O início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, ontem, para a etapa decisiva da disputa para a Prefeitura de São Luís foi politicamente positivo. Tanto os candidatos mais competitivos – Eduardo Braide (Podemos), Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Rubens Júnior (PCdoB) – quanto os que lutam para entrar efetivamente na competição – Bira do Pindaré (PSB), Yglésio Moises (PROS) e Franklin Douglas (PSOL) – causaram boa impressão, produzindo, com suas manifestações e posturas, a certeza de que a nova geração assumiu mesmo o comando político da Capital, consolidando o processo de renovação que está em curso no Maranhão. Seus programas de abertura foram bem produzidos e objetivos, sem nhenhenhém nem chororô, com roteiros bem armados e discursos cuidadosamente elaborados. Falaram de si e de São Luís, contaram, com serenidade e sem tons dramáticos, as suas histórias, falaram das suas atuações políticas e deixaram no ar a impressão de que farão uma campanha propositiva. Nenhum ultrapassou o limite da civilidade e boa política.
Com um programa de boa qualidade técnica, Eduard Braide soube dar um tom eficiente no discurso, no qual se apresentou como um político experiente e produtivo, um cidadão correto e um pai de família exemplar; disse que sabe o que deve ser feito para melhorar a cidade e prometeu “trabalhar dia e noite”. Duarte Júnior contou sua trajetória de menino pobre, que vendeu chip de telefone e atuou como palhaço em festas infantis para ajudar em casa, conseguindo formar-se em Direito e se tornar advogado e professor, chegando ao serviço público pelas mãos do governador Flávio Dino (PCdoB), de quem recebeu a tarefa de resolver os problemas do Procon e do Viva Cidadão, experiência bem-sucedida, que, espera, possa levá-lo à Prefeitura, onde pretende chegar com o mote “Bora resolver? ”.
Neto Evangelista estreou de maneira competente, com um programa bem produzido e eficiente, no qual se apresentou como filho da cidade, invocando a memória do pai, o deputado estadual João Evangelista; contou sua trajetória política e apresentou os resultados do seu trabalho como secretário de Desenvolvimento Social, onde ampliou o programa de restaurantes populares, tendo sido convincente no seu discurso. Rubens Júnior fez uma estreia forte, com um programa politicamente denso, no qual, depois de se apresentar como filho da terra e como candidato do partido do governador Flávio Dino, de quem foi secretário das Cidades, colocou no ar um dos seus trunfos principais: uma forte declaração de apoio do ex-presidente Lula, que o apresentou como um político sério e preparado para ser prefeito de São Luís.
Com tempo de 44 segundos, Bira do Pindaré seguiu a receita e se apresentou como menino pobre do interior que chegou a São Luís engatinhando e conseguiu vencer na vida formando-se em Direito e tornando-se servidor concursado da Caixa; lembrou sua trajetória política e os cargos que exerceu, como delegado regional do Trabalho e secretário de Ciência e Tecnologia. Na sequência outra boa surpresa: o programa inteligente de Yglésio Moises, que soube dar o recado nos 16 segundos a que tem direito, dando voz a dezenas de pessoas do povo, que ele pretende representar como prefeito, se chegar lá. Franklin Douglas também deu seu recado nos 18 segundos a que tem direito: defendeu o auxílio emergencial de R$ 600,00 até o fim da pandemia.
Se os candidatos conseguirem manter o nível dos seus programas de abertura, São Luís será objeto de uma das disputas mais propositivas dos tempos recentes. Não será surpresa se houver confronto em algum momento, mas isso não será problema se a qualidade das proposições for mantida até o dia 12 de Novembro.
PONTO & CONTRAPONTO
Jeisael Marx reclama, tardiamente, por não inclusão no horário eleitoral no Rádio e na TV
Justo o protesto do candidato do Rede Sustentabilidade à Prefeitura de São Luís, Jeisael Marx, contra a sua não participação no horário eleitoral gratuito. Uma das boas surpresas desse momento político na Capital, empreendendo uma campanha propositiva e aguerrida, na qual critica a política convencional, praticada pelas elites, Jeisael Marx é jornalista, apresentador de TV e mantém um blog sobre com temas diversos, a começar pela política.
Por mais justo que seja, seu protesto agora não faz sentido. Seu partido não tem tempo de Rádio e TV porque não preencheu as exigências da legislação para a existência partidária. Partido criado pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois que rompeu com o PT, o Rede Sustentabilidade nasceu com boas chances de se tornar uma agremiação de peso, mas depois de uma série de desacertos e fracassos retumbantes nas urnas, virou uma ficção partidária, sem direito a Fundo Partidário, a Fundo Eleitoral e a tempo no horário gratuito no Rádio e na TV.
Quando decidiu se filiar do Rede para ser candidato, Jeisael Marx já sabia que seu projeto de chegar à Prefeitura de São Luís seria fortemente limitado por conta da situação partido. Reclamar agora não vale, e só pode ser explicado como uma estratégia para atrair a atenção para a sua propaganda nas redes sociais, a qual, vale observar, é feita com competência e garra. Como de resto todos os seus atos de campanha.
Grupo Matheus desembarca no mercado de ações atraindo R$ 4,6 bilhões
O desabamento das cinco prateleiras do Atacarejo da Curva do Noventa não teve qualquer influência no desembarque do Grupo Mateus no mercado de ações. Mesmo em meio à repercussão nacional do acidente trágico que resultou na morte de uma jovem funcionária e em ferimentos de oito pessoas, entre clientes e empregados, a Oferta Inicial de Ações feita pelo Grupo, com a expectativa de atrair R$ 4 bilhões, alcançou surpreendentes R$ 4,6 bilhões. O desempenho se deu como planejaram as corretoras – XP, Itaú, Bradesco, entre outras – e previram alguns analistas, baseados no tamanho da empresa, que faturou R$ 9 bilhões no ano passado e lucrou cerca de R$ 350 milhões.
O empresário Ilson Matheus tem todos os motivos para comemorar. Primeiro, o montante alcançado pelo seu Grupo na estreia no mercado de capitais quebrou dois recordes. O primeiro deles: foi o maior valor alcançado nos IPOs de 2020. E o segundo: foi o maior valor alcançado até hoje por uma empresa originada no Nordeste no mercado de ações. Além disso, o fato funcionou como uma “bisca na careca” do terraplanista Luciano Hang, o controvertido dono da cadeia de lojas de departamentos catarinense Havan, que tentou dar um passo maior que a perna, armando para atrair mais de R$ 9 bilhões. Mas o mercado, experiente nesse jogo, percebeu que o “véio” estava oferecendo uma “barca furada”, lhe deu as costas e seu IPO fracassou, causando grande mal-estar no meio empresarial.
Com a abertura do seu capital, o Grupo Mateus, hoje com 137 lojas, entre elas 29 atacarejos, vai se capitalizar para investir em expansão, modernização, de modo que a empresa de gestão familiar possa se tornar um grupo profissional com gestão compartilhada, o que pode torná-lo mais eficiente.
São Luís, 10 de Outubro de 2020.