Quem estiver apostando que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) terá papel secundário na corrida à sua sucessão, está redondamente enganado. Seu silêncio sobre candidaturas, seu aparente distanciamento da agitação pré-eleitoral, sua intensa movimentação administrativa e seu visível alinhamento com o governador Flávio Dino (PCdoB) são indicadores cristalinos de que o prefeito está se posicionando, sem pressa e cuidadosamente, para no momento adequado, sentar na cabeceira da mesa para dizer a quem apoiará na corrida para ocupar o gabinete que hoje ocupa no Palácio de la Ravardière. Esse posicionamento deverá ocorrer antes das convenções partidárias previstas para Julho/Agosto, período que poderá ser mudado se a Justiça Eleitoral vier a adiar as eleições para Novembro, como está se desenhando. Por enquanto, Edivaldo Holanda Júnior vai mantendo sua rotina de trabalho, e até onde é possível perceber, bem avaliado na Opinião Pública.
Todos os sinais, a começar pelo silêncio, sugerem que o prefeito não simpatiza com a aliança do seu partido, o PDT, com o DEM em torno do projeto de candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (DEM). Ele não participou da festa que o PDT fez no final do ano passado para o presidente do DEM, o baiano ACM Neto, seu colega prefeito de Salvador, e não esboçou qualquer reação na semana passada, quando o senador Weverton Rocha, presidente regional do PDT e líder do partido no Senado, e o vereador Osmar Filho (PDT), presidente da Câmara de São Luís, reafirmaram o projeto da cúpula pedetista de apoiar o projeto de Neto Evangelista. Não esboçou, é verdade, qualquer gesto de hostilidade, mas também não fez qualquer aceno que pudesse ser interpretado como boa vontade em relação ao pré-candidato democrata.
Ao mesmo tempo em que não solta pistas sobre como se movimentará na disputa eleitoral, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior cumpre diariamente uma maratona de compromissos fora do gabinete, dedicando boa parte do seu tempo ao acompanhamento do programa de pavimentação asfáltica em diferentes bairros de São Luís. Nessas incursões de trabalho, está sempre acompanhado da primeira-dama Camila Holanda, e quando a situação permite, se comporta em clima de confraternização com populares. Não há registro de que Edivaldo Holanda Júnior tenha sido hostilizado ou ostensivamente ignorado na rotina de acompanhar o andamento das obras. Ao contrário, o que se vê até agora são manifestações de simpatia e de aprovação.
A previsão – feita inclusive por esta Coluna -, de que a suspeita de superfaturamento em 200% na compra de máscaras e EPIs pela Secretaria Municipal de Saúde, que levou a Polícia Federal a desencadear a Operação “Cobiça Fatal” para investigar o secretário Lula Fylho e empresas envolvidas na transação, poderia arranhar a imagem do prefeito para não ter se confirmado. Edivaldo Holanda Júnior não alterou sua rotina por causa do imbróglio; ao contrário, intensificou-a visitando bairros praticamente todos os dias. Despacha com secretários e comanda reuniões em que são tomadas decisões na guerra contra o coronavírus, agora numa situação ainda grave, preocupante, mas agora um pouco menos tensa.
A movimentação e a postura política do prefeito Edivaldo Holanda Júnior no jogo pré-eleitoral é a de quem tem objetivo traçado e sabe o que vai fazer. Isso porque, como todo mandatário da atualidade, o prefeito de São Luís monitora o cenário político por meio de pesquisas, que lhe dão ideia do seu peso no cenário político e indicam os rumos que deve seguir. E tudo sugere que os levantamentos estão lhe dizendo para não embarcar na canoa do deputado Neto Evangelista, mesmo que isso possa resultar em estremecimentos com a cúpula do PDT. E mais: conversas nos bastidores começam a supor que o prefeito de São Luís está inclinado a apoiar a candidatura do deputado federal Rubens Júnior (PCdoB), reforçando seu alinhamento com o Palácio dos Leões.
Nesse cenário de indefinição, o que fica claro mesmo é que Edivaldo Holanda Júnior conseguiu fazer a parte que lhe coube nos dois mandatos, tem um horizonte político enorme pela frente, sabe o peso que terá nessa disputa e se prepara para usar essa influência a favor do projeto do governador Flávio Dino para sua sucessão em São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Despreparado e com equipe medíocre, presidente está, de fato, perdido em todos os temas
O governador Flávio Dino acerta quando avalia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está perdido em todos os temas. Qualquer avaliação honesta chegará à mesma conclusão, uma vez que é nítida a impossibilidade de o presidente e seus ministros apresentarem à Nação um balanço positivo nesses 18 meses no comando da máquina federal.
A Educação está mergulhada na inanição, depois do fracasso inicial de um professor colombiano que nem português direito falava e que não conseguiu sequer se situar no cargo, e do desastre administrativo e político do segundo ministro, um fascista agressivo e semianalfabeto. Depois de demitir por ciumeira política um ministro médico competente e habilidoso e de assustar o segundo ministro, também dono de currículo rico na área médica, o presidente entregou o Ministério da Saúde a um general, que trocou técnicos especializados da pasta por tenentes, capitães, majores e coronéis, causando perplexidade no mundo inteiro. Entregou três ministérios essencialmente políticos – Casa Civil, Secretaria de Governo e Segurança Institucional – a generais que, pelo visto até aqui, não se encaixam nos cargos nesse momento – o curioso dessa história é que praticamente não há brigadeiros e almirantes metidos nessa confusão. Prometeu enxugar a máquina condensando equivocadamente o Governo em 15 ministério, mas recriou nada menos que oito. Nada consegue explicar a redução do Ministério da Cultura – criado no Governo Sarney e que teve como primeiro titular ninguém menos que Celso Furtado, e Gilberto Gil como um dos sucessores, como puxadinho do Ministério do Turismo, comandado por um sujeito atolado até o pescoço no charco da corrupção partidária. A pasta do Meio Ambiente, comandada por um mafioso acusado de corrupção, se tornou se tornou preocupação planetária quando ficou claro que a ideia central é extinguir reservas e incendiar florestas e abrir para garimpeiros e grileiros. Cargo via de regra ocupado por personalidades destacadas e respeitadas das áreas jurídica e política, o Ministério da Justiça, depois do jogo furta-cor de Sérgio Moro, está entregue agora a um sujeito cujo maior mérito é ser “terrivelmente evangélico”, e que por isso deverá ser mandado para o Supremo Tribunal Federal. E finalmente o superministro da Economia, apresentado como “Posto Ipiranga” e salvador da Pátria, não conseguiu destravar a economia quando foi possível e agora não sabe o que fazer no atoleiro da pandemia.
De um modo geral, considerando algumas exceções, o Governo é medíocre e claramente mal-intencionado em algumas áreas, o que somado ao visível primarismo técnico e político do presidente da República, nos remete à assombrosa conclusão de que caminhamos para um desastre social e econômico, que só será revertido no voto, em 2022.
Eduardo Braide pode ter vice indicado por Aluísio Mendes
O deputado federal Eduardo Braide (Podemos) começa a articular a escolha do seu companheiro de chapa na disputa para a Prefeitura de São Luís. Nos bastidores corre que Eduardo Braide teria um acordo tácito com o deputado federal Aluísio Mendes (PSC) nesse sentido. Pelo suposto acordo – firmado na negociação que levou Eduardo Braide a deixar o PMN e se filiar ao Podemos, que era controlado no Maranhão por Aluísio Mendes – o PSC indicará o vice do candidato do Podemos. Há quem diga que o acordo existe e será confirmado, mas há também quem garanta que tudo não assa de especulação. E na seara das especulações corre também que Eduardo Braide estaria estudando a possibilidade de compor com o MDB, o que não é admitido por emedebistas.
São Luís, 21 de Junho de 2020.