Lava Jato: tudo começou há três anos com a prisão de Alberto Youssef em São Luís com uma mala com propina ao Governo Roseana

 

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O doleiro Alberto Youssef, Roseana Sarney e Edison Lobão marcaram o início da Operação Lava Jato, há três anos

Até a prisão do doleiro Alberto Youssef em São Luís, no Hotel Luzeiros, na noite do dia 17  de março de 2014, a Operação Lava Jato não tinha qualquer expressão, por tratar-se inicialmente de um crime fiscal inexpressivo, ocorrido no lava jato – daí a origem do nome – de Curitiba. A partir de então, com as suas relações e revelações, a investigação deu saltos gigantescos, desembarcando na Petrobras e, em seguida, em Brasília, chegando a 17 de março de 2017, três anos depois, portanto, como a maior  e mais abrangente ação contra a corrupção jamais realizada no Brasil e na América Latina. Tivesse escapado da Polícia Federal, driblando seus agentes no Hotel Luzeiros, Alberto Youssef poderia ter desaparecido do mapa e frustrado a operação, pois sem ele não teria havido os desdobramentos que mobilizaram uma força-tarefa formada por procuradores e delegados federais, agentes e auditores, comandados pelo juiz Sérgio Moro, nos moldes da Operação Mãos Limpas, que desbastou a máfia na Itália, e nos da ação dos agentes do Fisco norte-americanos durante a vigência da Lei Seca, nos anos 1930, que resultou  a prisão do célebre mafioso Al Capone.

Na verdade, Alberto Youssef foi apanhado por acaso. Os agentes da Lava Jato acreditavam que estava em São Luís para entregar dinheiro desviado da Petrobras (R$ 1,4 milhão) para financiar a campanha eleitoral do grupo liderado pela então governadora Roseana Sarney (PMDB). No seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, o doleiro contou que o dinheiro era propina mesmo, mas com outra origem e outro destino, garantindo que a mala de dinheiro que, segundo a PF, conseguiu entregar a Marco Ziegert, suposto emissário do então chefe da Casa Civil, João Abreu, provavelmente o mais influente assessor direto da governadora Roseana Sarney e que dava expediente no Palácio dos Leões, era propina também, mas enviada pela UTC, supostamente cumprindo acerto firmado para fraudar o pagamento de precatório. Junto com a mala de dinheiro, Youssef diz ter mandado uma caixa de vinho para João Abreu, que reagiu dizendo que não conhece Alberto Youssef, nada recebeu enviado por ele e que vai á Justiça pedir reparação, o que não o impediu de ser preso no ano passado pelo mesmo motivo. Diante da revelação, o juiz Sérgio Moro encaminhou as informações para a Justiça federal no Maranhão e teria compartilhado o inquérito com a Secretaria de Transparência e Controle do Maranhão.

Negada enfaticamente pelos suspeitos, a versão de Alberto Youssef foi confirmada por dois empregados dele, a contadora Meire Poza e o doleiro Rafael Ângulo, apenas com diferenças relacionadas com o valor da suposta propina. Meire Poza afirmou à Polícia Federal que o conteúdo da mala trazida ao Maranhão por Alberto Youssef seria mesmo propina, só que parte de um total de R$ 6 milhões acertado para serem entregues a membros do Governo Roseana Sarney. Já Rafael Ângulo, por sua vez, num relato detalhado feito à revista Veja, garantiu que entregara R$ 600 mil a João Abreu, como parte de uma propina maior, em duas viagens que fez a São Luís, transportando dinheiro vivo grudado no corpo sob as roupas, garantindo que entregou duas parcelas de R$ 300 mil. João Abreu contesta e garante que não recebeu propina, que não conhece Rafael Ângulo, que garante ter feito a entrega  do dinheiro no gabinete do então secretário, no Palácio dos Leões.

Mesmo parecendo ser um velho conhecido de alguns graúdos do Maranhão, Alberto Youssef , quando foi apertado pela Polícia Federal no inquérito da Lava Jato, afastou Roseana Sarney da mira da dos investigadores. Explica-se: nas investigações sobre o rombo bilionário na Petrobras, Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento e o principal operador do esquema, sacudiu a política do Maranhão ao declarar que teria mandado o doleiro, por ordem do então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,  entregar R$ 1 milhão à governadora, para serem usados na sua campanha à reeleição em 2010. Alberto Youssef, porém, não confirmou a versão de Paulo Roberto, afirmando não se lembrar de ter feito tal entrega de dinheiro. A negativa do doleiro derrubou a acusação do chefe do esquema e levou o procurador geral da República a pedir a exclusão da ex-governadora do processo, já que nada justificaria a sua permanência como investigada.

Assim, graças à prisão de Alberto Youssef em São Luís, a Operação Lava Jato se agigantou, se espraiou por diversas áreas em 38 operações, desmontando a imagem e a carreira de ministros, ex-ministros, governadores, senadores, deputados federais de quase uma dezena dos maiores partidos, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, além de empresários e servidores públicos. Uma dessas operações alcançou o ex-presidente José Sarney (PMDB) numa conversa tenebrosa com o senador Renan Calheiros e o ex-presidente da Petros, Sérgio Machado – um dedo duro cearense – com centenas de prisões, chegando ao ponto máximo no início desta semana, quando vieram à tona os primeiros nomes da segunda lista do procurador geral da República, Rodrigo Janot, na qual figura o senador Edison Lobão. Roseana Sarney ainda não está inteiramente tranquila, pois muitos apostam que ela integra a Lista do Janot. Não há, porém, evidência disso até agora.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Zé Vieira está a um passo de perder a Prefeitura de Bacabal
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Zé Vieira: prefeito ainda por força de uma liminar sem futuro

O comando do PMDB do Maranhão mergulhou agora num tenso compasso de espera em relação ao desfecho iminente do imbróglio em que se transformou a disputa pela Prefeitura de Bacabal. Na sessão de quinta-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirmou decisão de 1º grau que considerou ilegal e irregular o registro da candidatura de Zé Vieira (PR), por reconhecê-lo como ficha suja, proibido, portanto, de concorrer a cargo eletivo. Agora, basta que o Superior Tribunal Regional (TSE) rejeite um recurso do prefeito eleito e empossado por força de liminar, e confirme a decisão do TRE, para que ele seja mandado para casa. Se Zé Vieira cair de vez, como apontam todas as previsões políticas e avaliações técnicas, Bacabal entrará em compasso de espera, podendo a Justiça Eleitoral  determinar a posse do segundo colocado no pleito, deputado estadual Roberto Costa (PMDB).

Roberto Costa pode ser prefeito
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Roberto Costa

Se Roberto Costa – que é um dos melhores quadros do PMDB atualmente – vier a se tornar prefeito de Bacabal, o PMDB ampliará expressivamente o seu cacife no conjunto dos municípios do Maranhão, comandando prefeituras importantes e estrategicamente colocadas: Imperatriz, que é comandada por Assis Ramos, um advogado e delegado de Polícia Civil de carreira, Barreirinhas, atualmente administrada pelo experiente ex-prefeito e ex- deputado federal Albérico Filho, e Rosário, que tem no comando a prefeita reeleita Irlahi Moraes.

 

São Luís, 17 de Março de 2017.

Um comentário sobre “Lava Jato: tudo começou há três anos com a prisão de Alberto Youssef em São Luís com uma mala com propina ao Governo Roseana

  1. E JOSÉ VIEIRA SEGUE PREFEITO DE BACABAL POR FORÇA DE LIMINAR CONCEDIDA PELO MINISTRO GILMAR MENDES, PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL.

    E VEJA O QUE O MINISTRO GILMAR MENDES FALOU EM UMA DE SUAS PALAVRAS.

    Ao justificar a concessão das liminares, Mendes disse considerar “prudente” aguardar a decisão do plenário do STF pois já existem diversos votos favoráveis às teses dos candidatos, além de evitar a “realização de eleições suplementares possivelmente desnecessárias”.

    E PARA QUE A GENTE ENTENDA

    A Liminar que suspendia a aplicação da inelegibilidade pela alínea g da Lei Complementar 64/90 foi suspensa em julgamento de mérito pelo STJ, mas José Vieira está atualmente prefeito de Bacabal por força de liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

    EM TEMPO: Não podemos esquecer a reforma eleitoral de 2015.

    Edmilson Moura
    Blog REBELDE SOLITÁRIO

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