A reunião do Fórum de Governadores do Nordeste, que será realizada hoje em São Luís, com a participação dos chefes dos nove estados da região, tem dois vieses muito claros. O primeiro é o posicionamento político dos líderes nordestinos em relação ao Governo da União, um movimento que tem por base a certeza de que em certos aspectos só uma força conjunta, bem articulada e com discurso e pleitos comuns, poderá convencer o Governo da União. O outro é a liderança do governador Flávio Dino (PCdoB), anfitrião e um dos principais articuladores do Fórum e de outros movimentos destinados a revisar o Pacto Federativo de modo a fortalecer os estados e os municípios, independentemente das suas regiões. No encontro, além de reivindicações pontuais para a região o Fórum formalizará a criação do Consórcio Nordeste, um instrumento por meio do qual os governos nordestinos poderão realizar coletivamente uma série de ações com maior eficiência e custos mais baixos. A reunião do Fórum em São Luís será, ao mesmo tempo, um grande esforço de articulação administrativa e um ato político de grande envergadura.
Do ponto de vista administrativo, os estados nordestinos encontram-se, em sua maioria, enfrentando sérias limitações financeiras, o que os leva a reivindicar uma partilha mais justa dos recursos tributários recolhidos pela União. Afinal, a região abriga uma população de aproximadamente 55 milhões de habitantes, algo em torno de um quarto do contingente populacional do País. E com a agravante de que é a menos contemplada pela massa de recursos arrecadados pelo Poder Central. Essa reivindicação foi explicitada na Carta de Brasília, que resultou da primeira reunião, realizada em Janeiro, e que deve ser reafirmada na Carta de São Luís, que será divulgada no final do encontro.
O Fórum de Governadores do Nordeste é hoje a tradução mais fiel da face política nordestina. E formado por líderes da nova geração de políticos da região, todos posicionados na banda de centro-esquerda, não tendo um só chefe de Estado posicionado ideologicamente à direita. Esse perfil reflete uma unidade política ímpar no País, o que facilita o entendimento entre eles e estimula as discussões que definem posições de importância, como a formação do Consórcio, por exemplos. Unidos em um bloco compacto, que reflete os problemas e os anseios da região, os governadores querem ser ouvidos nas reformas que estão sendo alinhavadas pelo Governo Central, como a da Previdência, por exemplo, e reivindicam recursos para eliminar as dificuldades que enfrentam por causa da escassez de recursos.
Nesse contexto, o governador Flávio Dino se destaca como um líder firme e confiável, e cujo discurso traduz fielmente a realidade da região. O governador maranhense tem ajustado cuidadosamente o seu discurso com a sua prática, à medida que mantém intacto o seu posicionamento político de Oposição ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), atuando como um crítico duro das posições do presidente e seus principais porta-vozes. Ao mesmo tempo, se movimenta com equilíbrio na construção de uma relação institucional produtiva, que já o levou a audiências com o vice-presidente Hamilton Mourão e vários ministros, em Brasília e em São Luís, como aconteceu na semana passada os ministros da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
A reunião do Fórum de Governadores do Nordeste, hoje, em São Luís, é o reflexo de uma realidade resultante das lutas políticas travadas no País nos últimos tempos, agora com forças bem definidas nos dois campos ideológicos, estando os líderes nordestinos situados na seara que vai do centro à esquerda. Mas com a responsabilidade política e institucional de compreender que numa democracia há lugar para todas as tendências e de que cabe às urnas definir o espaço de cada uma a cada eleição. O Fórum de Governadores do Nordeste, que tem o governador Flávio Dino como um dos principais articuladores, é um reflexo dessa realidade.
PONTO & CONTRAPONTO
PT pode vir a ter candidato próprio a prefeito de São Luís
O PT já conversa internamente sobre como participará da corrida para a Prefeitura de São Luís no ano que vem. Seus líderes alinhavam três caminhos possíveis: seguir com a aliança liderada pelo governador Flávio Dino, podendo indicar o candidato a vice-prefeito na chapa majoritária, ou lançar candidato próprio no primeiro turno, podendo também não lançar candidato. Na hipótese de entrar na briga com seu próprio candidato, dois nomes estão considerados, o deputado estadual Zé Inácio Lula e o deputado federal Zé Carlos Araújo. Até aqui são os nomes que estão de fato sendo considerados nas conversas prévias, sem que isso seja ainda uma decisão partidária. Até porque nenhuma decisão será tomada antes de o partido conversar com o governador Flávio Dino e com o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que terão a palavra final sobre candidatura, o que só deverá acontecer em meados do segundo semestre, quando for iniciado o ano eleitoral.
Reeleito deputado estadual com boa votação em São Luís, contrariando previsões que rezavam em sentido contrário, Zé Inácio Lula é hoje um dos líderes mais influentes do PT estadual, com bom trânsito na aliança e bem considerado no comando nacional do partido. Homem de partido e militante fiel, daqueles que cumprem missões partidárias sem pestanejar, Zé Inácio Lula sabe das dificuldades do cenário pré-eleitoral, mas acredita que o PT vai seguir o melhor caminho. Já o deputado Zé Carlos Araújo tem se mantido como uma espécie de reserva do partido, que poderá ser acionada na corrida à Prefeitura de São Luís. Inicialmente visto com reservas por segmentos mais “xiitas” do PT maranhense, Zé Carlos Araújo vai se firmando como uma liderança moderada, mas firme, dentro do partido, posição que consolidou com a reeleição em 2018, a exemplo de Zé Inácio Lula, podendo vir ser a opção petista para entrar na briga pelo Palácio de la Ravardière.
Em Tempo: Na semana passada, a Coluna levantou, com base em informações periféricas, a possibilidade de o PT lançar o vereador Honorato Fernandes ou o ex-secretário de Esporte e Lazer, Márcio Jardim. Uma apuração mais aprofundada levou à conclusão de que o vereador Honorato Fernandes prefere tentar a reeleição, e que Márcio Jardim deve mesmo brigar pela Prefeitura de Arari.
Vinícius Louro convoca deputados e autoridades para debater a situação de risco na Barragem do Flores
É necessária e urgente uma tomada de posição para a produção de medidas práticas que reforcem a Barragem do Rio Flores, no município de Joselândia, que por falta de manutenção preventiva regular, corre o sério risco de romper-se, podendo resultar numa tragédia de largas proporções. Foi nesse sentido que o deputado Vinícius Louro (PSL) ocupou ontem a tribuna para convidar colegas e autoridades de diversos níveis e áreas para uma reunião, sábado (16), na Câmara Municipal de Pedreiras, para debater a situação daquela importante estrutura de represamento das águas do Rio Flores.
Essa não é a primeira vez que o deputado Vinicius Louro ocupa a tribuna para chamar a atenção para as condições precárias daquela barragem e alertar para os riscos de rompimento, que, se ocorrer, resultará numa tragédia de largas proporções. E o modo de prevenir é pressionar os órgãos responsáveis para providenciar as intervenções que reforcem a estrutura e garantam a segurança às populações da das cidades situadas no curso do Rio Flores.
Para o deputado Vinícius Louro, “é importantíssimo” criar uma força-tarefa que trabalhe com o objetivo de prevenir um desastre. Ele reforça o alerta: “Precisamos de união e, acima de tudo, de inciativa, para que possamos evitar o pior. Conheço a realidade de perto e o assunto é sério. Não podemos descansar. Temos que agir e buscar soluções para o problema”.
A situação da Barragem do Flores é apenas um item do elenco de várias barragens maranhenses que se encontram em estado que inspira cuidados e exige providências. Num dos seus primeiros discursos como parlamentar, a deputada Thaíza Hortegal (PP) denunciou a situação calamitosa da Barragem do Pericumã, em Pinheiro. E citando outros casos, como a Barragem do Bacanga, em São Luís, e a Barragem do Flores, propôs a formação de uma frente parlamentar de defesa das barragens do Maranhão.
São Luís, 14 de Março de 2019.