O movimento do governador Flávio Dino de assumir a presidência do PSB no Maranhão foi a senha definitiva de que o jogo político e partidário será determinante na montagem das alianças para as eleições do ano que vem, principalmente no que diz respeito à disputa direta pelo gabinete principal do Palácio dos Leões. Isso porque os dois principais nomes que brigam pela sua sucessão, o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha comandam, respectivamente, o PSDB e o PDT, a ex-governadora Roseana Sarney, que voltou a admitir a hipótese de entrar na briga pelo Governo, estará no comando do seu partido, o MDB. Outros prováveis candidatos a governador, como o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que comanda o PL e mais duas legendas (Patriotas e Avante), e o senador Roberto Rocha, que comandará no estado o partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro vier a se filiar.
Sob o comando direto do governador Flávio Dino, o jogo dentro do partido foi zerado. Isso significa dizer que a precipitada declaração de apoio do ex-presidente do partido, o ex-prefeito de Timon Luciano Leitoa, ao projeto de candidatura do senador Weverton Rocha, perdeu totalmente o sentido. A partir de agora, o PSB se posicionará no estado de acordo com a ótica e os interesses do grupo liderado por Flávio Dino, que vias de regra terá o apoio do deputado federal Bira do Pindaré, que não chancelou a manifestação do ex-presidente. Bira do Pindaré sabia que o destino do governador Flávio Dino seria o PSB, o que o fez não embarcar no movimento dos Leitoa. Agora, o PSB sai da condição de coadjuvante para ser o eixo central do processo político que desaguará nas urnas, e que terá como ponto alto a escolha do candidato a governador.
O vice-governador Carlos Brandão vai apostar todo o seu cacife no apoio do PSB ao seu projeto de candidatura. Ele acredita que poderá contar ainda com o PCdoB e o PT , formando assim uma base sólida para sua candidatura. O vice-governador, que na época será governador, confia ainda que, a partir dessa base, outros partidos se juntarão com o PSDB no suporte ao seu projeto de poder. Carlos Brandão está convencido de que, uma vez no comando do Governo, o que deve ocorrer a partir de abril próximo, reunirá força política suficiente para ser o carro-chefe da aliança pela qual pretende concorrer à reeleição. Há sinais fortes de que essa estratégia pode ser viável e que o PSB pode apoiá-lo.
Por sua vez, o senador Weverton Rocha vai trabalhar primeiro para confirmar a aliança do PDT com o DEM, o PSL e o PP, cujos presidentes – deputados federais Juscelino Filho, Pedro Lucas Fernandes e André Fufuca, respectivamente – já se manifestaram afirmando que seus partidos o apoiarão. O problema é que essas manifestações foram feitas antes da migração do governador Flávio Dino para o PSB. Com o novo quadro, ninguém descarta a hipótese de essas agremiações reverem tais posições. Essa possibilidade de reviravolta foi desenhada pelo deputado federal André Fufuca, que ao declarar apoio a Weverton Rocha, avisou, sem rodeios, que essa posição poderá ser revista no futuro.
No caso do MDB, a ex-governadora Roseana Sarney assumirá seu comando na próxima Sexta-Feira (02/07) passando a impressão de que está, de fato, montando um projeto para voltar ao Palácio dos Leões. Há, porém, quem diga que seu verdadeiro objetivo é valorizar o passe do MDB numa aliança forte, que pode ser com o PSDB em torno do vice-governador Carlos Brandão, ou com o PDT em torno do senador Weverton Rocha. Nos dois casos, ela será candidata a deputada federal. Não se descarta, porém, que a ex-governadora lidere uma chapa do seu partido para o Governo. Afinal, todas as pesquisas feitas até aqui mostram-na à frente, com média de 30% de intenções de voto.
É o mesmo caso do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que tem dito e repetido que é pré-candidato a governador. A diferença é que ele não tem a base eleitoral que ela exibe, mas comanda uma tropa respeitável de prefeitos, que ela não tem.
A experiência e a lógica sugerem que de agora por diante os movimentos desses partidos e dos seus pré-candidatos serão feitos de acordo com os passos que forem dados pelo governador Flávio Dino.
PONTO & CONTRAPONTO
Destaque na CPI da Covid, Eliziane ganha estatura e é vista como “terceira via” na sucessão
A senadora Eliziane Gama (Cidadania) ganha, a cada semana, mais espaço na CPI da Covid, mesmo não sendo membro titular nem suplente da Comissão. Autorizada pela prerrogativa de poder fazer perguntas aos depoentes e de emitir juízo sobre situações e fatos ligados à investigação que ocorram durante as sessões ou fora delas, e escalada como representante da Bancada Feminina – que não existe legalmente, mas atua forte – a senadora maranhense tem surpreendido pela firmeza com que se manifesta. Sua participação tem sido tão significativa que na tensa e tumultuada sessão de Sexta-Feira, Eliziane Gama foi escalada para presidir os trabalhos por algum tempo, cobrindo ausência momentânea do presidente e do vice-presidente. Depois, juntamente com ambos e mais o relator, participou de uma entrevista coletiva muito concorrida. Nos bastidores, a avaliação corrente é a de que a senadora sedimenta sua já respeitável margem de prestígio na Casa e amplia o seu peso político no Maranhão. Há quem a veja como um projeto de “terceira via” no cenário em que se desenrola a corrida ao Palácio dos Leões, caso haja um improvável impasse na definição de candidaturas.
Patriotas vive forte expectativa com a filiação de Bolsonaro e de Roberto Rocha
A guerra que se trava no comando nacional do Patriotas por causa da iminente filiação do presidente Jair Bolsonaro, que é aceito pelo presidente do partido e rejeitado pelo vice-presidente, pode acontecer também no Maranhão. O problema é que Jair Bolsonaro só quer assinar a ficha de filiação com a garantia de que terá o comando do partido, de modo a “aparelhar” os diretórios regionais com aliados fiéis. No caso do Maranhão, onde é presidido pelo jovem deputado federal Marreca Filho, mas controlado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, o Patriotas terá de receber o senador Roberto Rocha que, conforme a estratégia de Jair Bolsonaro, deverá assumir o controle do partido. Pelo que se sabe, Josimar de Maranhãozinho e Marreca Filho não fazem qualquer restrição ao ingresso do senador Roberto Rocha no partido, desde que não tente assumir o controle. Não há um clima de guerra já declarado, mas dois aliados de Josimar de Maranhãozinho disseram à Coluna, que Roberto Rocha será aceito de bom grado no partido, desde que não tente assumir o seu controle. Uma terceira fonte disse que não há tensão, e que, se Bolsonaro entrar, Roberto Rocha entrará também e para assumir o comando. É o que se verá.
São Luís, 27 de Junho de 2021.