Nova reviravolta na bancada do Maranhão: Dino entra no jogo e consegue equilibrar as forças num empate de 9 X 9

 

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Flávio Dino, Dilma Rousseff, Waldir Maranhão e Márcio Jerry comemoram, no Palácio do Planalto, a radical virada de voto de 1º vice presidente da Câmara Federal
pró
Weverton Rocha, Aluísio Mendes, Zé Carlos, João Marcelo, Júnior Marreca, Pedro Fernandes, Rubens Jr. , Waldir Maranhão e José Reinaldo : todos co ntra o impeachment da presidente Dilma

Como que num jogo em que os times se desfazem e os jogadores são liberados para o “salve-se quem puder e como puder”, a maioria dos partidos com representação na Câmara Federal desfez suas bancadas e libertaram os deputados para votarem “de acordo com as suas consciências” para autorizar ou não a abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os 18 integrantes da bancada do Maranhão passaram pelos mais diferentes corredores de pressão montados nos bastidores, e em apenas cinco dias, o placar que era de 10 votos contra o impeachment, cinco a favor e três indecisos virou para nove a favor do impeachment, nove contra. No final da tarde de ontem, de novo a maioria dos votos voltou a favorecer a presidente da República, graças, principalmente, à entrada do governador Flávio Dino (PCdoB) no cenário das articulações, mas o empate veio em seguida. A ação de Dino reverteu a posição do deputado Waldir Maranhão (PP), que de novo retornou ao grupo de apoiadores da presidente; e tirou da indecisão o deputado José Reinaldo Tavares (PSB), que decidiu votar contra o impeachment. Mas em seguida, or pressão da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o pemedebista Hildo Rocha pulou para a oposição.  Se não houver mais mudanças – tudo é possível nesse momento – serão nove votos contra o impeachment e nove a favor.

Na noite de segunda-feira, o placar era o seguinte: contra o impeachment: Weverton Rocha (PDT), Pedro Fernandes (PTB), Zé Carlos (PT), Victor Mendes (PSD), Rubens Jr. (PCdoB), Júnior Marreca (PEN), Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo Souza (PMDB), Alberto Filho (PMDB), Aluísio Mendes (PTN).  A favor do impeachment: Eliziane \gamas (PPS), João Castelo (PSDB), Sarney Filho (PV), Juscelino Filho (DEM) e André Fufuca (PP). Indecisos: José Reinaldo Tavares (PSB), Cléber Verde (PRB) e Waldir Maranhão (PP).

Ontem, no início da noite, o quadro mudou radicalmente, e os deputados estavam assim divididos: a favor do impeachment: Eliziane Gama, Alberto Filho, Hildo Rocha, João Castelo, Juscelino Filho, Sarney Filho, André Fufuca, Victor Mendes e Cléber Verde. Contra o impeachment: Weverton Rocha, Aluísio Mendes, João Marcelo Souza, Júnior Marreca,  Zé Carlos, Rubens Jr., Pedro Fernandes, Waldir Maranhão e José Reinaldo Tavares.

Como se vê, foi uma virada radical, com quatro deputados – Hildo Rocha,  Alberto Filho, Cléber Verde e Victor Mendes – migrando das fileiras de apoio à presidente Dilma Rousseff para as fileiras da oposição que defende o impedimento da presidente. Outro, Waldir Maranhão, saindo da oposição e voltando para a base governista. E, finalmente, o único indeciso, José Reinaldo Tavares, saindo do isolamento para votar a favor da presidente. Essa migração nas duas direções se deu em meio ao jogo bruto das pressões que se instalou no eixo Congresso Nacional-Palácio do Planalto. Em meio a uma frenética onda de reuniões realizadas por ambas as correntes, todas destinadas a “virar votos”, três dos quatro parlamentares que reviram posições sucumbiram às pressões da oposição e às promessas de que dias melhores viram e que seus afilhados entronizados em cargos federais na região serão mantidos num provável Governo Michel Temer.

Primeiro vice-presidente da Câmara Federal e aliado de proa do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com quem vem fazendo dobradinhas polêmicas, Waldir Maranhão jogou o jogo mais longo que poderia jogar. Primeiro se situou nas fileiras governistas, garantindo voto contra o impeachment e assim – dizem – garantindo alguns privilégios a ele concedidos pela presidente Dilma Rousseff. Mas tão logo percebeu que a “onda” contra a presidente estava se formando, ele aprovou o desembarque do PP da base governista e declarou-se favorável ao impeachment na tarde de quinta-feira, de modo que amanheceu a sexta-feira no quadro de inimigos da presidente da República. Só que no final da tarde de ontem, depois de algumas conversas, uma delas com o governador Flávio Dino, deixou a oposição e retornou à bancada governista.

contra
Sarney Filho, Eliziane Gama, André Fufuca, João Castelo, Cléber Verde, Hildo Rocha, Alberto Filho, Juscelino Rezende e Victor Mendes votos a favor do impeachment da presidente da República

O deputado Alberto Filho seguiu o mesmo caminho. Inicialmente, se posicionou contra o impeachment, certamente agradecido por ter conseguido liberar recursos para 20 quilômetros de asfalto em Bacabal, onde seu pai, José Alberto, é prefeito, e por alguns cargos nos quais conseguiu emplacar afilhados, como nos Correios, por exemplo. Sabe-se, porém, que tinha “compromisso” com Eduardo Cunha e foi colocado contra a parede. Andou ensaiando resistir às pressões, mas aproveitou a guinada do PMDB e se posicionou junto com os quase 60 deputados pemedebistas que decidiram somar forças para derrubar a presidente Dilma, anunciando sua posição logo após a reunião.

São várias as versões para a virada de mesa protagonizada pelo deputado Victor Mendes (PSD). A mais corrente delas é a de que sua mudança de contrário para favorável ao impeachment teria sido uma pressão forte feita pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que teria lhe cobrado obediência política invocando o fato de tê-lo mantido como seu secretário de Meio Ambiente. No diálogo, Roseana teria alegado o fato de que a sua família sempre ajudou a família do deputado, o que ele teria retrucado que a família dele ajudou mais à família dela ao longo de muítos anos. Em princípio, Victor Mendes deixou claro que não se dobraria à pressão da ex-governadora, mas logo em seguida deixou o grupo de apoiadores de Dilma, e ontem confirmou posição favorável ao impeachment.

Surpreendeu a muitos a guinada do deputado Hildo Rocha, que já estava consolidado como voto contra o impeachment. Nos bastidores o que correu foi que a mudança se deu por pressão da ex-governadora Roseana Sarney. Roseana já tinha tentado mudar o voto de Rocha, mas ele reagiu e não aceitou a cobrança. Mas quando correu a informação de que Waldir Maranhão havia voltado à base do Governo, a pressão sobre Hildo Rocha foi violenta e ele não resistiu.

A definição do deputado José Reinaldo Tavares se deu depois de uma longa conversa com o governador Flávio Dino, que pediu o seu apoio à presidente Dilma. José Reinaldo tem sido um duro crítico do Governo, mas todas as suas críticas são honestas e com fundamento. Além disso, o seu partido, o PSB, está contra a presidente. Não foi fácil, mas o ex-governador ouviu os apelos do governador e decidiu apoiar a presidente, correndo todos os riscos políticos de uma decisão desfavorável.

Mas nunca é demais lembrar que o jogo continua e posições podem ser mudadas até mesmo na hora de votar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

João Alberto reafirma posição contra o impeachment
joao alberto
João Alberto mantém posição contra o impeachment da presidente Dilma

O senador João Alberto tem sido fortemente pressionado por figurões do PMDB para que mude sua posição de aliado incondicional da presidente Dilma Rousseff na guerra do impeachment, levando assim o deputado João Marcelo Souza a rever o seu voto declarado contra o movimento para derrubar a chefe do Governo. João Alberto tem deixado claro que não está contrariando uma orientação do partido, porque para ele ainda está valendo o acordo por meio do qual o PMDB foi para as urnas numa aliança com o PT. Ele avalia como politicamente incorreta a posição recente do PMDB de romper com o Governo, lembrando que o seu partido tem responsabilidade direta no atual Governo.  E tem avaliado que o PMDB deveria ter permanecido na base de apoio da presidente, evitando assim que o vice-presidente Michel Temer viesse a ser acusado, como está sendo agora, de chefiar a conspiração para derrubar o Governo. Já comunicou inclusive ao próprio vice-presidente que o deputado João Marcelo votará contra o impeachment, e que se o processo chegar ao Senado, o seu voto será contra a abertura do processo. “E tenho minhas diferenças com o Governo, mas não posso concordar com o que está acontecendo. Tenho ojeriza à palavra golpe, mas é isso que estão tentando fazer com a presidente Dilma. Infelizmente”, disse o senador à Coluna.

 

São Luís, 15 de Abril de 2016.

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