PMDB ensaia arrancada com Roseana Sarney sinalizando que poderá ser mesmo candidata contra Flávio Dino em 2018

 

Roseana com líderes do partido
Roseana Sarney e João Alberto com líderes do partido; Lobão Filho ouve discurso de Assis Ramos; e Sarney Filho faz festa com o apoio que vem recebendo do partido

Não foi um momento de tomada de decisões nem houve anúncios bombásticos, mas a reunião do PMDB, realizada sexta-feira, em São Luís, emitiu todos os sinais de que o partido começa a cumprir o que já estava claro no script: no embalo da sobrevivência do presidente Michel Temer e do poder de fogo que ganhou no plano nacional, o braço pemedebista do Maranhão vai entrar na briga pelo Governo do Estado tendo a ex-governadora Roseana Sarney como cabeça de chapa. Vai brigar também por uma das vagas do Senado, e pela linha dos pronunciamentos e o ânimo dos presentes, a cúpula partidária sinalizou que o PMDB também vai investir pesado na eleição de deputados federais e estaduais. O encontro reuniu os mais importantes líderes pemedebistas no Maranhão de agora, sendo destacado o prefeito Assis Ramos, hoje no comando da Prefeitura de Imperatriz, a segunda maior e mais importante cidade maranhense, sendo também o seu segundo maior colégio eleitoral.

A julgar pelo tom dos discursos, além de uma óbvia injeção de ânimo nas suas bases, que foram trucidadas nas eleições de 2014 e tiveram uma reação tímida nas de 2016, o “conclave” dos cardeais pemedebista teve um objetivo maior: mandar um recado provocador ao governador Flávio Dino (PCdoB) de que ele e o movimento que lidera não terão vida fácil daqui para frente. Isso porque o Grupo Sarney vai jogar todo o peso da sua estrutura e dos instrumentos de poder político que dispõe para sufocar o seu projeto de reeleição. Foi uma espécie de declaração de guerra prévia, mas com indicativos muito claros de que a banda sarneysista da política maranhense fará um super-esforço para aglutinar as forças dispersadas em 2014, para chegar a 2018 em condições de enfrentar as forças mobilizadas pelo governador Flávio Dino.

Embora não tenha confirmado sua candidatura, a ex-governadora Roseana Sarney falou como candidata: atacou o governador Flávio Dino, exaltou os governos que realizou e chegou a declarar que “está preparada” para a guerra, “se o partido assim decidir” – na verdade um mero jogo de palavras, porque no PMDB é ela quem decide. O seu estado de ânimo reflete a euforia que vem animando os bastidores pemedebistas desde que a Câmara Federal mandou para o arquivo morto a denúncia contra o presidente Michel Temer. E também por resultados de pesquisas que dão e aos demais candidatos do Grupo Sarney a possibilidade de um bom desempenho eleitoral, ameaçado, porém, por percentuais nada desprezíveis de rejeição. Mas mesmo medido o peso e contrapeso, a avaliação geral do Grupo é de que o projeto de reinstalar Roseana Sarney no Palácio dos Leões a partir de janeiro de 2019 é viável. Outras avaliações não são tão otimistas, mas em relação a elas, líderes do quilate do senador João Alberto dizem que eventuais obstáculos serão removidos durante a campanha.

O PMDB e a ex-governadora Roseana Sarney sabem que o governador Flávio Dino é um adversário muito difícil de ser batido. Realiza o Governo reformista, que tem feito investimentos em meio a uma crise brutal, e que até aqui não convive com fantasmas de mala recheada de cédulas, lavagem de dinheiro, caixa dois com grana suja e outras mazelas que tiram o sono de muitos próceres da política. As pesquisas lhe dão avaliação positiva. E na esteira desses pontos a favor, vem ganhando nítida projeção como um dos nomes fortes da esquerda no País. E para completar, poderá ter como aliado o ex-presidente Lula da Silva (PT). Esse conjunto de fatores favoráveis ao governador obrigará a ex-governadora a oferecer ao eleitorado muito mais do que o discurso de que fez bons governos, e que se eleita fará melhor. E poderá transformar a campanha numa guerra de fato, cruenta e sem trégua.

Isso não significa que o PMDB esteja blefando e que a candidatura venda a nascer natimorta. Ao contrário, se vier mesmo a ser confirmada, a volta da ex-governadora à seara eleitoral será o principal contraponto da poderosa máquina política e partidária que o governador Flávio Dino vem organizando para ser a base de sustentação do seu projeto de poder. Com a experiência de quem já disputou o Governo do Estado quatro vezes (1994, 1998, 2016 e 2010), tendo vencido em três – duas em turno único -, Roseana Sarney e o PMDB conhecem como ninguém o mapa eleitoral do Maranhão. A quinta disputa funcionará como um teste para medir o tamanho do prestígio do Grupo Sarney numa eleição em que não terão controle da máquina pública estadual. Servirá também para medir o tamanho político do governador Flávio Dino e a consistência da sua liderança no comando do Estado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PMDB vai lançar um candidato a senador, deixando a outra vaga para Sarney Filho (PV)

Sarney Filho, Edison Lobão, Lobão Filho e João Alberto: acertos para o Senado
Sarney Filho, Edison Lobão, Lobão Filho e João Alberto: acertos para o Senado

A cúpula do PMDB fez questão de mostrar que não há qualquer problema com relação à disputa das duas vagas no Senado. Sem maiores discussões deixou claro que o partido apoiará a candidatura do deputado federal e atual ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV), que participou da reunião com a intimidade de um pemedebista. Nada foi dito em relação à segunda vaga, mas o suplente de senador Lobão Filho assinalou que o candidato será seu pai, o senador Edison Lobão, e que na impossibilidade de da sua candidatura, ele, Lobão Filho, quer a preferência para entrar na disputa. O empresário e suplente de senador corroborou o posicionamento do senador, que na semana passada dissera, em São Luís, que é candidatíssimo à reeleição. O senador João Alberto ainda não tomou posição sobre se será ou não candidato à reeleição, mas nos bastidores do Grupo Sarney corre a especulação de que, caso Roseana Sarney confirma a candidatura, ele será o candidato a vice-governador. Em relação ao Senado, João Alberto declarou, semanas atrás, que abre mão do direito natural à vaga em favor de Sarney Filho, o que significa que ele jamais disputará uma vaga de candidato com Edison Lobão, com quem é muito afinado política e pessoalmente. A julgar pelo que tem sido dito em público ou em conversas reservadas, o partido lançará a chapa Sarney Filho/Edison Lobão ou Sarney Filho/Lobão Filho.

 

Sarneysistas enfrentarão nomes de peso apoiados pelo governador Flávio Dino

Weverton Rocha, José Reinaldo e Eliziane Gama: nomes fortes para o Senado aliados a Flávio Dino
Weverton Rocha, José Reinaldo e Eliziane Gama: nomes fortes para o Senado aliados de Flávio Dino

Na guerra pelas cadeiras maranhenses no Senado, os candidatos do Grupo Sarney vão encarar alguns nomes que já estão na corrida para consolidar suas candidaturas. O mais consolidado até agora é deputado federal Weverton Rocha, que se movimenta como líder do PDT na Câmara Federal e chefe inconteste do partido no Maranhão, e tem o aval do governador Flpavio Dino e o apoio assumido do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr.. O outro nome em consolidação é o ex-governador e atual deputado federal Jose Reinaldo Tavares, que está rota de colisão com o seu partido, o PSB, e com o Palácio dos Leões. Também no caminho de disputar a senatória encontra-se a deputada federal Eliziane Gama (PPS), que pode fazer dobradinha com Weverton Rocha se José Reinaldo Tavares vier a romper de vez com o governador Flávio Dino, de quem vem divergindo em questões nacionais desde que votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Luis Fernando Dilva e Hilton Gonçalo: possibilidades remotas na disputa para o senado
Luis Fernando Dilva e Hilton Gonçalo: possibilidades remotas para o Senado

O ex-ministro Gastão Vieira (PROS) e Sebastião Madeira (PSDB) estiveram inclinados a disputar as vagas do Senado, mas diante do cenário que está em construção, preferiram caminhar em direção Câmara Federal, onde terão mais chances de reeleição. E numa composição mais remota, aqui e ali vêm à tona candidaturas improváveis de prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), e do prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB). Ainda no movimento liderado pelo governador Flávio Dino surgiram, na semana passada, rumores de que o PT estaria articulando o lançamento de um candidato a senador.

São Luís, 05 de Agosto de 2017.

 

Um comentário sobre “PMDB ensaia arrancada com Roseana Sarney sinalizando que poderá ser mesmo candidata contra Flávio Dino em 2018

  1. Com relação às candidaturas ao Senado, fiz uma leitura diferente da que a matéria apresenta.

    A Política não é tão cartesiana, como bem definiu o Magalhães Pinto na sua frase: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”- e o Senador João Alberto sabe bem disso, aliás, uma das principais características que alguns dos maiores líderes políticos desenvolvem com a experiência é a paciência, o silêncio e/ou a capacidade, quando lhe convém, de falar, falar, falar e ao mesmo tempo não afirmar nada. E o Senador João Alberto aprendeu bem essas três aulas na Escola do Sarney; se fizermos uma observação minuciosa em suas palavras, neste evento, observaremos que ao dizer que ele “não cria embaraços” não necessariamente ele não afirmou que não será candidato, ainda mais quando ele disse que “após a reforma política ele se manifestará”.

    Ou seja, melhor realmente não analisarmos essa “fotografia”, pois como bem dizia o poeta Paulo Leminski: “nessa pedra alguém parou pra ver o mar, mas o mar não parou pra ser olhado… E foi mar pra todo lado”.

    Logo, aguardemos mais, pra vermos quais águas ainda passarão…

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