Braide reage a pedido de cassação sugerindo ao eleitorado que se posicione em relação aos vereadores

Eduardo Braide busca apoio popular
contra o pedido de cassação

O pedido de cassação do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), feito por um auditor aposentado, que o acusa de haver praticado infração político-administrativa e crime de responsabilidade por haver contestado judicialmente a Lei Municipal Lei nº 7.729/25, que aumentou o seu salário de R$ 25 mil para R$ 38 mil, aprovado pela Câmara Municipal, poderia ser mais uma das inúmeras refregas que travou com o parlamento municipal nesses cinco anos de mandato. Mas a ação ganhou a dimensão de uma crise político-institucional a ser enfrentada pelo chefe do Executivo ludovicense. O próprio prefeito lhe deu essa estatura e aumentou sua gravidade ao sair ontem da sua habitual cautela para dar conhecimento da ação à população da Capital, em tom que pareceu uma convocação para uma mobilização em sua defesa.

– Agora é hora de saber como o seu vereador vai votar nesse processo: se vai querer me cassar porque eu não aceitei aumentar o meu salário, ou se vai respeitar o voto de mais de quatrocentos mil ludovicenses e me deixar trabalhar -, concitou Eduardo Braide numa fala postada nas suas redes sociais para abordar o assunto, dando-lhe um caráter político, mas sem conotação partidária. Com o cuidado que lhe é peculiar, ele evitou embarcar no discurso de simpatizantes e aliados potenciais, que enxergaram no pedido de cassação um movimento de adversários para afastá-lo da corrida ao Palácio dos Leões, em relação à qual ele nunca pronunciou uma só frase sobre se será ou não candidato.

Recém saído ileso de mais um embate com os poderosos empresários do transporte coletivo de São Luís, Eduardo Braide enfrenta agora a Câmara Municipal, ou a maioria dela. E certo de que não infringiu as regras nem cometeu crime de responsabilidade, decidiu envolver o eleitorado da Capital, convocando os mais de 400 mil eleitores de que o reelegeram em 2024, em turno único, para se posicionarem em relação aos vereadores que votarão pela sua cassação e os que o deixarão “continuar trabalhando”.

Com a marca do político que mede milimetricamente cada passo que dá, principalmente na movediça seara da política, o prefeito Eduardo Braide parece ter feito uma aposta ousada e de alto risco ao colocar os vereadores da Capital numa espécie de berlinda diante da população. Não há dúvida de que o seu gesto de recusar aumento de salário quando a regra geral é pleiteá-lo é simpático. Mas também não há como ignorar que o reajuste – que equipararia o valor mensal do seu contracheque ao do seu colega de São Paulo -, não foi uma decisão gratuita dos vereadores, mas o cumprimento de uma regra prevista na Constituição Federal relacionada ao presidente da República, à Carta estadual em relação ao governador do Estado e à Lei Orgânica do Município beneficiando o prefeito. Pelo visto, a ação protocolada algum fundamento.

Quando divide sua posição com o eleitorado da Capital, Eduardo Braide sabe que sua causa é válida e vai de encontro ao sentimento popular. Sabe também que não será política e institucionalmente fácil para os vereadores decidir pela cassação de um prefeito que se relegou em turno único com mais de 70% dos votos, que está entre os mais bem avaliados do País e que, de quebra, lidera a corrida para o Governo do Estado mesmo sem se dizer candidato. E mesmo nesse contexto, que politicamente o favorece, correram ontem rumores que Eduardo Braide teria acionados seus canais de conversa com a Câmara Municipal para buscar uma solução negociada para o caso.

Do alto da sua posição politicamente confortável, o prefeito de São Luís não precisou se movimentar para que o pedido de cassação fosse mostrado como uma ação política destinada a afastá-lo da corrida ao Palácio dos Leões. A grita maior veio do grupo dinista, com o vice-governador Felipe Camarão (PT) dizendo tratar-se de uma ação de adversários, que segundo ele “quarem ganhar de WO”, enquanto o deputado federal Márcio Jerry, líder do PCdoB no estado, classificou o pedido de “absurdo e bizarro”, e o deputado federal petista Rubens Júnior disse não haver sentido no pedido de cassação do prefeito. E todos apontaram a sucessão estadual como a causa do ataque ao prefeito.

O fato é que a apreciação do pedido de cassação do o prefeito Eduardo Braide, pautada para a sessão de terça-feira (09/12), se dará sob forte pressão política se até lá não houver um acordo que evite o embate.

PONTO & CONTRAPONTO

Em campos diferentes, Pedro Lucas e Juscelino Filho mantêm boa convivência no União

Pedro Lucas e Juscelino Filho: no mesmo
partido, mas em campos diferentes

Uma situação partidária começa a chamar a atenção do mundo político: a posição do braço maranhense do União em relação à corrida ao Governo do Estado, tendo de um lado o atual presidente estadual da legenda, deputado federal Pedro Lucas Fernandes, e de outro o deputado federal e ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho.

Pedro Lucas Fernandes, que lidera a bancada do União na Câmara Federal, é vinculado ao presidente nacional do partido, Antônio Rueda, e apoia a pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB), mantendo sólida aliança com o governador Carlos Brandão (sem partido).

Já Juscelino Filho, faz parte da banda do União que segue a orientação do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que lidera a banda do União oriunda do DEM. Ex-ministro das Comunicações, Juscelino mantém forte vínculo com o presidente Lula da Silva, mas vive em rota de colisão com o governador Carlos Brandão por conta da guerra política em Vitorino Freire, onde combate duramente o grupo liderado pelo seu tio, Stênio Rezende. Na corrida sucessória estadual sua inclinação será poiar o vice-governador Felipe Camarão (PT).

Ao que parece, Pedro Lucas |Fernandes e Juscelino Rezende trilham caminhos diferentes, mas trabalham para manter uma convivência sem problemas no braço maranhense do União

Lahesio perde o apoio do prefeito de São Pedro dos Crentes, sua base política

Lahesio Bonfim perde o apoio de Rômulo
Arruda, que vai apoiar Orleans Brandão

O ex-prefeito de São Padro dos Crentes e pré-candidato do Novo ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim sofreu um duro golpe, que pode não ter maiores consequências eleitorais, mas produziu um forte simbolismo político: o atual prefeito do município, Rômulo Arruda (Republicanos), rompeu a aliança que tinha com o pré-candidato do Novo e declarou apoio à pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB).

O movimento do prefeito de São Padro dos Crentes foi uma pancada no projeto de candidatura de Lahesio Bonfim, que tem naquele município a sua principal base política, onde demonstra força por conta do seu desempenho com o prefeito.

Lahesio corre o risco de não ter a maioria dos seis mil votos de São Pedro dos Crentes, já que o prefeito Rômulo Arruda – que foi reeleito em 2024 com 65% votos válidos – decidiu entrar de cabeça na corrida sucessória estadual pedindo votos para Orleans Brandão.

A perda do apoio do prefeito Rômulo Arruda coloca Lahesio Bonfim numa espécie de “saia justa”, à medida que a consequência é que o seu isolamento no seu próprio município poderá ser usada como argumento para minar a sua força eleitoral, que é considerável – na última pesquisa ele apareceu com 19% das intenções de voto.

Ninguém sabe como Lahesio Bonfim reagirá à declaração de apoio de Rômulo Arruda ao emedebista Orleans Brandão.

São Luís, 05 de Dezembro de 2025.

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