Os movimentos mais recentes da pré-campanha para o Governo do Estado indicam que os pouco mais de 700 mil eleitores de São Luís, que representam cerca de 15% do eleitorado maranhense, serão “caçados” intensamente pelos candidatos ao Palácio dos Leões, tornando elevada a dificuldade de se fazer qualquer previsão a respeito de quem levará a melhor na disputa. Dos sete pré-candidatos, o governador Carlos Brandão (PSB), o senador Weverton Rocha (PDT) e o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., por razões diversas, têm cacife para investir em campanhas fortes, com a perspectiva de saírem bem votados no principal município do Maranhão. Além disso, a corrida pelo voto na Cidade de la Ravardière será fortemente influenciada por vozes importantes, como a do prefeito Eduardo Braide (sem partido) e a do ex-governador Flávio Dino (PSB). Nesse contexto, a votação de cada candidato poderá ser decisiva para o desfecho da eleição em todo o estado.
O governador Carlos Brandão tem a seu favor, em primeiro lugar, o fato de ter nascido em São Luís – e não em Colinas, como muita gente pensa -, onde estudou e se formou em veterinária, e onde iniciou e deu segmentos à sua vida pública, duas vezes como deputado federal e como secretário de Estado de Meio Ambiente e chefe da Casa Civil no Governo José Reinaldo. Ao longo dos sete anos e três meses como vice-governador, participou ativamente do Governo Flávio Dino. Agora governador titular e concorrendo à reeleição, tem orientado sua equipe a não deixar pendência na cidade. Aliados seus apostam alto num bom desempenho do governador na sua cidade-natal, citando o apoio das militâncias do PSB, do PT e do PCdoB.
O senador Weverton Rocha não é natural de São Luís – ele nasceu em Imperatriz -, mas sua presença na vida política da cidade é marcante em alguns aspectos. Foi na capital que iniciou sua vida política como militante do Movimento Estudantil, e depois como um dos quadros do PDT e como um dos ungidos pelo líder pedetista Jackson Lago, tendo atuado fortemente nos bastidores das suas gestões. Ao mesmo tempo em que se credenciou como uma nova liderança na Capital, tem também no seu currículo, até hoje, a nebulosa reforma do Ginásio Costa Rodrigues. Tem investido forte na cooptação de vereadores. Ninguém porém tem dúvida de que, embalado pela ativa militância do PDT, poderá ele alcançar forte e decisivo naco do eleitorado da Capital.
Por sua vez, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que comandou a cidade por oito anos, tem a vantagem de ser ludivicense de nascença. Além dos dois mandatos de prefeito, o pré-candidato do PSD tem no currículo dois mandatos de vereador de São Luís, onde ele tem concentrado boa parte dos seus esforços. Edivaldo Jr. administra também a vantagem de contar com forte apoio na comunidade evangélica, principalmente a da Assembleia de Deus. Sua gestão como prefeito produziu um resultado positivo, com itens como a reforma do Centro, com destaque o circuito integrando Praça Deodoro/Rua Grande/ Praça João Lisboa, entre outras obras de vulto. Ele e o comando do PSD acreditam que São Luís lhe dará suporte.
Em meio do que pode ser uma disputa intensa entre esses pré-candidatos – e sem descartar que outros aspirantes aos Leões tenham bom desempenho na Capital -, vozes importantes podem influenciar no resultado. É o caso do prefeito Eduardo Braide, que vinha trilhando em zona neutra, mas se posicionou na corrida ao Senado, anunciando seu apoio ao projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), e também informando que em breve revelará seu pré-candidato a governador. E o ex-governador Flávio Dino, que tem suas raízes políticas fincadas na cidade, e que além de pedir votos para ele próprio, encontra-se em ação pedindo votos para o governador Carlos Brandão.
Em Tempo: Como a Justiça Eleitoral ainda não divulgou o eleitorado credenciado para o pleito de outubro, o número de eleitores de São Luís usado nesse comentário é uma estimativa baseada no eleitorado oficial para as eleições municipais de 2020: 4.758.629 no estado e 699.954 na capital.
PONTO & CONTRAPONTO
Lahesio Bonfim sai na frente e chama Weverton Rocha para o confronto
“Meu principal adversário é um político que não tem pudor com dinheiro público, e por isso Flávio Dino não o escolheu”. O petardo disparado pelo pré-candidato do PSC, Lahesio Bonfim, em entrevista ao jornalista Manoel dos Santos Neto, do Jornal Pequeno, atingiu o senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT. E revelou que o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, que aparece em 4º nas pesquisas de intenção de votos, decidiu sair na frente para confrontar o pré-candidato pedetista, numa estratégia de viabilizar sua participação num eventual 2º, que ele próprio acredita será com o governador Carlos Brandão (PSB). A lógica sugeria que essa iniciativa seria de Edivaldo Holanda Jr., também com o objetivo de se desgarrar do pré-candidato do PSC, com o objetivo de alcançar Weverton Rocha. Mas, ao contrário, quem saiu na frente foi Lahesio Bonfim, que decidiu partir para a guerra contra Weverton Rocha atropelando o ex-prefeito de São Luís. A postura ousada do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes contrasta com a de “bom moço” que não gosta de briga adotada pelo ex-prefeito de São Luís. Se vai alcançar ou não esse objetivo o tempo vai dizer, mas o fato a ser anotado é que ele ousou o suficiente para colocar-se na dianteira no mapa do confronto anunciado.
Roseana e José Sarney terão de dizer se apoiam Simone Tebet ou Lula da Silva
A confirmação da senadora mato-grossense Simone Tebet como candidata da aliança MDB/PSDB/Cidadania à Presidência da República teve forte repercussão na definição de posições partidárias. A primeira situação criada envolve exatamente o MDB, cujas lideranças no Maranhão são a ex-governadora e o ex-presidente da República, José Sarney, emedebistas de proa no estado e no plano nacional. Não é segredo a predileção da ex-governadora e do ex-presidente da República pela pré-candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT). Com a definição do partido por Simone Tebet, os dois líderes maranhenses terão de decidir se continuarão apoiando Lula da Silva ou se arquivam o projeto petista e embarcam na locomotiva da pré-candidatura da senadora por Mato Grosso.
São Luís, 30 de maio de 2022.