Segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, com quase 160 mil eleitores, Imperatriz, além de ser decisivo na disputa majoritária (governador e senadores), será campo de uma verdadeira guerra por cadeiras na Câmara Federal. Essa medição de força se dará entre os ex-prefeitos Sebastião Madeira (PSDB), e Ildon Marques (PSB) e o atual suplente de deputado federal Davi Alves Filho (PR), o Davizinho, herdeiro político do ex-prefeito Davi Alves Silva. Outros nomes, entre eles o secretário de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB), o deputado federal João Marcelo Souza (MDB) e a ex-juíza Graça Carvalho (SD), poderão obter boas votações na Princesa do Tocantins, mas todas as situações e informações prévias indicam que o grande embate se dará entre o médico e líder tucano, o empresário neosocialista e o filho do ex-prefeito. Chama atenção fato de que esses vão travar uma disputa dura também no campo majoritário, por seus candidatos a governador.
Na avaliação de observadores da cena polpitica tocantina, o nome mais forte de Imperatriz na corrida à Câmara Federal é o ex-prefeito Sebastião Madeira. Com cacife de quatro mandatos federais e dois de prefeito, Sebastião Madeira é considerado o nome política e eleitoralmente mais forte de Imperatriz, sendo apontado com a sua maior liderança política na atualidade. Um dos articuladores da candidatura do senador Roberto Rocha (PSDB) ao Governo do Estado, vai enfrentar a máquina que comandou até dezembro de 2016, agora sob o comando do prefeito Assis (MDB) que deve fazer carga pela candidatura do deputado federal emedebista João Marcelo Souza à reeleição. O último teste de prestígio eleitoral a que foi submetido aconteceu em 2016, quando seu candidato a prefeito de Imperatriz, Ribinha Cunha, recebeu votação surpreendente. Difícil fazer uma previsão do desempenho eleitoral de candidatos às eleições proporcionais, mas há quem diga que Sebastião Madeira será o mais votado, com pelo menos 30% dos votos do eleitorado imperatrizense.
Ex-interventor, ex-prefeito de dois mandatos e ex-suplente de senador e suplente de deputado federal, o empresário Ildon Marques, capitão do Grupo Liliane, também vai para a disputa pelos votos de Imperatriz enfrentando a máquina. Depois de romper a aliança que firmara com o senador Roberto Rocha, quando este ainda estava no PSB, e de ficar em segundo lugar na corrida à Prefeitura de Imperatriz em 2016, Ildon Marques decidiu entrar na briga por uma vaga na Câmara Federal, incentivado por correligionários. A decisão só foi tomada depois que ele conversou com o governador Flávio Dino (PCdoB), a quem decidiu apoiar depois que rompeu com Roberto Rocha, quando este deixou o PSB para retornar ao PSDB. Antes de declarar apoio ao governador, o ex-prefeito foi sondado para retornar ao Grupo Sarney e apoiar a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney ao Governo do Estado, mas recusou.
A terceira força eleitoral de Imperatriz para a Câmara Federal é o suplente de deputado federal Davi Alves Filho, herdeiro político do controvertido ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito Davi Alves Silva. Eleito em 2006 com boa votação na Cidade, Davizinho ficou na primeira suplência em 2010 e caiu ainda mais nas eleições de 2014. Mas todos os observadores avaliam que, mesmo com a influência do pai – assassinado em 1994, portanto há 22 anos – ele ainda sai de das urnas de Imperatriz com mais de 10% da votação para deputado federal. Vai para as urnas num partido que apoiará a candidatura do governador Flávio Dino à reeleição.
Numa previsão numérica concebida apenas pela lógica, portanto sem qualquer base científica – e com a qual a Coluna não concorda inteiramente -, um tarimbado observador do cenário pré-eleitoral de Imperatriz calcula que, grosso modo, dos quase 160 mil votos de lá, serão aproveitados 140 mil, que serão divididos assim: entre 50 e 60 mil para Sebastião Madeira, entre 20 e 25 mil para Ildon Marques, e entre 10 e 15 mil para Davizinho. Os cerca de 40 mil restantes serão divididos entre os demais candidatos, sendo que, devido ao apoio do prefeito Assis Ramos e à influência das forças ligadas ao governador Flávio Dino, Márcio Jerry e João Marcelo Souza poderão sair das urnas com cinco e sete mil cada um, sendo imprevisível a viação da ex-juíza Graça Carvalho.
Esse é um quadro de agora, a pouco mais de sete meses das eleições.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana Sarney irá a Imperatriz no inicio de março, depois do ato a favor de Flávio Dino
A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) bateu martelo: vai incursionar na Região Tocantina e desembarcar em Imperatriz no dia 7 de Março. Será a largada de um movimento de pré-campanha com a qual ela pretende embalar a fase inicial da sua caminhada rumo ao Palácio dos Leões. Ela informou sobre sua viagem política a vários interlocutores, avisando-os de que essa incursão será, de fato, o seu primeiro passo como pré-candidata ao Governo, e tem o objetivo de comunicar seu projeto ao segundo maior colégio eleitoral do Maranhão. Coincidência ou não, ela ex-governadora chegará em Imperatriz cinco dias depois que o governador Flávio Dino tiver recebido um forte impulso na sua pré-campanha com o lançamento, ali, do movimento “Somos Flávio Dino de Novo”, anunciado quarta-feira na Assembleia Legislativa pelo deputado Marco Aurélio (PCdoB), um dos seus organizadores. Roseana Sarney terá como anfitrião o prefeito Assis e por lideranças do município que sempre a apoiaram. Bem informada em matéria de pesquisa de opinião, Roseana Sarney deve chegar a Imperatriz sabendo exatamente qual a sua posição na preferência do eleitorado. Se for desfavorável, vai jogar para reverter; se, ao contrário, estiver bem, aproveitará o momento para melhorar.
PT ainda alimenta crise interna que o rachou em 2006
Por maiores que sejam os esforços dos seus quadros mais sensatos para unificar o partido, o PT tem dado seguidas demonstrações de que, com maior ou menor dimensão, o racha que atingiu o partido em 2006, por conta da intervenção que o obrigou a se aliar ao Grupo Sarney, permanece em vigor. As declarações do deputado federal Zé Carlos (PT) dando apoio a um movimento interno que quer colocar o governador Flávio Dino contra a parede ameaçando lançar a candidatura do professor Raimundo Monteiro ao Governo do Estado, foram um sinal claro de que o partido está longe de encontrar o eixo. O presidente da agremiação, Augusto Lobato, que não lidera o partido integralmente, foi até o governador Flávio Dino para tranquilizá-lo, informando-o de que o PT – pelo menos a maioria dele – está do seu lado e que o movimento incorporado pelo deputado Zé Carlos é farofa sem qualquer futuro. O problema é que, como o nacional, o PT do Maranhão está vivendo uma espécie de crise de abstinência de poder, que o contaminou quando fez parte do Governo Roseana Sarney, numa extensão da aliança que o partido firmou com o então PMDB para garantir sustentabilidade ao Governo de Lula da Silva. A aliança foi feita na marra, e a maioria do partido, que queria a agremiação aliada a Flávio Dino, se conformou e aderiu à orientação do comando nacional, exceto um grupo liderado por Domingos Dutra, que deixou o partido e se filiou ao PCdoB, Bira do Pindaré, que fez o mesmo, e Márcio Jardim e Chico Gonçalves, que mantiveram o racha até que as bandas petistas se juntaram em torno do movimento liderado por Flávio Dino. Só que a cada dia vai ficando mais evidente que o racha não foi superado e que as estão alimentando as diferenças, gerando as tensões e as incertezas que agora voltam a sacudir o partido. E não há no ar sinais de que essa encrenca seja resolvida logo.
São Luís, 22 de Fevereiro de 2018.