Montagem de chapas para o Senado também sofrerá reflexos da situação de Lula e Temer

 

Sarney Filho
Sarney Filho, João Alberto, Edison Lobão e Lobão Filho são os nomes do Grupo Sarney ligados a Michel temer; Liderados por Flávio Dino,  Weverton Rocha, Waldir Maranhão são Lula, já José Reinaldo e Eliziane Gama estão mais para o presidente Michel Temer

Assim como influenciará fortemente a corrida para o Palácio dos Leões, o desfecho das duas vertentes da crise política nacional repercutirá com a mesma intensidade na disputa pelas duas vagas no Senado. Os candidatos do Grupo Sarney, que ainda não estão definidos – só o deputado federal Sarney Filho (PV), atual ministro do Meio Ambiente, se apresentou até agora – não brigam entre si e jogam todas as fichas na sobrevivência política do presidente Michel Temer (PMDB) ou, no caso da sua queda, na ascensão do presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Por seu turno, os nomes ligados ao movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) – só o deputado Weverton Rocha (PDT) está confirmado – estão em guerra aberta e divergem e divergem em relação ao futuro do ex-presidente Lula da Silva (PT), querendo alguns que ele lidere uma grande reação das esquerdas pela via eleitoral em 2018, e outros que o líder petista acabe na cadeia. Um terceiro grupo – Gastão Vieira (PROS), Eliziane Gama (PPS) e Márlon Reis (Rede) vai tentar se equilibrar entre os dois resultados.

No Grupo Sarney, os senadores João Alberto (PMDB) e Edison Lobão torcem pela sobrevivência do presidente Michel Temer para definir os seus futuros. João Alberto tem seu projeto diretamente ligado ao da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que por sua vez depende do suporte político de Michel Temer para “amarrar” o seu projeto eleitoral. João Alberto tem como plano A ser candidato à reeleição, mas guarda no bolso do paletó um plano B, que é ser vice-governador numa “chapa pura” com Roseana Sarney na cabeça, e um plano C: deixar a senatória de lado e entrar diretamente na briga pelo Governo do Estado, no caso da ex-governadora arquivar seu projeto de candidatura. Bem dispostos aos 81 anos, João Alberto tem dito a interlocutores que está pronto para fazer o que for melhor pelo grupo. Já o senador Edison Lobão permanece alimentando dois planos. O plano A é brigar pela reeleição. O plano B é abrir mão da candidatura senatorial em favor do atual suplente de senador Lobão Filho e fechar a se aposentar na Câmara Federal, onde começou nas eleições de 1978. Os dois planos são mais viáveis se o  presidente da República escapar da degola.

O que chama atenção nessa esfera do Grupo Sarney é que não há disputa e as candidaturas serão definidas num grande consenso.

Gastão Vieira não depende vai por fora, já Márlon Reis é Marina Silva
Gastão Vieira não depende vai por fora, já Márlon Reis é Marina Silva

A briga pelas vagas no Senado no movimento liderado pelo governador Flávio Dino vem até aqui marcada pela indefinição decorrente de uma disputa tensa por candidaturas abençoadas pelo Palácio dos Leões. No páreo estão os deputados federais Weverton Rocha, que parece consolidado, e Waldir Maranhão (PP), ambos partidários do ex-presidente Lula da Silva, e os deputados federais José Reinaldo Tavares (ainda PSB, mas a caminho do DEM) e Eliziane Gama (PPS), ambos hoje ais próximos de Michel Temer. O governador Flávio Dino até aqui tem sido cauteloso ao se manifestar sobre esse tema, mas tem sinalizado alguma simpatia por uma chapa Weverton-Waldir ou por uma Weverton-Eliziane, mas pode também montar duas chapas, sendo uma com Weverton-Waldir, totalmente afinada com a provável candidatura de Lula da Silva, e outra com José Reinaldo-Eliziane, ambos mais inclinados ao campo onde atua o presidente da República.

O terceiro grupo é disperso, não havendo qualquer afinidade política e partidária entre os nomes que o compõem, não havendo também qualquer possibilidade de formação de chapa. Pelas informações estatísticas sobre as tendências do eleitorado, o deputado federal Gastão Vieira se move para uma corrida solitária, com um pé no campo de Lula da Sila e outro no de Michel Temer, podendo também tentar fazer o caminho de volta à Câmara Federal. O mesmo deve acontecer se o ex-juiz Márlon Reis deixar a assessoria jurídica do projeto presidencial de Marina Silva (Rede) para brigar por uma cadeira no Senado, o que até aqui parece improvável.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Reportagem da Record confirma denúncia de Hildo Rocha de que a Globo quer derrubar Temer

Hildo Rocha: denúncia forte contra a Rede Globo
Hildo Rocha quando denunciou a Globo

Não foi um factóide, como muitos chegaram a definir, a denúncia feita pelo deputado federal Hildo Rocha (PMDB) de que a Rede Globo estaria por trás de um grande esquema para derrubar o presidente Michel Temer. O discurso de Hildo Rocha na Comissão de Constituição e Justiça atacando duramente o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) contra o presidente da República. Reforçado no dia da votação por vários deputados em entrevistas e declarações na CCJ, a denúncia de envolvimento da Rede Globo num esquema para derrubar o presidente da República, foi ratificada no programa “Domingo Espetacular”, da Rede Record, com a exibição de uma reportagem que apontou os chefes da família Marinho – Roberto Irineu, que comanda a Rede Globo, João Roberto, chefe do jornal O Globo, e José Roberto, chefe da Fundação Roberto Marinho – ligados a um suposto esquema criminoso. A reportagem denunciou os Marinho envolvidos, por meio de suas esposas, parentes e laranjas, numa trama de lavagem de dinheiro e remessas milionárias para o exterior por meio de empresas de fachada. Pelo que foi mostrado – nome das empresas fantasmas, endereços fajutos, laranjas e outros dados que consolidam a informação -, os Marinhos foram contrariados pelo presidente Michel Temer e estão dispostos a usar de todo o poder do grupo para derrubá-lo. Mesmo subtraindo os traços do ranço da Rede do bispo Edir Macedo em relação à Globo, a reportagem exibida na noite de domingo dá indiscutível consistência ao discurso do deputado Hildo Rocha.

Notas na Folha confirmam esquema de pressão da Globo sobre deputados

Duas notas da coluna de Mônica Bergamo na edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo reforça a denúncia feita pelo deputado Hildo Rocha de que a Rede Globo quer mesmo derrubar o presidente Michel Temer por meio da intimidação de deputados. Veja a íntegra dos dois registros:

A TV Globo transmitirá ao vivo toda a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, marcada para o dia 2 de agosto. Mesmo que seja em horário nobre, interrompendo novelas, jogos e séries.

NOME E SOBRENOME
A emissora abrirá a transmissão a partir do primeiro parlamentar a votar, e manterá a narração ao vivo até o último deputado declarar sua posição no microfone.

São Luís, 17 de Julho de 2017.

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