Diferentemente do que ocorre no plano nacional, onde o presidente da República, ministros e filhos andam na contramão da realidade, negando a vacina e criando problemas com a China, produtora do insumo necessário para produzir a Coronavac, e ainda tentando agora assumir a paternidade do imunizante para cuja produção nada contribuíram, no Maranhão, a corrida pela vacinação tem servido para congelar diferenças políticas em favor do bem comum. O melhor exemplo tem sido a maneira republicana com que o governador Flávio Dino (PCdoB) tem tratado adversários em comando de prefeituras, orientando sua equipe para dispensar tratamento igual a todos os prefeitos maranhenses, a começar pelo de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), que hoje é um dos principais adversários políticos do Governo do PCdoB.
Desde os primeiros movimentos no sentido de preparar os municípios para atuarem com segurança e eficácia no processo de imunização, o governador Flávio Dino determinou ao Governo a distribuição do estoque de seringas e agulhas proporcionalmente entre os 217 municípios. O rateio foi feito com antecedência, tendo, logicamente, a Secretaria Estadual de Saúde destinado a maior quantidade, 26.572 doses, à Prefeitura de São Luís, para vacinar 13.286 pessoas. A garantia de que não lhe faltariam tais insumos essenciais para a vacinação permitiu que o prefeito Eduardo Braide programasse a vacinação com segurança. O aspecto operacional para a entrega desse material foi tratado entre os secretários de Saúde do Estado, Carlos Lula, e do Município, Joel Nunes Jr., num correto clima de plena cooperação, sem trapalhões pelo meio, e sem o envolvimento direto do governador e do prefeito. Tudo funcionou tão bem que o prefeito de São Luís iniciou ontem mesmo, sem atropelo, a campanha de vacinação na Capital.
Essa bem sucedida cooperação, feita no mesmo nível com todos os prefeitos maranhenses, aliados e não aliados, está na madura e sensata compreensão do governador Flávio Dino no sentido de que, quando o interesse maior da população está em jogo, as diferenças políticas têm de ser sufocadas – ao menos temporariamente. O prefeito Eduardo Braide também fez a leitura correta da situação: comandou o ato inicial da vacinação no Hospital Djalma Marques, o velho e querido Socorrão I, respeitando as regras com o cuidado de não fazer jogo político. A atuação correta e eficaz da engrenagem controlada pelo Palácio dos Leões em todos os municípios fez com que não tenha havido – pelo menos até aqui -, nenhuma manifestação discordante. Ficou claro que as lideranças políticas atuais do Maranhão estão em sintonia fina com a democracia e a modernidade.
Nenhum problema foi registrado na distribuição equitativa das 164.240 doses da Coronavac recebidas do Ministério da Saúde para garantir as duas doses a 78.223 pessoas – a segunda dose será aplicada num intervalo de três semanas, em datas a serem definidas no cartão de vacinação. Todos os municípios receberam exatamente o que tinham direito.
O bom andamento do processo de vacinação no Maranhão, com o correto entendimento institucional entre o Governo do Estado e os governos municipais não significa que as diferenças políticas momentaneamente sufocadas deixarão de existir. Por mais importante que seja a chegada da vacina contra o novo coronavírus, não dá para ignorar o fato de que daqui a 21 meses os maranhenses irão às urnas escolher o presidente da República, governador, um senador, 18 deputados federais e 42 deputados estaduais. E por tudo o que tem acontecido no País dentro e fora da política, todos os observadores atentos prognosticam uma disputa política e eleitoral tensa e intensa, na qual as diferenças se manifestarão de maneira inflamada.
Se não tem o poder de mudar a tendência belicosa da disputa política marcada para 2022, o clima de cooperação propiciado pela chegada da Coronavac ficará como um oportuno registro de que a imunização alivia as tenções, mas não tem o poder de interromper nem deformar o processo político, que é essencial à vida da Nação.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha estuda disputar reeleição para o Senado, o Governo do Estado e a Câmara Federal
Engana-se quem pensa que o senador Roberto Rocha (PSDB) está cogitando pendurar as chuteiras da política. Uma fonte a ele ligada revelou à Coluna que o senador dificilmente tentará renovar o mandato na Câmara Alta numa disputa com o governador Flávio Dino, estando agora avaliando entrar mesmo na briga pelo Governo do Estado ou na disputa por uma cadeira na Câmara Federal. Cada vez mais ligado ao bolsonarismo, o chefe dos tucanos maranhenses tem noção clara de que suas chances são muito remotas numa eventual disputa direta com governador Flávio Dino pela vaga senatorial disponível. Se optar pelo Governo Estado, terá de enfrentar, em princípio, o então governador Carlos Brandão (Podemos) de um lado e o senador Weverton Rocha (PDT) do outro, podendo encontrar pela frente ainda a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), a senadora Eliziane Gama (Cidadania) ou o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PDT). No caso de optar por uma cadeira na Câmara Federal, terá de disputar votos com os atuais deputados federais que buscarão a reeleição, e outros pesos pesados da política, como Chico Leitoa (PDT), Sebastião Madeira (PSDB), Othelino Neto (PCdoB) – se não entrar na disputa majoritária -, Duarte Jr. (Republicanos), Fábio Gentil (Republicanos), Carlos Lula (PCdoB) e Felipe Camarão (DEM), entre outros. Na avaliação da mesma fonte, Roberto Rocha tem pouco tempo para tomar uma decisão viável.
Yglésio Moises valia deixar o PROS e retornar ao PDT
O deputado Yglésio Moises (foto) admite que está em busca de um novo partido. Ele se elegeu pelo PDT, mas deixou a legenda brizolista quando tentou, sem sucesso, ser o seu candidato a prefeito de São Luís, obtendo apenas o direito de migrar para o PROS para viabilizar aquele projeto sem perder o mandato parlamentar. Sexto colocado na disputa na Capital, o parlamentar está ajustando trajetória, já tendo avaliado que não dá para continuar no PROS. Tem convite para vários partidos, entre eles o PSB e o MDB, mas admite estar inclinado a retornar ao PDT, onde diz sentir-se bem.
São Luís, 20 de Janeiro de 2021.