A movimentação política, que ocorre em meio aos estragos feitos pelo novo coronavírus, vai aos poucos desenhando o perfil dos que poderão, de fato, disputar a sucessão presidencial, ao mesmo tempo que nos estados a corrida aos Governos vai ganhando forma, assim como as bases da disputa pela vaga que cada um deverá preencher no Senado. No Maranhão, com aprovação que alcança o patamar dos 63%, o governador Flávio Dino (PCdoB) vive uma situação ao mesmo tempo privilegiada e complexa. O privilégio vem do fato de ser ele, de longe, o maior líder político da atualidade no estado, e a complexidade porque pesa sobre os seus ombros a responsabilidade de comandar o processo da corrida à sua sucessão dentro da aliança que lidera, e ainda definir, de uma vez por todas, o seu próprio futuro, dividido que ainda está entre participar da corrida presidencial como candidato a presidente ou a vice, e concorrer à vaga do Maranhão no Senado.
Mesmo ainda sinalizando que poderá, agora muito remotamente, participar da corrida para o Palácio do Planalto ou para o Palácio do Jaburu, o governador do Maranhão admite com mais ênfase concorrer à cadeira de senador. Assim, participará da disputa nacional fortalecendo a candidatura presidencial que vier a apoiar dentro do estado, dedicando também suas forças à tarefa de articular a corrida ao Palácio dos Leões em favor de um aliado, e correr o Maranhão pedindo o aval dos maranhenses para representá-los no Senado da República. Em todas as rodas de conversa, esse é o projeto que mais entusiasma as bases que o apoiam e que temem desacertos, se ele tiver de se ausentar do estado para correr o País nas asas de um projeto federal.
Na semana que passou, duas pesquisas (Exata e Escutec) vieram à tona como fortes trombetas de alerta, informando que sem o seu comando direto, a aliança que construiu pode rachar numa disputa autofágica pelo Governo entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e com a sombra da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) sobre eles, reforçada pela presença do senador Roberto Rocha (sem partido), em plano inferior, mas com capacidade indiscutível de causar estragos perigosos para o grupo. Ou seja, para assegurar que o seu grupo continue no poder, o governador Flávio Dino terá de comandar o processo de perto, ele próprio, sem fazer delegações. Poderá fazê-lo como candidato a senador, o que não será possível como candidato a presidente ou a vice.
Mesmo levando em conta as surpresas que a política prega aqui e ali, é nítida a possibilidade de o governador se eleger senador em 2022. As pesquisas trouxeram todas as indicações nesse sentido. Flávio Dino como governador é aprovado por 63% da população, segundo a pesquisa Exata, e tem 45% de intenções de voto para o Senado contra 18% de Roseana Sarney e 16% de Roberto Rocha num cenário; e 52% contra 22% de Roberto Rocha num cenário sem Roseana Sarney. A pesquisa Escutec encontrou praticamente o mesmo cenário: 51% de intenções de voto contra 21% do senador Roberto Rocha.
Os números encontrados pelos dois levantamentos não deixam dúvidas de que, pelo menos até aqui, e muito provavelmente até 2022, o governador Flávio Dino não encontrará maiores dificuldades para se eleger senador. A começar pelo fato de que os nomes com maior potencial de enfrentamento, a ex-governadora Roseana Sarney e o senador Roberto Rocha, dificilmente entrarão nessa disputa movidos pela quase certeza de que serão derrotados. Isso porque no Maranhão de agora não há quadros políticos com estatura e potencial eleitoral para se dar bem numa disputa desse quilate contra Flávio Dino.
Políticos experientes e pragmáticos costumam dizer que não há candidato imbatível, mas há candidato muito difícil, muito difícil mesmo, de ser batido. O governador Flávio Dino, que só comemora quando as urnas falam, encontra-se nesse patamar.
PONTO & CONTRAPONTO
Troca de comando no PSDB deixa Wellington do Curso em situação crítica
O deputado Wellington do Curso passa o feriadão da Semana Santa mergulhado em reflexões para resolver um dilema: permanecerá filiado ao PSDB sob o comando do vice-governador Carlos Brandão? Depois de ter sido triturado dentro do partido pelo senador Roberto Rocha, que não permitiu que ele disputasse a Prefeitura de São Luís pela legenda, Wellington do Curso agora se encontra numa espécie de sinuca de bico. É que sob o comando de Carlos Brandão, o PSDB passa automaticamente para a base de apoio do governador Flávio Dino, o que deixa Wellington do Curso numa situação extremamente desconfortável, já que ele é, na Assembleia Legislativa, um dos mais agressivos opositores do Governo do PCdoB. Wellington do Curso só tem duas alternativas: permanecer no ninho dos tucanos e aderir ao Governo ou arrumar a mala e deixar o partido. Não há terceira via.
Dentista prático Zeca Medeiros ocupará a vaga do jornalista Batista Matos na Câmara de São Luís
Um piauiense nascido em Miguel Alves, José Campos Medeiros, politicamente apelidado de Zeca Medeiros, vai ocupar a vaga aberta com a morte prematura, do vereador Batista Matos (Patriotas), vítima do novo coronavírus. Dentista prático por profissão, ganhou a vaga na condição de primeiro suplente do Patriotas, posição que conseguiu recebendo 1.749 votos. Aos 56 anos e veterano de tentativas eleitorais malsucedidas, Zeca Medeiros vai se instalar no Palácio Pedro Neiva de Santana com o desafio de substituir um militante político fortemente caracterizado pela competência e pela visão correta da política, fruto da sua formação como jornalista e do seu envolvimento com a luta comunitária por uma vida mais digna.
São Luís, 04 de Abril de 2021.