Na semana que passou a corrida ao Palácio dos Leões foi o tema dominante dentro e fora dos bastidores políticos do Maranhão. O tabuleiro em que se movem as peças que compõem esse jogo pelo poder cujo desfecho acontecerá nas urnas em 2022 foi agitado por duas declarações. A primeira foi feita pelo governador Flávio Dino (PSB), que redesenhou os três caminhos possíveis para o seu futuro político imediato: ser candidato a senador, ser candidato a vice-presidente da República na chapa do ex-presidente Lula da Silva (PT), e permanecer no comando do Governo até o fim do mandato. A outra partiu do senador Weverton Rocha (PDT) afirmando, em diferentes momentos e em tom de sentença, que seu projeto de candidatura ao Governo do Estado “não tem volta”. Essas manifestações impactaram fortemente o cenário político maranhense, por indicarem que, ao contrário do que vêm pregando algumas vozes apressadas, que insistem em atropelar um processo político saudável, o que se tem até aqui é um quadro de total indefinição sobre como o governador Flávio Dino e a base governista caminharão para as urnas.
Muitos estranharam a resposta do governador Flávio Dino ao UOL admitindo três vias para ele seguir. Para começar, não foi declaração, anúncio; foi resposta a uma provocação insistente do entrevistador, tanto que foi dada sorrindo, meio sob pressão. Diante da afirmação de que ele é parte de uma lista de nomes para vice de Lula da Silva, o governador admitiu quer, se for efetivamente convidado dentro de um grande acordo entre o PT e o PSB, ele topa o desafio. Ou seja, não é um projeto seu, que tem como prioridade disputar a cadeira de senador, que pela lógica da política é o seu caminho natural. E nesse contexto, Flávio Dino incluiu outra possibilidade, já aventada em outros momentos: permanecer no Governo até o final do mandato.
Diferentemente de outras lideranças regionais, que baixam a cabeça para o Palácio do Planalto, o governador Flávio Dino é um político que projeta o Brasil na sua ação política, reagindo com coerência a cada investida do presidente Jair Bolsonaro contra as instituições republicanas e o estado democrático de direito. Natural, portanto, que possa ser engajado num projeto político e eleitoral de primeira linha, como a provável candidatura do ex-presidente Lula da Silva. A candidatura ao Senado é o primeiro objetivo, mas do alto da sua estatura, o governador não a coloca como uma questão de vida ou morte, assim como a remota possibilidade de permanecer no Governo até o fim. Em resumo, ao contrário de projetos políticos e eleitorais definidos na base do “vai ou racha”, Flávio Dino mostra que nesse ambiente de competição desenfreada há lugar para grandeza política.
Ao afirmar, com toda ênfase possível, que seu projeto de candidatura é irreversível, o senador Weverton Rocha manda um recado claro ao governador Flávio Dino e ao vice-governador Carlos Brandão (PSDB), seu principal concorrente, avisando que não se submeterá ao processo de escolha coordenado pelo chefe do Executivo se não for ele o escolhido. E como não há como interpretar sua declaração por outro viés, a conclusão possível é a de que, se for o escolhido, tudo bem, comandará a chapa da aliança. Se não for o escolhido, partirá para o confronto. E como não houve ponderação por parte de aliados, é lógico e lícito concluir que o senador está respaldado por seus aliados, a começar pela senadora Eliziane gama (Cidadania). Se não for esse o ânimo que o move, é urgente uma retificação na sentença, porque é essa a interpretação dominante das suas palavras dentro e fora do ambiente político estadual. Inteligente e arrojado, Weverton Rocha vai assim ocupando o espaço e tornando, de fato, irreversível o seu projeto de candidatura.
Esses movimentos animam o tabuleiro da disputa, indicam caminhos que começam a se definir, mas com o alerta de que em política os projetos são associados ao tempo, que é imprevisível, podendo virar a qualquer momento.
PONTO & CONTRAPONTO
Eventual saída do governador da corrida ao Senado assanha aspirantes à vaga
A possibilidade de o governador Flávio Dino vir a ser candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula da Silva repercutiu fortemente no patamar dos políticos que, confirmada essa hipótese, podem entrar na disputa para a cobiçada cadeira de senador.
No campo governista, o projeto mais adubado para essa corrida é o capitaneado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). Ele ganhou estatura como presidente do Poder Legislativo, tendo hoje o apoio da grande maioria dos deputados, mergulhou nos municípios durante a campanha para as eleições municipais, marcando posição nos mais diferentes municípios, é linha de frente no projeto de candidatura do senador Weverton Rocha, mas se mantém como aliado de primeira hora do governador Flávio Dino nas questões legislativas. Além do mais, se diz disposto a encarar o desafio.
Nesse cenário, há quem diga que, pelo menos até aqui sem pouco fôlego para tentar o Governo do Estado, o senador Roberto Rocha (sem partido) estaria disposto a brigar pela a reeleição, o que é improvável, mas não impossível. Em meio a essas possibilidades, o prefeito de Igarapé Grande e atual presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT), corre por fora se colocando como “representante do municipalismo”.
A eventual, mas muito remota, saída de Flávio Dino da corrida ao Senado movimenta também o grupo que se forma em torno do candidato do PSD ao Governo, Edivaldo Holanda Jr., que descartou lançar candidato ao Senado para disputar com o governador, mas sem ele no páreo vai apresentar nome para a disputa. O mais cotado é o da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), seguido do empresário Lobão Filho (MDB), ambos pré-candidatos a deputado federal.
Nessa hipótese, o candidato da aliança governista será lançado com o aval do governador Flávio Dino.
Dino diz que só trata de eleição no ano que vem
No sábado, em visita de trabalho a Matões, onde comandou inaugurações ao lado do prefeito Ferdinando Coutinho (DEM) e da deputada Cleide Coutinho (PDT), o governador Flávio Dino sofreu um bombardeio de indagações de jornalistas sobre quem vai indicar para disputar sua sucessão pela aliança governista. O governador respondeu sem hesitar: só vai tratar de sucessão estadual no ano que vem. Sem precisar um marco temporal, Flávio Dino deixou no ar a impressão de que sua agenda eleitoral deve começarem Janeiro. Ou seja, a peleja entre o senador Weverton Rocha e o vice-governador Carlos Brandão deve ser resolvida entre o Natal e o Ano Novo, de modo que a escolha e seus desdobramentos sejam administrados nas primeiras semanas de 2022.
São Luís, 29 de Agosto de 2021.
Governo sem honratez nos compromissos de o colocou no cenário político, hoje sente a falta de quem o vez deputado e governador. Só para refletir. Um já é falecido outro estar fora do poder por falta de apoio desse governo covarde.