A um ano das eleições, quatro forças políticas se organizam para o enfrentamento nas urnas

 

Flávio Dino vai disputar provavelmente com Roseana Sarney, Roberto Rocha está lançado e Raimundo Pedrosa é uma possibilidade
Flávio Dino vai disputar provavelmente com Roseana Sarney, Roberto Rocha está lançado e Raimundo Pedrosa é uma possibilidade na corrida pelo Governo estadual

 

Este Domingo representa o marco inicial da contagem regressiva para as eleições gerais do ano que vem, quando, em meio aos traços de recuperação das perdas impostas ao País pela devastadora crise econômica e aos traumáticos desdobramentos da Operação Lava Jato e similares, os brasileiros irão às urnas escolher presidente da República, dois terços dos senadores, deputados federais e deputados estaduais. No Maranhão, quatro forças se movimentam em busca de espaço para emplacar seus candidatos, principalmente a presidente e a governador, a partir dos quais escolherão também dois senadores, 18 deputados federais e 42 deputados estaduais.

A primeira força é a aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), candidato à reeleição, que reúne um espectro partidário que vai da esquerda à direita (PCdoB, PT, PSB, PDT, PPS, PTC, SD, PHS, PSDC, DEM e, provavelmente, PTB). A segunda força é o Grupo Sarney, liderado pela ex-governadora Roseana Sarney e que tem ela próprio como o nome mais viável para enfrentar o poder de fogo do governador Flávio Dino, sustentada por uma teia partidária formada por PMDB, PV, PP, PSC, PSDC, PSD, PTN, PMN, PEN e, provavelmente, PROS). A terceira força nasceu na semana passada, com o lançamento do senador Roberto Rocha candidato a governador pelo PSDB e que deve reunir aos alguns partidos menores, como o Avante, por exemplo. E quarta força, politica e eleitoralmente inexpressiva, mas muito barulhenta, formada pelos partidos da esquerda radical, como PSOL, Rede, PSTU, PCB e PCO, que ainda não se formou como bloco nem definiu uma política de grupo, não tendo, ainda, candidato a governador, por exemplo.

Em que pese a movimentação por conta das novas regras eleitorais e dos desdobramentos da crise política envolvendo caciques como o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), essas forças ainda estão se movimentando num cenário furta-cor, no qual a incerteza é a sensação predominante.

Não há dúvida de que o governador Flávio Dino, por uma série de fatores – prestígio pessoal e político em alta, Governo limpo, eficiente e socialmente correto e base partidária ampla, entre outros – tem a posição mais estruturada e confortável entre os integrantes da corrida sucessória, principalmente se levado em conta o fato de que a maioria das pesquisas o aponta como franco favorito na corrida ao Palácio dos Leões. Coerente política e ideologicamente, o governador se movimenta com a possibilidade de fazer uma dobradinha com o ex-presidente Lula no Maranhão, caso o líder petista venha a ser candidato, o que ainda é uma incógnita. Enquanto a definição não chega, Flávio Dino lastreia sua candidatura ampliando sua base partidária com as forças possíveis, podendo até atrair a esquerda radical para uma aliança informal. Fará dobradinha com o candidato presidencial da seara esquerdista, podendo ser o ex-presidente Lula da Silva ou Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo A aliança situacionista já tem o deputado Weverton Rocha (PDT) praticamente certo como candidato a uma das vagas no Senado, estando os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSB), Eliziane Gama (PPS) e Waldir Maranhão (PTdoB) o apoio governista pela outra vaga. Há também fortes tremores na montagem das chapas proporcionais, o que, vale lembrar, é um dado natural em tempos pré-eleitorais.

No cenário sucessório maranhense, o Grupo Sarney ainda uma força politica respeitável, principalmente por causa da influência do ex-presidente José Sarney (PMDB) e pelo cacife político e eleitoral da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Ela ainda não decidiu se será ou não candidata ao Governo do Estado, mas dentro e fora da seara sarneysista é quase unanime a convicção de que a ex-governadora será o principal adversário do governador Flávio Dino. Roseana sabe que tem pela frente uma missão dificílima, primeiro porque o adversário a ser batido é muito forte, e segundo, porque antes de partir para o enfrentamento, ela terá de recompor pelo menos parte do seu grupo, que sofreu forte dispersão nas eleições de 2014 e 2016. Política tarimbada, Roseana Sarney trabalha para fortalecer seu grupo e ela própria em Brasília, onde opera como um dos articuladores do presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso Nacional. Se vier a ser candidata, Roseana Sarney farpa dobradinha com o candidato presidencial que o PMDB apoiar, podendo ser do partido ou do PSDB. Além de decidir se carregará ou não o fardo da candidatura, a ex-governadora tem pela frente o complicado desafio de montar a chapa para o Senado, que já tem o irmão, depurado federal Sarney Filho (PV) como candidato assumido, restando uma vaga para os atuais senadores pemedebistas João Alberto e Edison Lobão.

A terceira força ganhou forma na quarta-feira (4) da semana passada, quando o senador Roberto Rocha desembarcou de volta ao PSDB, onde, ato contínuo, ganhou a vaga de candidato ao Governo do Estado. Além desligar o PSDB da aliança liderada pelo governador Flávio Dino e colocá-lo na oposição, Roberto Rocha terá de se desdobrar para construir uma aliança partidária, mínima que seja, para dar mais consistência ao seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões. Ele entra na corrida sucessória com a vantagem de representar um partido forte e consolidado, mas sem muita expressão no estado, podendo também fazer dobradinha com o candidato presidencial que vier a sair da aliança PMDB/PSDB. Finalmente, o candidato tucano terá de coordenar a formação de uma chapa incluindo dois candidatos ao Senado, o que não será fácil.

O leque de forças se completa com as esquerdas radicais, que dificilmente fecharão com algum dos grupos já elencados. Mesmo tendo alguns dos seus líderes já sinalizando flexibilização, PSOL, PSTU, PCB dificilmente sairão da seara do esquerdismo radical contra tudo e contra todos, alimentando um zoadento mas saudável. Esse grupo poderá, no máximo, se juntar em torno do provável candidato do PSOL, o advogado Raimundo Pedrosa, e de nomes como Marcos Silva, Saulo Angelli e Haroldo Sabóia para o Senado.

O fato é que, ainda que as principais definições só venham a ocorrer nos primeiros meses do ano que vem, a corrida começa agora nos bastidores, e com muita intensidade.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Escolha do vice de Flávio Dino já é assunto intensamente discutido nos bastidores

Carlos brandão, Tema Cunha e Edivaldo Jr.: nomes cotados para vice
Carlos brandão, Tema Cunha e Edivaldo Jr.: nomes cotados para vice na chapa do governador Flávio Dino

Um debate intenso começa a ser travado nos bastidores da aliança liderada pelo governador Flávio Dino: quem será o vice do candidato do PCdoB? O caminho natural seria o atual vice-governador Carlos Brandão (PSDB), mas a guinada radical dada pelo partido na semana passada com o retorno do senador Roberto Rocha e sua candidatura ao Governo do Estado pode ter minado irreversivelmente sua posição. A reviravolta no PSDB assanhou de vez a discussão sobre a escolha do vice. Agora, o PT assumiu a linha de frente reivindicando a vaga de vice, usando como argumento a aliança do governador Flávio Dino com o ex-presidente Lula da Silva. Os petistas não falam ainda de nomes, mas batem pé e dizem que a vice é do PT, e ponto final. Ao mesmo tempo, há um forte movimento dentro do PSB apontando o presidente da Famem e prefeito de Tuntum, Cleomar Tema Cunha, como nome forte para compor a chapa como vice. Respeitado como gestor e como líder municipalista, Tema se mantém discreto sobre o assunto, argumentando que ainda não é hora para essa definição. Numa situação bem mais discreta, o PDT reivindica a vaga de vice, tendo algumas vozes indicando o prefeito de São Luís, Edivaldo Jr., hoje o nome mais forte e influente na aliança de esquerda liderada pelo governador Flávio Dino, e que funciona como uma garantia sólida de que, se reeleito, o governador passaria o bastão do poder para um nome confiável de com futuro político aberto. Outra corrente propõe, sem muita ênfase, que o governador Flávio Dino escolha um vice do próprio PCdoB, para com correr com uma chapa pura, mas essa tese parece não ter condições de prosperar. O fato é que a questão já está posta, faltando apenas chegar o momento oportuno para que ela seja resolvida pelo governador Flpavio Dino, que terá a última palavra.

 

João Alberto: agenda cheia e decisões à vista sobre o futuro

João Alberto comemorou decisão do Conselho a favor de Aécio Neves
João Alberto na tribuna do Senado: múltiplas ações e agenda cheia em Brasília e no Maranhão

Aos 82 anos, completados recentemente, o senador João Alberto (PMDB) cumpre agenda de um político de 40 anos. Dedicado integralmente à suas atividades formais como senador da República, João Alberto cumpre as tarefas de 2° vice-presidente do Senado – que inclui presidir sessões e reuniões de Mesa Diretora na ausência do presidente e do 1º vice-presidente -, dedica parte do seu tempo às responsabilidades de presidente do Conselho de Ética, além de participar frequentemente das reuniões da várias comissões que integra, seja como titular, seja como suplente. A agenda do senador pemedebista encontra tempo para manter contatos com ministros de Estado e, vez por outra, com o próprio presidente Michel Temer, de quem é amigo e interlocutor eventual. Além do mais, João Alberto mantém viva sua ampla rede de relações no cenário político estado, fazendo questão de conversar com líderes políticos das mais diferentes regiões, incluindo até os que não pertencem ao Grupo Sarney. Não pastasse isso, o senador dedica parte do seu tempo em São Luís à administração do braço maranhense do PMDB, que preside há quase três décadas, alimentando um cuidadoso processo de gestão – gastos, prestação de contas e organização -, que tornou o partido um exemplo no estado. Em meio a tudo isso, o senador não abre mão de encontrar tempo para se dedicar ao que mais o estimula: a política de Bacabal, à qual dedica muita energia. No momento, dedica esforços para reverter na Justiça uma situação esdruxula, que é a permanência do adversário Zé Vieira (PR), que é ficha-suja, para que o deputado Roberto Costa (PMDB), que participou da eleição sem qualquer restrição e foi o segundo colocado, possa assumir e exercer o mandado. O senador sabe que terá de tomar decisões graves sobre o seu futuro – pode ser candidato à reeleição, a vice-governador e até mesmo a governador  -, mas não parece preocupado com isso, lembrando sempre que é homem de grupo e que seguirá o caminho que o partido decidir. Não sem antes, claro, defender sua posições com a firmeza de sempre.

São Luís, 08 de Outubro de 2017.

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