Desembarque de Juscelino Filho no ministério de Lula altera a composição política no Maranhão

Lula da Silva e Juscelino Filho fazem sinal positivo após presidente nomear deputado ministro das Comunicações; ao fundo, Flávio Dino, já nomeado ministro da Justiça

Qualquer avaliação cuidadosa chegará à conclusão de que o ano político de 2022 no Maranhão, que vinha sendo inteiramente dominado pelo protagonismo do senador eleito Flávio Dino (PSB), escolhido para ocupar o importante e influente Ministério da Justiça e Segurança Pública, e do governador Carlos Brandão (PSB), reeleito no 1º turno e embalado pelo otimismo de fazer um bom Governo, sofreu uma leve alteração com o desembarque, imprevisto e surpreendente, do deputado federal reeleito Juscelino Filho (UB) no comando do importante Ministério das Comunicações. Mesmo levando em conta o fato de que sua indicação foi partidária, não tendo absolutamente nada a ver com a política do Maranhão, ninguém duvida de que condição de ministro assumida pelo parlamentar reúne condições para aumentar expressivamente o seu cacife político.

Diferentemente do senador eleito Flávio Dino, que além das credenciais políticas e do preparo técnico, chegou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública como um dos principais apoiadores do presidente Lula da Silva desde a definição da sua candidatura, não apenas no Maranhão, mas em todo o País, o deputado federal reeleito Juscelino Filho não foi apoiador declarado do líder petista. Ao contrário do seu colega de partido, deputado federal reeleito Pedro Lucas Fernandes (UB), que declarou voto na trindade Lula/Brandão/Dino, Juscelino Filho fez uma campanha alinhada ao candidato do PDT, senador Weverton Rocha, e às forças bolsdonaristas, alinhando-se à candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, e se mantendo relativamente afastado da disputa presidencial.

Sua chegada ao Ministério das Comunicações guarda uma certa controvérsia, pelo fato de que Juscelino Filho não foi indicado para o cargo pela cúpula nacional do União Brasil, mas pelas novas lideranças do partido na Câmara Federal, que garantiram os votos da bancada do partido ao Governo Lula da Silva. Tanto que o comando maior do partido avisou que o União Brasil vai continuar independente, sem garantir apoio integral ao Governo do presidente Lula da Silva. Os articuladores políticos do novo Governo estão convencidos de que o UB participará da base de apoio do Governo Lula da Silva no Congresso Nacional, sendo esta garantia de que Juscelino Filho continuará no cargo. Nos bastidores, porém, corre a informação de que sua permanência como ministro está diretamente relacionada com o comportamento da bancada do UB em relação ao Governo do PT.

Um dos mais bem-sucedidos quadros da novíssima geração de políticos do Maranhão, o médico Juscelino Filho carrega o DNA de uma da família Rezende, que durante décadas se bateu com a família Bandeira pelo controle político de Vitorino Freire a adjacências. Iniciou sua carreira ao se eleger deputado federal em 2014, reelegendo-se sucessivamente em 2018 e 2022, com votações crescentes. Ele agora é parte destacada de um grupo de jovens políticos que caminham para dar as cartas no Maranhão: o vice-governador Felipe Camarão (PT), o deputado federal reeleito André Fufuca (PP), o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr., o deputado federal reeleito Rubens Jr. (PT), e o deputado estadual reeleito Othelino Neto (PCdoB), entre outros. O comando do Ministério das Comunicações engorda expressivamente o seu cacife político, que poderá aumentar exponencialmente se ele for bem-sucedido, mas poderá emagrecê-lo perigosamente se a gestão mergulhar no fracasso.

Lembrando que, mesmo não tendo chegado ao Ministério das Comunicações por fatores diretamente relacionados com o hoje bem definido tabuleiro da política estadual, a condição de ministro amplia significativamente o espaço do deputado federal Juscelino Filho no epicentro da política maranhense. Não há como ser diferente, afinal, um mandato federal reforçado por um ministério de peso é sinônimo de poder. Resta saber se ele saberá usar essa fonte de poder e transformá-la em capital político e eleitoral. Os dias que virão desenharão os cenários.

 PONTO & CONTRAPONTO

Relação der Paulo Victor com Eduardo Braide poderá ser de confronto

Paulo Victor e Eduardo Braide: relacionamento será com foco nas urnas de 2024

Por mais conciliador que venha a aparentar, não há, no meio político ludovicense, qualquer dúvida de que a relação entre o novo presidente da Câmara de São Luís, Paulo Victor (PCdoB), e o prefeito Eduardo Braide (PSD) será,

Tensa e cheia de altos e baixos, se não de confronto aberto já nos próximos meses. E o motivo é óbvio: assim como o prefeito Eduardo Braide é candidatíssimo à reeleição, movimento que serás decisivo para próximos passos, o vereador-presidente Paulo Victor sonha acordado com o Palácio de la Ravardière.

Há, porém, uma diferença fundamental entre eles. O prefeito Eduardo Braide comanda a poderosa máquina municipal, vem tendo bom desempenho e comanda agora um partido sólido, onde não há sombras incômodas, podendo planejar sua campanha despreocupadamente. O vereador Paulo Victor, por sua vez, não tem certeza se o PCdoB o quer como candidato a prefeito, tanto que tem conversado com outros partidos – como o PP, por exemplo –, para ser candidato sem sobressaltos. Não bastasse isso, o Palácio dos Leões dificilmente esnobará a candidatura do deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB), que vem em campanha aberta desde disputou e perdeu a Prefeitura em dois turnos com Eduardo Braide.

Ou seja, pelo menos até aqui, a posição do prefeito de São Luís é bem mais confortável.

Montagem da equipe de Governo poderá levar mais tempo

Carlos Brandão: montagem da equipe sai em fevereiro

É intensa a movimentação por espaço no Governo, que ganhando intensidade desde que o governador Carlos Brandão confirmou sua decisão de só montar sua equipe depois da montagem do Governo do presidente Lula da Silva e da posse do novo Congresso Nacional e da nova Assembleia Legislativa. Como já foi revelado neste espaço, o governador quer saber se alguns quadros que estão “soltos” serão aproveitados na máquina federal, para que possa compor sua equipe. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a montagem do segundo escalão federal será “um pouco mais demorada”, o que pode, de alguma maneira, retardar definições no Estado. O governador Carlos Brandão, porém, tem dado sinais de quer correr, mas também não quer perder tempo.

São Luís, 04 de Janeiro de 2023.

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