A pesquisa Prever, a primeira realizada para medir o poder de fogo dos pré-candidatos à Prefeitura de São Luís em meio ao impacto da pandemia do novo coronavírus e após as mudanças no calendário eleitoral, com o adiamento das eleições para 15 de Novembro, colocou, de maneira muito clara, as cartas na mesa. Os números apontam liderança indiscutível e consistente do deputado federal Eduardo Braide (Podemos), com média de 44% em vários cenários, e mostram que a soma das preferências por candidatos oposicionistas supera com muita folga a soma por candidatos governistas, entre os quais o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos) é o mais bem situado, com 8,8% das intenções de voto. A pesquisa reflete os movimentos iniciais em direção às urnas, uma caminhada que vai durar pouco mais de quatro meses, tempo suficiente para que o cenário seja mantido ou radicalmente alterado. Não há como minimizar a liderança de Eduardo Braide neste momento, mas também não há como fixá-la como inalterável, feito um fato consumado.
No jogo que agora vai começar para valer, fatores decisivos vão ganhar forma e pautar os candidatos, e isso produzirá efeitos que podem mudar expressivamente a escala de preferências do eleitorado. O primeiro e decisivo fator será o posicionamento do governador Flávio Dino (PCdoB), dono de expressivo cacife político e eleitoral na Capital. Outro fator que influenciará fortemente a corrida será a movimentação do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) nesse tabuleiro. Além disso, não se pode subestimar, por exemplo, a influência da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) sobre remanescentes da base sarneysista em São Luís, nem desconsiderar o rumo a ser tomado pelo presidente do PDT, senador Weverton Rocha, que inicialmente aposta numa aliança com o DEM em torno da candidatura de Neto Evangelista.
O posicionamento do governador Flávio Dino terá influência decisiva. Mesmo levando-se em conta a hipótese de ele não entrar de cabeça na disputa no primeiro turno, considerando que vários aliados participam da peleja eleitoral, o governador tem um partido, o PCdoB, e o seu partido tem um candidato, Rubens Júnior (média de 1,5% nos vários cenários), que já apoio de secretários de Estado e fechou a semana com o aval da senadora Eliziane Gama (Cidadania), que também lidera grupos de apoiadores na Capital. Aprovado por mais de 60% da população, segundo duas pesquisas recentes, Flávio Dino tem autoridade política para estimular o lançamento de candidaturas aliadas, mas tem também o direito político, no momento em que julgar mais adequado, buscar suporte eleitoral para o seu candidato, podendo inclusive se manter distante na medição de força do primeiro turno.
Com poder de fogo para influenciar fortemente parte do eleitorado na corrida à sua sucessão, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior se mantém afastado do debate sucessório, mas demonstrando, pelo silêncio, que não assimilou o projeto do presidente do seu partido, senador Weverton Rocha, de abrir mão de lançar um candidato pedetista em favor de um nome do DEM. Não é possível ainda vislumbrar o desfecho desse racha no arraial brizolista. Mas qualquer avaliação, mesmo superficial, do imbróglio leva diretamente à conclusão de que sem o aval do prefeito, hoje bem avaliado e gozando de prestígio dos extratos da população já alcançados pela máquina de benefícios da prefeitura. Quem subestimar seu poder de fogo pode estar cometendo um grave erro político.
O mesmo se pode dizer da ex-governadora Roseana Sarney sobre o poder de influenciar eleitoralmente na Capital. O Grupo Sarney sempre perdeu eleições em São Luís, mas erra quem subestima o prestígio político e eleitoral da ex-governadora. Dona de uma obra estrutural gigantesca e com muito prestígio na base cultural da cidade, a ex-governadora pode se transformar num cabo eleitoral influente, mesmo levando em conta a conhecida rebeldia política e eleitoral ludovicense.
O jogo começou para valer, e nele Eduard Braide confirma a liderança apontada por pesquisas feitas antes da pandemia do novo coronavírus. Seu desafio agora será manter esse patamar, e sabe que todos os movimentos agora serão no sentido de implodir seu lastro e reduzir suas chances. E nesse jogo os líderes mais influentes terão papel decisivo.
PONTO & CONTRAPONTO
Eleição de Carlos Lula para o Conass foi prova de reconhecimento
Dois dias depois de eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em meio a uma crise causada pela renúncia do então presidente, Alberto Beltrame, secretário de Saúde do Pará e alvo de denúncia de desvio na compra de respiradores para leitos de UTIs para tratamento de Covid-19, o secreta de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, desembarca hoje em Brasília para ter o seu primeiro encontro com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Agora investido no comando do Conass, que entende ser o “maior desafio da minha vida”, Carlos Lula passa a ser o principal interlocutor dos Governos de Estado junto ao Governo Federal na área de Saúde, principalmente no que diz respeito ao tema dominante e mais sensível, a relação da União com os Estados na tensa questão do novo coronavírus.
Carlos Lula não foi eleito presidente do Conass por acaso. Ele era vice-presidente, assumiu a presidência com o afastamento do então presidente Alberto Beltrame, e imediatamente convocou uma assembleia virtual dos 27 secretários para decidir sobre o comando do Conselho. O resultado não surpreendeu. Carlos Lula foi eleito por larga maioria. A eleição foi o desdobramento natural da participação efetiva do secretário de Saúde maranhense no Conass, onde consolidou uma posição de reconhecimento e respeito dos colegas. Primeiro pelos ecos da arrojada política de Saúde colocada em prática pelo governador Flávio Dino. E depois pela eficiência com que o Governo do Maranhão vem enfrentando a pandemia do coronavírus.
Na reunião de hoje – que já estava agendada antes da eleição – Carlos Lula vai ter uma pauta mais extensa com o ministro interino Eduardo Pazuello. Isso porque, além dos assuntos relacionados com o Maranhão, vai tratar tamb0em dos problemas que ainda envolvem a luta contra a pandemia em todo o País.
Jair Bolsonaro se curva a um pastor boquirroto e não consegue escolher o ministro da Educação
A escolha do novo ministro da Educação está sendo uma demonstração cabal e definitiva de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não sabe governar, não está preparado para o cargo e não tem autoridade política para tomar decisões. O exemplo mais assombroso: o presidente manifestou simpatia por Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, a quem chegou a convidar para o cargo. Mas, ao tomar conhecimento da inclinação presidencial, o controvertido pastor Silas Malafaia esturrou discordando, abrindo caminho para a patranha ideológica que segue o chefe da Nação disparasse contra o escolhido. Diante da inanição do presidente, o próprio Renato Feder declinou do convite, um caso raro na história da República.
Há 18 meses no poder, o presidente Jair Bolsonaro não disse ainda ao País qual o projeto de Educação do seu Governo. Primeiro escolheu para ministro um professor colombiano que nem português fala direito e em poucas semanas deu seguidas demonstrações de que não tinha a menor ideia do que fazer como ministro. Foi substituído por um aloprado, que cometeu uma estupidez atrás da outra para divertir e agradar ao chefe, e acabou sendo demitido e retirado às pressas do Brasil para não ser preso, ganhando uma sinecura no Banco Mundial, de onde muito provavelmente será catapultado em breve. E finalmente o presidente passou pelo vexame de ter de nomear e desnomear, em menos de 72 horas, um ministro com o currículo fraudado.
Agora, quem está dando as cartas é a chamada “ala ideológica”, comandada dos Estados Unidos por um astrólogo boca-suja metido a filósofo, que lidera uma milícia de terraplanistas que apoia o presidente. E não será surpresa se nas próximas 48 horas, por absoluta falta de autoridade do senhor Jair Bolsonaro, um general de cavalaria for convocado para tocar a Educação brasileira pelos próximos 30 meses.
São Luís, 06 de Julho de 2020.