corroeu fortemente esse prestígio. O indicativo de que a situação não é fácil foi uma pesquisa feita recentemente pelo Escutec, para medir previamente o cacife dos nomes com potencial para entrar na briga. O levantamento  apontou Roseana Sarney como um dos três nomes mais fortes no cenário pré-eleitoral, mas, por outro lado, informou que sua rejeição é muito alta, bem maior do que sua aprovação. Isso significa que, se ela decidir entrar na briga, o fará consciente de que sua candidatura será um projeto de risco elevado. Além disso, disputará o cargo com dois nomes de muito peso, o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), que saiu da inércia e começa a exibir músculos políticos, e a deputada federal Eliziane Gama (PPS), uma liderança ascendente que vem na ponta em todas as pesquisas feitas até aqui.

Além da rejeição, Roseana tem Calcanhares de Aquiles e pode ter sua trajetória travada no tapetão judicial. Denunciada na Operação Lava Jato como suspeita de ter sido beneficiada com dinheiro sujo desviado da Petrobras para sua campanha em 2010, enfrenta agora as agruras do inquérito cujo desdobramento poderá ser um processo de desfecho rigorosamente imprevisível. Se vier a ser condenada, sua vida política ganhará ponto final no anúncio da sentença. Mas se for declarada inocente, como jura sê-lo, ganhará gás e entrará na corrida. Enfrenta também, sob sigilo judicial, o inquérito em que aparece como suspeita de desvio no Caso do Precatório da Constran. Se se desvencilhar das encrencas policiais e judiciais, sua participação elevará muito o nível da campanha, mas também a submeterá a uma impiedosa pancadaria.

É com esse projeto abrangente que o PMDB pretende participar da corrida às urnas no ano que vem. Suas lideranças sabem que não será nada fácil, mas também apostam na fragilidade dos oponentes.

 

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

 

Ricardo Murad tem seu “Plano B”

 

ricardo 4O pomo da discórdia no PMDB era o ex-deputado Ricardo Murad (foto), que se desdobrou para assumir, primeiro, o comando estadual do partido, e diante do fracasso da tentativa, fez pressão para assumir a direção partidária em São Luís, pretendendo, segundo vozes pemedebistas, se lançar candidato a prefeito da Capital ou pavimentar a candidatura da deputada Andrea Murad. Pegou pela proa ninguém menos que o senador João Alberto, que não se dobrou ao jogo de Murad e jogou pesado para impedir que o ex-secretário de Saúde ascendesse ao comando partidário. Na dura reação às investidas de Murad, o comando pemedebista avisou que não apenas não lhe cederia o controle da agremiação, como também não avalizaria a candidatura dele ao Palácio de la Ravardière. Diante da muralha, Roseana Sarney, que simpatizava com o projeto de Murad, mudou de ideia. Sem chance de controlar o PMDB, Murad se recolheu em Coroatá, para decidir o que fará daqui para frente, podendo até mesmo deixar o partido e por em prática o seu “Plano B” partidário, que é o controle do PTN, hoje comandado no Maranhão pelo deputado estadual Souza Neto, seu genro e seguidor fiel.

 

São Luís, 20 de Junho de 2015.

 

 

 

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