A eleição do deputado estadual Bira do Pindaré para a presidência do PSB de São Luís, em congresso municipal do partido, é o desfecho natural de uma crise que vinha consumindo o braço do partido na Capital: o comando partidário foi entregue a um político perfeitamente identificado com a sua razão de existir. Ao mesmo tempo, embalou de vez a tsunami partidária que vem atingindo fortemente o senador Roberto Rocha, e pode fazer com que ele deixe a agremiação, como vem sendo desenhado desde que o candidato dele à Prefeitura da Capital, deputado Wellington do Curso (PP), que tinha como vice o vereador Roberto Rocha Júnior, não venceu a eleição. Com a mudança de comando, o braço do PSB na Capital se alinha automaticamente ao comando estadual, mantido pelo prefeito de Timon, Luciano Leitoa, que participou do evento. E, mais importante ainda, o PSB se enquadra integralmente na aliança comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Com o isolamento do senador Roberto Rocha, o Palácio dos Leões aguarda agora a definição do PSB em relação ao seu quadro mais importante: o deputado federal José Reinaldo Tavares, que também está procurando a porta de saída do partido.
Além de encerrar uma longa queda de braço entre os dois grupos, a mudança de comando no PSB produzirá desdobramentos politicamente importantes.
O primeiro será o desligamento do senador Roberto Rocha do partido, já que dificilmente ele permanecerá na legenda como um quadro sem comando e sendo obrigado a seguir as diretrizes ditadas pelo deputado Bira do Pindaré, seu mais duro adversário dentro do partido. O senador tem atuado na contramão do partido, dando no Senado votos que contrariam frontalmente a orientação partidária, como foi o caso da Reforma Trabalhista. As diferenças vêm aumentando à medida que o PSB direciona sua atuação mais à esquerda, o que não é seguido pelo senador Roberto Rocha, cujas posições indicam que eu ele é mais identificado com o centro. As diferenças com o partido aumentaram quando ele resolveu romper com o governador Flávio Dino e flertar com o PSDB, ao qual já pertenceu e presidiu no estado. Se Roberto Rocha deixar o PSB, como está previsto, levará junto um grupo de aliados, entre eles o empresário e ex-prefeito de Imperatriz, Ildon Marques.
Outro desdobramento será o fortalecimento político do deputado Bira do Pindaré, que vem de momentos de incertezas, tendo até examinado a possibilidade de retornar aos quadros do PT, de onde saiu. Agora que ganha estabilidade partidária, o deputado amplia seu espaço no grupo de aliados do Governo e certamente terá um papel destacado dentro da aliança que dá suporte ao governador Flávio Dino. No seu discurso como presidente municipal do PSB, Bira do Pindaré falou como pré-candidato a prefeito de São Luís em 2020, pleito que poderá disputar enfrentando o próprio senador Roberto Rocha: “Fui eleito e me coloco à disposição dos filiados, mas também de toda a população de São Luís, para que juntos possamos fazer uma política diferente, uma política realmente marcada pelo exercício da democracia, da transparência e da atuação que esteja ligada em atender aos interesses da população”.
A virtual saída do ex-governador e deputado federal José Reinaldo parece irreversível, e será consequência também da não identificação com a linha doutrinária do partido, o que o levou a se posicionar e a confrontá-la em várias votações decisivas no Congresso Nacional, como os votos favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e à Reforma Trabalhista, por exemplo. Se sair, com o está desenhado, o ex-governador levará com ele vários nomes de expressão, como o ex-presidente e atua chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares. José Reinaldo se prepara para desembarcar no DEM, com aval total dos caciques de Brasília.
Essas definições serão consumadas em pouco tempo, já que o prazo para filiação para quem quer disputar votos em 2018 termina no final de setembro. E nesse contexto, sob o comando do deputado Bira do Pindaré, o PSB vai sair um partido com uma identidade melhor definida, mas poderá emagrecer em matéria de quadros de expressão com o virtual desligamento do senador e do ex-governador e seus grupos.
PONTO & CONTRAPONTO
“Projeto” de candidatar Dilma ao senado pelo Maranhão continua dando o que falar
O suposto e até agora não confirmado convite para que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) seja candidata ao Senado pelo Maranhão continua rendendo. Sem dúvida o mais barulhento factóide da política do Maranhão nos últimos tempos, o surpreendente projeto eleitoral apareceu como uma sugestão do secretário de Estado dos Esportes, Márcio Jardim, um dos mais destacados quadros do PT maranhense, gerando uma interessante celeuma nos bastidores da base governista. Agora, a revista Veja informa que o convite foi feito diretamente pelo governador Flávio Dino, que estaria disputando a candidatura da ex-presidente com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Dificilmente esse projeto, se existir de verdade, vai ganhar consistência e ser viabilizado. Não se discute a importância política da ex-presidente da República, mesmo tendo deixado o Palácio do Planalto pela via de um impeachment absolutamente político e sem base factual para justificar as acusações, não seria fácil viabilizar uma candidatura tão estranha à realidade polpitica do Maranhão. Se de um lado a ex-presidente tem o crédito da ampliação dos programas sociais e outros investimentos importantes no Maranhão, por outro será alvo fácil para seus adversários, produzindo o risco de o governador Flávio Dino arcar com essa pesada e onerosa fatura política.
É aguardar para ver onde vai dar.
Presidentes de Câmaras vão discutir os limites de sua atuação e criar entidade corporativa
São Luís terminará a próxima quarta-feira como berço de uma nova organização corporativa: a Federação das Câmaras Municipais do Maranhão – Fecam/MA, entidade representativa dos legislativos municipais. Segundo o seu propositor e avalista, o vereador e presidente da Câmara Municipal de São Luís, Astro de Ogun (PMN), “a ideia unificar e representar as reinvindicações das Câmaras, que têm problemas muito específicos em relação às gestões municipais, e fortalecê-las na discussão com as autoridades competentes”. A criação será o ponto alto do I Seminário de Gestores das Câmaras Municipais, por meio do qual presidentes dessas instituições pretendem definir melhor, e de maneira ais prática, o papel das casas legislativas de base na vida institucional dos municípios. A pauta do evento prevê a discussão de temas importantes, como “O julgamento de Contas pelas Câmaras Municipais”, a ser abordado pelo procurador geral de Justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, e “O Poder Judiciário e julgamento das ações de improbidade administrativa no âmbito municipal”, cujo palestrante será o juiz Douglas Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos. A abertura do Seminário contará com a participação do governador Flávio Dino e do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr, (PDT). Trata-se, sem dúvida, de uma boa oportunidade para que se esclareçam em definitivo os limites do poder de fogo das Câmaras Municipais, de modo a que os vereadores se enquadrem corretamente no papel institucional que lhes cabe na vida municipal.
São Luís, 21 de Agosto de 2017.
Roberto Rocha se perdeu politicamente!