O grupo parlamentar remanescente da poderosa base política formada ao longo dos sete anos e três meses do Governo Flávio Dino, perdeu ontem mais um deputado, Francisco Nagib (PSB), que em discurso na Assembleia Legislativa, anunciou seu retorno à base de apoio do governador Carlos Brandão (sem partido). Com a mudança de posição do parlamentar, o chamado grupo dinista perde mais peso político e parlamentar, à medida que a ser formado por apenas seis entre os 42 integrantes do parlamento estadual. Com a mudança, o deputado Francisco Nagib leva também para a base governista o seu pai, Chiquinho da FC, prefeito de Codó, filiado ao PT, fragilizando ainda mais o grupo dinista e a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo do Estado.
A volta do deputado Francisco Nagib para a seara do Palácio dos Leões já vinha sendo vista como favas contas, estando o parlamentar apenas aguardando o momento adequado para consumar as negociações e fazer o anúncio. Na semana passada, numa articulação feita pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), o deputado Francisco Nagib e o prefeito Chiquinho da FC foram recebidos em audiência pelo governador Carlos Brandão, durante a apararam as últimas arestas que havia na sua relação e entabularam a base de uma convivência institucional e uma associação político. O anúncio feito ontem pelo deputado Francisco Nagib foi o grande desfecho de uma reaproximação cuidadosa, costurada sem açodamento.
Os fatores que levaram o deputado e o prefeito codoenses a deixaram a seara oposicionista ao Governo do Estado. Francisco Nagib, que já foi prefeito do seu município, se deu conta de que na oposição manteria o prefeito de Codó, que é do PT, inexplicavelmente distanciado do Palácio dos Leões, à medida que a maior banda do petista está alinhada ao governador Carlos Brandão, implicando essa distância em prejuízo para a Prefeitura codoense. Numa análise pragmática, faz mais sentido ele se afastar do grupo dinista e somar com o governador, abrindo caminho para o pai no acesso a recursos do Governo, do que se manter na oposição criando entrave ao prefeito. O seu movimento seguiu a lógica do “meu pirão primeiro”.
Com a mudança de posição, o deputado Francisco Nagib dispara um petardo poderoso contra o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão. Isso porque, ao retornar para a base do governador Carlos Brandão, ele naturalmente reforça a pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB). O seu pai, que é do PT, deve seguir o mesmo rumo na corrida sucessória estadual, já que a banda maior do seu partido está inclinada a apoiar o projeto de candidatura do emedebista. Chiquinho da FC, que é um petista fora da curva, não vinha demonstrado simpatia pela caminhada do vice-governador.
Com a volta do deputado Francisco Nagib, a base do governador Carlos Brandão na Assembleia Legislativa conta com nada menos que 33 deputados declaradamente governistas, que lhe enorme poder de fogo. Os outros nove se dividem em três grupos: o dinista, formado pelos deputados Othelino Neto (PSB), Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Ricardo Rios (PCdoB), Júlio Mendonça (PCdoB) e Leandro Bello; a “bancada do Braide”, formada por seu irmão, o deputado Fernando Braide (PSB), e três dos seis integrantes da bancada do PL, liderada na Casa pela deputada Fabiana Vilar, que mantém sua bancada sob controle.
Mesmo rompendo com o grupo dinista, que retomou o controle do PSB no Maranhão, o deputado Francisco Nagib permanecerá no partido. Ele só pretende deixar a legenda socialista durante a janela partidária, que será aberta em março, porque se ele se desfiliar sem a concordância do PSB, pode perder o mandato – outros seis deputados do PSB, incluindo a presidente Iracema Vale, permanecem na agremiação aguardando a janela, para que possam migrar para outras legendas sem o risco de perder o mandato.
PONTO & CONTRAPONTO
Orleans diz que sua candidatura depende da palavra final de Brandão e do aval do grupo que lidera
Provocado pela TV Mirante sobre a nota em que o presidente do braço maranhense do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, insiste no discurso segundo o qual o partido só recomporia sua posição na base governista se o governador Carlos Brandão (sem partido) renunciar em abril do ano que vem e sair para o Senado e retirar a pré-candidatura de Orleans Brandão (MDB) e apoiar a candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), o novo presidente do MDB e pré-candidato do partido ao Palácio dos Leões, Orleans Brandão, deu a resposta mais sensata em termos políticos.
Primeiro disse que tem um líder, o governador Carlos Brandão, que tem a palavra final sobre qualquer movimento seu e do seu grupo, que é imenso, formado por prefeitos, deputados estaduais e federais. E controlam um Governo bem avaliado.
E acrescentou, com o cuidado político necessário, que, sob o comando do governador Carlos Brandão, esse grupo vai se reunir e tomar todas as decisões relacionadas com as eleições de 2026.
E completou, com tranquila firmeza: “Eu sigo a determinação do governador Carlos Brandão, sigo a determinação do nosso grupo”.
Orleans Brandão respondeu como um político sensato, ciente de que sua candidatura ao Governo não é um projeto dele, pessoal, que se manteria sob qualquer circunstância. Sua candidatura é um projeto do governador Carlos Brandão e do grupo que lidera.
Isso significa dizer que ele seguirá na direção que o governador indicar, com o aval do grupo, mantendo a candidatura ou dela abrindo mão se o mandatário e o grupo assim determinarem.
E pelo que se viu até agora, não há qualquer réstia de dúvida de que o governador e o grupo o querem como candidato ao Palácio dos Leões.
Brandão tem 118 dias para definir o seu futuro partidário, se for o caso

embala a pré-candidatura de Orleans Brandão, na
foto ao seu lado no lançamento do Carnaval 2026
As atenções no meio políticos se voltam agora para o governador Carlos Brandão. Governistas e oposicionistas mergulham em expectativa à espera do rumo partidário que o chefe do Poder Executivo vai tomar ou se ele vai continuar sem partido.
Nas rodas de especulação, de Carlos Brandão se filiar a um partido antes de 3 de abril, a suposição é a de que ele renunciará naquela data e se candidate ao Senado. Se não manifestar interesse por filiação partidária, até março, a opinião geral é a de que ele de fato permanecerá no cargo até o final do mandato.
Afora duas ou três “ameaças” feitas em discursos pronunciados em momentos de tensão na relação com os remanescentes do dinismo, e de uma fotografia em que ele posa mostrando quatro dedos da mão direita, indicando que cumprirá os seus quatro anos de mandato, Carlos Brandão até agora não bateu martelo com clareza solar sobre o seu futuro.
Por outro lado, os movimentos feitos à sua volta e com a sua total anuência, como o fortalecimento da posição de Orleans Brandão no Governo como o seu principal articulador no âmbito dos municípios, posição reforçada com a eleição de presidente do MDB na gigantesca convenção da semana passada, indicam, sem dúvida, de que o seu caminho será o cumprimento integral do mandato.
A política, no entanto, é espetacularmente imprevisível, ora confirmando o previsível, ora colocando no tabuleiro movimentos antes impensáveis. E daqui até 3 de abril serão 118 dias com 118 noites em que tudo pode acontecer.
São Luís, 03 de Dezembro de 2025.

