Adiamento das eleições mexe com os projetos de candidaturas à Prefeitura de São Luís  

 

Para chegar ao Palàcio de la Ravardière, imponente sede da prefeitura de São Luís candidatos terão que ajustar seus projetos ao novo calendário das eleições

A Câmara Federal completou ontem a batida de martelo do Senado da República e confirmou o adiamento das eleições municipais para 15 de Novembro, e 29 de Novembro onde houver segundo turno. As datas principais do calendário eleitoral   foram também adiadas: as convenções partidárias para escolha de candidatos serão realizadas no período de 31 de Agosto a 16 de setembro, o registro de candidaturas ocorrerá até 26 de Setembro, e a propaganda eleitoral em rádio, TV e internet será iniciada em 27 de Setembro, um dia após o prazo para registro de candidaturas. Outras datas, digamos, burocráticas, do pleito foram alteradas para que todo o processo transcorra de modo a garantir a posse dos eleitos no dia 1º de Janeiro de 2021. Superado esse gargalo criado pela pandemia do novo coronavírus, os partidos têm agora o tempo necessário para maturar seus projetos, definir suas candidaturas e armar as alianças possíveis para viabilizá-las no eleitorado. Esse novo cenário pode alterar expressivamente a corrida para a Prefeitura de São Luís, em tese reduzindo as chances de alguns candidatos e criando melhores condições para que outras candidaturas ainda em processo de construção se viabilizem.

Qualquer análise fria e isenta certamente concluirá que o adiamento da corrida às urnas não favorece, por exemplo, o candidato do Podemos, Eduardo Braide, que hoje lidera a preferência do eleitorado, segundo todas as pesquisas divulgadas até aqui. Os levantamentos mais recentes indicaram queda nas suas intenções de voto, um processo previsível devido ao grande número de candidatos, alguns com peso e potencial de crescimento. Se a eleição fosse mantida para 4 de Outubro, Eduardo Braide teria condições de segurar parte da sua liderança, o que se tornará bem mais difícil com o adiamento de do pleito em 40 dias. No contrapeso, candidato do PCdoB, Rubens Júnior, que confirmou sua candidatura há pouco tempo e entra na briga com o suporte de vários partidos e com as ondas fortes do Governo do Estado e o prestígio inconteste do governador Flávio Dino (PCdoB), ganhou o tempo que precisava para fortalecer o seu projeto, que já começa a dar sinais de que pode se tornar uma candidatura robusta e decisiva.

A mudança da data das eleições favorece também o candidato do DEM, Neto Evangelista, à medida que o presidente do PDT, senador Weverton Rocha – que foi um dos principais articuladores da decisão no Congresso Nacional -, ganha o tempo que precisava para amarrar a aliança com o Democratas, inclusive acertando os ponteiros com o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), cujo silêncio sobre o assunto é interpretado como um recado claro e direto de que não está de acordo com a aliança. Nesse cenário, o candidato do PSB, Bira do Pindaré, ganha mais tempo para turbinar seu projeto arquitetando alianças à esquerda. Por outro lado, o candidato do Republicanos, Duarte Júnior, nada ganha com a mudança da data da eleição, exatamente por correr o risco de perder parte das suas bases de apoio nas redes sociais, que serão intensamente assediadas de agora por diante. Para ele, a data original seria mais vantajosa.

A mudança de data favorece claramente os Jeisael Marx (Rede), Yglésio Moises (PROS), Carlos Madeira (Solidariedade), Detinha (PL), Adriano Sarney (PV), Franklin Douglas (PSOL), Saulo Arcangeli (PSTU) e Wellington do Curso (PSDB). Sem grandes estruturas, eles ganham tempo para estruturar melhor suas campanhas e tentar convencer o eleitorado sobre a viabilidade dos seus projetos. Se vão conseguir, isso só se saberá quando as urnas se pronunciarem na noite do dia 15 de Novembro.

A alteração no calendário eleitoral poderá também ter reflexos importantes em Imperatriz, por exemplo, onde o prefeito Assis ramos (DEM), que sofre forte pressão de candidatos fortíssimos como deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB), que já lidera a corrida, Ildon Marques (PP) e Sebastião Madeira (PSDB), ganha algum tempo para tentar redesenhar o cenário de uma derrota anunciada. Em São José de Ribamar, por seu turno, o adiamento do pleito favorece o prefeito Eudes Sampaio (PTB), que ganha mais tempo para consolidar sua posição numa disputa em que não tem um adversário de peso. Em Paço do Lumiar, comandos partidários terão mais um mês para desenrolar o nó cego que trava o futuro do prefeito afastado Domingos Dutra (PCdoB) e da prefeita em exercício Paula da Pindoba (Solidariedade).

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino propõe auxílio emergencial para micro e pequeno empreendedor; Maranhão perde arrecadação

Flávio Dino propõe auxílio emergencial para micro e pequenos empresários afetados pela pandemia

O governador Flávio Dino vem criticando severamente as trapalhadas do Governo Federal em relação aos micro e pequenos empresários, que deveriam estar sendo apoiados, mas, ao contrário, milhares em todo o País encontra-se à mingua, quase falidos, situação que poderia estar menos dramática se os programas de crédito anunciados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, tivessem sido efetivamente colocados em prática, livres do cipoal burocrático que os impede de atendê-los.

O governador do Maranhão sugere um auxílio emergencial para os micro e pequenos empreendedores, que respondem por quase metade do bolo econômico nacional.

Flávio Dino está convencido de que esse auxílio deve ser liberado pela União sem amarras, e deve ser depositado direto na conta das empresas, permitindo que os empresários empreguem esses valores no pagamento das suas contas mais imediatas, na aquisição de matérias primas e materiais e na manutenção dos empregos.

– A situação das micro e pequenas empresas é dramática. Havia uma ideia de que bastaria abrir o comércio que tudo ia voltar ao normal. Muita gente está descobrindo que não. Em vez de crédito, deveria ser criado um auxílio emergencial agora, já, para as micro e pequenas empresas – propôs Flávio Dino, durante conversa virtual que manteve recentemente com o ex-presidente Lula da Silva (PT), que concordou com a proposta.

O governador do Maranhão conhece os efeitos da paralisação da das atividades econômicas, principalmente dos pequenos empreendimentos, por causa da pandemia do novo coronavírus. O reflexo mais evidente está exatamente na queda de arrecadação de impostos, situação enfrentada pelos estados e municípios. Ontem, levantamento publicado pelo G1, portal do Sistema Globo, mostrou que de Janeiro para cá o Maranhão perdeu R$ 2,2 bilhões em arrecadação de impostos, tendo as perdas mais acentuadas nos meses de Março, Abril, Maio e Junho, um golpe violento na estabilidade fiscal do Governo maranhense.

 

PT pode lançar candidato ou se aliar ao PCdoB na corrida à Prefeitura de São Luís

Zé Inácio e Rubens Júnior

Não existe ainda martelo batido sobre o assunto, mas nos bastidores da corrida sucessória ganha força o rumor segundo o qual o PT tende a participar da disputa em São Luís como parte da aliança que vier a ser construída pelo PCdoB em torno da candidatura do deputado federal Rubens Júnior, podendo até mesmo indicar o vice. Há, de fato, pressão da ala lulista do partido por candidato próprio, já tendo inclusive indicado o deputado Zé Inácio. Mas há também firme posição de outras correntes a favor de que o PT apoie o candidato do PCdoB e invista pesado numa chapa de candidatos a vereador. O adiamento das eleições para Novembro abre um período bem mais largo para que o partido tome posição em São Luís.

São Luís, 02 de Julho de 2020.

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