A exatos 120 dias das eleições, os dois candidatos a governador mais destacados, o governador Flávio Dino (PCdoB) e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), ainda não têm um componente crucial para a corrida às urnas: os candidatos a presidente da República. Ao contrário do senador Roberto Rocha, candidato do PSDB, que já tem o presidenciável Geraldo Alckmin, da ex-prefeita Maura Jorge (Podemos), que abraçou a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), e do candidato do PSOL, Odívio Neto, que já está em campanha por Guilherme Boulos, o governador Flávio Dino (PCdoB) e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) ainda aguardam definições dos seus partidos e campos partidários para tomar posições. O partido do governador Flávio Dino já tem a candidatura da deputada gaúcha Manuela D `Ávila, a quem ele já declarou voto, mas é um projeto muito pouco consistente para um momento político tão complexo e decisivo como esse. E o partido da ex-governadora Roseana Sarney já tem pré-candidato definido, Henrique Meireles, lançado pelo próprio presidente Michel Temer, mas que ainda não vingou dentro das fileiras pemedebistas. O deputado Eduardo Braide, (im)provável candidato do PMN, e o possível candidato do PRP, ex-deputado Ricardo Murad, a princípio não têm qualquer relação com candidatura presidencial.
Ninguém duvida o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney podem fazer suas campanhas sem vinculação com candidatos presidenciais. Mas no contexto de agudas crises econômica e política, não faz muito sentido que um candidato a governador lidere um projeto político dissociado de um projeto para o País.
O governador Flávio Dino sabe que a candidata do seu partido não irá muito longe, e como a questão é vencer as eleições, e não apenas participar, ele trabalha no sentido de mobilizar as correntes da esquerda em torno de um candidato forte. A princípio, o candidato seria o ex-presidente Lula (PT), mas a sua condenação e prisão o tornou ficha-suja e o tirou do páreo, abrindo caminho para o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT). Flávio Dino já manifestou apoio ao pedetista e agora trabalha para mobilizar os partidos de esquerda em torno do pedetista, num processo cujo desfecho é ainda imprevisível. Mas tudo indica que, ao contrário de 2014, quando não teve um nome definido ao seu lado, nesta corrida à reeleição o governador terá uma candidatura presidencial para propor aos maranhenses. E tudo indica que será mesmo pedetista Ciro Gomes.
A ex-governadora Roseana Sarney dificilmente tomará outro caminho que não incorporar ao seu projeto eleitoral a candidatura do ex-banqueiro e ex-ministro da Fazenda Henrique Meireles, lançada pelo presidente Michel Temer. Chama atenção o fato de até agora a candidata do MDB não haver se manifestado sobre a escolha de Henrique Meireles. A atitude da emedebista pode ser interpretada como um sinal de que o ex-presidente José Sarney ou não gostou da indicação ou não está ainda convencido de que a decisão do presidente Michel Temer de lançá-lo não é o projeto ideal para o MDB. Isso porque uma candidatura presidencial é fundamental para a consolidação do seu projeto de voltar ao Palácio dos Leões. Nos bastidores do Grupo Sarney corre a versão de que, caso a candidatura de Henrique Meireles fracasse, o “Plano B” de Roseana Sarney nesse item será um acordo com o PSDB em torno da candidatura de Geraldo Alckmin.
É verdade que ainda faltam ainda de um mês para o início, da realização das convenções e pouco mais de 60 dias para o início da campanha eleitoral efetiva, mas só um quadro de crise profunda e complexa, como a do PT e a do MDB, justifica que esses partidos ainda não tenham os seus candidatos a presidente da República definidos e em plena campanha. Enquanto isso, Maura Jorge se prepara para ser a anfitriã de Jair Bolsonaro com uma grande festa no próximo dia 14, evento que pode contribuir decisivamente para fortalecer o candidato da extrema direita, que já tem legiões de simpatizantes se formando em todo o País, inclusive no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
PT mantém pressão para ocupar vaga de Eliziane na aliança dinista
O PT continua batendo pé e cobrando do governador Flávio Dino a inclusão de um nome do partido para concorrer a uma das cadeiras no Senado pela aliança situacionista. De cara, os petistas nem cogitam ocupar a vaga do deputado federal Weverton Rocha, que é bom de briga e lidera o PDT, um partido forte e que não abre mão do espaço que ocupa. O alvo, portanto, é a vaga destinada á deputada federal Eliziane Gama (PPS). Os petistas alegam que Eliziane Gama não pertence ao bloco de esquerda, uma vez que o PPS foi oposição aos Governos do PT e teve participação ativa no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ocorre que Eliziane Gama aparece como líder nas pesquisas e ganhou peso político com esse potencial eleitoral, e tirá-la da chapa seria no mínimo uma contradição política inexplicável. O comando nacional do PT já declarou que o partido vai integrar a aliança dinista, mas os chefes locais estão tentando condicionar essa aliança.
Ganha corpo a disputa pelas cafeeiras na Câmara Federal
Ganha corpo e volume a corrida para a Câmara Federal. Além de pesos pesados que buscam a reeleição, como Rubens Jr. (PCdoB), Hildo Rocha (MDB), André Fufuca (PP), João Marcelo (MDB) e Juscelino Filho (DEM), por exemplo, aspirantes a primeiro mandato formam um grupo com cacife político e eleitoral nas alturas, como Márcio Jerry (PCdoB), Sebastião Madeira (PSDB), Eduardo Braide (caso não saia candidato a governador), Josimar de Maranhãozinho (PR), Pedro Lucas Fernandes (PTB), Edilázio Jr. (PV), Ildon Marques (PSDB), Gastão Vieira (PROS), Gil Cutrim (PDT), entre outros, que correm para ocupar os espaços abertos por Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PPS) e José Reinaldo Tavares (PSDB), que estão na guerra pelas duas vagas no Senado. Nos bastidores, os comentários que correm é que essa é uma disputa também renhida.
São Luís, 06 de Junho de 2018.